Cães de quintal – Os guardiães da casa

Eles são os guardiães da casa. Descubra quais são as melhores raças de cães de quintal.

Há cerca de três décadas, praticamente todos os cães viviam em quintais. Os brasileiros ainda não haviam sido seduzidos pelas raças caninas. Entre as poucas exceções estavam o pastor alemão (o “cão policial”, presente em seriados de TV e garoto propaganda de uma fábrica de moveis para cozinha) e o pequinês, atualmente fora de moda (este sim, um legítimo cão de almofada).

Hoje em dia, nós sabemos que cada raça de cães foi desenvolvida com um objetivo: trabalho, caça, pesca, companhia, guarda e proteção. Os cães de quintal enquadram-se nesta última categoria. Porém, não é porque eles são úteis na defesa de pessoas e do patrimônio que não merecem alguns cuidados.

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Atenção com o melhor amigo!

Os cães são animais extremamente resistentes. Do contrário, não teriam sobrevivido à última Era do Gelo, há 150 mil anos, quando provavelmente, os animais começaram a caçar juntamente com os humanos (as duas espécies queriam garantir um número maior de presas, que estavam morrendo ou migrando para regiões mais quentes).

Nossos amigos de quatro patas também sobreviveram à companhia do Homo sapiens. Eles foram adaptados para as mais diversas funções – inclusive para a guerra: os molossus, tidos como antepassados dos atuais mastiffs, acompanharam gregos e romanos nas batalhas.

Em muitos casos, os cães perderam a função original (por exemplo, cães montanheses do centro europeu deixaram de transportar leite para as queijarias e chocolaterias). Algumas raças tiveram sorte e foram reaproveitadas em outras atividades; outras simplesmente desapareceram.

Mas, mesmo com tanta resistência, é necessário tomar algumas precauções para garantir a saúde, a qualidade de vida e a longevidade de nossos pets. Além de defensores, vigilantes, caçadores, pastores e boiadeiros, é preciso lembrar que os cães são animais gregários. Certamente, eles apreciam passar um tempinho sozinhos, isolados, mas sempre requerem a presença dos donos.

Cães de quintal demandam os mesmos cuidados que os de qualquer outra raça: passeios diários, banhos, tosas, escovações, brincadeiras e atenção veterinária regular. Não é porque a área é ampla e cheia de novidades que eles não precisam da presença humana. Outro ponto muito importante: eles não devem ser segregados em um espaço cercado, pois isto só potencializará os instintos agressivos.

A educação de um cão de quintal

Dependendo do porte do animal, uma portinhola para cães é uma providência importante para que o cão possa entrar na casa e partilhar alguns momentos com a família. Para os cães, passar o tempo todo no quintal não faz bem para o seu desenvolvimento emocional.

O importante é determinar, desde que o filhote chega à casa nova, os espaços em que ele pode transitar e o que ele pode ou não fazer. Não existe certo ou errado nesta questão: o animal pode ficar limitado apenas à cozinha – e, em alguns momentos especiais, à sala de estar.

Outros tutores admitem a presença dos pets no sofá (almofadas incluídas), nos quartos e até mesmo em cima da cama. Para muitos, este costume é anti-higiênico e pode colocar a saúde dos humanos em risco (por isto, é muito importante limpar as patas e, no caso dos muito peludos, escovar a pelagem antes de permitir estas liberdades).

Os limites dependem das características dos tutores. Os cães ficam felizes dormindo ao pé da cama ou apenas tirando um cochilo ao pé da família, para rapidamente voltar às atividades de guarda e proteção no quintal. Um pet não é felizardo porque desfruta a companhia da família nas 24 horas do dia. Da mesma forma, não é infeliz por passar as madrugadas fora de casa.

É exatamente na fase entre a infância e a maturidade que os cães se tornam ainda mais rebeldes. Perdem a graça dos filhotinhos e ainda não exibem a força e resistência dos adultos. Estamos falando de cães médios e grandes, uma vez que os de pequeno porte costumam manter o charme durante a vida inteira.

Adestrar um cão não é uma tarefa difícil, desde que a empreitada tenha início logo nos primeiros dias de convivência. O problema é que muitos donos apelam para a regra do “menor esforço”, contemporizam com as pequenas artes. Mas, quando o cão atinge determinado tamanho, as artes crescem proporcionalmente – e a convivência pode se tornar insuportável.

A casa

Os tutores responsáveis precisam garantir o bem estar dos seus animais. Providenciar uma casa de madeira para eles, forrada com papelão ou roupas de cama já fora de uso, oferece a proteção necessária para os dias frios ou chuvosos (experimente colocar palha debaixo das cobertas – isto garante aquecimento adequado). Verifique a direção do vento: a porta da casa deve se abrir em sentido oposto ao da circulação do ar, para impedir o desconforto térmico, especialmente nos meses mais frios do ano. Ter uma “casa própria”, no entanto, não significa proibição de partilhar a companhia da família.

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A casinha deve ser limpa regularmente (ao menos uma vez por semana). O local costuma ficar úmido e repleto de secreções dos cães, e isto atrai pragas, como pulgas, percevejos, mosquitos e até mesmo baratas e ratos.

Não se esqueça de deixar água fresca disponível permanentemente. Escolha uma tigela de metal ou prenda-a de forma que não seja virada com facilidade. Com relação à ração, o ideal é que ela seja servida em um ambiente fechado, para não atrair insetos e outras parasitas.

Cães de guarda apreciam exercer as suas funções. Acostumados à vida em matilhas (ou alcateias, em um passado remoto), eles sempre entendem que cada membro da família é responsável por determinadas atividades; a deles é garantir que estranhos permaneçam à distância, sem oferecer nenhum perigo aos parentes.

Vivendo no quintal

Um erro grave é transformar os animais de estimação em cães de quintal quando eles deixam de ser filhotes. Uma vez chegados à adolescência, os pets perdem uma série de privilégios: colo, carinho, circulação livre pela casa. Convenhamos: um animal não conseguirá entender a mudança de hábito; para ele, as restrições soarão como castigos.

Os pastores alemães (e seus “primos”, como os belgas), retrievers do labrador, retrievers dourados, rottweilers, dobermanns, filas brasileiros, dogues alemães, mastins, staffordshire terriers, pitbulls, boxers e outros sabem instintivamente que precisam oferecer proteção e sentem-se realizados por isto. Porém, mantê-los permanentemente no quintal gera isolamento social.

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Na melhor das hipóteses, cães que vivem exclusivamente no quintal tentarão descobrir novas vocalizações – justamente para atrair companhia. O resultado será uma sinfonia de uivos, ganidos e latidos fora de hora.

Outro comportamento desajustado, mas bastante comum, é o excesso de alegria, sempre que alguém da família se aproxima: o cão faz festa, salta sobre o dono, late, baba e pode até fazer xixi de alegria. Em geral, porém, esta conduta só afasta ainda mais os humanos.

Com o passar do tempo, cães de quintal se tornam cada vez mais independentes (e desobedientes), avessos ao adestramento e, caso nada seja feito, os animais se tornam agressivos. Na verdade, eles perdem o desejo de agradar – justamente a característica que aproximam caninos e humanos.

Lembre-se: é preciso respeitar as características de cada raça. Um pastor alemão provavelmente terá tudo de que precisa em um gramado plano, mas cães esgalgados, como o whippet, demandarão espaço para correr e saltar.

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