Tristeza é normal, depressão, não. Veja os sinais da doença, que também afeta cachorros.
“Cachorro deprimido é frescura”. Muitas pessoas acreditam que os transtornos mentais não são doenças. No entanto, a depressão é real e prejudica a saúde, qualidade de vida e bem-estar dos pets. Conheça os sinais da doença.
Se um cachorro quebra uma perna, apresenta vômitos ou mostra-se ofegante com o mínimo exercício, sabemos que há algo errado. Não é diferente quando os sintomas são emocionais.
Além disto, a depressão tem raízes orgânicas. A doença se caracteriza pela produção deficiente ou nula de neurotransmissores, substâncias químicas envolvidas nas conexões do sistema nervoso.
A depressão canina, enquanto transtorno psicológico, foi confirmada por pesquisadores da Universidade de Bristol (Reino Unido). O estudo foi publicado no “Biology Letters”, jornal britânico especializado na divulgação de artigos científicos na área da biologia, em 2013.
Até então, o distúrbio era refutado (inclusive por veterinários), subestimado ou confundido com a síndrome da ansiedade da separação, um conjunto de sintomas que acomete alguns cães quando eles sabem que os tutores irão se ausentar, ou quando famílias mudam de casa constantemente.
Ainda não se sabe se a depressão canina apresenta algum componente genético. O estresse parece estar associado ao transtorno, mas, para o diagnóstico, é necessário que os sinais se manifestem mesmo depois de uma situação estressante (como a perda de um ente querido ou uma reforma em casa, por exemplo; a perda de parentes próximos representa 70% dos casos diagnosticados).
É importante considerar que uma situação incômoda para nós pode ser severamente estressante para os cachorros. No caso da reforma em casa, nós sempre sabemos quanto tempo a bagunça permanecerá, mesmo com os inevitáveis atrasos.
Para os cachorros, uma reforma é simplesmente uma invasão de objetos, ruídos e aromas desagradáveis, acompanhada por um exército de intrusos a quem eles devem obedecer ou, na melhor das hipóteses, ignorar.
A depressão canina
Todos nós sabemos quando o cachorro está triste. Isto não é necessariamente ruim, desde que existam razões objetivas para a melancolia: saudade de um ser humano ou outro animal, perda de um brinquedo, bronca, até mesmo uma injeção dolorosa ou um medicamento amargo.
Mas, quando a tristeza é permanente, é preciso investigar. Veja os sinais que indicam que o seu cachorro está deprimido, os tratamentos possíveis e o prognóstico. Quem ama, cuida.
Cachorros são seres sencientes, isto é, são capazes de sentir e expressar sentimentos. A ciência já tem evidências sobre este fato. Desta forma, se eles podem sentir, eles podem ficar tristes. E, às vezes, ficam muito tristes.
Não existem evidências de que algumas raças sejam mais suscetíveis à depressão, nem que o transtorno acometa preferencialmente um ou outro sexo. Por outro lado, ela é mais comum entre os cães idosos. Os cães SRD aparentemente sofrem com o transtorno na mesma intensidade dos animais de raça.
Os sinais de pressão no cachorro
Todos os cachorros gostam de fazer um drama — e eles são muito bons nisto. A cara de pidão, o olhar submisso, a postura estática, tudo isto são, na maioria dos casos, recursos que os cães aprenderam para amolecer o nosso coração o e conseguir o que querem.
Apesar de estes recursos serem quase sempre irresistíveis, nós sabemos quando aceitar a chantagem e quando é necessário ficar firmes, para manter a disciplina. A depressão, contudo, não está relacionada a estes “truques de sedução”: o cachorro simplesmente fica triste, amuado.
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Assim como nós, os cachorros são diferentes entre si. Alguns preferem ficar num canto, apenas observando o movimento. Outros podem passar horas olhando pela janela. Um buldogue inglês é naturalmente melancólico e preguiçoso, enquanto um cocker spaniel parece estar sempre ligado no 220 V.
Mesmo assim, o temperamento varia de indivíduo para indivíduo, inclusive na mesma raça. A idade e o adestramento também interferem nas características psicológicas.
Conhecer intimamente o próprio cão é a forma mais segura para reconhecer sinais de depressão, que se manifestam com mais frequência. Mas é preciso atenção: nossos peludos fazem tudo para nos agradar — e eles podem mascarar os sintomas.
Um cachorro deprimido pode exibir diversos sintomas. Não é necessário que ele revele todos eles ao mesmo tempo. A persistência dos sinais é uma indicação segura de que alguma coisa está errada.
Os principais sinais de depressão canina são os seguintes:
- perda de apetite (e consequente perda de peso);
- recusa às brincadeiras;
- prostração;
- isolamento;
- olhar distante e triste;
- bocejos frequentes;
- coceiras, especialmente sem motivo aparente;
- lambidas excessivas no focinho e nas patas dianteiras.
O importante é observar as mudanças. Alguns cães podem comer menos que outros. A luz amarela se acende quando ocorrem modificações súbitas, quando o comportamento rotineiro sofre alterações sensíveis.
A agressividade repentina, demonstrando mudança brusca de comportamento, também é motivo para preocupação. Assim como entre nós, a depressão inibe a vontade de realizar as tarefas mais simples. Nós ficamos irritados e respondemos mal.
Os cães podem tentar morder ou tentar atacar brinquedos e companheiros.
A automutilação é um sinal explosivo de depressão. Quase sempre, é dirigida à cauda ou às extremidades dos dedos e se parece com uma conduta agressiva.
A apatia pode surgir associada à recusa de contato físico. Afagos e cafunés que antes eram motivo de alegria passam a ser evitados. O pet associa o carinho com as brincadeiras, e um cachorro deprimido quer distância das atividades físicas.
Uma situação relatada por diversos tutores é a ausência de fatores específicos e imediatos para a depressão. Ainda não existem estudos conclusivos, mas este fato pode estar relacionado à empatia.
Os cachorros são naturalmente empáticos, especialmente em relação às pessoas mais próximas e, quando estas não estão bem, eles costumam reproduzir sintomas. Talvez um cachorro deprimido seja um sinal de que algo não está bem com você, não necessariamente com ele.
O que fazer?
Ao observar que um ou mais sinais da doença se instalam e persistem, consulte com urgência um veterinário especializado.
Cachorros podem ficar deprimidos por motivos concretos — a ausência de um membro querido da família, por exemplo, especialmente quando há forte dependência emocional —, mas mudanças de rotina na casa ou no ambiente também podem ser responsáveis pelo quadro depressivo.
Outros motivos frequentes são:
- alterações sensíveis de horário;
- morte ou ausência prolongada de um membro da família (humano, canino, felino, etc.);
- chegada de um bebê ou mesmo de um novo pet;
- experiências traumáticas, como convalescença de cirurgias ou imobilização por fraturas);
- maus tratos;
- permanência sem companhia por longos períodos;
- permanência em locais inadequados por longos períodos;
- falta de passeios, caminhadas e brincadeiras;
- castigos físicos.
Vale lembrar que todas estas condições afetam a rotina dos cachorros, comprometendo o sono, a alimentação, as brincadeiras. E, mesmo que não se trate de um quadro de depressão definitivamente instalado, estas condições prejudicam a qualidade de vida, interferindo inclusive na expectativa de vida dos animais.
A chegada de um novo membro à família precisa ser cuidadosamente checada. O cachorro está com ciúme, sentindo que vai perder o posto? Isto é absolutamente normal. Irmãos sentem o mesmo com a chegada do bebê e até medo marido e mulher podem exibir sinais de que perderam a exclusividade. O problema, mais uma vez, está na intensidade e frequência do sintoma.
O veterinário avaliará clinicamente o cachorro deprimido, verificará as condições físicas e, em alguns casos, poderá solicitar exames de laboratório, inclusive para eliminar algumas possibilidades.
É importante lembrar que apenas um especialista é capaz de determinar o diagnóstico e prescrever o tratamento adequado, além de acompanhar o paciente e o tutor.
A família humana, no entanto, pode interferir, em alguma medida, no tratamento e na cura. Além das terapias alopáticas, que são mais tradicionais, existem recursos que envolvem homeopatia e florais de Bach, por exemplo.
Nunca medique o seu pet por conta própria, mesmo que seja o medicamento que curou o cachorro do vizinho, que estava exibindo os mesmos sintomas. Cada caso é um caso diferente.
É mais que provável que o veterinário recomende mudanças no estilo de vida do cachorro deprimido. Ele poderá sugerir alterações nos passeios e brincadeiras, e também no tempo partilhado pela família.
Em alguns casos, o cachorro deprimido pode ter de ser submetido a tratamentos com medicamentos para controlar a depressão e a ansiedade. Nestes casos, é ideal que a medicação seja acompanhada por terapias com especialistas, mesmo que seja por um curto período.
Em tempo: o cansaço é sempre comum depois de atividades físicas intensas. Portanto, não é digno de atenção o cansaço de alguma horas depois de uma corrida prolongada. Além disto, os filhotes quase sempre têm mais gás que os adultos e a velhice sempre cobra tributos.
Os sinais de alarme começam a surgir quando este cansaço surge sem motivo e se prolonga pela tarde toda, até por vários dias. Alguns cães são preguiçosos por natureza, mas o tutor sempre sabe quando a exaustão se mostra muito além dos limites normais.
A convivência
Muitas pessoas, no entanto, não dispõem de tempo suficiente para dar a atenção merecida aos pets. Se este é o seu caso, não precisa se entristecer, até porque dois deprimidos na mesma casa podem complicar ainda mais o problema.
Geralmente, o problema da convivência não está na quantidade, mas na qualidade das horas partilhadas. Você poderá dedicar 30 minutos diários para passear e brincar, e mais um tempinho apenas para “estarem juntos” enquanto você cozinha, limpa a casa, prepara as refeições.
Eventualmente, poderá ser necessário contratar um passeador de cães, ou mesmo encontrar um vizinho que possa distrair o peludo enquanto você trabalha ou estuda. Os cachorros já se acostumaram com a nossa rotina.
Claro, eles gostam de companhia e atenção — e nós também; do contrário, nós nos contentaríamos com um bicho de uma pelúcia ou um peludo em uma gravura —, mas eles conseguem se controlar. Além disto, eles não contam o tempo igual a nós.
Nos períodos de ausência, é recomendável deixar o cachorro entretido. Alguns brinquedos, uma janela com vista variada (mas não muito intensa, porque, se ela despertar os instintos de defesa, poderá se tornar estressante), são suficientes para dar mais cor à rotina e à solidão.
Existem no mercado alguns brinquedos em que é possível esconder uma prenda no interior: são os chamados brinquedos inteligentes. Com eles, o cachorro consegue passar alguns minutos entretido e ainda ganha um prêmio no final da brincadeira; pode ser uma boa opção.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.