O pastor alemão é um dos cães mais populares do mundo. Saiba tudo sobre a raça.
O pastor alemão é originário da Alsácia, região disputada durante séculos pela Alemanha e França e, desde a Primeira Guerra Mundial, sob governo francês. A raça também é conhecida, na Europa, como “lobo da Alsácia“.
Como o nome diz, a raça foi desenvolvida para o pastoreio de rebanhos, mas atualmente é utilizada principalmente para a guarda pessoal e patrimonial, além de atividades das Polícias e das Forças Armadas. No Brasil, nos anos 1960, estes cães eram conhecidos simplesmente como “policiais”.
Pastor alemão: Um pouco de história
No início do século 19, eram conhecidos três cães de pastoreio na Alemanha: da Suábia (Baviera, sudeste da Alemanha), de Württemberg (Baden-Württemberg, também no sudeste) e da Turíngia (centro-leste do país).
É provável que estes animais fossem híbridos de lobos. Alguns criadores afirmam que o pastor alemão atual descende também dos antigos cães pastores da Boêmia (República Tcheca), mas não há registros definitivos sobre esta filiação.
No final do século 19, um capitão do exército alemão (que também foi estudante de Medicina Veterinária) adquiriu um pastor da Turíngia, que o cativou pelas excelentes qualificações para o trabalho. Em 1899, em Frankfurt, esse criador fundou o Clube do Pastor Alemão e o pastor turíngio serviu como padreador e modelo para a nova raça.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os cães da raça foram utilizados como batedores, carregadores e mensageiros. Os pastores alemães chamaram a atenção dos combatentes e, no final do conflito, muitos animais foram levados para os EUA e a Inglaterra e acabaram conquistando o mundo. No Brasil, os primeiros cães da raça foram trazidos por imigrantes alemães.
Resumo sobre a raça
- Tamanho médio: A altura varia de 55 a 65 cm
- Peso médio: O peso varia de 22 a 40 kg
- Expectativa de vida: 12 anos
- Temperamento: Leal, atento, seguro, autoconfiante, equilibrado, inteligente e corajoso
- Classificação do AKC: Pastoreiro
- Classificação do UKC: Cães Pastores e Boiadeiros (exceto Boiadeiros Suíços)
As características da raça Pastor alemão
O pastor alemão faz parte da Seção 1 (cães pastores) do Grupo 1 da Federação Cinológica Internacional (pastores e boiadeiros). O padrão foi estabelecido em 1899 e a Sociedade do Pastor Alemão, filiada ao Kennel Club da Alemanha, é a responsável pela preservação da raça.
Os cães da raça foram desenvolvidos nas regiões central e oriental da Alemanha, especificamente para o trabalho. O pastor alemão é um cachorro seguro, agradável, atento, disposto a agradar e muito centrado nas tarefas, a não ser em situações nas quais é estimulado pelos tratadores. É um animal adequado para guarda, companhia, proteção, pastoreio e outras atividades de trabalho.
Com relação ao temperamento, o pastor alemão é leal, atento, seguro, autoconfiante, equilibrado, inteligente e corajoso: ele não recua mesmo sob forte agressão, inclusive com armas de fogo ou explosivos. Os cães da raça são reservados com estranhos e mantêm-se em guarda, vigiando os menores movimentos dos forasteiros.
Estas qualidades transformaram este cachorro – de pastor de ovelhas a um cão de guarda por excelência, considerado por muitos como o melhor e mais eficiente na atividade. Os animais da raça também são empregados em ações de resgate e combate ao tráfico, em função do faro apurado e também porque são praticamente incansáveis.
O padrão da raça
A descrição a seguir está de acordo com o padrão oficial apresentado pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), entidade que congrega os clubes de cães brasileiros, zela pela preservação das raças caninas, promove cursos e encontros e registra boa parte dos cachorros de raça nascidos no país.
• Aparência: o pastor alemão é um cão de porte médio para grande, levemente alongado em relação à altura, musculoso, vigoroso, com ossatura seca e constituição sólida. Os machos atingem entre 60 cm e 65 cm de altura na cernelha (30 kg a 40 kg) e as fêmeas, entre 55 cm e 60 cm 22kg a 32 kg).
• Cabeça: em forma de cunha, proporcional ao corpo (equivalente a cerca de 40% da altura na cernelha). Não pode ser grosseira nem muito alongada. Apresenta aparência seca, moderadamente larga entre as orelhas, com a testa apenas um pouco arqueada.
A proporção entre o crânio e o focinho é de um para um. Visto de cima, o crânio vai se afunilando em direção à trufa preta, com um stop leve e cana nasal reta. Maxilar e mandíbula são fortemente desenvolvidos. Os lábios são ajustados e fechados, de cor escura.
A dentição é forte, bem alinhada e completa (42 dentes), com mordedura em tesoura (o maxilar se sobrepõe à mandíbula).
O pastor alemão apresenta olhos de tamanho médio, amendoados, um pouco oblíquos e sem sinais de proeminência. A cor dos olhos deve ser a mais escura possível, entre o castanho-escuro e o preto.
As orelhas são portadas eretas, elevadas e alinhadas. As extremidades são pontiagudas e o canal auditivo se abre para frente. As orelhas só podem ser portadas para trás quando o cachorro está em movimento intenso ou em situações de relaxamento.
• Pescoço: forte, musculoso e sem barbelas (pele solta). Em movimento ou em atenção, o pescoço forma um ângulo de 45° em relação ao tronco.
Trata-se de uma característica específica dos pastores e boiadeiros. A maioria dos cães mantém a cabeça baixa, quase em linha com o tronco, atentos a rastros e outros sinais da presença de caça ou de invasores.
• Tronco: da base do pescoço à garupa, o tronco do pastor alemão forma uma linha superior levemente inclinada, sem interrupções. O dorso é longo, firme, forte e musculoso. O lombo é largo, curto, bem desenvolvido e musculoso. A garupa é longa e inclinada, formando uma linha ininterrupta com a raiz da cauda. A pele é bem ajustada, sem formar pregas.
O peito do pastor alemão é moderadamente largo, com a porção inferior tão longa quanto o conjunto permita. As costelas são ligeiramente arqueadas, sem se mostrarem planas nem em forma de barril.
• Cauda: alcança pelo menos a altura dos jarretes (a região do alto dos pés). A pelagem é um pouco mais longa na porção inferior. Um pastor alemão porta a cauda pendente para baixo (em uma curva ligeira), podendo elevá-la em movimento ou em excitação, mas não acima da linha superior do tronco. A caudectomia é proibida para os cães da raça.
• Membros: os anteriores são retos (vistos de qualquer ângulo) e paralelos (quando vistos de frente). Parado ou em movimento, os cotovelos não devem se voltar para fora nem para dentro. As patas dianteiras são arredondadas, arqueadas e bem fechadas.
Os membros posteriores são ligeiramente inclinados, mas se mantêm paralelos quando vistos de trás. As coxas são potentes e musculosas e o tamanho do fêmur e do conjunto tíbia-fíbula é praticamente igual.
Os jarretes são fortes e bem desenvolvidos; nas pernas, os metatarsos se posicionam verticalmente abaixo dos jarretes. As almofadas plantares das quatro patas são duras, mas sem rachaduras. As unhas são fortes e sempre escuras.
• Movimentação: o pastor alemão é um cão trotador. Os membros posteriores se posicionam para a linha média do tronco sem que a linha superior seja curvada ou dobrada. As passadas apresentam longo alcance, como se espera de um animal de pastoreio e perseguição.
A cabeça se projeta para frente e a cauda se mantém ligeiramente levantada, o que resulta em um trote consistente, suave e aparentemente sem esforço.
• Pelagem: os cães da raça exibem dois tipos: pelo com camada dupla e pelo externo longo e duro. Nos dois casos, os pastores alemães apresentam subpelo.
Nos cães com camada dupla, o pelo de cobertura precisa ser denso, duro e bem fechado. É curto na cabeça, na face interna das orelhas, na face anterior dos membros, patas e dedos, e um pouco mais comprido e denso do pescoço. Na face posterior dos membros, o pelo se estende até os carpos e jarretes, formando culotes moderados atrás das coxas.
Os cães com pelo externo longo e duro apresentam pelagem comprida, mas não densamente fechada, com tufos nas orelhas e nos membros. Nos culotes e na cauda, a pelagem é espessa, igualmente com formação de tufos. A pelagem é mais curta na cabeça, nos membros, patas e dedos, mas forma uma juba no pescoço. Na parte posterior dos membros, os pelos são longos até os carpos e jarretes.
Com relação à cor, são aceitas as seguintes mesclagens:
- preto ou cinza, com marcações marrons avermelhadas, castanhas ou amarelas;
- preto unicolor;
- encarvoado ou sable – cinza com sombra mais escura.
Em todas as cores, a máscara e o manto devem ser pretos. Manchas brancas pequenas no peito e tonalidade interna mais clara são permitidas, mas não desejadas. A trufa é sempre preta. O subpelo apresenta um tom acinzentado. A cor branca não é admitida para os pastores alemães.
São consideradas como falta de pigmentação: máscara ausente; olhos claros; marcas claras ou esbranquiçadas no peito e na face interna dos membros; unhas rosadas; e ponta da cauda avermelhada.
Uma curiosidade: os cães pastores brancos são descendentes de pastores alemães com deficiências genéticas (que determinam a pelagem branca, indesejada para a raça, apesar de não ser uma forma de albinismo).
Estes cães continuaram a ser criados (especialmente na Suíça, Canadá e EUA), mesmo sem receber o registro da raça. São animais extremamente bonitos, que sempre apresentam as características emocionais esperadas para um pastor alemão.
Apenas em 1991, os pastores brancos foram oficialmente reconhecidos como berger blanc suisse (pastor branco suíço). A FCI incluiu o padrão da nova raça em 2011. Por outro lado, o pastor branco canadense só possui registro na América do Norte.
A saúde do Pastor alemão
Inteligente, bem disposto, equilibrado emocionalmente e muito forte. Estas foram as características perseguidas pelos criadores do pastor alemão desde o século 19. O corpo forte e a atenção sempre focada, no entanto, cobram um preço.
Os cachorros grandes apresentam rápido desenvolvimento físico, ao contrário dos menores, que levam até dois anos para atingir a estatura de um adulto. O metabolismo rápido, responsável por esse crescimento, também contribui para o envelhecimento precoce. A média de vida dos pastores alemães é de dez anos, sendo raro que alguns indivíduos ultrapassem os 12 anos de vida.
A doença que mais comumente afeta os pastores alemães adultos é a displasia de quadril, também conhecida por displasia coxofemoral. Trata-se de uma má-formação genética e, por isso, os criadores responsáveis têm evitado usar os cães portadores, tanto machos como fêmeas, em cruzamentos.
A Sociedade Brasileira de Cães Pastores Alemães (SBCPA), por exemplo, estabelece uma série de protocolos para a criação de animais da raça. Apenas animais com mais de dois anos, com laudos radiográficos (realizados por profissionais credenciados) que comprovem a inexistência de displasia de quadril e/ou de cotovelo, recebem autorização para cruzamento – e para o registro dos filhotes.
O glaucoma também é uma anomalia relativamente comum entre os pastores alemães. A doença é detectada quase sempre entre dois e três anos de idade e caracteriza-se pela elevação da pressão intraocular, que causa dor e faz os cães esfregarem os olhos continuamente. O tratamento é sempre cirúrgico.
A piodermite afeta principalmente os pastores alemães de pelo longo. Trata-se da infecção cutânea mais comum na espécie – e os cães da raça são especialmente suscetíveis a reações alérgicas.
As lesões normalmente surgem em dobras da pele, mas também podem aparecer em regiões sujeitas a traumas e esforços repetidos (como o local em que a coleira encosta na pele). Os principais sintomas são: alopecia, coceira e secreção purulenta (sinal de infecção). O tratamento é feito com base em antibióticos orais e tópicos.
A torção gástrica é mais comum em cães de médio e grande porte. Os pastores alemães parecem ser predispostos à doença, apesar de não haver evidências genéticas comprovadas em estudos. Recomenda-se fracionar a ração, oferecendo pequenas porções ao longo do dia, especialmente para os cães que apresentam refluxo gastroesofágico. As rações secas e ricas em gorduras predispõem os animais a esta condição.
A doença de Von Willebrand é um transtorno que prejudica a coagulação sanguínea. Na maioria dos casos, a enfermidade apresenta traços leves, mas, se o cachorro, tiver sangramentos nasais e gengivais constantes, é preciso garantir um acompanhamento veterinário especializado.
As doenças infectocontagiosas (virais e bacterianas) afetam os pastores alemães tanto quanto todos os demais cães. Apenas os animais sem raça definida parecem ser um pouco mais resistentes e enfermidades como raiva, leptospirose, parvovirose e cinomose. É preciso manter a vacinação sempre em dia.
A mastite canina é frequente em pastoras alemãs, especialmente na fase da amamentação. Trata-se de uma inflamação nas glândulas mamárias, que altera o tecido conjuntivo e a composição do leite. A doença pode ocorrer também em cadelas que tiveram gravidez psicológica e muito raramente nos machos.
A piometra, inflamação da cavidade uterina extremamente grave, também é relativamente frequente entre as pastoras alemãs. O tratamento consiste em cirurgia, depois de debelada a infecção com antibióticos.
A alimentação
Como todos os animais de médio e grande porte, a partir dos seis meses de vida, os cães pastores alemães necessitam de exercícios diários intensos, com algumas corridas e saltos, para manter o equilíbrio físico e emocional. Por isto, eles consomem mais energia e precisam de uma alimentação mais calórica.
Os pastores alemães necessitam de rações com alto teor de proteínas, uma vez que o aparelho muscular está em constante processo de desenvolvimento e recomposição. É preciso garantir também a oferta de boas gorduras, como ômega 3 e 6, inclusive para manter a pele e os pelos saudáveis e bonitos.
As rações industrializadas indicadas para os cães da raça são as rotuladas como “super premium”. Os filhotes devem receber alimento três vezes ao dia e, a partir dos seis meses de idade, apenas duas porções. Água fresca precisa estar disponível durante o dia inteiro, mas, se no local houver infestação de ratos, recomenda-se que o bebedouro seja retirado do quintal à noite.
Os cuidados com os filhotes
Todos os cachorros filhotes precisam mamar até completarem um mês de idade. Depois disso, eles começam a receber alimento sólido, mas o leite da mãe é importante para complementar a nutrição e para fortalecer o sistema imunológico.
O ideal é que os cães, especialmente os de médio e grande porte, como o pastor alemão, permaneçam com a cadela até 15 dias depois de receberem as primeiras doses das vacinas.
Ao adotar um pastor alemão filhote, lembre-se de sempre segurá-lo com uma mão embaixo do traseiro e a outra embaixo do peito. Nunca pegue o filhotinho pelos braços e pernas, nem pelo pescoço.
Respeite o descanso – todos os filhotes passam boa parte do dia dormindo. Evite cansá-lo excessivamente: antes dos seis meses, o adestramento deve se restringir aos comandos básicos. É possível que o cãozinho estranhe a casa nova nos primeiros dias: faça com que ele se sinta à vontade, sem sustos nem brincadeiras muito agitadas.
Respeite o calendário de vacinação. As vacinas V8 e V10 são aplicadas aos 45 dias de vida (geralmente o criador se responsabiliza, assim como pela aplicação de vermífugos), com três doses de reforço a cada seis semanas. A vacina antirrábica deve ser aplicada em dose única, com 12 semanas de idade. A imunização e a vermifugação precisam ser renovadas anualmente.
Escove o filhote a cada dois dias. Além de evitar os pelos soltos pela casa, o cuidado fortalece a pelagem e elimina possíveis parasitas – e, o mais importante, fortalece os vínculos entre o tutor e o cachorro.
Ofereça ração três vezes ao dia (ou nos intervalos indicados pelo veterinário). Se o filhote for muito guloso, fracione as porções ao longo do dia, para evitar engasgos e regurgitações.
Mantenha o filhote longe de fios elétricos, pequenos objetos que possam ser engolidos, objetos perigosos e perfurantes, latas de lixo, produtos de limpeza, para jardinagem (inclusive adubo para plantas) e raticidas. Não deixe sacos plásticos à mostra e coloque almofadas e calçadas fora do alcance do pet.
Sempre que possível, deixe o filhote em ambientes com piso natural (grama) ou antiderrapante, para evitar quedas e acidentes que prejudicam as articulações, transtorno ao qual o pastor alemão é particularmente sensível. As escadas só devem ser utilizadas com a supervisão do tutor.
Quanto custa um pastor alemão?
Em uma rápida pesquisa na internet, verificamos que a maioria dos criadores cobra de R$ 1.000 a R$ 2.500 por um pastor alemão.
Mas um filho de campeões chega a custar, no Brasil, até R$ 5.000. Os cuidados, a fama e o pedigree, certificado de pureza da raça, encarecem o valor dos filhotes.
Antes de adquirir um pastor alemão, certifique-se da idoneidade dos criadores. Se possível, visite o canil, conheça as instalações e confira o forma como as mães e os filhotes são tratados. O ideal é que haja espaço fechado e coberto para os animais se agasalharem e também locais para a prática de exercícios.
Como saber se o pastor alemão é puro?
Ao comprar um cachorro de um criador particular, é quase impossível garantir a pureza da raça. Mesmo que os pais do filhote tenham certificação, não há garantias de que outro cachorro tenha invadido o quintal durante o cio da fêmea, deixando os seus genes na ninhada.
Para saber se um pastor alemão é puro, é preciso verificar os registros no CBKC e na SBCPA, o pedigree indica as gerações anteriores, prêmios obtidos por pais e avós, além de oferecer laudos veterinários que eliminam a possibilidade de doenças genéticas.
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