Alguns têm medo, outros são agressivos. Veja como ensinar o cachorro a ignorar os outros animais.
As caminhadas com os cães são obrigatórias: este é um dos principais compromissos de quem adota um cachorro. Alguns peludos, no entanto, querem sempre interagir com outros animais, seja para brincar, seja para mostrar quem manda. Com algumas dicas simples, é possível adestrar o cachorro para ignorar os pets que encontra nas ruas.
Algumas situações chegam a ser constrangedoras: o cachorro não pode ver outro animal que logo abre um berreiro e não para de latir. Outros, mais amistosos, querem brincar e fazer novos amigos, ignorando que os colegas podem ser violentos ou muito apavorados.
Vale lembrar que as caminhadas devem ser diárias e, naturalmente, prazerosas. Não se pode pretender que um cachorro (ou qualquer outro ser vivo) aprenda qualquer coisa sem a repetição e a constância. Faça chuva ou faça sol, é preciso levar os peludos para passear todos os dias.
Os motivos de interação com outros cachorros
A interação entre os cães é natural: sempre que encontram um forasteiro no caminho, eles sentem que precisam fazer alguma coisa a respeito: demonstrar quem é o dono do pedaço, verificar as intenções do desconhecido, identificar um parceiro sexual (no caso dos pets não castrados) ou simplesmente brincar.
Algumas cidades brasileiras já dispõem de espaços para que cães amigáveis socializem. São os dog parks, em que os cachorros podem caminhar livremente, sem coleira e guia, com segurança. Mas os tutores precisam estar atentos, porque nem todos os pets são amigáveis e, de qualquer maneira, não é possível parar para “conversar” com todos os peludos encontrados no caminho.
Os cachorros também podem latir e exibir outros comportamentos por ansiedade, por vontade de atacar ou simplesmente para chamar a atenção. A curiosidade também os leva a cheirar e travar contato com outros pets.
Muitas vezes, tudo que os cachorros querem é se aproximar e bater um papinho. Infelizmente, nem sempre este é o caso. É importante estar atento aos sinais: rosnar, arreganhar os dentes e latir sem parar são sinais de que o peludo está pronto para o combate.
Por outro lado, eles também podem ganir, colocar o rabo entre as pernas (um gesto de submissão comum à espécie), esconder-se atrás do tutor. Eles estão querendo dizer que estão incomodados, ansiosos ou com medo. Nos primeiros passeios, os filhotes costumam se comportar desta forma.
A postura adotada pelos tutores influencia fortemente no comportamento dos cães. Por exemplo, é comum não deixar os peludos investigarem pistas e rastros, arrastando-os pela guia sempre que eles querem farejar alguma coisa.
Quando esta conduta é reiterada, os cães ficam mais e mais ansiosos. Impossibilitados de fazer a identificação, eles passam a entender a rua como um local perigoso, onde se vai apenas para as necessidades fisiológicas, voltando rapidamente para casa.
É preciso deixar os peludos seguirem os seus instintos e não é necessário dizer que gritos (e agressões físicas) são contraproducentes: não ensinam nada e deixam o cachorro ainda mais ansioso, incomodado e desequilibrado.
Alguns tutores, ao contrário, são permissivos em excesso durante os passeios: permitem que os cães os conduzam e decidam não apenas o trajeto, mas também o ritmo da caminhada. Mal acostumados, eles passam a entender que “na rua, pode tudo” e rapidamente assumem a posição de comando.
O que fazer para que seu cachorro ignore?
Antes de tudo, é preciso acostumar o cachorro a usar a guia e a corrente. Com os filhotes, este treinamento pode ter início logo depois da adoção, quando eles ainda não podem sair para a rua, porque a vacinação inicial não está completa.
Basta colocar a coleira e deixar os peludos circularem livremente, para que se acostumem com o acessório. Dois ou três dias depois, deve ser iniciado o treinamento com a guia, para os cães aprenderem as regras do passeio: quem conduz, quando é possível parar e observar, quando deve ser obedecida a ordem de seguir em frente.
Naturalmente, os cães, antes de começar a passear, precisam ter assimilado os comandos simples, como “sim”, “não”, “fica”, “junto”, etc. O melhor método é o de reforço positivo: os tutores precisam dedicar 15 a 20 minutos diários para o adestramento, repetindo os comandos e oferecendo prêmios e agrados em todos os acertos.
Inicialmente, os prêmios devem ser materiais. A maioria dos cachorros gosta de receber petiscos quando “fazem a coisa certa”. Depois que o comando tiver sido aprendido, as recompensas podem ser dispensadas, mas os tutores precisam continuar estimulando os alunos com palavras de incentivo, agrados e carinhos, até que o aprendizado esteja fixado.
Como seu cachorro se comporta nas ruas
Enquanto a nossa casa é um ambiente de segurança, abrigo, conforto e alegria, a rua pode ser um pouco assustadora. É um local desconhecido, sem os atrativos a que os cães estão acostumados (a caminha, os brinquedos, o aconchego com a família).
Nos primeiros passeios, é importante tranquilizar o cachorro. Ele provavelmente ficará assustado na presença de estranhos, carros, buzinas, crianças correndo e gritando. O ambiente é muito mais rico em estímulos sonoros, visuais e olfativos do que a nossa casa.
Os estímulos podem ser positivos ou negativos, mas a postura do tutor serve de garantia de que tudo está bem. Se um carro passa buzinando ou com o som alto, basta dar um tapinha na cabeça do cachorro, para mostrar que está tudo bem.
Uma vez que o cachorro compreenda que não há motivo para pânico, ele naturalmente para de latir. Mesmo que ainda esteja inseguro, ele sempre confia no melhor amigo. Portanto, se o tutor está calmo, não há motivo para excitação e ansiedade.
Uma boa dica, na fase do treinamento: os tutores devem evitar brincadeiras muito intensas imediatamente antes de sair para passear. Do contrário, os cachorros já chegarão às ruas excitados, querendo correr, pular e interagir com os passantes (humanos e caninos).
As distrações dos cachorros
O ritmo de aprendizado varia de cachorro para cachorro. Enquanto alguns observam os tutores e imitam a tranquilidade e segurança que veem, outros precisam de um pouco mais de trabalho para ignorar os cachorros com quem se encontram.
Um truque simples é levar algumas distrações durante as caminhadas. Quando o cachorro der sinais de que está agitado – latindo, querendo correr, etc. – pode-se oferecer um brinquedo ou um petisco. Ele passará alguns segundos absorvido com a novidade, tempo mais do que suficiente para os transeuntes saírem do campo de visão (e de olfato). Com o tempo e a prática, as distrações podem ser substituídas por comandos simples (basicamente, o “sim” e o “não”).
Se o cachorro continuar insistindo em latir e avançar para outros cães, o tutor deve dar um puxão leve na guia, acompanhado de um “não” firme e sonoro (sem necessidade de gritos). Se isto não for suficiente, deve-se alterar a rota da caminhada.
Os acessórios para os cães
A escolha da coleira é muito importante. As mais simples apenas circundam o pescoço do cachorro, mas estas não se prestam ao adestramento, já que os puxões podem causar danos. O ideal é escolher um modelo que prenda o pescoço e o tórax, para evitar acidentes (e também fugas).
As guias retráteis são muito úteis para cachorros que já estão acostumados com os passeios e os tutores podem permitir que eles se afastem por alguns metros com a certeza de que eles obedecerão aos comandos de parada.
Nas primeiras caminhadas, estas guias não são aconselhadas, porque o cachorro ainda não conhece a rua, não sabe quem irá encontrar durante o passeio, nem o que se espera dele. Vale lembrar que os cachorros são guardiães naturais e, em muitos casos, podem entender que é preciso defender o tutor de uma provável ameaça.
A repetição da ordem
Alguns cachorros naturalmente aceitam ordens logo nas primeiras tentativas. Border collies, poodles, pastores alemães, golden retrievers e dobermans ocupam os primeiros lugares na capacidade de assimilar e aprender comandos.
Por outro lado, os cães mais independentes, cujas raças foram desenvolvidas para a caça solitária, ou para passar longos períodos na companhia exclusiva do gado, quase sempre demoram mais para aprender. É o caso do bloodhound, borzói, chow-chow, afghan hound e dos buldogues ingleses e franceses.
Os tutores, no adestramento, ocupam o espaço dos professores. Se o cachorro precisar de cinco ou seis repetições antes de assimilar os comandos, é preciso armar-se de muita paciência e tenacidade. É importante lembrar que não existem cachorros “burros”: todos eles aprendem, a diferença está apenas no tempo necessário.
Portanto, o treinamento “pré-passeio” deve ser repetido até que o filhote passe a responder satisfatoriamente. Nas ruas, os tutores podem se surpreender com alunos nota dez, mas a maior parte dos cães precisa de algumas sessões de caminhadas até entender o que se espera deles.