O borzói é pouco conhecido no Brasil. Grande parte dos cães da raça são importados, apesar de haver alguns criadores credenciados nas principais associações cinológicas do Brasil. Quem quer ter um amigo incondicional para todas as horas, simpático, brincalhão e muito afetuoso, precisa conhecer esta raça com detalhes.
A beleza do borzói é talvez a característica mais atraente. Dotado pela natureza com pelos longos e sedosos, este cachorro complementa a aparência com uma atitude nobre e elegante. Mas ele é também um atleta nato, um dos melhores velocistas do mundo canino.
A raça é conhecida desde a Idade Média europeia: há mais de seis séculos, o borzói já figurava entre os preferidos da nobreza russa para corridas e caçadas. Ele também era adotado como cão de companhia, em função da elegância e da beleza.
Um pouco de história da raça borzói
Os ancestrais da raça borzói – provavelmente, galgos afegãos e persas – chegaram ao leste europeu acompanhando os mongóis liderados por Batu Khan, a partir do século 14. Os russos não utilizavam lebréis para caça, mas tinham animais especialmente fortes e poderosos, conhecidos como “loshaya”, capazes de enfrentar cervos e alces. Os “loshaya” emprestaram o porte grande para os animais contemporâneos.
Os cachorros resultantes dos cruzamentos se tornaram populares na região, a ponto de constarem, em ilustrações, do livro de orações do príncipe Vassily 3º, pai de Ivan 4º. Nos séculos seguintes, ao acasalar com greyhounds poloneses, eles adquiriram a personalidade nobre e elegante da raça.
Ilustrações e descrições sobre cães muito semelhantes aos borzóis modernos podem ser observadas em registros russos pelo menos desde o século 11. Originalmente, os cães da raça foram empregados na caça, especialmente aos lobos, que ameaçavam as propriedades russas do leste europeu.
A partir do século 15, criadores passaram a promover cruzamentos seletivos com vistas a fixar algumas características da raça, como o aumento do tamanho e a pelagem longa: o objetivo era obter borzóis capazes de suportar os rigorosos invernos russos, especialmente considerando que os cães passavam boa parte do tempo fora de locais abrigados.
Desde o século 16, borzóis passaram a ser dados pelos czares russos a visitantes de destaque. O imperador Ivan 4º (1530-1584, cognominado “O Terrível”) mantinha um plantel de cães da raça e organizava competições entre eles, que já na época se transformaram em eventos sociais de muito prestígio.
No século 18, havia pelo menos sete subtipos de borzóis na Rússia. Uma única caçada podia reunir mais de cem cães. Mas, nem tudo são flores. Sempre identificados com a aristocracia, os cães passaram por maus bocados em 1917, quando o czar Nicolau 2º foi deposto, muitos animais foram abandonados pelos nobres em fuga do país.
Em novembro desse ano, com a chegada dos bolcheviques ao poder, há registros de perseguições contra os “cachorros nobres”. Alguns espécimes conseguiram cruzar a fronteira com os tutores – ainda hoje, os borzóis da Polônia e da Romênia são conhecidos em todo o mundo.
A maioria dos cães atuais descende da variedade “perchino” – parte deles foi levada para os EUA, no período entre guerras, onde a raça ficou conhecida como wolfhound russo. Em 1936, o nome foi alterado para o atual, mas o borzói mudou muito pouco através dos séculos.
O padrão da raça borzói
De acordo com o padrão publicado pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), o borzói é “um lebréu de caça e um hound de corrida e perseguição, usado originalmente para perseguir lebres e raposas. Combina grande agilidade com resistência e capacidade para enfrentar atividades.”
A raça borzói está classificada no grupo 10 da Federação Cinológica Internacional (FCI), que engloba os cães lebréis. O borzói foi incluído na seção 1 do grupo, dos lebréis de pelo longo e franjado, que também engloba o saluki, o afghan hound, e os lebréis irlandeses e escoceses.
O primeiro padrão da raça foi estabelecido em 1888, pela Sociedade de Caçadores de Moscou, quando as variedades do borzói foram unificadas na Rússia. Em linhas gerais, a descrição do borzói permanece praticamente a mesma, apesar de algumas alterações incluídas nos séculos 20 e 21.
Aparência geral do borzói
O borzói é um cachorro de aspecto aristocrático, de estatura elevada, esguio e robusto, construído de maneira uniforme. Ele apresenta pernas bastante altas e corpo relativamente estreito, o que confere aparência alongada. As fêmeas são mais longas do que os machos.
A pele do borzói é ajustada e elástica, sem pregas. A musculatura é seca e alongada, muito bem desenvolvida. A estrutura óssea é forte, mas não é maciça. Nos machos, a altura na cernelha é um ou dois centímetros maior do que a altura na ponta do sacro (garupa); nas fêmeas, as duas alturas são equivalentes.
O comprimento do tronco, até a inserção da cauda, excede ligeiramente a altura na cernelha, enquanto a profundidade nos cotovelos é um pouco superior à metade da altura na cernelha. O comprimento do focinho, do stop até a trufa, é um pouco maior do que o comprimento do topo do crânio, do stop ao occipital.
O temperamento do borzói
O comportamento do borzói é calmo, mas a resposta visual é bastante evidente. A marcha típica dos cães da raça varia do trote lento ou caminhada enquanto estão farejando (perscrutando as presas), até o galope completo durante a perseguição.
Em relação aos humanos, o borzói tende a ser neutro ou levemente amigável. Os cães da raça são caçadores típicos, demandando longas caminhadas diárias e espaço para explorar e correr. Grandes saltadores, eles precisam ser contidos por cercas altas, para impedir fugas: mesmo sem querer, eles podem saltar e ganhar as ruas.
Estes cães são elegantes e sofisticados, podendo transitar sem problemas em áreas internas. Em ambientes ao ar livre, o comportamento se modifica e eles se tornam expansivos, agitados e muito enérgicos. É provável que eles persigam qualquer coisa que esteja se movendo com rapidez nas redondezas.
O borzói pode ser tímido e desconfiado com pessoas estranhas, mas nunca é agressivo. Com as crianças, ao contrário, ele tende a ser expansivo. Este cão é bastante independente, mas não dispensa a atenção e o carinho dos tutores.
A cabeça do borzói
A cabeça do borzói é aristocrática, estreita, alongada e bem proporcionada à anatomia geral. A raça é dolicocefálica (aqueles cães que apresentam focinhos compridos). A aparência é seca: os principais vasos sanguíneos podem ser vistos através da pele.
Vistas de perfil, as linhas superiores da cabeça formam um traço longo e ligeiramente convexo. Os arcos superciliares (na altura das sobrancelhas) e zigomáticos (abaixo das bordas laterais dos globos oculares) não são pronunciados nos cães da raça.
Visto de cima, o topo do crânio é estreito, de formato oval, mas ligeiramente alongado. De perfil, mostra-se quase plano. O occipital (parte posterior do crânio) do borzói é bem pronunciado.
O stop é dificilmente visível, enquanto a trufa é grande (e sempre preta, independentemente da cor da pelagem). A trufa é bem proeminente em relação à mandíbula.
O focinho é longo, esguio, bem preenchido em todo o comprimento. É reto ou um pouco arqueado próximo à trufa. O comprimento da trufa ao stop é equivalente ao do stop ao occipital.
Os lábios são secos, bem ajustados e finos, sempre com bordas pretas (independentemente da cor da pelagem).
Os dentes são brancos e fortes, como incisivos proximamente espaçados e caninos não muito separados. A mordedura do borzói é em tesoura: a mordedura em nível (pinça ou torquês) é tolerada, mas não desejada). A fórmula dentária é completa (42 dentes), mas a ausência dos terceiros molares ou de um ou dois primeiros pré-molares é aceitável.
Os olhos são grandes e amendoados, sempre escuros (castanho-escuros ou pretos). As pálpebras bem ajustadas apresentam bordas pretas.
As orelhas são pequenas, finas, flexíveis e pontiagudas, cobertas com pelagem curta. São inseridas acima da linha dos olhos, próximas e para trás, quase apontando em direção à nuca. As extremidades das orelhas ficam próximas uma à outra, direcionadas para baixo, ao longo do pescoço (e próximas a ele).
Em alerta, as orelhas são portadas mais altas nas cartilagens, com as pontas direcionadas para as laterais ou para frente. Às vezes, uma ou as duas ficam eretas, como orelhas de cavalo.
O pescoço é longo, seco, musculoso e ligeiramente arqueado. O formato é ovalado (ligeiramente achatado nas laterais), de inserção mediana nos ombros.
O tronco do cachorro borzói
A linha superior é um arco suave. A cernelha não é marcada. O dorso é largo, musculoso, elástico e flexível. O lombo é bastante longo, arqueado, musculoso e largo. Em conjunto com o dorso, forma um arco suave, mais pronunciado nos machos. O ponto mais elevado está situado no meio, na região das duas primeiras vértebras lombares.
A garupa é longa, larga e moderadamente inclinada. A largura, medida entre as duas cristas ilíacas, não deve ser inferior a 8 cm.
O peito, de seção transversal oval, é profundo, descendo quase até o nível das articulações dos cotovelos. O peito não pode ser estreito, mas também não pode ser mais largo do que a garupa. Visto de perfil, o antepeito é proeminente, colocado quase no nível da articulação entre a escápula e o úmero.
Na região das escápulas, o peito é bem plano, alargando-se gradualmente na direção das costelas falsas (ou flutuantes), que são encurtadas no borzói. Na linha inferior, o ventre é esgalgado de forma abrupta em direção aos flancos.
A cauda do borzói apresenta forma de foice ou sabre. É fina e longa, com cobertura densa e abundante. Descida entre os membros posteriores, ela deve atingir o nível das cristas ilíacas. Quando o cachorro está parado, a cauda é portada para baixo; eleva-se em movimento, mas não fica acima do nível do dorso.
Os membros anteriores do borzói
São secos e musculosos. Vistos de frente, são perfeitamente retos e paralelos entre si. Os músculos dos ombros são bem desenvolvidos. A altura dos cotovelos é um pouco superior à metade da altura na cernelha.
As escápulas são longas e oblíquas, assim como os ombros, que são moderadamente inclinados. Os ângulos das articulações entre escápulas e úmeros são bem pronunciados. Os antebraços são longos, de seção transversal oval. São estreitos quando vistos de frente e largos quando de perfil.
Os cotovelos fortemente desenvolvidos apresentam-se em planos paralelos ao plano médio do corpo, ou ligeiramente inclinados para fora.
Os metacarpos (ossos entre os pulsos e os dedos anteriores) são longos e um pouco oblíquos. As patas anteriores são secas, estreitas, de formato oval alongado: são os chamados “pés de lebre”. Os dedos são longos, arqueados e fechados. As unhas são fortes e grandes, chegando a tocar o chão.
Os membros posteriores do borzói
Vistos por trás, são paralelos e inseridos ligeiramente mais afastados que os anteriores. Quando o cão está parado e em descanso, a linha vertical que desce da ponta das nádegas deve passar pelo centro do jarrete e do metatarso.
As coxas e as pernas são longas, de comprimentos equivalentes. Os jarretes são largos e secos, com calcâneos (ossos do calcanhar) bem desenvolvidos. Os metatarsos são curtos e retos, colocados verticalmente.
As patas posteriores são secas, estreitas e de formato oval alongado (pés de lebre). Os dedos são longos, arqueados e fechados. As unhas são longas e fortes, tocando o chão.
A movimentação do cão borzói
Quando não estão caçando, a movimentação típica dos cães da raça é o trote alongado, sem esforço, muito flexível e flutuante.
Quando localizam as presas, visualmente ou através do faro, os borzóis passam a se mover em um galope muito rápido, com passadas de grande amplitude, sem denotar esforço.
Pele e pelagem da raça borzói
A pele do borzói é fina, elástica e muito bem ajustada: os cães da raça não apresentam rugas nem barbelas. O ajuste é perfeito inclusive nas pálpebras e nos lábios.
A pelagem é longa, flexível, sedosa e leve, chegando a formar ondulações e até grandes cachos. O comprimento dos pelos varia nas diferentes partes do corpo: na cabeça, nas orelhas e na face interior dos membros, é muito curto, fechando próximo; no dorso e no pescoço, é mais longo e geralmente ondulado; na face externa das coxas e nas laterais, é um pouco mais curto, mas pode formar cachos finos.
O revestimento é mais longo e notável. A franja está localizada no pescoço (formando um cachecol), na parte inferior do tórax e do abdômen, na parte de trás dos membros anteriores e nas coxas. A franja também é formada abaixo da cauda, em cuja raiz os cachos são comuns.
O borzói pode se apresentar em diferentes cores:
- branco;
- pálido em diferentes tons: castanho avermelhado, castanho acinzentado, castanho prateado e pálido com sombreado cinza-claro;
- vermelho-claro ou cinza-claro na raiz do pelo, com cor principal vermelho-escuro ou cinza;
- sable ou zibelina: vermelho com pelos curtos sobrepostos (tom frequentemente associado com focinho sombreado);
- cinza (do pálido ao cinza amarelado);
- tigrado (a cor principal é o pálido, vermelho ou cinza, com listras semelhantes às estrias do mármore);
- vermelho;
- preto;
- cores de transição entre o vermelho e o preto.
Todas as cores da pelagem do borzói podem ser sólidas, manchadas e com marcações acastanhadas. Tipicamente, qualquer cor tende a clarear de cima para baixo.
De acordo com o padrão oficial, todas as cores – do branco ao preto – são aceitáveis, com exceção do marrom, azul (cinza-azulado), isabela (lilás) e suas tonalidades.
Tamanho e peso do borzói
A altura (na cernelha) desejável para os machos fica entre 75 cm e 85 cm. As fêmeas são menores, atingindo de 68 cm a 78 cm. O peso varia bastante e não está fixado no padrão do CBKC nem da FCI.
Um macho pesa de 34 kg a 48 kg e uma fêmea, de 27 kg a 39 kg.
As faltas em competições
Qualquer desvio aos termos do padrão oficial é considerado falta e penalizado conforme a proporção e o comprometimento das atividades naturais dos cachorros. Em competições oficiais, com relação aos borzóis, os árbitros geralmente penalizam as seguintes características:
- altura dois centímetros acima ou abaixo do tamanho previsto;
- comprimento do corpo mais de 10% ou menos de 5% da altura na cernelha;
- olhos pequenos (“não grandes o suficiente”), de inserção profunda, de formato redondo ou claros, incluindo todos os tons de avelã;
- dentes pequenos, diastemas (espaço muito grande entre os dentes), ausência de segundos pré-molares ou de incisivos, especialmente devida a lesões;
- linha superior do dorso sem suavidade suficiente;
- cernelha pronunciada;
- arco assimétrico entre o dorso e o lombo;
- abdômen pouco esgalgado, barrigudo ou pendente;
- cauda curta, portada muito alto, com desvio lateral ou com a ponta enrolada;
- abundância de manchas pelo corpo na mesma tonalidade da cor de base;
- pelagem muito reta ou abundante, opaca ou desordenada;
- franjas e cobertura pouco desenvolvidas;
- falta de revestimento;
- cobertura igual da pelagem por todo o corpo;
- pelagem muito dura no caimento.
São consideradas faltas graves:
- cabeça grosseira, com pele grossa e solta;
- lábios pendentes;
- stop muito pronunciado;
- focinho sem corte, devido ao nariz pouco proeminente;
- cor branqueada (não escura o suficiente) da trufa;
- pálpebras e lábios em outras cores que não o preto;
- trufa, lábios e pálpebras despigmentados (rosa), mas sem sinais de lesões;
- miopia, olhos pequenos, amarelos ou com a terceira pálpebra muito desenvolvida;
- ausência de qualquer dente, além dos mencionados nas faltas gerais;
- orelhas posicionadas baixas, não assentadas proximamente e direcionadas para baixo ao longo da nuca ou muito separadas;
- orelhas muito grandes, espessas, pesadas, grossas, com cartilagem dura ou com pontas arredondadas;
- comprimento do tronco mais de 12% ou menos de 3% à altura na cernelha;
- altura na cernelha com diferença acima ou abaixo de 2 cm;
- pescoço colocado alto ou baixo;
- pescoço redondo na seção transversal;
- inclinação pronunciada na linha superior, da cernelha em direção à raiz da cauda;
- curvatura dorsal pronunciada;
- dorso reto nos machos;
- lombo estreito, curto, muito longo ou reto;
- abdômen não esgalgado;
- antebraços pesados, com ossos redondos em seções transversais;
- pés carnudos, arredondados ou planos;
- dedos abertos;
- cauda curta, grossa ou sem cobertura;
- manchas vivas no corpo, de cor diferente da principal;
- cor do corpo não clareando de cima para baixo;
- pelo abundante em todo o corpo, subpelo excessivo, áspero ou duro, falta de revestimento e pelagem eriçada (fora da fase de troca).
Por fim, as faltas seguintes são desqualificantes:
- agressividade ou timidez excessiva;
- anomalias físicas ou comportamentais;
- cor marrom (incluindo cacau, café e chocolate), azul, isabela ou cores diluídas com a ponta da trufa que não seja preta;
- trufa, pálpebras ou lábios completamente despigmentados;
- olhos verdes, azuis ou em todos os tons de cinza; heterocromia (olhos de cores diferentes);
- prognatismo ou retrognatismo, torção de mandíbula, incisivos incompletos (se densamente espaçados), falta de dentes caninos, encaixe incorreto dos caninos superiores e inferiores ou mandíbulas não encaixáveis;
- metacarpos proeminentes (knuckling over) ou presença de ergôs;
- cauda em saca-rolhas, quebrada, cortada (mesmo parcialmente) ou com vértebras fundidas.
A saúde do borzói
A expectativa de vida do borzói é baixa: os cães da raça raramente ultrapassam os dez anos de idade. Apesar disso, eles são bastante resistentes e não costumam apresentar problemas graves de saúde. Algumas condições de origem genética, no entanto, são relativamente frequentes. As principais doenças são as seguintes:
• síndrome de Wobbler – é uma doença que causa o estreitamento do canal vertebral, levando à compressão da medula espinhal. Ocorre na região cervical e provoca dor e descoordenação motora. Ainda não existe cura e o cachorro afetado precisa receber medicamentos e fisioterapia durante a vida inteira;
• hipotireoidismo – é a redução da produção dos hormônios da tireoide. Os principais sintomas são alterações na pele e na pelagem, ganho de peso, apatia e letargia, bradicardia (ritmo cardíaco irregular e lento), sonolência, fraqueza generalizada e irritação. O diagnóstico é complexo, geralmente obtido através da exclusão de outras causas. Os cães afetados precisam de reposição hormonal durante toda a vida;
• linfedema primário – é causado por defeitos no desenvolvimento dos vasos e gânglios linfáticos. Gera inchaços que podem surgir em qualquer parte do corpo, principalmente nas articulações. O tratamento depende das condições do paciente: alguns cachorros com linfedema primário precisam apenas de observação, mas a doença pode facilitar as infecções e inflamações;
• torção gástrica – ocorre depois da ingestão de grandes quantidades de alimento, provocando uma dilatação do estômago e a rotação do eixo mesentérico (o órgão gira em seu próprio eixo). A torção provoca dor abdominal, postura arqueada, taquicardia e arritmias cardíacas, dispneia, febre e vômitos: pode ocorrer uma emergência médica. É preciso submeter o cachorro afetado a uma cirurgia para corrigir o problema.
Para prevenir a torção gástrica, deve-se evitar os exercícios físicos intensos depois das refeições, manter comedouros e bebedouros mais elevados e fracionar a porção diária de alimentos, servindo quantidades reduzidas. O borzói é um cão guloso, que também pode ter problemas com sobrepeso e obesidade.
A raça também é suscetível à ceratite superficial crônica (mais conhecida como pannus e plasmoma), doença oftálmica caracterizada pela proliferação do tecido fibroso e dos vasos sanguíneos da aorta, que pode levar à cegueira. O tratamento é feito com medicamentos tópicos e pode ser corrigido com cirurgia, de acordo com as condições gerais do cachorro.
Assim como todos os cães de grande porte, o borzói pode sofrer com displasias (de cotovelo e de quadril), cardiomiopatia dilatada, megaesôfago, síndrome da dilatação volvo-gástrica, etc.
É importante, antes de levar um borzói para casa, conhecer os ascendentes, para verificar as condições de saúde. Os canis responsáveis sempre franqueiam o acesso do histórico de saúde do seu plantel aos candidatos à adoção.
Os cuidados com a raça borzói
Um borzói precisa de longos passeios diários e os tutores precisam estar em boa forma física, porque o ritmo da caminhada é sempre intenso e os cães da raça gostam muito de correr. Além dos passeios, eles também precisam de brincadeiras e jogos para se manter saudáveis.
Os alimentos nunca devem ser oferecidos de uma só vez e a tigela de ração não pode ficar cheia. O borzói é guloso e, enquanto houver alguma coisa para comer, ele não para. O ideal é dividir a quantidade diária em duas ou três porções, servidas ao longo do dia.
Apesar de a pelagem ser longa, ela não dá muito trabalho: basta uma escovação semanal. Nas mudanças de estação, no entanto, o borzói perde muitos pelos, que se renovam duas vezes por ano. Na muda, é preciso escová-lo diariamente.
Os banhos podem ser espaçados: um borzói precisa de um banho mensal ou até mesmo de dois em dois meses. Quase nenhum borzói gosta de brincadeiras que envolvem água. É importante usar produtos específicos e a atenção maior é em relação à pelagem, que precisa ser muito bem enxugada.
Os dentes devem ser escovados pelo menos a cada dois dias, para evitar o tártaro e a formação da placa bacteriana. As unhas, que estão sempre tocando o chão, costumam se desgastar naturalmente; se for preciso apará-las, é melhor procurar um serviço profissional.
Os filhotes demandam os cuidados básicos devidos a qualquer cachorro, mas o desenvolvimento físico é rápido e, entre oito e dez meses de vida, eles já apresentam o tamanho de cães adultos. Por outro lado, continuam muito curiosos e é preciso supervisionar as atividades para que eles não se metam em apuros.
Os tutores devem começar a ensinar os comandos básicos desde o primeiro dia de convivência e é importante enriquecer o ambiente com brinquedos, para que os cães se mantenham ocupados; do contrário, eles podem exibir comportamentos destrutivos.
Quanto custa um borzói?
No Brasil, existem muito poucos canis especializados na raça, quase todos no eixo Rio-São Paulo. Os filhotes são comercializados por preços que variam de R$ 2.000 a R$ 4.000. O preço dos descendentes de campeões nacionais internacionais pode chegar a R$ 10.000.
Para importar um cão da raça, o valor fica em torno de US$ 5.000, além do custo de transporte, das taxas de importação e da certificação veterinária internacional (um atestado de que o animal não teve nenhuma doença contagiosa nos últimos 40 dias).