Cães no inverno: os cuidados necessários

Cães gostam do inverno e não apresentam grandes problemas, mas é preciso tomar alguns cuidados.

Os animais de estimação normalmente não têm problemas sérios durante o inverno. A maioria dos cachorros e gatos prefere o friozinho e este é um ótimo período para estimulá-los a praticarem exercícios. A maioria das exceções fica por conta dos filhotes e dos idosos.

As doenças típicas do inverno, que afetam também os humanos – gripes e resfriados especialmente – podem prejudicar os cachorros por alguns dias, mas dificilmente evoluem para problemas maiores, como pneumonias, pleurisias, etc.

Os filhotes, idosos, portadores de enfermidades crônicas e convalescentes precisam ser resguardados, mas os adultos saudáveis não exigem cuidados específicos. É necessário, no entanto, prestar atenção aos detalhes, porque alguns cães são mais friorentos.

Banho, tosa e local de dormir são algumas situações que exigem atenção por parte dos tutores. Os banhos devem ser mais espaçados (dois banhos no inverno são suficientes) e adiados quando o serviço de meteorologia prevê a entrada de uma frente fria.

A tosa nunca deve retirar radicalmente a pelagem, que é uma proteção natural, mas deve ser suficiente para evitar os nós. Além de prejudicar a aparência, no inverno, os nós ajudam a concentrar a umidade junto ao corpo, aumentando a sensação de frio e podendo prejudicar a pele dos pets.

Em climas tropicais, como é o caso do Brasil, algumas raças peludas podem se beneficiar com o estilo carequinha, mas é preciso lembrar que os pelos não servem apenas para aquecer, mas também para filtrar os raios solares.

O local de dormir merece atenção: caso o cachorro durma no quintal, certifique-se de que a casinha não esteja voltada para o sul, de onde chegam os ventos mais frios. Providencie alguns cobertores, mas deixe que o pet escolha como dormir.

Cão inverno

Alguns preferem se enfiar debaixo das cobertas, outros escondem apenas o focinho e as patas dianteiras. De qualquer forma, eles se levantarão várias vezes durante a noite. Afinal, os cachorros são conscientes das suas funções de guarda e vigilância.

Os pets que dormem dentro de casa não precisam de cobertores. A caminha deve estar sempre asseada e pode ser substituída por uma almofada ou até mesmo um brinquedo de pelúcia. Como regra geral, eles se apropriarão da caminha apenas por senso de territorialidade do que propriamente pelo frio.

A higiene

Banhos e tosas devem ser mais espaçados, mas não devem ser cancelados. Com intervalos de 40 a 45 dias, é preciso dar banho nos peludos; com relação à tosa, o ideal é cortar a pelagem antes do início do inverno e realizar uma manutenção seis semanas depois.

Nunca dê banhos muito quentes – o ideal é que a temperatura esteja de morna para fria (por volta dos 37ºC). Não prolongue o banho além do necessário.

Os cachorros podem ter problemas de pele e de pelos, que são sempre mais pronunciados no frio. Além disso, o pet pode sofrer um choque térmico ao sair do chuveiro quente e precipitar-se para o quintal. Em caso de acidentes – como sujar-se na terra ou “encontrar” uma lixeira desprevenida pronta para ser explorada, limpe os pelos com toalhas absorventes – sem perfume nem outros produtos para humanos.

Depois dos banhos, não deixe os cachorros se secarem ao Sol. Apesar de muitos deles gostarem bastante, o Sol de inverno é mais brando e a secagem tende a demorar mais, favorecendo o desenvolvimento de problemas de pele e dos pelos. Caso ele seja alérgico, o pelo molhado facilita o surgimento das reações.

Seque-o com toalhas felpudas (se ele permitir, pode usar o secador na temperatura mínima). Aproveite para fazer alguns exercícios e treinar alguns truques dentro de casa, enquanto o pelo ainda está úmido (ele ficará seco mais rápido e o cachorro terá uma atividade).

As orelhas merecem um cuidado especial na secagem, especialmente nos cães de pelo longo e, claro, nos orelhudos, como os cocker spaniels. Enxugue toda a superfície, com cuidado para não retirar cera em excesso. Cães de orelhas grandes tendem a sofrer com otites, problemas que se agravam no inverno.

Roupas pessoais e de cama merecem cuidados especiais. O ideal é que elas sejam trocadas semanalmente, mas é aceitável a lavagem a cada 15 dias. Como os cachorros permanecem mais tempo na cama nos dias frios, as infecções por ácaros se tornam mais frequentes. Isto vale também para os bichos de pelúcia.

As roupas de inverno para cachorros

Cachorros geralmente não precisam de roupas. Em um dia frio, eles podem usar uma capa durante os passeios, mas, especialmente no país, a pelagem é a proteção natural contra as temperaturas baixas. Confira as peças antes de adquiri-las: as roupas não podem limitar os movimentos, nem pressionar a pele.

As roupas, no entanto, podem ser importantes para os cachorros mais tranquilos, que se exercitam pouco. Vista as peças e deixe que os pets façam as adaptações necessárias. Isto pode significar alguns buracos a mais, mas eles se sentirão mais confortáveis.

Os cachorros de pelo curto e baixo são os principais “candidatos” a ganharem roupas. Quanto mais próximo da linha do Equador a raça foi desenvolvida – entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio -, menos adaptados eles estão ao frio. Os animais de pelagem longa, lisa ou encaracolada, inclusive com ondas que formam a silhueta (como os collies) não precisam usar roupas, especialmente no verão brasileiro, que é mais ameno. Caso você tenha um komondor ou um puli, com os famosos dreadlocks, roupas são totalmente desnecessárias.

Experimente vestir o seu cachorro com roupas mais largas, sem muitos detalhes e enfeites. Evite as “fantasias”, peças que servem apenas para enfeitar – deixe os adornos para as fitas, se gostar de usá-las. Observe a reação do peludo: se ele aceitar, pode deixá-lo vestido e adornado. Se ele se sentir irritado ou aflito, tentando arrancar os acessórios, não force a situação.

Lembre-se: para alguns cães, usar roupas pode ser verdadeiras torturas. Alguns vieram do frio: raças como husky siberiano, samoieda e akita foram usadas para puxar trenós nas estepes frias do Ártico ou na Sibéria.

Outros vieram das montanhas europeias, como o bouvier de Berna (um boiadeiro, como o nome diz) e o São Bernardo, um mestre em resgate de pessoas perdidas ou acidentadas nos Alpes. Os pastores ingleses, como o sheepdog, também dispensam agasalhos.

Para eles, obviamente, roupas são totalmente desnecessárias. Mas alguns cães pequenos parecem pedir roupas. Tome cuidado: as raças lhasa apso e shih tzu, apesar de parecerem frágeis, foram desenvolvidas nas montanhas da Ásia, onde o frio é constante e muito mais severo.

Já um chihuahua, nativo do México, é pequeno, com pouco revestimento de gordura e pelos curtos, aderidos ao corpo. Este é um cachorro que realmente merece uma roupinha caprichada para se aquecer no inverno.

Os poodles, apesar de parecerem desprotegidos, foram criados para mergulhar em lagos frios da Alemanha e França, para resgatar aves abatidas pelos caçadores. Como se pode ver, eles não precisam de agasalhos – mas gostam muito de laços, já que estes enfeites são usados há séculos: era uma forma de identificar os cachorros chapinhando nos pântanos e lagoas (“pudel”, em alemão, significa “chapinhar” ou nadar em águas rasas).

Os cachorros grandes – pastor alemão, rottweiler, dogue alemão, dinamarquês e outros – podem ter problemas nas articulações, especialmente depois de completar quatro ou cinco anos. Estes problemas ósseos e musculares tendem a se agravar durante os dias frios; portanto, um casaco é uma boa pedida. Mas eles provavelmente preferem uma cama aquecida a uma roupa que não consiga proteger joelhos e cotovelos.

Os cães das raças maltês e yorkshire terrier, entre outros, são bastante peludos, mas não apresentam subpelo (aquela penugem aderida à pele). Por isso, eles podem sentir um pouco mais de frio. De qualquer forma, fique atento às reações: sempre é possível encontrar um yorkie encalorado – temperamento é temperamento.

Os cachorros de pelo curto – dachshund, pinscher, terrier brasileiro, dálmata, boxer, etc. – também merecem roupinhas de inverno. Os demais, em maioria, conseguem se manter aquecidos com os “instrumentos” fornecidos pela natureza.

Em regiões de geada ou neve (quase todas situadas na região Sul do país), é importante obter alguma proteção para as patas. Caminhar no chão congelado, além de não ser uma experiência agradável, pode provocar alterações metabólicas sérias e até mesmo queimaduras nos dedos e nas almofadas plantares.

Lembre-se de que roupas de lã natural podem causar alergias em alguns cachorros, que preferem os tecidos sintéticos. Evite botões e franzidos: os cães se deitam em qualquer lugar, sem cerimônia, e os enfeites podem ser incômodos ou mesmo provocar ferimentos. Não use nenhum acessório que coíba os movimentos ou prejudique a visão.

A saúde

Não existem diferenças de apetite no inverno e no verão. Pelo menos, não no Brasil. O organismo só precisa obter mais nutrientes quando a temperatura cai abaixo dos 8ºC, fato que é uma raridade na maior parte do país. Portanto, não aumente a quantidade de ração, mas alguns petiscos são sempre bem-vindos. Para os preguiçosos, fracione as porções, para que eles possam comê-las entre as sonecas.

Existem vacinas que protegem contra a parainfluenza canina e a gripe, doenças comuns no inverno. Mantenha a caderneta de vacinação em dia, mesmo porque algumas infecções bacterianas, mesmo não sendo evitadas pela imunização, são mais frequentes entre os cachorros com a saúde debilitada.

Escolha horários de Sol (ou menos nublados) para os passeios diários. Caso seja possível, caminhe com o seu cachorro pouco antes das 10h ou pouco depois das 16h, intervalo de alta incidência dos raios ultravioleta, que podem prejudicar a pele. Nos locais em que a temperatura se eleva muito rapidamente, proteja as patas dos pets com luvas: ninguém merece caminhar em brasas.

Evite locais de aglomerações de cachorros, como aquele “cantinho” do parque em que os pets podem brincar à vontade. A tosse dos canis (traqueobronqueíte infecciosa canina), por exemplo, é altamente contagiosa e pode se espalhar com facilidade se apenas um cachorro estiver infectado.

Evite os passeios nos dias de chuva. Mesmo que seja uma garoa leve, o pelo ficará encharcado depois de meia hora de caminhada. Se necessário, improvise os passeios debaixo de marquises, em corredores cobertos, etc. Mas eduque o seu pet para não ficar desesperado caso o passeio diário não possa ser realizado.

Por outro lado, eduque-se para levar o cachorro a passeio nos dias congelantes: é uma necessidade dele que você, como tutor, tem o dever de suprir. Agasalhe-se, prepare-se psicologicamente e saia de casa: ser mãe (e pai) de cachorro, muitas vezes, é padecer no paraíso.

Mantenha o seu pet hidratado. Nos dias frios, os cachorros podem decidir tomar menos água. Insista com eles e, se necessário, coloque duas colheres (sopa) de caldo de galinha natural no bebedouro, para incentivá-los. Não use caldos prontos, porque estes produtos contêm muito sal (até para nós, quanto mais para os cachorros, que não devem ingerir sal de cozinha na dieta).

Os filhotes que ainda estão mamando não precisam de cuidados especiais. A mãe se responsabiliza por reuni-los e aquecê-los na medida certa. Caso já tenham sido adotados por uma família humana, é possível que eles precisem de um pouco mais de colo. Mas não exagere: se eles acharem “natural” ficar no colo por várias horas diárias, provavelmente tentarão manter o hábito pela vida toda.

Escove a pelagem com mais frequência. Com tosas espaçadas e menos banhos, a queda dos pelos pode aumentar sensivelmente. Sem a escovação, os pelos mortos serão engolidos durante as muitas lambidas diárias e as bolas produzidas prejudicam a digestão e podem causar prisão de ventre.

Inspecione regularmente a pele do seu cachorro. No inverno, a umidade tende a permanecer por mais tempo, seja porque o cachorro se molhou, seja porque apenas se lambeu demais. Isto pode provocar lesões e escamações na pele, inclusive favorecendo o surgimento de ferimentos, que podem servir para a entrada de bactérias e fungos nocivos.

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