Dicas para não deixar o cachorro entediado

Um cachorro entediado pode desenvolver distúrbios emocionais e físicos. Veja o que fazer para não deixar o pique cair.

A tecnologia facilitou bastante a nossa vida, mas também a deixou menos “empolgante”. Na natureza, o trabalho árduo ocupa boa parte do tempo, deixando pouco ou nenhum espaço para o tédio. Com os cachorros, acontece a mesma coisa: eles não precisam mais caçar nem se defender, mas o tempo ocioso tornou-se regra, e não exceção.

Um cachorro entediado pode desenvolver alguns transtornos, como tornar-se destrutivo ou até mesmo agressivo. Também pode passar a dormir em excesso, alterando o metabolismo e facilitando o desenvolvimento de inúmeras doenças físicas.

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O cachorro com tédio

Para se manter saudável, um cachorro precisa ocupar o tempo. Ele precisa de exercícios físicos e estímulos cognitivos diários. Também é importante ter um tempinho para desfrutar com a família humana – uma brincadeira rápida ao chegar a casa, o aprendizado de um truque novo, a exploração de um ambiente e, claro, os passeios diários.

Permanecer muito tempo sozinho, sem estímulos, é um convite ao tédio, com todos os males que esta condição acarreta. Um animal saudável pode inclusive desenvolver fobias simplesmente por não ter o que fazer. “Mente ociosa, oficina do diabo”, diz o ditado.

Realmente, um cachorro que não tem com que se ocupar passará a prestar atenção excessiva a alguns estímulos sonoros, visuais, auditivos e táteis e responder negativamente a eles. Um ruído que nunca foi motivo de incômodo – as buzinas e freadas de carros, por exemplo – pode repentinamente transformar-se em fator fóbico. O medo intenso, além dos malefícios emocionais, pode contribuir para deficiências cardíacas, gastrointestinais e hepáticas.

São sinais do tédio no cachorro:

  • dormir demais;
  • comer demais e avidamente ou perder o apetite sem motivo aparente;
  • perder o interesse por atividades anteriormente estimulantes;
  • assumir condutas negativas, destruindo móveis e acessórios;
  • exibir autoagressividade (morder até machucar as patas, a cauda, etc.);
  • exibir comportamentos autodestrutivos (lamber-se demais, andar em círculos, etc.);
  • tornar-se agressivo;
  • latir ou uivar excessivamente;
  • fixar-se a alguns brinquedos e objetos.

Exibir sintomas de carência irremediável, no entanto, é a principal forma de demonstrar o tédio. O cachorro passa a exagerar nas festas, pedir para ficar no colo a todo instante que passa com os tutores, mudar atitudes (como passar a pedir alimento quando a família está à mesa, quando antes não exibia este comportamento).

Estes sintomas, no entanto, são uma demonstração irrefutável de que o tédio tomou conta da rotina do pet e, como interferem em diversas situações, o ideal é procurar auxílio do veterinário para superar o problema, inclusive porque o médico pode identificar outras eventuais enfermidades em curso.

No dia a dia, no entanto, pequenos sinais, como desinteresse súbito por brincadeiras e cansaço inexplicável podem indicar que o cachorro está precisando de um pouco mais de atenção. Um cachorro entediado torna-se apático, com pouca disponibilidade para interagir.

O que fazer para não deixar o cachorro entediado?

Felizmente, os cachorros gostam de uma vida intensa e, como regra geral, sentem-se imensamente felizes quando interagem com os tutores. Alguns pets não suportam outros animais de estimação em casa, outros não toleram a presença de estranhos, outros mesmo chegam a dar preferência a este ou àquele parente, mas todos eles amam merecer um tête-à-tête com o tutor.

Para recuperar o dinamismo e o brilho dos olhos dos cachorros e libertá-lo do tédio, experimente as dicas a seguir e incorporar as atividades no cotidiano.

Exercite o seu pet

Para um cão saudável, um passeio diário de 20 a 30 minutos é suficiente para afugentar o tédio. Experimente fazer novos trajetos, para que o pet descubra coisas novas, encontre árvores e postes diferentes. Os peludos reagem aos estímulos que recebem.

Se possível, aproveite para brincar durante o passeio. Uma bolinha, um brinquedo de borracha ou mesmo um graveto caído na rua são “ferramentas” excelentes para o pet desenvolver novas habilidades e aprimorar as antigas. Na volta para casa, continue investindo em coisas novas. Se você mora em apartamento, suba um lance de escadas, com o cachorro – alguns deles nunca viram uma escada na vida.

Durante o dia, mesmo que fosse passe a maior parte do tempo fora, deixe alguns brinquedos para o cachorro se entreter. Objetos de morder são excelentes para os pets, por mais que pareçam monótonos para nós. Alguns brinquedos escondem surpresas (como uma porção extra de ração em uma bolinha ou um petisco em um osso artificial); o cachorro precisa aprender a abrir para ganhar a recompensa.

Os brinquedos não podem ser sempre os mesmos. Faça um rodízio dos objetos de que o seu cachorro mais gosta e deixe-os ao alcance em dias alternados, por exemplo. Se o orçamento não permite a compra de brinquedos, improvise alguns com embalagens usadas, objetos fora de uso, etc.

Lembre-se:

• os filhotes só devem começar a passear na rua depois de receber as primeiras doses das vacinas e do vermífugo. Se você mora em uma região com infestações de pulgas, carrapatos, percevejos, etc., use o inseticida indicado pelo veterinário;

• cães idosos e com dificuldade de locomoção precisam de menos atividade física, com paradas estratégicas durante o trajeto. Vale o mesmo para os animais braquicefálicos (de focinho achatado), que possuem vias aéreas curtas e perdem o fôlego com facilidade.

Franqueie o acesso

Com os cuidados necessários para evitar acidentes, garanta que o seu cachorro tenha acesso a janelas e portões, através dos quais ele possa observar o movimento da rua, ou mesmo de um passarinho ou borboleta que esteja voando junto ao apartamento do enésimo andar. O simples movimento das nuvens já é suficiente para entreter os pets, mesmo que apenas por alguns instantes.

Se você mora em casa térrea, não deixe o animal exposto aos passantes. Eles podem se assustar, assustar o cachorro e causar acidentes diretos e indiretos.

Dentro de casa, o fato de poder circular entre a sala e o quarto (ou a cozinha e a área de serviço) já ajuda a entreter o cachorro. Alguns cômodos da casa podem ter a entrada proibida para os pets, mas deixe-o trocar de ambiente de vez em quando.

Distribua a ração em porções menores e deixe os potes espalhados por todos os locais em que o cachorro pode transitar. Ele terá de descobrir onde a comida está escondida e, caso seja um pet guloso demais, esta estratégia evita que ele coma tudo de uma vez e sofra com refluxos esofágicos, problemas gastrointestinais, etc.

Desde que seja possível, altere a disposição dos móveis regularmente. Com uma simples mudança de posição, os ambientes em que os cães podem circular se transformam em novos locais de exploração e descoberta. Eles não sabem – nem podem saber – que as nossas casas são estáveis: nas tocas, o vento e a água sempre mudam as rochas e plantas de lugar.

Use a tecnologia

Hoje em dia, existem até mesmo canais exclusivos para os pets. Cães (e também gatos) não costumam seguir imagens de gravações (a menos que sejam muito significativas para eles, como um vídeo do tutor falando com ele no tom exato em que falaria ao vivo), mas o movimento, as cores e os sons podem atrair a atenção dos pets por alguns instantes.

Caso você tenha acesso a um serviço de TV por assinatura, pode programar o aparelho para ser ligado em alguns momentos do dia, para estimular o cachorro quando ele está sozinho em casa. Assim como nós fazemos com crianças, é conveniente assistir os programas transmitidos por alguns momentos e vetar cenas de brigas, perseguições, gulodices, etc.

Uma forma mais simples de entreter os cães é baixar áudios na internet e programar o computador para executá-los. Você pode escolher a forma randômica ou sequencial. Esta providência é útil também para dessensibilizar os animais que sofrem com ruídos “estranhos”, como tiros de fogos de artifício, tiros, trovões, etc.

Reduza o volume e aumente gradualmente, para que o pet se acostume progressivamente: em uma semana ou duas, os cachorros perdem o medo dos sons de origem não identificada – e ocupam parte do tempo ocioso, reduzindo a possibilidade de ficarem entediados.

Faça companhia

A correria do dia a dia não permite nem mesmo que tenhamos tempo para nós mesmos, mas, uma vez que decidimos adotar um animal de estimação, é imprescindível que dediquemos um tempo especial para eles. Não importa a quantidade, mas a qualidade destes momentos.

Não é preciso preparar nada especial. Apenas deixe o seu peludo aos seus pés (ou deitado no sofá ao seu lado) enquanto você assiste TV. Deixe-o na cozinha enquanto prepara as refeições. Converse com ele. Sim, os cães entendem o que nós falamos. Podem não distinguir todas as palavras, mas compreendem algumas, percebem muito bem o tom de voz que estamos empregando e sentem-se instigados a entender o que nós estamos querendo naquele momento.

Considere a possibilidade de adotar um segundo animal de estimação. Dois animais podem fazer companhia um para o outro, ensinar alguns truques, estimular a competição saudável e corrigir alguns problemas de relacionamento.

Mas, antes de escolher o seu novo companheiro, verifique as características da raça do seu pet. Algumas não aceitam partilhar o espaço com filhotes, outras com machos ou fêmeas, etc. Verifique também a sua disponibilidade: dois pets dão o dobro do trabalho e das despesas com alimentação, saúde, lazer, etc.

Acostume o cachorro a ficar sozinho

Pode parecer um paradoxo, mas os cachorros, apesar de adorarem a convivência com a família, precisam descobrir as delícias de ficarem sozinhos por um tempinho. Eles não podem se sentir carentes quando os tutores precisam sair de casa, e todos nós temos tarefas a cumprir na rua, além de precisarmos de tempo para o lazer, a cultura, etc.

Escolha um espaço da casa para o seu cachorro (ou deixe que ele mesmo escolha um cantinho para chamar de seu – eles fazem isso com facilidade). Coloque alguns brinquedos, o bebedouro e a tigela de ração por perto, mas não necessariamente ao lado. Permita que eles fiquem ali.

Não é preciso prendê-lo: basta acostumá-lo e ele se apropriará do cantinho. Para o cachorro, este espaço – que pode ser um canto da sala, da área de serviço, do corredor, do quintal, etc. – servirá também como ponto de sentinela. É importante que ele não fique em um local de circulação intensa, mas tenha visão privilegiada do movimento da casa; afinal, ele é um vigilante por natureza.

Acostumado a este espaço, ele recorrerá a ele sempre que quiser ficar sozinho, ou nos momentos em que nenhum humano da família esteja em casa ou tenha disponibilidade para brincadeiras e carinhos. Trata-se de um local de aconchego, seguro, protegido. Isto ajuda o cachorro a desenvolver a autonomia, sem necessidade de apelar para os humanos em todos os momentos do dia.

Lembre-se de que a atividade cognitiva dos cachorros é muito semelhante à de crianças pequenas. Eles se distraem facilmente e perdem o interesse rapidamente, mesmo que voltem a querem interagir com um objeto desprezado anteriormente.

Apenas alguns minutos dedicados a uma atividade que nós consideramos simples são suficientes para espantar o tédio e tornar o cotidiano mais saudável. O importante é não deixar os pets sem nada para fazer, apenas esperando o tempo passar.

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