Os cachorros entendem os seus nomes?

A resposta é positiva e negativa. Cachorros entendem seus nomes, mas não sabem como se chamam.

Quando um cachorro finalmente chega à casa, é um momento de comemoração. Os felizes tutores observam o pet, a sua interação com o novo ambiente, as “pistas” que ele dá sobre a sua personalidade e, com estas informações, decidem batizá-lo com um nome único, exclusivo. Mas será que os cachorros entendem os seus nomes?

O nome, para os cachorros, não tem nenhuma importância especial. A linguagem articulada é uma invenção humana – e facilita muito a nossa vida –, mas é, de certa forma, desprovida de sentido para os pets. Eles costumam dar mais valor ao tom de voz e ao comportamento dos tutores.

Os cachorros entendem os seus nomes?

Os cachorros têm um número bastante restrito de interesses: em ambientes seguros, tudo o que eles querem é passear, brincar, passar um tempo com os tutores, alimentar-se, dormir. Quando nós desenvolvemos a linguagem, nossas necessidades já eram bem mais amplas do que esse repertório básico de necessidades e desejos.

QI canino

Um pequeno número de cachorros consegue entender os seus nomes. São aqueles que desenvolveram a capacidade de assimilar parte do vocabulário humano e identificam algumas palavras. Não se pode dizer, no entanto, que estes cães sejam mais inteligentes do que aqueles que não fazem ideia de que se chamam Oto ou Bob, por exemplo.

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Na totalidade, os cachorros não captam nenhuma mensagem quando o nome é pronunciado fora do contexto, da relação com os tutores. Quando alguém diz para um amigo: “Rex não gosta desta ração” ou “Rex adora este brinquedo”, o peludo em questão não dá a menor atenção ao diálogo. É como se não fosse com ele.

O raciocínio dos cachorros é simples e direto. Eles não aparecem fazendo festa porque ouviram o nome ser pronunciado. Na mente canina, parece que a informação chega assim: “sempre que eu ouço esses sons, alguma coisa boa está prestes a acontecer ou já está reservada para mim”.

A linguagem canina

Os seres humanos desenvolveram a linguagem oral como nenhuma outra espécie animal conhecida. Diversos animais desenvolveram formas de comunicação, como baleias e golfinhos, mas a maioria restringe o vocabulário a um número limitado de sons.

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Os cachorros, assim como os lobos, desenvolveram principalmente a linguagem corporal. Desta forma, quando um cão da matilha eleva as orelhas e abre o canal auditivo para frente, todos os membros sabem que é preciso prestar atenção a algum barulho mais ou menos próximo.

Nossos peludos informam dúvida, tristeza, alegria, satisfação, ansiedade, medo, raiva e outros sentimentos complexos especialmente através da expressão corporal. É claro, eles conseguiram aliar sons ao gestos e desenvolveram uma variedade considerável de latidos, ganidos, rosnados, choramingos, etc.

Mesmo assim, a forma dominante da comunicação é a linguagem corporal. Os cachorros se sofisticaram a tal ponto que chegam a imitar algumas expressões tipicamente humanas, como o levantar de sobrancelhas, que indica dúvida, ou a cabeça um pouco deitada obliquamente, que informa o desejo por interação.

Os nomes de cachorros

A maioria dos cachorros, desta maneira, não entendem os seus nomes. Mas, se é assim, porque eles sempre (ou quase sempre) atendem aos chamados dos tutores?

Trata-se de uma complexa combinação de sons e tons. Ao dizer Rex, Diana ou Lili, por exemplo, os tutores empregam uma inflexão de voz específica, que pode denotar carinho, alegria, irritação, atenção, etc.

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Nenhum tutor diz: “Rex, saia daqui já!” usando um tom de voz brando e amigável. Trata-se de uma ordem e a tonalidade empregada alia indignação, desagrado com a desobediência e reafirmação da liderança.

Os cachorros não compreendem todas as palavras, muito menos a relação entre elas, mas assimilam o comando: eles assimilam o conjunto, mesmo porque sabem que invadiram um “lugar proibido” ou estão fazendo alguma travessura.

Os nossos peludos são inteligentes o bastante para saber o que fazer ou não, mas também podem ser teimosos na medida certa para tentar mais uma vez, e outra, e outra, na esperança de que os tutores mudem de ideia.

Por isso, é importante que os tutores sejam regulares e previsíveis. Quando as regras mudam constantemente – em um dia, os pets podem se refestelar no sofá e, no outro, não podem nem entrar na sala – os sinais são confusos e o aprendizado fica comprometido.

O som do nome, com a voz conhecida do tutor, é cheio de significado para os pets. Apenas para efeito de aprendizagem, poderia ser utilizada qualquer palavra que eles associassem a atividades com os tutores.

Desta forma, ao ouvir um “Rex, vem comer” ou “Rex, vamos brincar”, os cachorros percebem que alguma coisa positiva está a caminho, apesar de não saberem exatamente o que está se aproximando. Depois de alguns dias de treinamento, apenas o nome já terá sido associado a algo prazeroso.

Os cães quase nunca atendem ao nome quando ocorre uma situação adversa. Em uma briga com outro animal, por exemplo, dificilmente é possível apartar os combatentes apenas apelando para os nomes.

Eles também tendem a se esconder quando o nome está associado a uma bronca ou advertência. O nome associado a um tom agressivo, para eles, significa que não é um bom momento para interações. Isto serve para comprovar que eles não identificam o valor das palavras, apenas compreendem a forma como elas são pronunciadas.

A confiança

Com raras exceções, os cachorros sempre confiam nos tutores. Por isso, ao ouvirem sons amigáveis aliados à expressão “Rex”, eles sabem que podem se aproximar, porque o tom de voz indica que está tudo bem, o campo está positivo.

Evidentemente, os pets são espertos o suficiente para prever a hora das refeições, dos passeios ou do descanso noturno. As palavras humanas apenas reforçam o aprendizado. Os cachorros gostam de uma rotina previsível, com tudo sempre acontecendo na hora certa. Assim, eles se tornam (ou permanecem) ajustados e equilibrados.

Como ensinar

Os cachorros se acostumam facilmente a atender quando o nome escolhido pelos tutores é pronunciado. De qualquer maneira, é preciso considerar que o significado, para eles, restringe-se apenas a momentos de partilha: brincadeiras, alimento e repouso.

Lembre-se de que, se os pets não compreendem palavras (que, afinal, são uma invenção humana), compreendem menos ainda as palavras muito longas. Você pode até batizá-lo como Frederico ou Alexandre, mas, nos momentos de adestramento ou proximidade, de preferência a chamá-los de Fred e Lê.

Os pets aprendem através de estímulo positivo e raciocínio dedutivo. Ao se aproximarem dos tutores quando o nome é pronunciado e receberem uma recompensa pelo gesto, eles deduzem que “fizeram a coisa certa” e tentarão reproduzi-la no maior número possível de situações – mesmo depois que os prêmios físicos deixarem de ser oferecidos.

Uma consideração importante: os cachorros não aprendem através de estímulo negativo e maus tratos. Alguns tutores podem considerar que eles assimilaram algum comando ou regra, mas os pets estão simplesmente tentando não sofrer castigos.

Maus-tratos físicos e psicológicos geram apenas duas coisas: medo e raiva. Os sentimentos dos cachorros são primários e por isso eles tentarão responder com duas ferramentas possíveis: ataque ou fuga.

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Um cachorro submetido a qualquer tipo de ensino em função da coerção física certamente odiará o adestrador e não fará nada quando a ameaça não estiver presente. Todos nós sabemos que o ódio não é um bom professor.

Os cachorros aprendem a atender quando são chamados pelo nome porque desenvolvem uma série de inter-relações: o som, o tom de voz, o desenlace da situação: as ordens, brincadeiras, carinhos e petiscos.

Eles também conseguem compreender o contexto em que o nome é citado. Se o estímulo parte da cozinha, por exemplo, eles saberão e pouco tempo de treinamento que é hora da refeição. Se o tutor pega a coleira e o chama pelo nome, eles entenderão que chegou o momento do passeio diário.

Mesmo sabendo que os cachorros não entendem, use sempre os cachorros no relacionamento com eles. Os comandos “Rex, fica”, “Rex, não”, “Rex, senta”, etc. ficam muito mais carregados de substância e significado. Ao usar o nome três ou quatro vezes, os pets já entenderão que você está falando com eles.

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