Cachorro não consegue ficar em pé: causas e tratamento

Vários motivos impedem o cachorro de ficar em pé. Conheça os mais comuns, as causas e tratamentos.

Cachorros são animais brincalhões, ativos e espertos. Eles estão sempre investigando e procurando coisas novas, inclusive porque o instinto de guarda é forte e intenso em qualquer raça canina. Por isso, quando um cachorro não consegue ficar em pé, é um sinal de alerta para os tutores, que precisam descobrir as causas e providenciar o tratamento adequado.

Um cachorro saudável deve ser capaz de se exercitar com facilidade. Ele deve caminhar, correr, saltar, pular obstáculos, desviar-se de objetos, exibindo esses movimentos sem esforço. A intensidade e frequência variam de acordo com a idade, porte, temperamento individual, etc. A dificuldade, no entanto, sugere a existência de uma patologia.

Em muitas ocasiões, os cachorros querem apenas um pouco de sossego, uma pausa para recuperar as energias. Alguns animais são mais preguiçosos e podem não acompanhar o ritmo dos demais membros da família.

Mas quando, de uma hora para outra, o cachorro não quer brincar, não reage à oferta de petiscos e não consegue ficar em pé, está aceso o sinal de alerta. Este comportamento indica que alguma coisa errada certamente está acontecendo.

As causas para o cachorro não conseguir ficar em pé

Alguns motivos para o surgimento destas dificuldades são evidentes e requerem assistência médica urgente. É o caso de fraturas (nas pernas, costelas, etc.), lesões e alterações nas articulações e ligamentos, más formações (notadas nos filhotes e jovens) e até neoplasias ósseas.

Existem algumas causas para este tipo de comportamento e, na imensa maioria dos casos, um veterinário precisa ser consultado para identificar as causas reais e recomendar o tratamento indicado para cada situação.

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De maneira geral, no entanto, não conseguir ficar de pé indica que a saúde do cachorro não está bem. Alguns problemas são agudos – os sinais se revelam de forma repentina, enquanto outros são crônicos, desenvolvendo-se ao longo do tempo.

É o caso da artrose e do reumatismo, doenças degenerativas que também afetam os cachorros. Estas condições prejudicam os ossos e as articulações, tornando a movimentação difícil e dolorosa.

Os cachorros são muito resistentes à dor: não é qualquer mal-estar que os faz parar de interagir com os tutores, muito menos recusar-se a ficar em pé.

Displasias

As displasias de quadril são más formações dos ossos da pelve, que impedem o encaixe funcional do fêmur e, consequentemente, prejudica a locomoção. Estas doenças são mais comuns entre os cachorros de grande porte, mas eventualmente também podem afetar os mestiços e os pequenos.

As displasias de cotovelo, por outro lado, são mais frequentes nos animais de pequeno porte (mas também podem acometer cães médios e grandes). Nestes casos, ocorrem más formações na escápula e os sinais são sentidos nas pernas dianteiras.

Displasias são comuns entre algumas raças, mas criadores responsáveis vêm identificando precocemente as anomalias, que são genéticas, e impedindo os cães portadores de procriarem e gerarem filhotes.

Mesmo assim, antes de adotar um cão grande, como pastor alemão, rottweiler ou dogue alemão, os candidatos a tutores precisam investigar a árvore genealógica dos animais. O pitbull, apesar do porte médio, também é bastante suscetível ao problema.

Hérnia de disco

Trata-se de um transtorno ortopédico em que os discos intervertebrais – pequenas almofadas dispostas entre as vértebras, que impedem o atrito entre elas – sofrem um desgaste com a idade ou em função de uma anomalia hereditária.

A hérnia de disco é uma doença degenerativa, que surge quando o material dos discos sai do canal medular (no interior da coluna vertebral) e deixa de cumprir as funções de proteção. As hérnias também podem afetar a medula espinal, causando disfunções, dores e paralisia.

O problema, frequentemente diagnosticado em cocker spaniels, dálmatas, poodles, lhasa apsos e dachshunds, também pode ser provocado por um trauma no dorso, em função de uma queda, pancada, atropelamento, etc. Em casos de acidentes, os sinais podem surgir em alguns dias e mesmo em poucas horas.

Os cachorros afetados podem apresentar desequilíbrios, incontinência urinária e fecal, perda de sensibilidade nas patas e até paralisia, quando se tornam incapazes de ficar em pé, mesmo que haja respostas a estímulos no corpo.

O tratamento, em casos diagnosticados precocemente, inclui o uso de anti-inflamatórios. Casos mais graves são tratados com uma cirurgia simples, que remove o material discal que pressiona a medula espinal.

O veterinário também pode indicar terapia a laser (para controlar as inflamações), fisioterapia ortopédica e há terapias alternativas baseadas em acupuntura, que age estimulando a produção de endorfinas, controlando as dores e restabelecendo as funções neurológicas afetadas.

Bico de papagaio

O nome técnico é espondilose. Trata-se de uma doença degenerativa e progressiva, que atinge a coluna vertebral, causando desde pequenos desconfortos até a incapacidade de ficar em pé e andar.

O bico de papagaio é uma doença secundária. A principal causa é uma instabilidade na coluna vertebral, determinada por um desvio ou má formação, que leva ao desgaste do disco intervertebral e o deslocamento ou alongamento da vértebra correspondente.

O bico de papagaio leva à hérnia de disco, a quadros de paralisia e a dificuldades de locomoção, além de facultar a instalação de distúrbios neurológicos. A doença é mais frequente entre cães idosos ou obesos.

Se não for tratado adequadamente, o bico de papagaio se torna cada vez mais doloroso e leva a quadros temporários ou permanentes de paralisia. O nome da doença é derivado do desvio na linha superior do dorso, que faz o cachorro parecer sempre encurvado.

Qualquer cachorro pode desenvolver bicos de papagaio, mas a doença é mais comum entre os dachshunds, basset hounds, beagles, lhasa apsos, shih tzus e terriers escoceses. A doença exibe um forte comportamento genético.

Os cachorros afetados apresentam os seguintes sintomas, que podem ser progressivos:

  • sinais evidentes de dor;
  • dificuldade para levantar-se;
  • dificuldade para pular no sofá ou na cama;
  • dificuldade para saltar obstáculos;
  • apatia;
  • desinteresse pelas atividades;
  • dificuldade de locomoção, especialmente ao tentar correr.

O tratamento se baseia em medicação oral, fisioterapia, acupuntura e, em casos mais graves, cirurgia corretiva (lembrando sempre que cães idosos podem ter contraindicada a anestesia necessária).

Apesar de grave, o bico de papagaio dificilmente causa danos neurológicos severos, como falhas proprioceptivas e paralisias permanentes. Mesmo assim, deve ser identificado e tratado, para garantir o bem-estar dos animais.

Acidentes domésticos

Diz o ditado que “a curiosidade matou o gato”, mas os cachorros também são curiosos e podem se envolver em acidentes domésticos corriqueiros, mas que podem prejudicar a saúde e a qualidade de vida.

Apesar de muito frequentes, os tutores não costumam tomar precauções. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2019 revelou que apenas 16% das residências com cães fizeram algum tipo de adaptação para recebê-los.

A principal causa dos acidentes domésticos envolvendo cachorros é a queda de lugares altos: escadarias, lajes, janelas desprotegidas e até mesmo cadeiras e sofás, quando se pensa em cães pequenos e frágeis, como chihuahua, pinscher miniatura, etc.

Um em cada cinco acidentes domésticos está relacionado a quedas. Destes, a maioria é causa de fraturas e traumatismos cranianos, que podem afetar a locomoção dos pets, seja pela dor e desconforto, seja por lesões no sistema nervoso.

Outros acidentes comuns são os afogamentos e ingestão de substâncias tóxicas. Os tutores precisam ficar atentos, para neutralizar os fatores de risco, impedindo que os cães tenham acesso a locais altos, colocando telas nas janelas, supervisionando as brincadeiras e, claro, impedindo o acesso à rua quando eles estão desacompanhados.

Na ocorrência de traumas, mesmo sem sinais evidentes de danos à saúde, os cachorros devem ser encaminhados à emergência veterinária. Lesões na coluna e no SNC (cérebro, cerebelo e medula espinal) podem não revelar a gravidade imediatamente, mas muitas vezes trazem sequelas irreversíveis, quando não tratados a tempo.

Intoxicações

A ingestão acidental de algumas plantas (como comigo-ninguém-pode, costela-de-adão, jiboia, espada-de-são-jorge, bico-de-papagaio, azaleia, filodendro, etc.), produtos de higiene e limpeza, desinfetantes, inseticidas, bebidas alcoólicas, chocolates, doces em geral e até frutas com sementes pode trazer consequências sérias para os cachorros.

Algumas substâncias inofensivas para nós são venenos para os pets, provocando transtornos gastrointestinais (diarreias, vômitos e náuseas), reações alérgicas, sono e comprometimentos neurológicos, que podem prejudicar o equilíbrio e até mesmo impedir o cachorro de ficar em pé.

A teobromina, substância presente no chocolate, pode não gerar nenhum efeito aparente nos cachorros, mas na maioria dos casos, causa desequilíbrios, dificuldade respiratória, confusão mental, calafrios, vertigens e convulsões.

Qualquer que seja a quantidade ingerida, o cachorro pode não conseguir ficar em pé e, se não for socorrido com urgência, o animal pode inclusive morrer. Os transtornos maiores surgem nos cães pequenos, mas é uma situação de emergência para qualquer cachorro.

A primeira providência é identificar a substância ingerida. É importante reunir o maior número de detalhes: se o cachorro “roubou” e comeu um mamão inteiro, com casca e sementes, deve-se informar o peso da fruta, o momento em que ela foi comida, etc.

No caso de produtos químicos (artigos de higiene, limpeza, inseticidas, etc.), deve-se levar a embalagem (ou fotografar o rótulo), para que o veterinário possa avaliar a quantidade e qualidade das substâncias ingeridas ou inaladas.

Os sintomas iniciais podem ser leves, como flatulência ou baba excessiva. O cachorro também pode se mostrar desorientado, apático ou sonolento.

Cinomose

Trata-se de uma doença infectocontagiosa que se espalha com muita facilidade, mas, felizmente, pode ser prevenida com a vacinação. A cinomose quase sempre surge com diarreias, que vão se tornando cada vez mais violentas.

Esta é uma infecção viral, transmitida de cachorro para cachorro pelo CDV (canine distemper virus), que afeta o sistema nervoso central e prejudica a locomoção em poucos dias. a cinomose não é uma zoonose, isto é, não é transmissível dos pets para os humanos.

As principais vítimas da cinomose são os animais com o sistema imunológico debilitado ou ainda não completamente formado, como é o caso dos filhotes desmamados e dos cães acima dos seis anos de idade. Ela é mais comum entre os cães de grande porte, mas nenhum cachorro é naturalmente imune ao vírus.

Os cachorros infectados, além das diarreias, apresentam apatia, tiques nervosos, falta de coordenação motora, muitas secreções oculares e nasais (inclusive com a presença de pus) e paralisia: eles não conseguem ficar em pé.

A melhor forma de prevenção é a imunização. As vacinas (V8, V10 ou V11) devem ser aplicadas aos dois meses, com dois reforços em intervalos de 30 dias. depois disso, a vacina precisa ser renovada todos os anos.

Uma vez estabelecido o diagnóstico de cinomose (obtido a partir de exames clínicos e laboratoriais), os cães recebem tratamento de acordo com os sintomas apresentados: não há medicamentos específicos para combater o vírus.

De acordo com o quadro geral, os cachorros afetados podem receber antibióticos (para combater infecções secundárias) e antipiréticos (para controlar a febre), além de antieméticos, expectorantes e broncodilatadores. A fluidoterapia, para repor os líquidos perdidos, é sempre adotada nos casos.

Os cães podem precisar de fisioterapia, para reaprender a utilizar os músculos. A cinomose é uma doença gravíssima, especialmente entre filhotes, entre os quais as taxas de mortalidade ultrapassam 80%. Mesmo os cães sobreviventes precisam se vacinar anualmente, em função das mutações do vírus.

Fraqueza nas pernas

Alguns fatores podem prejudicar a capacidade de sustentação do próprio corpo. O mais evidente é a velhice. A partir dos sete ou oito anos, os cães não apresentam a mesma vivacidade de quando eram filhotes ou jovens.

Mesmo que sejam saudáveis, os velhinhos se cansam com mais facilidade e têm “dias difíceis” com mais frequência. Nestes casos, a falta de disposição para caminhadas e passeios é natural e não há muito a ser feito. Mesmo assim, os cães precisam se exercitar diariamente, respeitando-se o ritmo que a idade impõe.

A fraqueza nas pernas, que torna o cachorro mal humorado e dificulta os movimentos, pode ter origens mais severas e os tutores devem avaliar as condições gerais de saúde em consultas periódicas com o veterinário. Um cachorro pode não querer ficar em pé por estar sofrendo de algum dos seguintes transtornos:

  • artrose;
  • artrite reumatoide;
  • hérnia de disco crônica;
  • “bico de papagaio”;
  • doenças infecciosas;
  • traumas, contusões e fraturas.

Os cães são altamente resistentes à dor. Além disso, eles são muito afetuosos, adoram a companhia dos tutores e gostam muito de agradar. Portanto, qualquer alteração física ou comportamental, como recusa a brincadeiras, cansaço sem motivo aparente, desinteresse e apatia precisam ser investigados.

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