Quem convive com um cachorro sabe: estes pets são extremamente curiosos. Veja como identificar e cuidar de um cachorro intoxicado.
E, como eles não têm mãos, a forma que encontraram para explorar o mundo foi usar a boca e o focinho. Um cachorro sempre irá querer experimentar algo novo, cheiroso, diferente. Nestas ocasiões, ele pode ficar intoxicado.
Você consegue identificar os sintomas? Sabe como socorrer um cachorro intoxicado? Na maioria dos casos, tudo não passa por um susto, um monte de espirros e alguns minutos escondido, porque o pet está assustado – e, quase sempre, ele sabe que fez “arte”. Mas, a situação pode ficar mais complicada.
Intoxicações
Ao tocar substâncias com a boca, é natural engolir ou inalar certa quantidade. Em outros casos, o cachorro intencionalmente quer experimentar a novidade – uma planta diferente, uma embalagem jogada na lixeira, restos de tintas e vernizes, frascos de produtos de higiene e limpeza.
No nosso dia a dia, nós convivemos com diversas substâncias perigosas: medicamentos, perfumes, cosméticos, inseticidas, produtos de limpeza (até uma barra de sabão pode ser tóxica). Alguns alimentos humanos e mesmo bebidas alcoólicas podem ser prejudiciais.
A regra é manter todos esses materiais fora do alcance, da mesma forma que fazemos com as crianças: armários fechados, lixeiras tampadas, alimentos bem acondicionados.
Mesmo assim, os pets parecem ser especialistas em burlar as nossas medidas de segurança – e também as leis das probabilidades. Qual é a chance de um cachorro escalar uma escada? De abrir um baú guardado debaixo da cama? Pois é, eles conseguem.
A higiene
Tome bastante cuidado ao escolher os produtos de higiene para o seu cachorro. Xampus e sabonetes muito perfumados são contraindicados, pois não há necessidade de suprimir ou disfarçar os aromas naturais dos nossos peludos, que servem inclusive para identificar amigos e estranhos. É por causa do cheiro que nosso gato pode dormir tranquilamente com o nosso cachorro (às vezes, em cima dele), mas o gato do vizinho não pode nem ao menos se aproximar do muro.
Os perfumes intensos prejudicam a pele e podem causar intoxicações por ingestão ou inalação. Outro produto perigoso é o antipulgas e carrapaticida. Alguns produtos contra parasitas são indicados para cavalos e vacas, mas são encontrados em algumas pet shops.
É o caso do butox, que provoca intoxicação através da absorção cutânea. O produto pode até mesmo provocar a morte. Em caso de dúvidas, consulte um médico ou farmacêutico veterinário.
O princípio ativo do butox é a deltametrina (leia a bula). O carrapaticida é consideravelmente mais barato do que os específicos para cães e gatos, mas é prejudicial à saúde dos pets. Não vale a pena.
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Os sintomas de intoxicação em cachorros
Os cachorros não conseguem falar nem têm capacidade para expressar que alguma coisa está errada. Felizmente, o corpo fala e os gestos também. Quando sentem algum mal-estar, a maioria dos cachorros tende a se esconder.
É uma atitude natural. Quando sentimos uma dor ou desconforto, a nossa capacidade de realizar tarefas de rotina fica prejudicada, comprometida ou impossibilitada. Com os cachorros, acontece a mesma coisa.
Mas eles seguem a “lei da selva”. Se estão doloridos ou incomodados, o melhor a fazer é ficar escondido. Afinal, esta não é a hora mais apropriada para entrar numa briga ou fugir de um predador. Não há nenhuma briga, nenhum predador, mas é melhor prevenir que remediar. “O seguro morreu de velho”, pensam ao cachorros.
Portanto, se o seu cachorro se esconder, é melhor descobrir o motivo. Pode ser apenas um chinelo encontrado que precisa ser amaciado, mas, se ele estiver intoxicado, a situação e de urgência e não pode ser negligenciada.
Causas possíveis de intoxicação
São vários os motivos que podem levar a uma intoxicação. No ambiente doméstico, as causas mais comuns são as seguintes:
- ingestão de alimentos impróprios ou estragados;
- superdosagem de medicamentos;
- ingestão de produtos de limpeza ou artigos de higiene;
- ingestão de objetos (brinquedos, embalagens, papel alumínio, etc.);
- envenenamento (ingestão de inseticidas, raticidas, produtos de jardinagem, etc.).
Vale lembrar que alguns vizinhos se julgam no direito de “eliminar” cães e gatos intrometidos, que fazem barulho, bagunça, sujeira. Caso você conviva com subgente dessa laia, redobre a vigilância – e chame a polícia em caso de crimes.
Alguns alimentos e medicamentos que consideramos inofensivos são extremamente prejudiciais aos cachorros. É o caso dos chocolates e das nozes de macadâmia, por exemplo, além das bebidas alcoólicas. Alguns cachorros são intolerantes à lactose e, por isso, a ingestão de leite e derivados pode gerar reações alérgicas graves.
Medicamentos comuns, como ácido acetilsalicílico (AAS) e paracetamol, que usamos regularmente contra dor e inflamação, são igualmente tóxicos.
Mesmo sementes de frutas (maçã, pera, mamão, melão, melancia, uva), aparentemente inofensivas, podem provocar intoxicações e transtornos gastrointestinais. Vale o mesmo para frutas gordurosas, como abacate, coco, banana e até o açaí.
Os sintomas do cachorro intoxicado
Cachorros doentes podem se mostrar mais agressivos – por isso, tenha cuidado na aproximação. Eles geralmente ficam prostrados, com eventuais quadros súbitos de agitação e ansiedade. Fique atento aos seguintes sinais de intoxicação em cães:
- febre;
- apatia;
- ausência das respostas padrão (latir ou abanar o rabo com a aproximação do tutor, por exemplo);
- diarreia;
- vômito;
- baba excessiva;
- sinais de constipação;
- distensão abdominal;
- dor e desconforto.
O vômito e a diarreia são respostas orgânicas para eliminar substâncias nocivas, mas não provoque o vômito caso não saiba o motivo real da intoxicação: se o cachorro tiver lambido ou ingerido um material abrasivo ou corrosivo (como pilhas alcalinas, derivados de petróleo, soda cáustica e produtos para desentupir ralos, por exemplo), o refluxo causará mais desconforto e poderá ampliar os danos no esôfago, faringe e boca.
Tenha sempre na sua farmacinha carvão ativado em pó. O produto, que pode ser encontrado em pet shops, retarda a ação de muitas substâncias tóxicas, ampliando a perspectiva de sucesso no socorro ao animal intoxicado.
Alguns produtos trazem na embalagem instruções em caso de ingestão acidental. No entanto, são orientações para a ingestão por humanos (principalmente crianças). Então, a menos que sejam medidas físicas, como pressionar o tórax, elas não devem ser adotadas.
Se o pet ingeriu algum material pontiagudo, como bisnagas (de creme dental, tinta a óleo, cola, etc.), o vômito também não é recomendado. Nesses casos, o pet deve ficar em descanso absoluto, na medida do possível, para evitar a movimentação e rompimento da embalagem.
Não ofereça (nem force a ingestão) nenhum alimento ou medicamento desintoxicante. Como ainda não é possível constatar o princípio tóxico, não há como ter certeza de que a ajuda será positiva, inócua ou prejudicial. Espere a avaliação do especialista.
Na constatação de qualquer destes sinais, procure o veterinário com urgência. Não é o momento de perder tempo, mas, na medida do possível, tente encontrar a embalagem do produto, para facilitar o diagnóstico e agilizar a escolha do antídoto, se necessário.
Verifique também a quantidade do produto que possivelmente foi ingerida e procure calcular, mesmo aproximadamente, o intervalo decorrido entre a intoxicação e o surgimento dos primeiros sinais.
Não é nada fácil, mas tente se lembrar de que este não é o momento para entrar em pânico. Se houver mais pessoas na casa, divida as tarefas de socorro. O parente mais tranquilo (ou menos desesperado) precisa assumir o comando da situação.
Casos menos graves
Se você tiver certeza do motivo por que o seu cachorro está intoxicado, é possível resolver o caso sem necessidade de levá-lo para a clínica veterinária. Casos de “roubo de comida” e “assalto de lixeira” podem ser resolvidos em casa.
Tudo depende do que o “meliante” ingeriu e da quantidade. Evidentemente, depende do porte do cachorro e de fatores com idade, estado geral de saúde, histórico de transtornos gastrointestinais, etc.
Caso ele tenha engolido restos de comida fresca e mostre sinais de indigestão (que não deixa de ser uma intoxicação, ainda que leve e pouco preocupante), é possível deixar a natureza fazer o seu trabalho.
Se os sintomas persistirem por mais de uma hora, tente induzir o vômito, mas só faça isso se tiver certeza de que ele não é alérgico a nenhum ingrediente.
Comida humana, mesmo em pouca quantidade, quase sempre faz mal aos cachorros. Eles não estão acostumados aos temperos, sal e óleo vegetal e podem se sentir desconfortáveis. Afinal, o organismo canino não tem a menor ideia do que fazer com óleo de cozinha.
Para fazê-lo vomitar, primeiramente ofereça algo para ele comer. Pode ser um miolo de pão ou um biscoito. Em seguida, faça-o ingerir água oxigenada a 3% (uma colher de chá para cada dez quilos de peso).
O cachorro deverá vomitar em seguida, mas a operação pode ser repetida outras duas vezes, com intervalos de cinco a dez minutos. Quase nunca é necessário repetir o procedimento. Depois disso, basta deixá-lo descansar.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.