Cachorro com dificuldade para andar: o que pode ser?

São várias causas, leves e severas. Veja o que fazer com um cachorro com dificuldade para andar.

Existem muitos motivos determinantes para o problema: quando um cachorro apresenta dificuldade para andar ou mesmo para se manter de pé, o fato não deve ser ignorado pelos tutores. Os cães são bastante resistentes à dor e, quando exibem sinais e sintomas, algo muito sério pode estar acontecendo.

A dificuldade para andar pode ser resultante de incidentes leves – por exemplo, um espinho nos dedos ou nos coxins plantares (as almofadinhas presentes nas patas). A providência inicial é inspecionar as patas, em busca de algum objeto que esteja provocando a dificuldade para andar.

Cachorro com dificuldade para andar: o que pode ser?

Se nada aparente puder ser encontrado, o tutor deve flexionar gentilmente as articulações dos membros anteriores e posteriores, em busca de sinais de desconforto ou incômodo (inclusive na escápula e no quadril). O cachorro também pode apresentar sensibilidade ao toque nos músculos, especialmente nas pernas, mas também na linha superior do dorso.

Problemas passageiros

O problema pode ser passageiro. O cachorro pode machucar as patas com objetos perfurantes e pontiagudos, com pedregulhos e até mesmo com cacos de vidro. Se não houver ferimentos aparentes, o melhor a fazer é deixá-lo descansar por algumas horas, verificando de tempos em tempos se a dor cede. Do contrário, é preciso consultar um veterinário.

Na inspeção das patas e pernas, os tutores devem procurar também eventuais bolhas, lascas de madeira espetando a pele, unhas danificadas, etc. Todas estas situações são corriqueiras e corrigidas com facilidade, apesar de alguns cães não gostarem nem um pouco de ficar com as patas imobilizadas, mesmo que por poucas horas.

Quedas e choques

Por serem quadrúpedes, os cachorros apresentam maior estabilidade aos traumas, mas também estão sujeitos a quedas e choques que podem comprometer a locomoção. Os acidentes podem ocorrer em casa ou na rua e as consequências são um motivo a mais para nunca deixar os peludos saírem sozinhos ou caminharem sem guia e coleira sem a supervisão de um humano adulto.

Nas ruas, existem diversos perigos, como atropelamentos e brigas com outros cães. Os tutores precisam estar atentos também para eliminar possíveis rotas de fugas, especialmente em dias de tempestade ou datas comemorativas, em que fogos de artifício são disparados com frequência.

Mas os acidentes também podem ocorrer em casa. Pisos escorregadios, rampas inclinadas e escadarias são os locais em que mais comumente ocorrem as derrapadas e quedas. Os cães de pequeno porte e todos os filhotes são os mais sujeitos a luxações e fraturas, mas tudo depende da intensidade do trauma.

Com relação aos animais pequenos, é possível que os tutores tenham de fazer algumas adaptações em casa, para garantir a segurança. Por exemplo, instalar cercas nas escadas e degraus para os peludos alcançarem os móveis, caso sejam autorizados a subir em camas e sofás (é o caso da maioria dos pets no Brasil).

Caso o cão sofra uma queda e mostre sinais de dor, mancando e movimentando-se com dificuldade, é necessário levá-lo para a clínica veterinária com urgência. A adoção rápida do tratamento adequado evita sequelas e complicações.

Queimaduras

Outra condição frequente é a presença de queimaduras nas patas. Especialmente no verão, a temperatura nas calçadas pode causar acidentes. Um estudo apresentado no Congresso Luso-Brasileiro para o Planejamento Urbano, em 2021, concluiu que a temperatura ao meio-dia em um dia quente de verão pode atingir 79°C no asfalto e 66°C no concreto, enquanto a sensação térmica ambiente não ultrapassa os 30°C.

Cachorro com dificuldade para andar: o que pode ser?

As caminhadas diárias, portanto, devem ser evitadas nas horas mais quentes do dia, geralmente entre 10h e 16h. É sempre possível usar botas, mas nem todos os cães se adaptam a elas.

Caso ocorram queimaduras, os tutores devem verificar o eventual surgimento de bolhas, situação em que o atendimento médico também é necessário. As lesões superficiais são tratadas com medicamentos tópicos (como a pasta d’água, por exemplo), mas, quando atingem camadas internas da pele, podem demandar outros tratamentos.

Vale lembrar que, além de muito dolorosas, as queimaduras também propiciam a proliferação de bactérias e fungos, que podem causar infecções mais ou menos graves caso os micro-organismos atinjam a corrente sanguínea e cheguem a órgãos internos.

Ataques de calor

O chamado heat stroke é uma emergência médica. Trata-se de um caso súbito e grave de insolação que pode levar apenas alguns minutos para se manifestar. Na maioria das vezes, ele surge com a combinação de exposição prolongada ao sol e prática de exercícios extenuantes.

Cães idosos, braquicefálicos e animais com sobrepeso são os principais candidatos ao heatstroke. Os sintomas são: respiração ofegante, salivação excessiva, vômitos, diarreia, fraqueza geral e desmaios. O tratamento imediato consiste em baixar rapidamente a temperatura corporal (em ambiente hospitalar) e, em seguida, combater os demais sintomas. O ideal, no entanto, é não expor os peludos aos riscos do superaquecimento.

O socorro médico é urgente: o aumento da temperatura corporal provoca comprometimentos em diversos órgãos e tecidos e, caso o tratamento não tenha início imediato, o cachorro pode desenvolver sequelas graves e até mesmo morrer.

Os dias quentes são também propícios a casos menos graves de insolação e desidratação. Os tutores devem manter água fresca sempre disponível (o ideal é espalhar vários bebedouros pela casa) e estimular a ingestão de líquidos, oferecendo picolés (basta congelar um pedaço de fruta, carne ou legume), oferecer cubo de gelo (a curiosidade dos peludos fará com que eles lambam até o derretimento) e brincadeiras com mangueiras, borrifadores e até mesmo tanques e piscinas.

Seja como for, as brincadeiras muito intensas devem ser evitadas nos horários mais quentes, especialmente durante as ondas de calor, que assaltaram várias regiões do país em 2023 e devem ficar cada vez mais frequentes, em função do aquecimento global. Corridas, saltos e perseguições devem ser reservadas para o início da manhã ou da noite.

Os mais suscetíveis são os filhotes, os idosos, os portadores de doenças crônicas e os cães braquicefálicos, de focinho achatado (como o pug, os buldogues, o lhasa apso e o shih tzu). Os animais de “cara amassada” não devem ser incentivados a atividades agitadas, inclusive porque podem desenvolver transtornos cardíacos, respiratórios e, com o avanço da idade, deficiências renais e hepáticas.

A meningite

A doença é muito semelhante ao transtorno experimentado pelos humanos. O encéfalo é envolvido por três membranas ou meninges (dura-máter, aracnoide e pia-máter), que protegem o cérebro e o cerebelo. A meningite é uma inflamação em uma das três meninges e a forma bacteriana é a mais comum entre os cães (há também processos causados por infecções virais e fúngicas).

A meningite bacteriana ocorre quando uma infecção se instala em qualquer parte do corpo e começa a afetar a medula espinhal, sendo levada pela corrente sanguínea. As inflamações secundárias, como meningomielite e meningoencefalite, são as manifestações mais graves.

Os cães afetados pela meningite exibem alguns sintomas:

  • febre alta (acima dos 41°C);
  • perda de apetite;
  • náuseas e vômitos;
  • diarreias;
  • sensibilidade extrema ao toque;
  • agitação, confusão e desorientação mental;
  • perda da coordenação motora;
  • rigidez nos músculos do pescoço;
  • cansaço e letargia;
  • redução da mobilidade, que pode culminar na paralisia dos membros.

A presença de dois ou três destes sinais é motivo suficiente para buscar socorro médico. O diagnóstico é obtido através da consulta médica e, estabelecida a possibilidade, o médico solicita exames laboratoriais e por imagens, biópsias e punção do líquido cefalorraquidiano.

Cachorro com dificuldade para andar: o que pode ser?

Os tutores podem ajudar no diagnóstico. Uma vez que a meningite afeta a coordenação motora, os cães afetados apresentam dificuldade para andar, caminham cambaleantes, com as pernas abertas ou pendendo para um dos lados. Ninguém melhor que o “pai dos pets” para perceber estas diferenças.

O tratamento é feito com antivirais ou antibióticos específicos, anti-inflamatórios (a resposta dos corticoides costuma ser mais rápida) e medicamentos específicos para sintomas pontuais. Mesmo assim, a meningite é fatal em grande parte dos casos.

Cinomose e parvovirose

São duas doenças infectocontagiosas extremamente graves. Entre os filhotes, a letalidade se aproxima dos 100% e mesmo adultos sem histórico de doenças dificilmente resistem sem sequelas a estas duas infecções que, felizmente, são preveníveis com a vacinação em dia.

Tanto a cinomose quanto a parvovirose afetam inicialmente o sistema nervoso periférico, causando problemas de locomoção, coordenação motora e orientação espacial. Alguns cães afetados são acometidos de paralisia ainda neste estágio inicial.

Em seguida, a cinomose atinge o sistema digestório, causando transtornos gastrointestinais intensos e graves, como diarreias, náuseas e vômitos. A parvovirose pode provocar também síndromes respiratórias graves.

Por fim, os vírus atingem o sistema nervoso central, provocando sinais neurológicos diversos. Não existem medicações específicas para combater o CDV (da cinomose) e o CPV (da parvovirose). Por isso, o tratamento é aplicado para reduzir os sintomas (soroterapia, analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, no caso de infecções bacterianas e fúngicas secundárias).

As displasias

Ao contrário dos acidentes, os sinais das displasias surgem gradualmente e quase sempre são difusos: antes de aparecer mancando, o cachorro pode passar um período recusando brincadeiras e corridas, o que pode ser encarado como cansaço ou desinteresse.

Displasia é um termo de origem grega: “dys” indica separação, negação ou redução é “plasis” pode ser traduzido como “formato”. A doença, que quase certamente é de origem genética, é caracterizada pela incongruência entre os tecidos de uma articulação.

Trata-se de uma má-formação congênita, mas manifesta-se somente depois que os cachorros atingem a maturidade sexual, entre um ano e meio e dois anos de idade (atenção: muitos cães sem raça definida estão aptos para acasalar muito antes disso, às vezes, já aos oito meses de vida).

Seja como for, os vira-latas são muito menos propensos às displasias. Cães de raça pura são os mais suscetíveis e, por isso, os criadores responsáveis submetem os candidatos a reprodutores a diversos exames: os animais portadores não devem ser reunidos para o acasalamento.

Enquanto os cães de porte grande e gigante são mais suscetíveis à displasia de quadril (também chamada de coxofemoral), os pequenos enfrentam com mais frequência a displasia de cotovelo. A genética, no entanto, parece atuar em metade dos casos: os demais são determinados por condições socioambientais, como a rotina e intensidade dos exercícios físicos. Um histórico de traumas também parece estar associado à doença.

Pastores alemães, rottweilers, retrievers do labrador, golden retrievers, São Bernardos e pit bulls estão entre as raças caninas que mais apresentam casos de displasia de quadril; lulu da Pomerânia (spitz alemão anão), chihuahuas, pinschers miniatura e dachshunds são os mais acometidos pelo problema no cotovelo.

Os sintomas, como já foi dito, surgem gradualmente. O cachorro pode apresentar os seguintes sinais, que, quanto mais frequentes, maiores preocupações despertam, exigindo avaliação médica urgente:

  • mudanças na maneira de andar (o “rebolado” é uma das alterações mais comuns);
  • mudanças na posição sentado (muitos animais com displasia coxofemoral passam a sentar-se com as pernas abertas);
  • quedas abruptas aparentemente sem motivo;
  • dor na palpação;
  • claudicação (o cachorro caminha mancando);
  • dificuldades cada vez maiores para andar (em alguns casos, o cão para completamente de andar, apesar de manter a maior parte dos movimentos dos membros).

As dores causadas pela displasia tendem a ser cada vez mais intensas, até atingir uma paralisia total (em alguns casos, a única intervenção possível é a eutanásia). Os cães, no entanto, costumam ser resistentes ao sofrimento físico. O tutor deve começar a suspeitar de algo errado ao observar sinais difusos, como perda de apetite (e de peso), apatia, desinteresse por jogos e brincadeiras, aumento da irritabilidade e cansaço desmotivado.

O diagnóstico é obtido através de exames por imagens, que também permitem avaliar a gravidade do quadro e possíveis intercorrências (como o desenvolvimento de artrose, por exemplo). A displasia não tem cura, mas, se identificada precocemente, é possível retardar o avanço da doença e garantir a qualidade de vida dos animais afetados por um longo tempo.

A osteoartrite

É um transtorno relativamente comum entre os cães idosos, especialmente os que apresentam constituição maciça e pesada, como bull mastife, fila brasileiro, mastim napolitano, rottweiler, São Bernardo, etc. A osteoartrite surge quando a articulação que protege as superfícies ósseas se desgasta, provocando atrito e inflamações.

Nesta condição, podem surgir osteófitos (prolongações ósseas anormais), derrame articular e danos permanentes às articulações. Os principais sintomas da osteoartrite são os seguintes:

  • dor durante a caminhada;
  • rigidez nas articulações;
  • dificuldade em se sentar e pôr-se de pé;
  • claudicação;
  • redução das atividades físicas.

Os cachorros afetados pela osteoartrite também podem se mostrar ansiosos, irritadiços ou agressivos. Nos estágios mais avançados, podem surgir deformidades e perda total, mas progressiva, das funções da articulação afetada.

O diagnóstico é obtido principalmente através de radiografias e tomografias. Uma vez constatada a doença, o objetivo do tratamento, que envolve medicações, fisioterapia, mudanças na alimentação e na rotina de exercícios físicos, consiste em reduzir a dor, combater a inflamação e manter a função articular.

A prevenção da osteoartrite passa pelo controle do peso adequado, prática regular de exercícios, alimentação saudável e prevenção de traumas e lesões articulares. A doença é progressiva e debilitante, mas, com acompanhamento adequado, é possível garantir a qualidade de vida por alguns meses ou anos, de acordo com a precocidade do diagnóstico.

Em tempo: outro problema ortopédico que afeta cães idosos são as hérnias de disco, que ocorrem quando osteófitos surgem nas vértebras e passam a pinçar os discos intervertebrais: almofadas redondas dispostas ao longo de toda a coluna vertebral e da cauda.

A condição é quase sempre muito menos dolorosa do que a osteoartrite, mas a hérnia de disco também causa inflamações e, nos processos ativos, debilita o estado geral dos cães e prejudica a locomoção. É possível eliminar o problema com cirurgia, mas nem todos os cães mais velhos podem receber anestesia geral. O tratamento paliativo é feito com analgésicos e anti-inflamatórios. A fisioterapia ortopédica é também uma forte aliada.

As soluções possíveis

O ideal é manter uma rotina regular de consultas médicas e exames para os cachorros, ao lado da vacinação sempre em dia, da alimentação balanceada e da prática de exercícios adequada á idade, sexo, porte físico e temperamento do cachorro.

Desta forma, é possível prevenir uma série de doenças, preservando a saúde e o bem-estar dos cachorros. Mesmo no caso das doenças transmitidas geneticamente ou decorrentes do desgaste provocado pela idade avançada, o diagnóstico precoce permite a adoção de tratamentos mais eficazes e menos dolorosos.

Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.

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