Cachorros não falam, mas enviam sinais. Conheça alguns sintomas que podem custar a vida.
Quando o corpo fala, é necessário prestar atenção aos sinais que estão sendo enviados. Os cachorros são animais muito resistentes, mas podem desenvolver distúrbios e doenças – alguns deles são verdadeiras emergências. É importar observar alguns sinais, que podem até mesmo custar a vida.
Assim como acontece conosco, os cachorros também vivenciam dias bons e maus. Uma pequena indisposição, um músculo dolorido por causa de uma atividade mais intensa, o cansaço que o calor excessivo provoca.
Tudo isto e muito mais prejudica o bem-estar dos peludos (e o nosso também). Além disso, pode comprometer a saúde. Mesmo os probleminhas passageiros, quando acumulados, podem encurtar a vida e comprometer a qualidade. Os tutores têm de estar atentos.
Vale lembrar que qualquer sinal diferente é motivo para a atenção dos tutores: olhos avermelhados, mordidas e lambidas excessivas nas patas (e em alguns casos também nas orelhas), inquietação, irritabilidade, agressividade incomum, tudo pode indicar problemas que, ignorados, chegam a custar a vida dos peludos.
Relacionamos a seguir alguns sinais relativamente comuns que são verdadeiros pedidos de ajuda, uma espécie de SOS. Estes sintomas não devem ser ignorados, porque podem custar a vida dos cachorros ou, pelo menos, atrapalhar bastante o dia a dia.
01. A febre
A febre é um sinal de que o cachorro está com um processo inflamatório ou infeccioso. A boa notícia é que ela indica que o organismo canino está respondendo ao problema, produzindo anticorpos para combater o mal, que pode ser provisório. Ela é tão comum entre os cães, quanto entre os humanos.
Algumas alergias também causam febre, especialmente quando se espalham por áreas consideráveis da pele. Os tutores precisam ficar atentos porque as otites e dermatites, além de prejudicarem o visual, comprometendo a pelagem, também são portas de entrada para infecções mais sérias.
A temperatura corporal dos cachorros é mais elevada do que a nossa: fica entre 38,5°C e 39,5°C. qualquer anotação acima disso revela febre e merece ser acompanhada com atenção. Mas, a menos que o tutor tenha prática, não se recomenda tomar a temperatura dos cachorros em casa.
Seja como for, a febre vem acompanhada de outros sinais, que não podem ser negligenciados. Caso os cachorros permaneçam com os sintomas durante dois dias ou mais sem motivo aparente, o veterinário deve ser consultado:
- perda de apetite;
- desânimo e apatia;
- cansaço;
- vermelhidão nos olhos;
- sonolência.
Além disso, o cachorro febril pode apresentar tremores, tosse, perda de fôlego e, em alguns casos específicos, diarreias e vômitos. O motivo pode ser um simples resfriado, mas deve ser acompanhado com cuidado.
Com o diagnóstico firmado e afastadas as possibilidades potencialmente mais perigosas, o peludo deve ser mantido em repouso, estimulado a se alimentar, bem hidratado e confortável. A medicação receitada deve ser ministrada de acordo com as orientações do veterinário.
02. Dificuldade para fazer cocô
A constipação ou prisão de ventre é relativamente comum. Quase sempre, está associada à alimentação inadequada ou à falta de exercícios físicos (e também aos dois fatores associados). Mas ela pode indicar problemas mais graves.
Quando a alimentação do cachorro é pobre em fibras alimentícias, a formação do bolo fecal fica comprometida, o que causa dificuldades na hora de fazer o nº 2. Ele também pode estar desidratado: é importante manter água fresca sempre à disposição dos peludos: os líquidos garantem o bom trânsito intestinal.
Condições mais delicadas também podem atrapalhar a produção e expulsão das fezes. O cachorro pode ter ingerido um objeto estranho que está causando o bloqueio do intestino, por exemplo.
Ele também pode estar com medo de fazer cocô, porque a evacuação causa dor. Isso acontece quando as glândulas anais estão inflamadas, quando há algum problema no quadril (de uma pequena pancada a fraturas nos ossos da região), problemas na próstata (no caso dos machos) e tumores no intestino.
É importante observar os hábitos do cachorro. Quando ele vai e volta várias vezes ao local em que costuma evacuar e “não sai nada”, é um sinal de complicações. Mesmo quando ele consegue, mas apenas depois de várias tentativas, é preciso verificar as condições de nutrição e hidratação.
O tratamento da prisão de ventre varia de acordo com as causas que estão gerando o problema. Obter um diagnóstico precoce contribui bastante para a recuperação da saúde. Vale lembrar que, em alguns casos de obstrução intestinal, o animal pode até mesmo perder a vida.
03. Dificuldade para fazer xixi
Nestes casos, é fácil compreender que o cachorro está com algum problema no aparelho excretor (rins, ureteres, bexiga e uretra) ou no sistema genital. Um macho com prostatite ou alguma lesão no pênis, bem como uma fêmea com problemas na vulva (ou até uma endometriose avançada), podem apresentar dificuldades para fazer xixi.
Em condições normais, o organismo consegue retirar toxinas, que são filtradas no sangue pelos rins. Essas substâncias são excretadas com a urina, mas o acúmulo prejudica todo o sistema excretor, além da circulação sanguínea e o fígado.
Quando apresentam esta dificuldade, os cachorros podem estar com uma obstrução no aparelho excretor. O problema também pode indicar a formação de cálculos nos rins ou na bexiga e, nestes casos, o cachorro resiste a fazer xixi por causa da dor durante a micção, que pode ser muito intensa.
A condição pode ser passageira ou representar um problema crônico (uma insuficiência renal, por exemplo). A impossibilidade total de urinar é uma emergência médica, mas todas as condições devem ser avaliadas, para garantir a saúde e a qualidade de vida dos peludos.
04. Cansaço excessivo
Quem convive com cachorros sabe que eles estão sempre prontos para brincadeiras e passeios. Naturalmente, os animais idosos tendem a preferir atividades mais tranquilas, mas quase sempre eles topam correr e pular – pelo menos por alguns minutos.
A atividade física também pode exaurir os filhotes e os cães de raças braquicefálicas – os peludos com focinho achatado. Nesses casos, é importante dosar as brincadeiras e treinos, para não comprometer a saúde e o bem-estar.
Nos dias muito quentes, é natural que os cachorros se mostrem cansados. Eles enviam alguns sinais de que estão incomodados com a alta temperatura: permanecem quietos, deitam-se com a barriga e a parte interna da coxas em pisos frios, etc.
Estas são situações normais, especialmente no Brasil, em que o Sol brilha forte durante dez meses por ano – ou mais. Os problemas surgem quando o cansaço não é motivo por nenhuma causa aparente.
O sobrepeso e a obesidade prejudicam o desempenho físico dos cães. Os animais acima do peso quase sempre se cansam com mais facilidade, inclusive durante os passeios. O ganho de peso está associado à alimentação inadequada e ao sedentarismo, que podem ser características familiares: os tutores também estão acima do peso e não praticam exercícios físicos.
A síndrome braquicefálica é comum nos cães de cara amassada: pugs, boxers, buldogues, lhasa apsos, shih tzus, etc. O focinho curto, desenvolvido através de cruzamentos seletivos, não é um instrumento eficiente para a respiração e termorregulação corporal.
Os cachorros possuem focinhos alongados, mas os humanos, em algum momento, passaram a considerar os animais braquicefálicos mais simpáticos e inofensivos: o conjunto formado por focinho longo e mandíbula poderosa já foi responsável por “acidentes” no relacionamento.
Contudo, a aparência fofa e atraente de buldogues & cia. compromete algumas funções vitais e, no caso da síndrome, prejudica gradualmente o funcionamento não apenas dos pulmões, mas também do coração e de todo o sistema circulatório.
Os tutores destes cães precisam ficar sempre atentos: mesmo um boxer, com a aparência resistente e forte, precisa de uma rotina menos intensa de exercícios físicos. Além do cansaço mais rápido e prolongado, a síndrome braquicefálica é caracterizada por alguns outros sintomas:
- respiração ruidosa, parecida com um ronco;
- hipertensão pulmonar;
- colapso traqueal;
- cianose na língua, gengiva e lábios;
- síncopes e desmaios.
Outras doenças respiratórias também podem ser responsáveis pelo cansaço excessivo, como gripes e resfriados, a tosse dos canis, bronquite asmática, etc. Com o tratamento adequado, o sintoma pode ser superado, mas é preciso saber dosar a carga de exercícios e até mesmo as situações que geram excitação – mesmo os momentos alegres.
Na fase inicial, a cinomose também pode apresentar sinais respiratórios, como tosse, espirros e cansaço excessivo. Trata-se de uma doença neurológica quase sempre fatal, mas que felizmente é prevenível com a vacinação.
05. Tosse persistente
A tosse é a reação natural para expelir alguma coisa estranha que esteja atravancando as narinas, a laringe ou a faringe. Mas é preciso prestar atenção: até mesmo algumas neoplasias (tumores malignos) podem provocar o sintoma.
O sinal é comum em casos de gripes e resfriados, doenças infecciosas que podem ceder em poucos dias, mas também contribui para a instalação de pneumonias. O cachorro também pode estar com tosse dos canis (traqueobronquite infecciosa canina), coronavirose canina e outras enfermidades.
Nos casos de tosse persistente, pode ser necessário submeter o peludo a exames de imagens, em que o veterinário poderá avaliar as condições das vias aéreas. Especialmente em relação aos cães de meia idade e idosos, é importante procurar ajuda médica com urgência.
Um caso mais corriqueiro: a tosse pode ser provocada por um objeto estranho preso na garganta. Os cães são muito curiosos e tendem a experimentar o mundo levando quase tudo que encontram à boca. Em algumas situações, o engasgo pode impedir a respiração e até causar a morte.
Os tutores devem evitar manter objetos que possam ser engolidos ao alcance dos peludos e, em caso de ingestão, correr com eles para a clínica veterinária, para evitar danos maiores, inclusive a morte.
06. Perda de peso
Este é um sintoma incomum. Os cachorros não “pulam” refeições nem fazem dietas de emagrecimento. Se eles estão perdendo peso, os sistemas orgânicos não estão funcionando de forma eficiente.
O alerta vermelho é acionado quando os peludos perdem 10% do peso corporal em pouco tempo, mas este percentual é menor no caso dos cães muito pequenos, tais como os chihuahuas e os pinschers miniatura.
As causas variam bastante, mas a perda de peso repentina e inesperada não deve ser negligenciada. Um veterinário deve ser consultado, para investigar as causas do distúrbio, que pode ser fatal. O problema pode estar relacionado a:
• transtornos gastrointestinais – geralmente, são acompanhados de outros sinais, como diarreia ou prisão de ventre, vômitos, desidratação e apatia. O metabolismo canino não está conseguindo aproveitar os nutrientes;
• insuficiência renal – os rins são responsáveis por filtrar e eliminar resíduos tóxicos produzidos na digestão e mesmo na respiração. Quando os órgãos não funcionam com eficiência, todo o organismo se ressente.
Entre 2% e 5% dos cães americanos (não há estatísticas disponíveis no Brasil) sofrem de insuficiência renal crônica, em que os órgãos gradualmente deixam de executar as suas funções. Em geral, o problema começa a se manifestar a partir dos seis anos de idade. Além da perda de peso, o cachorro se mostra cansado, apático e pode apresentar vômitos ou diarreias;
• doenças hepáticas – o fígado é responsável por metabolizar as gorduras e açúcares ingeridos na alimentação e também produz a bílis, que neutraliza a acidez estomacal. O órgão pode ser prejudicado por diversas doenças (inclusive insuficiência crônica) e os cães afetados se mostram apáticos, se recusam a comer e mostram desinteresse por atividades mais agitadas;
• doenças no pâncreas – o órgão apresenta funções exócrinas e endócrinas. Em caso de insuficiência pancreática exócrina (IPE), o pâncreas deixa de produzir (ou produz em quantidade insuficiente) algumas enzimas que são fundamentais para a digestão e a absorção dos nutrientes.
A IPE é relativamente comum em cães de grande porte, especialmente os pastores e boiadeiros. Os principais sinais são, além da perda de peso: diarreia ou fezes pastosas, aumento do volume e da frequência das fezes, flatulência, borborigmo intestinal (o “ronco” do estômago), polifagia (fome excessiva sem causas aparentes, como o aumento de exercícios físicos), coprofagia (ingestão de fezes), pelagem opaca;
• diabetes – enquanto o tipo I (congênito) é raro em cães, o tipo II (adquirido) é bastante frequente. Neste caso, o pâncreas, em suas funções endógena, deixa de produzir insulina na quantidade e qualidade esperadas. A doença não tem cura, mas pode ser controlada.
Em geral, os cães são diagnosticados com diabetes depois de um aumento súbito de peso, mas quase sempre esta condição é seguida pelo emagrecimento rápido, acompanhado de perda de massa muscular. É uma condição que afeta animais de meia idade e idosos e requer acompanhamento constante.
07. Barriga inchada
Este nunca é um bom sinal. O abdômen distendido e inchado pode estar associado a diversos problemas urgentes, tais como verminoses, tumores gastrointestinais, obstruções por objetos estranhos, torção gástrica (mais frequente nos cães de grande porte, especialmente os muito vorazes), infecções intestinais, cardiopatias e problemas vasculares.
Apenas um profissional é capaz de analisar e diagnosticar os motivos reais de uma barriga inchada, que pode inclusive apenas indicar uma gulodice extrema (que também precisa ser controlada). O sinal pode custar a vida dos cachorros, especialmente quando está associado a outros sintomas.
Não existem “receitas milagrosas” para tratar a barriga inchada dos cachorros – nem qualquer outro sintoma. É importante submeter o peludo a uma avaliação médica o quanto antes, para que seja possível obter o diagnóstico preciso e o tratamento adequado.
Até mesmo aquele remédio que foi “tiro e queda” para o cachorro do vizinho, receitado por um profissional, pode ser prejudicial – e, em alguns casos, até mesmo fatal para os nossos peludos. A automedicação muitas vezes é, literalmente, “tiro e queda”.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.