Confira a seguir se cachorro pode comer ração de gato ou se o alimento é prejudicial à saúde.
Quem vive com cães e gatos na mesma casa muitas vezes se depara com o cachorro “assaltando” o comedouro dos bichanos (e vice-versa). Mas cachorro pode comer ração de gato? Ela pode prejudicar a saúde e o desenvolvimento orgânico canino? Confira a seguir.
As rações de boa qualidade disponíveis no mercado são alimentos balanceados, formulados com os nutrientes necessários para o desenvolvimento, conservação e manutenção do organismo. Elas são a melhor opção, especialmente para quem não tem tempo de preparar comida caseira para os pets.
Animais diferentes
Cachorros e gatos pertencem à mesma ordem, a dos carnívoros, mas as semelhanças terminam aí. Eles pertencem a famílias diferentes (respectivamente, Canidae e Felidae), que apresentam estruturas anatômicas também diferentes.
Os bichanos são considerados exclusivamente carnívoros – na natureza, eles alimentam-se apenas dos animais que capturam. Os eventuais micronutrientes necessários são obtidos com os restos contidos nas vísceras das presas.
Já os cachorros são classificados como carnívoros facultativos (ou oportunistas). Na natureza, eles ingerem eventualmente algumas raízes, folhas e flores. No convívio com os humanos, esta característica permitiu que eles se tornassem onívoros (comem de tudo).
Por isso, as rações são produzidas com ingredientes diferentes, de acordo com as necessidades de cada espécie. A dos gatos é mais rica em proteínas, enquanto o teor de vitaminas e sais minerais é maior no alimento dos cachorros.
Ração de gato para cachorro: Pode ou não?
Na verdade, a ideia de que “ração é tudo igual” não passa de um mito – é quase mais uma lenda urbana. Cada produto é formulado com ingredientes diferentes, indicados especificamente para nutrir e saciar a fome de cães e gatos, mas também para diferentes condições.
Algumas rações, por exemplo, são ricas em fosfatos, substâncias importantes para o desenvolvimento adequado de ossos e músculos. São indicadas para os cachorros filhotes, antes de completarem um ano de vida.
Já o alimento dos cães idosos costuma ser produzido sem fosfatos, para evitar mineralizações que facilitam as fraturas ósseas e tornam mais dolorosos os problemas de articulação, como displasias e artroses.
Vale lembrar que os cachorros não se desenvolvem ao mesmo tempo, de forma homogênea. Os pequenos demoram mais para atingir o porte físico adulto (alguns se tornam sexualmente maduros antes de parar de crescer).
Por outro lado, os grandões tendem a acumular mais radicais livres organismo, o que leva ao envelhecimento precoce. Desta forma, um cachorro de grande porte pode se tornar idoso aos seis ou sete anos, enquanto um nanico de 15 anos.
Portanto, cachorro não pode comer ração de gato, que é formulada especificamente para as necessidades nutricionais dos bichanos. É importante não esquecer que os cachorros e gatos, apesar de companheiros dos humanos há muitos milênios, pertencem a espécies distintas, que se reuniram por acaso nos nossos acampamentos, cabanas e casas.
Preferencialmente, os tutores devem escolher produtos específicos para o cachorro, de acordo com a idade, sexo (especialmente para fêmeas sexualmente ativas), condições gerais de saúde e nível de atividade física.
Nos casos de animais convalescentes de doenças ou traumas, o médico recomenda, na maioria dos casos, alimentos específicos, seja para fortalecer a musculatura, para acelerar a cicatrização, para corrigir algumas deficiências, etc.
Com relação à atividade física, os cachorros mais agitados naturalmente comem porções maiores e, se estiverem em algum tipo de treinamento especial, podem precisar de nutrientes específicos. Mais uma vez, os tutores precisam seguir as orientações do veterinário ou de um adestrador profissional, no caso de cães atletas.
O que acontece se o cachorro comer ração de gato?
A ingestão acidental de comida de gato geralmente não causa problemas graves, mas não pode se tornar a regra da casa (na falta de um produto, oferece-se outro, adquirido para o irmão), para evitar deficiências nutricionais que comprometem a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida dos peludos (a mesma regra vale para os gatos que comem ração canina).
Eventualmente, quando um cachorro de pequeno porte, que já comeu a sua ração matinal, atacar a tigela do gato. Ele poderá sofrer alguns distúrbios gastrointestinais, como vômitos e diarreias, provocadas por alimento em excesso, e não pela qualidade da ração.
Esses casos costumam ser passageiros – os sinais desaparecem em algumas horas (no máximo, um dia). Os tutores, de qualquer forma, precisam ficar atentos. Se os sintomas persistirem ou se agravarem, é preciso procurar ajuda médica.
Alguns tutores compram comida de gato para os cachorros “porque eles gostam”. Na verdade, os cachorros não dão muito valor aos sabores. Caso eles enjoem da ração tradicional, pode-se regar o prato com caldo de carne ou legumes ou até mesmo com água morna, para alterar o sabor, o aroma e a textura, conferindo aspecto de novidade.
Uma característica anatômica ajuda a entender porque os cachorros não devem comer ração de gatos e vice-versa: o intestino dos cães, mesmo os de pequeno porte, pode ter o dobro ou mais do comprimento do órgão felino (1,80 metro contra um metro dos bichanos).
Apesar de ser bem menor do que o dos onívoros (o nosso chega a pesar 10% do peso corporal total), o intestino dos cachorros é capaz de aproveitar melhor os alimentos. Por isso, a ração canina é mais rica em nutrientes.
Também por isso, a ração dos gatos precisa ficar à disposição para eles no decorrer de todo o dia, enquanto os cachorros devem receber de uma a três refeições diárias – e, apesar dos pedidos insistentes, os tutores precisam evitar os lanches extras.
Para deixar a ração sempre disponível, quem vive com cachorros e gatos precisa fazer algumas adaptações, colocando as tigelas dos bichanos em locais elevados, longe do alcance dos cães, para “evitar tentações”: como diz o ditado, “a ocasião faz o ladrão”.
As diferenças das rações de gatos e de cachorros
As rações de boa qualidade para cães e gatos são produzidas levando em consideração todas essas particularidades dos animais, respeitando inclusive os hábitos e a faixa etária dos pets. Em relação ao alimento dos bichanos, a ração canina, por exemplo, é muito mais rica em fontes vegetais.
Mas, não basta que a fórmula inclua vegetais na composição. Os ingredientes precisam apresentar alta digestibilidade e palatabilidade, para garantir que eles sejam absorvidos pelo intestino; do contrário, serão eliminados com as fezes.
Há um ponto em comum entre as rações de cachorros e gatos: elas devem ser preparadas com proteínas de boa qualidade. Alguns produtos usam proteína vegetal, enquanto em outros o ingrediente principal são as vísceras animais. Em ambos os casos, a absorção adequada não é garantida.
Os tutores, portanto, precisam ficar atentos aos rótulos dos produtos – algumas rações chegam a usar farinha de penas como fonte proteica. As rações classificadas como premium e super premium geralmente são produzidas com cortes de carnes mais nobres, acrescidos de vegetais com alto nível de digestibilidade.
Mas, enquanto as fibras vegetais não são tão importantes para os gatos, os cachorros se beneficiam com a ingestão. É preciso verificar se a ração é rica nessas estruturas, que não fornecem nenhum nutriente, mas facilitam o trânsito intestinal, prolongam a sensação de saciedade e deixam as fezes caninas mais secas e consistentes.
Ao dar ração de gatos para os cachorros, os tutores podem estar privando-os não apenas das fibras, mas de outros componentes vegetais importantes para a nutrição. Os pets poderão apresentar problemas orgânicos no médio prazo, mas o resultado praticamente imediato é e não absorção dos nutrientes, indicada por fezes amolecidas e malcheirosas.