Nem de frango, nem de outras aves. Os ossos podem fazer muito mal para os cachorros.
Cachorros podem comer ossos de frango? É o que vamos explicar agora. Já é uma cena comum: ver um cachorro saboreando um belo osso, entretido, relaxado, esquecendo a vida que está passando. As imagens podem ser vistas em filmes, quadrinhos e desenhos animados, mas esta situação é uma temeridade: os cachorros não podem comer ossos de frango. Na verdade, nem mesmo de outros animais.
Durante muito tempo, os cachorros se alimentaram nos restos da nossa mesa. Parecia natural oferecer os ossos, depois que eles eram separados da carne – a parte do leão. Enquanto ainda éramos caçadores e coletores, justificava-se dar os restos, mas atualmente existem diversas opções para servir aos peludos.
Os cachorros não devem comer ossos de frango, nem de boi, nem de porco, nem de javali – caso alguém esteja pensando em recriar uma cena de Asterix, um clássico dos quadrinhos criado na França por Albert Uderzo e René Goscinny, em que Ideiafix, a mascote da aldeia gaulesa, sempre acompanha o gigantesco Obelix em busca de guloseimas.
Entenda os riscos de oferecer ossos para os cachorros. Eles não devem comer nenhum alimento preparado para humanos (eles são cães, não são humanos!), mas os ossos de frango e outras aves são especialmente perigosos.
Meu cachorro pode comer ossos de frango cozidos ou fervidos?
A resposta continua sendo negativa. Ossos cozidos concentram temperos e outros ingredientes contraindicados para os cachorros. O alho e a cebola, tão comuns no nosso dia a dia, são ricos em tiossulfato, uma substância inofensiva para nós, mas muito tóxica para cães e gatos.
Um dos efeitos do tiossulfato no organismo canino é a destruição das hemácias (os glóbulos vermelhos do sangue, que transportam oxigênio para as células) e isto leva, no médio prazo, a um quadro de anemia hemolítica. O consumo também está associado a gastroenterites.
A quantidade de alho e cebola em um osso de frango pode ser mínima e quase nunca causa problemas, especialmente em cães de médio e grande porte. O risco maior está exatamente nos ossos.
Ao serem apenas fervidos (apenas em água, sem outros ingredientes), os ossos ficam amolecidos, sendo triturados com mais facilidade pelos cachorros. A propriocepção não é um sentido muito desenvolvido nos cães e, por isso, mesmo que eles entendam que alguma coisa é muito dura, eles não chegam à dedução de que é impossível quebrá-la ou trincá-la.
Depois de algumas (ou muitas) tentativas, os ossos acabam se quebrando. Parte do esqueleto dos frangos e de outras aves é constituída por ossos ocos, que facilitam os voos – mesmo que sejam “voos de galinha”.
Ao ingerir pedaços de ossos com arestas pontiagudas, os cachorros podem machucar a boca e a garganta – isso quase sempre os faz desistir da empreitada, mas os animais mais insistentes podem engolir pontas, gerando riscos de perfurações no estômago e intestino, que podem ser fatais, mas, de qualquer forma, são emergências médicas.
Os ossos que mais frequentemente têm condições de formar lascas e pontas são os que formam as asas, coxas, sobrecoxas e pés dos frangos – justamente os mais consumidos na nossa culinária. Eles já são naturalmente finos e porosos, para facilitar a movimentação das aves.
E os ossos de frango crus, in natura?
Mais uma vez, a resposta é “não”. Os ossos crus são mais resistentes e quase nunca apresentam risco de perfuração caso sejam engolidos. Mas os cães podem se engasgar ou ter dentes fraturados: mais uma vez, é preciso lembrar que eles “não desistem tão facilmente do osso”.
Os dentes quebrados são muito dolorosos e facilitam o desenvolvimento das placas bacterianas, que prejudicam a saúde integral dos cachorros: não apenas a boca é afetada, mas qualquer micro-organismo que for ingerido ou passar para a corrente sanguínea pode causar infecções.
Os ossos crus apresentam outro perigo: não é possível saber as condições em que foram armazenados e, por isso, é comum que eles estejam contaminados por ovos e larvas de vermes, além de possíveis vírus e bactérias.
Ao roer um osso cru (de ave, boi ou porco), o cachorro pode passar longos momentos em contato com organismos patogênicos, que prejudicam a saúde e a qualidade de vida.
Os ossos comestíveis vendidos em pet shops podem ser oferecidos?
Tudo depende da forma como eles são feitos. Eles são divertidos e entretêm os cachorros durante bons períodos, mas alguns se desfazem em pedaços grandes (sempre considerado o porte do animal) e podem causar engasgos e obstruções sérias.
Existem produtos mais resistentes disponíveis no mercado, mas os tutores precisam ficar atentos. Ossos comestíveis podem conter conservantes e alvejantes químicos (como formaldeído e arsênico) que são prejudiciais à saúde dos cachorros. Até mesmo alguns corantes podem ser nocivos.
A forma de exposição também inspira alguns cuidados. Quando ficam muito tempo desprotegidos nas gôndolas ou no estoque, os ossos comestíveis podem ser contaminados por micro-organismos (como a salmonella), que causam flatulência, diarreia e vômitos.
Algumas barrinhas em formato de ossos, por outro lado, são indicadas para os cachorros. Elas são formuladas basicamente com cereais e proteínas de origem animal. Os tutores, mesmo assim, precisam estar atentos à presença de corantes e conservantes sintéticos, que podem ser danosos ao organismo canino.
E os ossos de boi ou porco?
Estes são os menos prejudiciais, especialmente os grandes, como os da coxa e do joelho. Os ossos de boi e de porco podem complementar a dieta alimentar dos cachorros, mas é preciso verificar se a quantidade de nutrientes não é exagerada, para evitar sobrepeso e obesidade. Naturalmente, eles são sempre contraindicados para os cães com quilos extras.
Eles nunca devem ser oferecidos crus: é preciso fervê-los por cinco minutos, para eliminar micro-organismos que podem prejudicar a saúde dos cachorros. O ideal é oferecê-los como um agrado extra, e não como elementos da dieta regular.
Preferencialmente, os ossos de boi ou porco devem ser oferecidos sempre com a supervisão dos tutores. O risco de os cachorros quebrarem os ossos é pequeno, mas não é inexistente e isso pode causar obstruções e engasgos. Nunca deixe os ossos à disposição por muito tempo: eles atraem a atenção não apenas dos peludos, mas também de moscas, formigas, etc.
O que fazer em caso de acidentes?
É muito rara a ocorrência de acidentes no caso da oferta de snacks em forma de ossos. A maioria destes petiscos apresenta boa qualidade e se fraciona em pedaços pequenos, que podem ser ingeridos sem problemas.
Eles podem ser úteis para auxiliar na higiene da boca: enquanto roem, os cachorros limpam os dentes e gengivas. De qualquer forma, é importante verificar a reputação dos fabricantes e os ingredientes usados na produção.
O ideal é substituir os ossos naturais (de frango, boi ou porco) ou artificiais por petiscos que funcionam como brinquedos, como cordas para cabo-de-guerra, mordedores, bonecos de borracha, etc. Eles funcionam na limpeza dos dentes e, desde que bem produzidos, não oferecem nenhum risco.
Mas, alguns cães podem “apropriar-se” de alguma coisa indevida. Os tutores não podem facilitar, deixando alimentos ao alcance das patas e dentes dos peludos – inclusive nas lixeiras, sempre inspecionadas pelos peludos.
Caso isso ocorra, é preciso observar o comportamento dos animais nas horas seguintes à ingestão. Nos casos de engasgos ou falta de ar, é preciso socorrê-los ou procurar auxílio veterinário imediato.
Se o cachorro parecer ansioso e triste, é possível que ele esteja sofrendo uma obstrução leve da garganta. É importante aprender a fazer a manobra de Heimlich em cachorros, para retirar alguma coisa entalada na faringe.
Cuidado com os ossos!
Qualquer sinal de desconforto, incômodo ou dor é suficiente para providenciar auxílio. Caso o cachorro tenha engolido um osso (ou um pedaço dele), ligue para o veterinário, informe as condições do animal e tome as providências recomendadas.
Um cachorro engasgado pode apresentar os seguintes sinais:
- dificuldade para respirar;
- náuseas e esforço para vomitar;
- tentativas de retirar alguma coisa da boca com as patas;
- salivação excessiva;
- tosse (pode ser parecida com espirros).
Em casos mais leves, o cachorro pode esfregar o focinho no chão e alongar o pescoço. A ingestão de ossos, especialmente os de frango, que apresentam pontas, pode causar perfurações e obstruções em órgãos abdominais.
As perfurações são mais raras, mas os mesmos sinais podem surgir e exigem atenção. Nos casos em que o cachorro não consegue respirar ou apresenta sangramentos, é preciso correr para o médico, para garantir a saúde do peludo.
Por que os cachorros gostam tanto de ossos?
Os cachorros são animais predadores. Os ancestrais, os lobos, até hoje ocupam o topo da pirâmide alimentar nas regiões que ocupam. Isto significa que, em cada nicho, lobos-cinzentos, vermelhos e brancos são os principais caçadores.
Mas os cachorros – e os lobos – são também animais gregários, isto é, eles vivem em grupos organizados (matilhas e alcateias) em que cada membro tem funções definidas. Além da caça, é preciso cuidar da segurança, dos cuidados com os filhotes e jovens, etc.
Neste sistema social, os grandes caçadores são os primeiros a se alimentar e geralmente ficam com as vísceras das presas. Os demais se alimentam com outras “peças” menos nobres: cabeça, membros, ossos torácicos, etc. O tutano ou medula óssea (a parte interna dos ossos) fornece proteínas, gorduras e outros nutrientes.
Além disso, na natureza, roer os ossos é útil para limpar a boca depois de uma refeição e também para demonstrar dominância: quem rói os ossos é o “chefe do pedaço”. Os cachorros apenas reproduzem o comportamento ancestral.
Em casa, no entanto, os cachorros não precisam de ossos. Existem alimentos formulados especialmente para os peludos e os tutores – com tempo e algumas habilidades – podem preparar o alimento caseiro, sempre respeitando as necessidades nutricionais dos pets.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.