Cão resgatado salvou a vida de seu tutor durante uma inundação mortal e tem hotel com seu nome em sua homenagem

Um mês após ser resgatado, este cachorro salvou a vida do tutor em uma enchente terrível.

Quem visita Cinque Terre, na Itália, pode ficar hospedado em um pequeno hotel cujo nome homenageia um cachorro que, apenas um mês depois de ser resgatado, salvou a vida do tutor, em uma terrível inundação que atingiu o local.

Cinque Terre é um conjunto de cinco vilas de pescadores na Riviera Italiana, conhecido pelo terreno montanhoso e acidentado, que se prolonga até o mar. E o Hotel Leo’s Lodge é uma homenagem ao cachorro herói que, anos atrás, salvou a vida de Pierpaolo Paradisi.

cao-resgatado-salva-a-vida-do-tutor
Reprodução / Facebook: @theheartofcinqueterre

A enchente

Na primavera de 2011, as vilas que foram Cinque Terre foram atingidas por uma tremenda enchente. Vernazza, o maior e mais conhecido dos vilarejos, com 11 mil habitantes, foi particularmente prejudicado pela força das águas que tomou a região.

Na ocasião, 13 pessoas morreram em decorrência da enchente e dezenas ficaram feridas e desabrigadas. Foi um dia terrível de tragédia, mas Pierpaolo Paradisi tem uma memória feliz da catástrofe que se abateu sobre Vernazza.

De acordo com o relato de Paradisi, ele não estaria vivo hoje, para contar a história aos hóspedes do Leo’s Lodge,  se não fosse pela ação de seu cachorro, que havia sido adotado cerca de um mês antes da tragédia.

A pousada foi construída no alto de uma das montanhas. Um dos atrativos é justamente a vista, que se abre sobre o mar da Ligúria. O Leo’s Lodge é o ponto final do Sentiero Azurro, ou caminho azul, uma trilha muito procurada pelos turistas.

cao-resgatado-salva-a-vida-do-tutor
Reprodução / Facebook: @theheartofcinqueterre

Cinco anos antes, Paradisi era um aspirante a hoteleiro, procurando opções para abrir um estabelecimento. Ele estava explorando a região quando encontrou o Prevo, então uma casa de campo em ruínas. Os olhos do empreendedor viram uma excelente oportunidade.

Paradisi reformou o imóvel, ajeitou os jardins e sinalizou o Sentiero Azurro, para atrair turistas. Tudo parecia perfeito, até que veio a enchente. As águas desceram dos Alpes marítimos, arrastando tudo à sua frente.

A força da correnteza arruinou alguns trechos do Sentiero Azurro e continuaram descendo até a vila. Nos dias seguintes, o que se podia ver era apenas um monturo de lama e escombros. Vernazza, conhecida pelos pescadores e mochileiros, praticamente desapareceu.

O resgate

Um mês antes da enchente, Paradisi havia adotado Leo, um cão resgatado na Sérvia. Na época, um grupo de ativistas dos direitos dos animais retirava animais abandonados dos Bálcãs e, atravessando o mar Adriático, tentavam alocá-los em lares substitutos na Itália.

Para ajudar a campanha, Paradisi havia pedido um cachorro para adotar. Ele só fez uma exigência: que o animal fosse de pequeno porte, para que pudesse ser levado nos deslocamentos que o hoteleiro faz pela Itália, sempre de trem.

cao-resgatado-salva-a-vida-do-tutor
Reprodução / Facebook: @theheartofcinqueterre

Leo, um cachorro pequeno de pelos castanhos, foi enviado dias depois. Paradisi mantinha um emprego na vila – o pequeno hotel apenas ajudava a compor a rede. O escritório não permitia a permanência de animais, mas Leo ia regularmente ao trabalho com o tutor.

Foi o que aconteceu no dia da enchente. Pela manhã, o céu estava cinzento, prenunciando chuva, e Paradisi não quis deixar o peludo sozinho. Pelo mesmo motivo, ele deixou o trabalho mais cedo naquela tarde, para tentar chegar em casa antes do temporal.

No meio do caminho, no entanto, a dupla foi surpreendida por uma chuva forte, com granizo e muitos relâmpagos e trovões. As nuvens se arrastavam a partir do norte, da direção dos Alpes, e não permitiam enxergar quase nada.

O trajeto entre a vila e a pousada é de cerca de 25 km. No caminho, Leo ficou estranhamente quieto, deitado no banco de trás do carro. O cachorro não estava gostando nem um pouco das condições climáticas, mas permaneceu quase imóvel.

Em determinado momento, quando o carro contornava um penhasco do Sentiero Azurro, Leo saltou repentinamente para o banco do motorista e ficou à frente do tutor. Paradisi chegou a ficar com raiva do peludo, que o impedia de seguir adiante – e chegar o mais rápido em casa.

O tutor ainda não havia percebido o motivo do pulo do cachorro. Quando Leo obrigou Paradisi a parar o carro, as águas haviam aberto um fosso à frente deles. Se a dupla tivesse seguido em frente, teria caído no buraco aberto pela correnteza.

Leo salvou a própria vida e a vida do tutor. Paradisi decidiu dar meia volta e retornou para a costa. Ele seguiu para Manarola, outra das aldeias de Cinque Terre. E foi apenas quando ele encontrou alguns amigos na aldeia, que tomou ciência da gravidade da situação.

O terreno na montanha continuou cedendo e todo o Sentiero Azurro veio abaixo. Se não fosse pela ação de Leo, o carro teria sido soterrado. Em uma situação como esta, não havia condições de escapar com vida.

Vida que segue

Atualmente, Leo tem 14 anos. O cachorro sênior, sem raça definida, continua vivendo com Pierpaolo Paradisi, que se aposentou do emprego na vila e trabalha apenas com a pousada, rebatizada como Leo’s Lodge: o quarto do Leo.

As vilas de Cinque Terre foram reconstruídas, assim como o Sentiero Azurro e outras trilhas que serpenteiam pelas colinas da região. O local continua atraindo turistas do mundo inteiro, mas, desde 2011, os turistas que visitam Vernazza ganham um bônus: a narração da história de salvamento de Leo, feita com eloquência pelo hoteleiro.

Leo é um excelente anfitrião: ele cumprimenta todos os hóspedes, acompanha todos até os quartos e faz rondas rotineiras pela propriedade, para garantir a segurança e integridade de todos. Às tardes, o cachorro segue com o tutor até a vila, para receber novos visitantes.

Você também vai gostar...