É difícil resistir a olhares pidões que imploram petiscos. Mas, pelo bem dos cachorros, alimentos tóxicos não devem ser oferecidos.
A relação apresentada a seguir é um “top ten”: os 10 alimentos mais tóxicos para os cachorros. Para entender melhor, o organismo humano é muito diferente do canino: há milhares de anos, nós nos acostumamos com um cardápio bastante versátil: o Homo sapiens é um ser onívoro.
Os cachorros, no entanto, são carnívoros não exclusivos (eventualmente, eles procuram alguns vegetais para auxiliar na digestão). Isto determinou inclusive algumas alterações anatômicas: o intestino dos nossos pets é mais curto, e isto provoca uma digestão mais rápida. Alguns itens importantes na nossa dieta são simplesmente tóxicos para eles.
Também é importante lembrar que as necessidades nutricionais sofrem alterações com a idade, o desenvolvimento de algumas doenças e até algumas situações especiais, como a gravidez, por exemplo.
O surgimento de algumas doenças de pele pode estar relacionado a maus hábitos nutricionais e mesmo à menor resistência orgânica a determinados agentes.
Os alimentos mais tóxicos para os cães
1º – Chocolate
Provavelmente, mesmo os criadores de primeira viagem já ouviram falar dos males provocados pelos doces, tendo o chocolate como carro-chefe. O açúcar acelera o desenvolvimento da placa bacteriana, facilitando o desenvolvimento de cáries e outros problemas bucais.
O chocolate, no entanto, é muito mais nocivo. Uma das substâncias presentes no cacau, a teobromina pode gerar reações alérgicas, hipertensão arterial, taquicardia, arritmia cardíaca, hemorragias internas, convulsões e tremores.
Dependendo do porte do cachorro, da quantidade ingerida e da sensibilidade individual, ele pode inclusive entrar em coma e morrer: apenas 25 gramas de chocolate podem envenenar um animal de 20 quilos. É importante manter os bombons em locais seguros: os cachorros são conhecidos pela sua grande voracidade.
2º – Cortes gordos de carnes
No longo prazo, a gordura presente nas carnes (especialmente nos cortes bovinos) pode causar complicações no pâncreas e no sistema excretor. Em quantidades elevadas, porém, mesmo uma única “investida” pode causar vômitos e diarreias aos pets, condições que levam à desnutrição e à desidratação.
O ideal é encontrar uma ração balanceada, que forneça outros nutrientes além da proteína animal, mas quem gosta de preparar as refeições dos pets pode escolher entre carne moída (o músculo é uma boa opção) e miúdos de aves, sempre cozidos com alguns legumes, como cenoura, beterraba, mandioquinha, etc. Na hora da receita, podem ser incluídos também os talos, hastes e cascas. Lembre-se: carnes cruas podem conter micro-organismos bastante nocivos: os alimentos devem ser oferecidos bem cozidos.
3º – Algumas frutas
Os cachorros acostumados desde filhotes podem ingerir diversas frutas, com benefícios gerais para a saúde. Além disto, frutas como maçã e pera ajudam a higienizar os dentes, reduzindo as chances de problemas dentários e gengivais. As contraindicadas são seguintes:
• abacate – a fruta apresenta uma substância tóxica conhecida como persin não apenas na polpa, mas também na casca, semente e folhas. O persin provoca congestão gástrica, dificuldades respiratórias, e inflamação do pericárdio (membrana de que envolve o coração), doenças que podem levar à morte dos pets;
• tanto as bagas frescas como as passas estão associadas à insuficiência renal canina. Ainda não estão claros os motivos que causam o desenvolvimento da doença, que parecem estar associados a ascendentes genéticos. A insuficiência aguda leva à morte em poucos dias ou gera uma doença crônica, que compromete a qualidade de vida dos pets;
• ameixa, pêssego, melancia e cereja só podem ser oferecidas quando todas as sementes são retiradas. Os caroços da ameixa e do pêssego contêm cianeto, substância tóxica potencialmente fatal inclusive para humanos (a diferença é que nós sabemos descartar as sementes; os cachorros, não).
4º – Massas cruas
O aparente gesto de oferecer uma bolinha de massa crua de bolo ou pão pode gerar consequências graves. Oferecer alguns bocados de pão não provoca nenhum dano; no caso do bolo, é preciso considerar o açúcar e o leite presentes na receita. Por outro lado, para os cachorros, não existem benefícios nutricionais em comer pão francês ou de forma (fontes basicamente de carboidratos), além de uma ingestão maior de fibras.
A massa crua, porém, oferece riscos, especialmente para os animais de pequeno porte. O fermento, tanto químico, quanto biológico, não é digerido pelo estômago canino. Em outras palavras, a massa continuará sendo fermentada, mesmo que por poucos minutos. O resultado pode ser uma obstrução intestinal e mesmo a ruptura do órgão.
5º – Leite e derivados
Somos mamíferos; portanto, devemos consumir leite, certo? Não necessariamente. O leite é uma excelente invenção da natureza que permitiu aos filhotes de mamíferos nutrirem-se de maneira eficiente, no calor e conforto da presença materna.
Depois de adultos, o consumo de leite pelos cachorros pode trazer problemas. Os animais adultos, principalmente quando não estão acostumados com o alimento, podem ter diarreias, flatulência e outros problemas gastrointestinais. O consumo excessivo de cálcio pode favorecer o desenvolvimento de cálculos renais.
6º – Amendoim
Apesar de ser um bom petisco para os cachorros, o amendoim precisa ser oferecido com moderação, para não gerar ganho de peso e todos os transtornos e distúrbios da obesidade. As vitaminas E e H das sementes irão garantir uma pelagem forte, saudável e sedosa, a menos que haja histórico de alergias.
Por outro lado, o amendoim é matéria-prima para muitos alimentos que devem ficar bem distantes dos cachorros. É o caso, por exemplo, da pasta de amendoim (mais comum nos EUA, mas muito vendida também no Brasil), que é uma verdadeira bomba calórica, além de levar grande quantidade de açúcar na formulação. As paçocas, pés-de-moleque, bolos e sorvetes, por motivos óbvios, também não devem ser oferecidos aos pets.
7º – Sal
Os proprietários que compram rações industrializadas precisam ficar atento ao teor de sódio presente nestes produtos. Quem prefere refeições naturais pode simplesmente eliminar o sal da dieta dos cachorros.
A ingestão de sal pode imediatamente causar náuseas, vômitos e diarreias, especialmente nos cães de pequeno porte. No médio prazo, o sódio pode comprometer o funcionamento do sistema digestório, gerando azia, flatulência, alergias e também problemas cardiovasculares, da mesma forma que ocorre com humanos.
8º – Bebidas alcoólicas
É um péssimo hábito, mas continua sendo cultivado, especialmente pelos donos irresponsáveis: oferecer cerveja, licor, vinho ou qualquer outra bebida alcoólica para os cachorros. O consumo regular provoca problemas estomacais, neurológicos e eventuais intoxicações que podem inclusive levar à morte, em caso de coma alcoólico sem atendimento imediato.
Os problemas do chamado consumo pesado são os mesmos que afetam os humanos: enjoos e vômitos, dores abdominais, cefaleias, etc., sempre seguidas pela inevitável ressaca. É importante considerar que o estômago e intestinos dos cachorros são muito mais sensíveis. Por fim, no longo prazo, surgirão problemas hepáticos e renais (inclusive alguns tipos de câncer).
9º – Ossos e ovos também são alimentos nocivos
Alguns ossos são permitidos; consulte o veterinário para descobrir quais são os mais adequados para os seus cachorros, mas, de antemão, saiba que os ossos de aves, muitos deles ocos, podem provocar rupturas em diversos órgãos dos sistemas respiratório e digestório.
Os ovos podem ser consumidos com moderação, de acordo com o porte dos pets. A melhor opção é oferecê-los cozidos, sem adição de sal. Os ovos crus apresentam uma enzima que pode interferir na absorção de vitaminas do complexo B, fato que favorece a ocorrência de alergias de pele e quedas de pelo.
10º – Alho e cebola
Muitos donos de cachorros, ao optarem por uma dieta mais natural e saudável, acreditam que estes tubérculos, além de outros condimentos e temperos tão presentes no preparo das refeições humanas, será benéfico para os pets.
A cebola e o alho oferecem alguns riscos cardiovasculares para os cães. Em pequenas doses, o consumo pode inclusive fortalecer a musculatura dos animais maiores. O principal risco oferecido pelo alho está na presença de tiossulfato, substância que pode causar anemia hemolítica e prejudicar o funcionamento do fígado.