Retriever do labrador: 13 problemas de saúde mais comuns

Toda raça pode apresentar problemas de saúde. Conheça os mais comuns entre os retrievers do labrador.

O retriever do labrador está entre os cães mais populares do Brasil. Ele figura no Top Ten das raças de grande porte mais registradas oficialmente no país. Trata-se de um cachorro muito inteligente, confiante, extrovertido e resistente, mas também apresenta alguns problemas de saúde comuns à raça.

Milhares de problemas de saúde podem afetar os cães. Cerca de 400 deles são genéticos, isto é, ocorrem com maior frequência em determinadas raças caninas. No caso do retriever do labrador, as doenças mais comuns estão relacionadas à estrutura de grande porte.

Retriever do labrador: problemas de saúde mais comuns

Os problemas de saúde do retriever do labrador

Ao adotar um retriever do labrador, os tutores devem investigar os ancestrais do animal. A maioria dos criadores está atenta a alguns problemas de saúde frequente, retirando os animais suscetíveis do acasalamento.

Bem cuidado, com alimentação adequada, adestramento e muitas séries diárias de exercícios físicos, o retriever do labrador pode atingir até 14 anos sem grandes problemas. Os cães da raça destacam-se também pela elegância, podendo ser criados em apartamentos, desde que os tutores se disponham a três ou quatro saídas diárias para caminhadas e corridas.

Relacionamos a seguir os problemas de saúde mais comuns entre os retrievers do labrador:

01. Doenças cardíacas

Os males do coração são relativamente comuns entre os cães, especialmente os idosos, a partir dos seis ou sete anos de idade. Os exercícios físicos e os jogos e brincadeiras com os tutores são as melhores formas de fortalecer o coração.

Entre os retrievers do labrador, a doença cardíaca mais comum é a displasia da válvula tricúspide, a passagem entre o átrio e o ventrículo direitos do coração. O problema é congênito, mais frequente entre os machos.

Os sintomas mais comuns são: fadiga, perda de apetite (e de peso), inchaço abdominal e dificuldade para respirar. Negligenciada, a displasia da válvula tricúspide causa sopro cardíaco (um ruído audível da passagem de sangue entre as câmaras do miocárdio) e insuficiência cardíaca progressiva.

Atualmente, não existe cura para o problema, mas os animais podem ser tratados (inclusive com diuréticos, para reduzir a retenção de líquidos e restrição dos exercícios físicos). Nas formas brandas, os cães podem levar uma vida normal, mas precisam de acompanhamento médico.

02. Atrofia progressiva da retina

Esta é a denominação genérica para uma variedade de doenças que levam à degeneração da retina e podem causar cegueira. Os retrievers do labrador são comumente diagnosticados com a degeneração cone-bastonete progressiva.

A retina é formada basicamente por dois tipos de células: os bastonetes, responsáveis pela visão em condições de pouca luz, e os cones, que identificam as cores e outros detalhes dos objetos visualizados.

Neste tipo de atrofia, os olhos se desenvolvem normalmente, mas, a partir dos três anos de idade, eles podem apresentar a degeneração. A atrofia geralmente é diagnosticada em cães de seis ou sete anos.

Os sinais mais comuns da doença são alterações nos olhos, que podem se tornar turvos ou brilhantes e mudanças na marcha: os cães afetados podem tropeçar ou chocar-se com móveis e outros objetos.

Em geral, os retrievers do labrador que sofrem de atrofia progressiva da retina inicialmente desenvolvem cegueira noturna, mas, em muitos casos, eles perdem a visão completamente em menos de seis meses.

A maioria dos cães se adapta às deficiências de visão, especialmente quando contam com o apoio dos tutores e de um ambiente seguro e estável. Não há cura para a degeneração, mas a doença não causa dores e desconfortos, nem interfere na longevidade.

A degeneração é genética e os cachorros podem ser testados para identificação dos eventuais marcadores genéticos da atrofia progressiva da retina. Em caso positivo, recomenda-se que eles não sejam usados para reprodução.

03. Displasia da retina

É mais uma condição genética, causada pelo desenvolvimento anormal da retina, que também pode ser resultante de algumas intoxicações e infecções virais. Em exames clínicos, recomendados para cães de raças suscetíveis (como é o caso do retriever do labrador), é possível observar o surgimento de algumas dobras na retina a partir das seis semanas de vida.

Estas dobras surgem porque a esclera (o revestimento do globo ocular) e a retina se desenvolvem em ritmos diferentes. Em alguns filhotes, o problema desaparece no final do desenvolvimento físico.

Em alguns casos, no entanto, as dobras na retina permanecem, formando pontos cegos. A gravidade da doença depende do número de dobras. Alguns cães conseguem enxergar e os pontos cegos são quase imperceptíveis.

Outros, no entanto, desenvolvem sérios problemas de visão, que podem culminar com o descolamento da retina, levando à cegueira completa. Não há cura para a displasia da retina, mas a doença não é dolorosa nem fatal.

04. Infecções no ouvido

As orelhas do retriever do labrador não são muito grandes, mas são caídas. Dobradas, elas aumentam a umidade no canal auditivo e facilitam o surgimento de infecções. Os sinais mais comuns são a cabeça balançando e as patas apalpando as orelhas.

Retriever do labrador: problemas de saúde mais comuns

Alguns sinais de infecção podem ser visualizados em uma inspeção simples. O tutor pode observar a ocorrência de corrimentos, vermelhidão ou mau odor nas orelhas e, nestes casos, é preciso levar o cachorro ao veterinário.

A prevenção, felizmente, é bastante simples. As orelhas do retriever do labrador devem estar sempre limpas e secas – e merecem um cuidado especial depois das brincadeiras aquáticas, como um mergulho na piscina, um banho de mangueira ou até mesmo um jogo de espirra com um borrifador.

As infecções e inflamações das orelhas podem ser causadas por outros agentes, como bactérias, vírus, fungos e insetos hematófagos, como pulgas e carrapatos. Elas também podem ocorrer pela presença de um corpo estranho no canal auditivo, falta de higiene e produção excessiva de cera, que é comum entre os retrievers do labrador.

05. Alergias

Os retrievers do labrador parecem ser mais suscetíveis a alergias e outros problemas de pele do que os cães de outras raças. Por causa da propensão (mais notada entre as fêmeas), diversos fatores podem causá-las ou potencializá-las.

Dermatites e alergias podem surgir após o contato com poeira, pólen, mofo, ácaros, pulgas e até alguns tipos de alimentos. Não é incomum observar o desenvolvimento depois da exposição a alguns itens de higiene e limpeza.

Os tutores devem estar atentos aos sintomas mais frequentes: coçar-se, lamber as patas excessivamente, pele seca e escamosa e até perda localizada de pelos. As lambidas e coçadelas podem facilitar outras infecções e, portanto, devem ser investigadas por um especialista.

06. Artrite

De acordo com estudo publicado em 2021 pelo Royal Veterinary College (Londres, Inglaterra), a artrite é a doença com maior taxa de risco para os retrievers do labrador: os cães da raça apresentam quase três vezes mais casos do que a média canina. O estudo envolveu mais de 20 mil cachorros (entre eles, 1.500 labradores).

Artrite é o nome comum a diversas inflamações articulares. Além da predisposição genética, o sobrepeso influi na ocorrência da doença. Tanto machos quanto fêmeas podem sofrer com artrite, que é diagnosticada normalmente a partir dos seis anos.

Os sintomas são difusos. A maioria dos cães doentes apresenta inchaços, maior suscetibilidade a infecções, cansaço, apatia, perda de apetite e desinteresse pelos jogos e brincadeiras. A osteoartrite (degeneração progressiva das cartilagens que circundam as articulações) é a enfermidade mais comum entre os retrievers do labrador.

O tratamento é feito com medicamentos anti-inflamatórios, correção dos hábitos alimentares, suplementos para regeneração das cartilagens e, em casos mais avançados, cirurgias. A artrite também pode ser causada por problemas metabólicos, que, nesses casos, devem ser previamente tratados.

07. Lesão do ligamento cruzado

Ativos, ágeis, brincalhões e irrequietos, os retrievers do labrador estão sujeitos a esta doença, típica dos atletas profissionais. Trata-se do rompimento dos ligamentos cruzados anteriores (dos joelhos). O problema pode ser causado por uma torção ou giro repentino.

Os cães acima do peso são ainda mais suscetíveis às lesões do ligamento cruzado. É muito frequente que cães, depois de sofrer um rompimento, tenham o mesmo problema no outro joelho, que passa a ser mais exigido na movimentação.

Nos casos de rompimento completo (o ligamento é totalmente “rasgado”), a correção exige um procedimento cirúrgico. Os animais jovens se recuperam em seis semanas, mas os idosos podem levar o dobro do tempo. Além disso, dependendo das condições gerais de saúde, pode não ser aconselhável o uso de anestesia geral. Nesses casos, as dores são controladas com medicamentos, mas a movimentação fica comprometida definitivamente.

08. Displasia de quadril e de cotovelo

Problemas nas articulações são relativamente comuns entre os cães de médio e grande porte. Os distúrbios, que afetam ossos, músculos e articulações, podem ser dolorosos e prejudicar a movimentação dos cachorros.

Esta displasia, também chamada coxofemoral, é causada pelo fato de o fêmur não se encaixar perfeitamente na articulação do quadril. Isto leva a problemas como imobilidade e artrite. Os sintomas surgem principalmente entre os animais mais velhos, mas há casos diagnosticados em filhotes de cinco ou seis meses.

Os quadros leves podem ser tratados com analgésicos e anti-inflamatórios, para aliviar a dor e minimizar os sintomas. Exercícios que não envolvam levantamento de peso são indicados para melhorar a qualidade de vida. A natação é um bom exemplo e, felizmente, o retriever do labrador é famoso pelo desempenho na água.

Os casos mais graves podem exigir cirurgias. É possível substituir o encaixe do fêmur. Outra opção terapêutica é a osteotomia pélvica tripla, em que o osso da pélvis é cortado em três partes e o quadril é girado. Os procedimentos exigem vários meses de recuperação.

A displasia de cotovelo pode ter várias causas – de fragmentos de ossos resultantes de fraturas a casos de artrite ou desgaste da cartilagem. A condição provoca dor e dificulta as caminhadas. Em alguns casos, a correção também exige cirurgias.

Os tutores de retrievers do labrador precisam ficar atentos à dieta alimentar, já que muitos destes cães são gulosos e vorazes. O sobrepeso e a obesidade forçam as articulações e determinam uma sobrecarga para os ossos.

Tanto a displasia de quadril quanto a de cotovelo parecem ter causas genéticas, mas os genes responsáveis por essas condições ainda não foram identificados. Estas doenças não são totalmente evitáveis, mas o ambiente, a dieta e os exercícios físicos de baixo impacto fazem a diferença para a saúde e a qualidade de vida.

09. Panosteíte

Também conhecida como enostose e osteomielite juvenil, a panosteíte é uma doença sem causa determinada, relacionada a um aumento da atividade das células ósseas, que afeta principalmente os ossos longos dos cães. É mais comum entre os machos (80% dos casos diagnosticados) e afeta animais jovens.

A panosteíte, que atinge cães grandes e gigantes, pode durar vários meses, com acometimento em sucessão de vários ossos: enquanto algumas lesões vão cicatrizando, surgem outras, até por volta dos dois anos de idade.

A claudicação (andar mancando) sem motivo aparente é o principal sinal da doença. Os problemas ao caminhar podem surgir em qualquer membro e é frequente a apresentação intermitente, como se o cachorro fizesse um revezamento entre braços e pernas.

O veterinário chega ao diagnóstico através de exame clínico, análise do histórico do animal, testes de marcha (caminhada e corrida), para determinar o tipo de claudicação e o nível de dor que o cachorro está sentindo (a resposta à palpação óssea profunda). O tratamento depende da intensidade dos sinais, mas não há indicação cirúrgica para a doença.

10. Obesidade

Quem vive com um retriever do labrador sabe que os cães da raça são gulosos e persistentes: eles não costumam desistir muito facilmente quando querem um petisco. Este é um dos motivos por que estes peludos são particularmente suscetíveis a ganhar alguns indesejáveis quilos extras.

Um macho adulto pesa de 29 kg a 36 kg, enquanto o peso das fêmeas varia de 25 kg a 32 kg. É muito importante que os tutores mantenham o retriever do labrador sempre em forma, exercitando-os em caminhadas e brincadeiras mais ou menos intensas.

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O retriever do labrador também é portador de um gene mutante, que reduz a produção de alguns peptídeos que regulam a fome e a saciedade. Curiosamente, este mesmo gene também responde pela paciência e dedicação características dos cães da raça.

Além de ser uma doença em si mesma, a obesidade é igualmente fator de risco para problemas cardíacos, osteomusculares e metabólicos. Por isso, é muito importante controlar a alimentação destes cães, mesmo quando eles choramingam, reclamam e fazem cara de quem está morrendo de inanição.

11. Inchaço na barriga

De maneira geral, os inchaços abdominais estão associados à retenção de líquidos e outras condições de menor gravidade. No caso do retriever do labrador, no entanto, o problema pode ser um pouco mais severo.

O motivo é a voracidade destes cães, que costumam engolir a ração em poucos segundos, quase sem mastigar. Eles também são capazes de devorar qualquer coisa que esteja ao alcance, uma vez que quase todos são gulosos. Como o retriever do labrador é muito inteligente, é importante evitar que ele descubra como abrir portas (de despensas), alcançar prateleiras, etc.

Nos retrievers do labrador, o inchaço abdominal pode indicar uma torção gástrica, um problema comum em cães de grande porte, mas muito mais comum na raça. Nesta ocorrência, uma quantidade muito grande de gases preenche o estômago, que se retorce na tentativa de eliminá-los.

A causa do inchaço abdominal ainda não é conhecida, mas a torção gástrica é uma emergência veterinária – que pode inclusive exigir uma cirurgia. Para controlar a voracidade do retriever do labrador, o tutor pode dividir a ração diária em três ou quatro porções, evitando que ele engula tudo de uma vez.

12. Colapso induzido por exercícios

Esta doença hereditária é caracterizada pela fraqueza muscular, dificuldade de locomoção e colapso após atividade física intensa. Ela é considerada uma enfermidade autossômica recessiva, decorrente da mutação em um gene responsável pela codificação de proteínas.

O colapso induzido por exercícios (EIC) ocorre com mais frequência entre animais jovens e atléticos e a imensa maioria dos casos é diagnosticada em retrievers do labrador. Enquanto brinca, o cachorro parece cambalear e até desmaiar.

Ele também pode perder o controle dos movimentos dos membros anteriores. As crises, que assustam os tutores, podem surgir sem sinais prévios e a recuperação leva de 15 a 20 minutos. Em casos raros, os cães podem evoluir para óbito.

A maioria dos cães diagnosticados com EIC, no entanto, pode levar uma vida normal, mas os tutores precisam monitorar a carga e a intensidade dos exercícios físicos, que devem ser leves ou moderados. O EIC pode ser identificado através de marcadores genéticos. A doença ainda não tem cura.

13. Síndrome da cauda flácida

Esta síndrome afeta principalmente os cães de caça, tais como os retrievers, setters e pointers. As causas do transtorno ainda não foram bem definidas pelos especialistas, mas a ocorrência quase sempre é precedida por esforço físico intenso, exposição a temperaturas baixas (inclusive em banhos de piscina) ou confinamento.

A doença é caracterizada pela injúria do músculo coccígeo. Ela também é conhecida como “cauda fria” e “cauda congelada”. A síndrome surge em animais saudáveis, que subitamente desenvolve flacidez na cauda, que pode ser acompanhada por dor à palpação.

Os sinais desaparecem em poucos dias. A maioria dos tutores, ao observar a cauda flácida, acredita que o animal sofreu um choque ou trauma na região lombar, mas exames clínicos e de imagem não identificam nenhuma anomalia.

Existem poucos casos da síndrome documentados na literatura médica. No Brasil, o único registro é o de um animal atendido no Hospital Veterinário de Jaboticabal (SP): um macho não castrado de quatro anos.

Acredita-se que haja vários casos semelhantes, mas, como os sintomas desaparecem, os tutores acabam não procurando atendimento médico. O diagnóstico da síndrome é feito por exclusão de outras causas.

Um pouco mais sobre os retrievers do labrador

O retriever do labrador começou a ser desenvolvido no final do século 18, no Canadá. Ágil, leal e muito eficiente, ele foi criado como auxiliar dos pescadores da península do Labrador, no oeste do país. A função básica era recuperar (“retrieve”, em inglês) as aves abatidas que caíam nas águas próximas à costa.

Retriever do labrador: problemas de saúde mais comuns

Ele é descendente dos cães de Saint Jones, animais trazidos pelos ingleses para a Terra Nova. A partir de cruzamentos seletivos entre pointers, setters, spaniels e perdigueiros, os primeiros criadores aperfeiçoaram o olfato e a velocidade. O retriever do Labrador é também um excelente mergulhador e nadador.

Os cães da raça são conhecidos pela estrutura forte. O retriever do labrador apresenta ombros longos e oblíquos, o topo do crânio e focinho são largos, joelhos bem angulados, jarretes descidos e patas arredondadas.

A dentição é forte e completa (os cães da raça apresentam 42 dentes), com perfeita mordedura em tesoura. O rabo é grosso na inserção, a pelagem, que pode ser preta, amarela ou chocolate, é curta e densa, sem ondulações nem franjas.

Os olhos, castanhos ou cor de avelã, revelam a personalidade amigável, persistente e atenta do retriever do labrador. A visão é um dos principais pontos de cuidado, já que a raça apresenta tendência para problemas oftalmológicos.

A ossatura e as articulações respondem pela maioria dos problemas de saúde dos retrievers do labrador. Muitos casos derivam de causas hereditárias, mas o esforço físico e o excesso de movimento também contribuem para prejudicar a saúde.

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