Cachorro ofegante demais: o que pode ser?

Os cães transpiram pela boca, mas um cachorro ofegante demais pode ser sinal de problema.

Quando um cachorro se mostra ofegante, isto quase sempre indica um estado de hiperexcitação frequente em festejos e atividades físicas mais intensas, que não demanda maiores cuidados além de diminuir o ritmo das brincadeiras.

Mas, quando ele está ofegante demais, especialmente sem motivo aparente, alguma coisa pode estar errada com a saúde, exigindo alguma atenção por parte dos tutores. Caso outros sintomas se manifestem, é necessário tomar providências com rapidez.

Cachorros respiram pela boca?

Os nossos melhores amigos quase sempre estão com a boca aberta – e com a língua de fora. Mas, assim como nós, na maior parte do tempo, eles respiram pelo nariz. A anatomia canina, neste caso, é parecida com a humana.

Cachorro ofegante demais: o que pode ser?

A entrada da laringe, canal que leva o ar inspirado para a traqueia e os brônquios, é chamada de glote. Acima deste órgão, existe uma estrutura semelhante a uma língua, a epiglote, que fecha a comunicação com a faringe, responsável por levar alimentos ao esôfago.

Quando nós, os cachorros e a maioria dos animais superiores não está engolindo nada, a glote permanece aberta. Isto permite que o ar possa circular também pela boca (e a faringe), mas esta é uma estrutura auxiliar: o normal é o ar seguir pelas narinas, laringe, traqueia e brônquios.

O suor

Os cachorros transpiram principalmente pela língua. Parte do suor é eliminada também pelas patas, onde há algumas glândulas sudoríparas nos coxins plantares (as almofadinhas dos dedos), mas a maioria destas estruturas está espalhada na língua.

O órgão também concentra boa parte das glândulas salivares. Estas estimulam as sudoríparas e vice-versa. Por isso, os cachorros babam muito: alguns chegam a deixar escorrer a saliva entre os lábios. Quem já tomou um “banho” de um São Bernardo ou de um border collie sabe que a produção é elevada.

O suor permite aos cachorros regularem a temperatura interna do corpo. Quando eles estão suados e inspiram o ar atmosférico, os gases se resfriam ao contato da superfície úmida e baixam a temperatura, mantendo a funcionalidade do organismo.

Desta forma, a produção de suor (e da baba) é diretamente proporcional à temperatura ambiente e ao nível de excitação dos cachorros. O calor e a agitação aceleram a respiração, que se torna mais e mais ofegante.

O nível de atividade

Os tutores devem estabelecer uma rotina de atividades físicas para os cachorros, de acordo com o porte, a raça, a idade, o temperamento e o estado geral de saúde. Alguns animais são naturalmente ativos e podem passar horas exercitando-se, enquanto para outros poucos minutos são suficientes para deixá-los exaustos.

Um border collie adulto, por exemplo, pode passar horas em atividade física. Um boxer também gosta de brincadeiras intensas, mas a capacidade respiratória pode ser comprometida pelo focinho encurtado da raça, obrigando os peludos a fazerem algumas pausas.

Os cães de pequeno porte podem se exercitar até mesmo na sala de estar. Para um chihuahua, por exemplo, subir e descer do sofá é uma façanha tremenda. Os principais cuidados, porém, são relativos aos cães braquicefálicos, de focinho achatado.

O boxer e o dogue de Bordéus são cães de médio para grande porte, mas as vias aéreas encurtadas exigem um revezamento entre atividades leves e intensas. Os pequenos, no entanto, apresentam muito pouca resistência aeróbica: é o caso dos buldogues franceses e ingleses, lhasa apso, shih tzu, boston terrier, pequinês, cavalier king charles spaniel e principalmente o pug.

O nível de atividade também precisa ser dosado de acordo com a idade e as condições de saúde. Mesmo os cães atléticos, como pit bulls e dálmatas, reduzem a intensidade à medida que se tornam mais velhos.

Como regra geral, os cães se tornam idosos entre sete e oito anos, mas o dogue de Bordéus, em função do comprometimento das vias respiratórias, pode ser considerado “velhinho” aos quatro ou cinco anos. É a raça canina que apresenta a menor expectativa de vida: raramente estes cães ultrapassam os oito anos.

Os cachorros de grande porte envelhecem mais rapidamente do que os nanicos. Isto ocorre porque o desenvolvimento físico de um dogue alemão ou de fila brasileiro é muito rápido, apesar de a maturidade sexual ser tardia. O crescimento propicia a formação elevada de radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento precoce.

A respiração ofegante é frequente e a retomada do ritmo cardiorrespiratório ocorre em poucos minutos. Mesmo assim, os tutores não devem forçar as atividades físicas, respeitando as características de cada cachorro.

Quando a respiração ofegante do cachorro é um problema?

O cansaço é um sinal frequente depois de brincadeiras agitadas e da caminhada diária. É recomendado que os cachorros se exercitem entre uma e duas horas por dia, para manter a boa forma física, regular o sono e fortalecer o organismo como um todo.

A exaustão é um sinal de que os tutores “erraram na dose” e precisam corrigir a rotina de exercícios dos cachorros, reduzindo a carga de atividades ou intercalando com brincadeiras e treinos mais amenos.

Cachorro ofegante demais: o que pode ser?

Depois dos passeios, das festas de reencontro e também nos dias mais quentes, a respiração ofegante pode ser considerada normal. As atividades geram cansaço e o corpo demanda tempo para recuperar a regularidade das funções.

A respiração permanece ofegante até que os cachorros consigam reduzir a temperatura interna e, com isso, regular o metabolismo. Os problemas começam a surgir quando a respiração se torna irregular ou é acompanhada por outros sinais, como agitação, desorientação e alterações comportamentais.

Confira a seguir as situações em que um cachorro ofegante precisa ser avaliado com cuidado. Se necessário, é preciso recorrer ao médico veterinário com rapidez.

Respiração ofegante e tremores

A causa mais provável é uma intoxicação, mas os sinais também podem estar associados a algumas doenças crônicas que afetam o coração e os pulmões. Se o quadro não ceder, é preciso verificar outros sintomas, como diarreias e vômitos.

Os tremores podem ser determinados pela ingestão de alguma substância tóxica, como produtos de higiene e limpeza, medicamentos, algumas frutas (como abacate e uvas, por exemplo), algumas plantas (azaleia, comigo-ninguém-pode e bico-de-papagaio, entre outras), chocolates e lixo.

É preciso conferir se o cachorro revirou uma lixeira mal tampada ou teve acesso à despensa. Até mesmo a ingestão excessiva de rações e petiscos pode ser prejudicial – e alguns cachorros são muito gulosos e vorazes.

Respiração ofegante e língua roxa

Quando o cachorro mostra a respiração ofegante, está inquieto e apresenta a língua e as mucosas bucais escurecidas e arroxeadas, é um indicativo de cianose: é um processo que surge na presença de deficiências respiratórias que reduzem o nível de oxigênio no sangue.

O sangue arterial, que carreia oxigênio e nutrientes para todas as células, apresenta tons vermelhos-vivos. Quando há carência de oxigênio, ele se torna azulado. No interior das células, o oxigênio se combina com a glicose. Esta “queima” gera trifosfato de adenosina (ATP), o combustível para todas as atividades orgânicas.

A cianose, que é uma emergência médica (é preciso correr para o veterinário, pois pode levar o cachorro a óbito) é um provável indicativo de problemas mais graves, como insuficiência cardíaca congestiva e deficiência pulmonar obstrutiva crônica.

Ela também pode ocorrer quando o cachorro engole um objeto estranho, que fica preso na laringe e impede a troca de gases adequada: os pulmões não conseguem absorver o oxigênio, nem eliminar totalmente o dióxido de carbono.

Respiração ofegante e batimentos cardíacos irregulares

Esta pode ser uma condição corriqueira, um sinal de que o cachorro ultrapassou os limites nos exercícios – uma corrida mais rápida, a escalada de um aclive pronunciado, um jogo de perseguição mais intenso, etc.

Mas, quando os sinais se tornam frequentes e surgem também em atividades moderadas, o peludo pode estar sofrendo com transtornos cardíacos e cardiovasculares. Quando o coração não bombeia o sangue de forma eficiente, o organismo exige maior esforço.

As falhas causam taquicardia (batidas cardíacas aceleradas) ou bradicardia (batidas muito lentas), as duas arritmias que acusam disfunções no sistema circulatório.

Em geral, uma insuficiência cardíaca se torna crônica, exigindo acompanhamento médico pelo restante da vida, além de alterações na dieta alimentar e na rotina de exercícios; eventualmente, o médico pode prescrever alguns medicamentos. Com os cuidados devidos, no entanto, o cachorro pode viver longos anos com conforto e bem-estar.

Respiração ofegante e língua de fora

Alguns cachorros passam a maior parte do tempo com a língua para fora da boca: alguns chegam a dormir assim. A condição também é frequente depois de brincadeiras e jogos, mas, se ele estiver muito ofegante, a causa pode ser bastante simples, mas mesmo assim requer cuidados.

A língua de fora, principalmente para os cães que habitualmente mantêm o órgão guardado e os dentes fechados, pode ser sinal de uma desidratação, que compromete todos os sistemas orgânicos e pode ser fatal em casos extremos. É preciso conferir se a oferta de água é suficiente e, caso o peludo não tenha o hábito de beber, alguns truques podem estimulá-lo.

Os tutores devem oferecer sempre água fresca, substituída várias vezes ao dia, especialmente no verão – e nas ondas de calor que estão cada vez mais frequentes. Nos passeios, é importante levar uma garrafa de água e oferecer o líquido nas pausas para descanso.

A oferta de picolés também aguça a curiosidade: basta congelar pedaços de frutas, legumes e carnes. Outra forma de hidratação são as atividades com água: banhos, mergulhos, brincadeiras com mangueiras e borrifadores, etc.

Respiração curta e acelerada

Este é um sintoma de hiperventilação. Além da respiração ofegante e entrecortada, os cachorros também podem apresentar tremores. A hiperventilação é também um sintoma de desidratação e de insolação.

É um sinal frequente em cães portadores de insuficiências respiratórias e cardíacas. Caso ainda não tenha sido firmado um diagnóstico, os tutores precisam relatar os episódios ao veterinário. A hiperventilação é muito comum entre os animais braquicefálicos.

Em eventos isolados, é importante tomar a temperatura dos cães que apresentam hiperventilação, porque eles podem estar febris. Vale lembrar que a temperatura normal dos peludos gira em torno dos 38,5°C e 40,5°C.

Nos casos crônicos, os cachorros podem levar uma vida normal, desde que sejam medicados corretamente. Uma hiperventilação isolada indica excesso de exercícios físicos ou exposição excessiva ao sol.

Sinais paralelos

No caso de respiração muito ofegante, é necessário investigar a presença de outros sintomas que possam estar se manifestando. Os tutores devem reunir o maior número possível de informações, para que o veterinário possa chegar a um diagnóstico e propor o tratamento mais adequado a cada caso.

Verifique se o cachorro está tossindo, mostra-se apático e indiferente, apresenta língua roxa, tremores ou dificuldades de coordenação motora (caminhar vacilante, choques contra móveis, quedas, etc.).

O animal também pode apresentar fraqueza (astenia), desconfortos e transtornos gastrointestinais, frequência cardíaca alterada, vertigens, convulsões e desmaios. Todos estes quadros representam emergências médicas e não devem ser negligenciados.

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