Ele percebeu a chance: viu o carro aberto, pulou para o banco do carona e acabou sendo adotado.
O americano William Murray transitava pela Rodovia I-49, Fort Smith (Arkansas) entre Kansas City (Missouri), de volta para casa depois de uma pescaria. Ele resolveu parar na estrada, para jogar o lixo e usar o banheiro – e deixou a porta do carro aberta.
Bill Murray não planejava demorar muito e, por isso, não se preocupou em deixar o carro aberto e com o motor acionado. A estrada estava praticamente vazia. Quando voltou, ele se deparou com uma cena inusitada: um cachorro de rua estava comodamente instalado no banco do passageiro.
Uma carona para casa
Não se pode dizer que o cachorro é um folgado. O animal estava só pele e ossos. Ele apenas encontrou um lugar para descansar um pouco, antes de continuar perambulando pela estrada, em busca de alimento e abrigo.
Era evidente que o cachorro estava faminto, mas Bill não tinha nada para oferecer. Vasculhando na mochila, o homem encontrou um petisco tipicamente americano: rice krispie treat, um doce feito com sucrilhos, manteiga e marshmallow.
Nada mais contraindicado para um cachorro do que a guloseima gordurosa e adocicada, mas, para quem estava morrendo de fome, a preocupação com uma dieta equilibrada certamente não estava entre as grandes preocupações.
Além disso, era a única coisa que Bill tinha à mão. O cachorro avançou rapidamente sobre o petisco, devorando tudo em poucos segundos e voltando a se aconchegar no banco do carona. O pescador entendeu que havia encontrado alguém que precisava de ajuda com urgência.
A adoção
Bill Murray não tinha alternativa: o cachorro mostrava muita ansiedade e medo, mas ficou tranquilo, esperando que, talvez por uma inspiração divina, o motorista o deixasse pelo menos descansar por mais um tempinho no banco quentinho e macio.
O motorista não tinha como desviar a visão dos olhos tristes e ansiosos do cachorro. Eles representavam, sem palavras, um grito de ajuda. Não havia como ignorar a existência do peludo. Felizmente, Bill e a mulher, Angela Shaver, têm o hábito de receber cães abandonados em casa.
Bill enviou uma mensagem para Angela, contando sobre a “descoberta”. Ele fotografou o cachorro e anexou a imagem. Era evidente que o peludo não tinha família e precisava de qualquer auxílio que pudesse encontrar.
Angela recebeu a mensagem e compreendeu a situação. Em resposta, ela disse apenas: “Qual será o nome do nosso novo cachorro?”, conforme explicou mais tarde em entrevista ao The Dodo, site especializado em histórias sobre animais de estimação.
O casal decidiu batizar o novo membro da família como River (rio), uma referência ao local em que ele foi encontrado – o rio da pescaria de Bill. Quando o pescador e o novo cachorro chegaram à casa, Angela e o filho estavam à porta, prontos para receber o peludo.
Mas River não parecia muito disposto a desembarcar. Ele aceitou o carinho dos novos parentes, mas estava decidido a continuar deitado no banco do carona. É possível que o cachorro tenha associado o carro a um dos poucos lugares em que ele experimentou segurança, aconchego e amor por parte de humanos.
Por fim, Bill teve de carregar River no colo. Cachorro e tutor entraram em casa, e o peludo foi apresentado aos seus irmãos – três cachorros e um gato resgatados nas ruas. A aproximação foi lenta e gradual, para não estressar ninguém.
Já adaptado, River tomou um banho – e ele estava precisando disso. O cachorro estava coberto de lama e infestado por carrapatos. Havia também sangue ressecado na pelagem, provavelmente por causa de incidentes da vida nas ruas.
Finalmente, River descobriu o que significa ter uma família. Ele recebeu uma refeição – desta vez, com ração balanceada – e Bill providenciou uma caminha no quarto do casal, ao lado do aquecedor. O cachorro praticamente não se mexeu durante a noite inteira, a melhor de todas as noites que ele já tinha vivido.
Na manhã seguinte, River começou a explorar o novo ambiente. O cachorro se mostrou bastante cauteloso – ele não sabia o que esperar nas horas seguintes. Aos poucos, o peludo começou a brincar com os irmãos, mas nunca se afastava demais dos pais adotivos.
River foi levado ao veterinário, para um exame completo. O médico descobriu que o cachorro estava com vermes, além de muitas feridas na região do pescoço – uma “herança” de alguma briga nas ruas. Ele foi tratado com antibióticos e vermífugos.
River demonstrou total confiança na família Murray. Ele não reagiu de forma agressiva durante o exame médico, apesar de lançar alguns olhares desconfiados para os tutores. Com a saúde em dia, o peludo está finalmente desfrutando uma “vida de cachorro”: com segurança, alimentos, brincadeiras e tudo o mais que os pets têm direito.