Desde que nasceu, este cachorrinho minúsculo está fazendo sucesso nas redes sociais. O motivo é o tamanho e o pelo abundante e eriçado. Muitos internautas o confundem com coelhos, filhotes de foca, brinquedos e até novelos de lã, mas Snowball (bola de neve, em inglês) é um cachorro de verdade. O nome, aliás, não poderia ser mais apropriado.
Snowball nasceu em Seul, a capital da Coreia do Sul, em um canil especializado em raças caninas de pequeno porte, que cria malteses, poodles toy e está desenvolvendo uma nova raça, acasalando poodles e spitz.
O cachorrinho é um lulu da Pomerânia, a variedade anã do spitz alemão. Esta raça é uma das menores do universo canino, maior apenas do que o chihuahua, o pinscher miniatura e o pequeno cão russo (este é oficialmente o menor, mas é quase desconhecido no Brasil, onde não há criadores especializados).
Sujeito a confusões
Por motivos óbvios, Snowball não foi colocado à venda depois do desmame. O pelo todo eriçado, branco e farto, aliado ao tamanho diminuto, mesmo para um lulu da Pomerânia, transformaram o cachorrinho em uma espécie de garoto-propaganda do canil.
Por isso, ele foi adotado pelo criador Kim Yhohan e aparece nas páginas virtuais apresentando o canil e os animais disponíveis. O tutor coloca Snowball em destaque e a estratégia parece estar dando resultado: os acessos no Instagram e no Tik Tok mais que duplicaram desde que o spitz alemão anão passou a apresentar as novidades do canil.
Os internautas sempre confundem Snowball – e esta é uma oportunidade para Kim apresentar os demais cachorros do canil. As confusões, na maior parte, surgem porque o lulu se parece com um filhote de foca, que não têm pavilhões auditivos – as orelhas do spitz são ocultadas pela pelagem longa.
Mas o cachorrinho, que recebe tosas caprichadas para aumentar ainda mais as dúvidas, é ainda menor do que uma foca: um filhote da espécie nasce com 8 kg em média e Snowball ainda não atingiu 2 kg. As focas do Ártico exibem pelagem branca quando filhotes, que escurecem ao atingirem a maturidade sexual.
Ao contrário de Snowball, cuja espécie é muito bem defendida, as focas do Ártico correm sério risco de extinção, tanto em função da caça indiscriminada – a pele de um único animal é vendida por algumas centenas de dólares – quanto pelas alterações profundas do hábitat: a elevação das temperaturas está derretendo o gelo polar, comprometendo a vida não apenas das focas, mas também de outras espécies, como ursos-polares, renas e bois-almiscarados.
Snowball também é confundido frequentemente com pompons e novelos de lã. O cachorrinho é muito atraente, tornando muito difícil para um internauta não parar alguns instantes de navegar na rede mundial para observar o charme cativante (confira as fotos).
Muito brincalhão, Snowball parece gostar bastante de ser o centro das atenções, mas, na verdade, ele não faz ideia da repercussão que está causando. Como qualquer cachorro filhote, ele adora colo e carinhos, mas também encontra brincadeiras, travessuras e aventuras para explorar sozinho. Snowball está crescendo e tornando-se independente, apesar de certamente não ultrapassar os 25 cm nem mesmo quando já for adulto. Ele é parecido também com um pokémon, mas ninguém sabe quais mutações ele experimentará nos próximos meses.
Por enquanto, na vida real, Snowball ainda é um filhote tímido, que passa boa parte do tempo escondido e só costuma aparecer quando ouve a voz ou sente o cheiro do tutor. Mas ele certamente terá uma carreira de sucesso na publicidade, mesmo que nunca saiba exatamente o que estará fazendo à frente de tantas câmeras e celulares.
O lulu da Pomerânia
Apesar de pequeno e frágil, parecendo ter sido desenhado para viver no colo, o zwergspitz (spitz anão) surgiu na Europa central, numa região atualmente dividida pela Polônia e a Alemanha. É uma raça muito antiga.
Os spitz são classificados como “cães do tipo primitivo”, por causa das semelhanças com os lobos: focinho comprido e afilado, orelhas sempre eretas, pelagem farta para se proteger nos invernos europeus, olho pequenos e um forte instinto de defesa e segurança.
Naturalmente, em função do porte – um lulu da Pomerânia raramente ultrapassa 3,5 kg e 24 cm de altura na cernelha –, não se deve adotar um cachorro da raça para segurança. Mesmo assim, ele é muito ágil e atento. Se houver mais cães em casa, certamente o lulu será o primeiro a dar o alarme quando perceber alguma coisa errada na vizinhança.
Além da pelagem branca exibida por Snowball, a raça também pode ostentar outras cores. De acordo com o padrão oficial, o lulu da Pomerânia também pode ser preto, marrom, laranja, cinza-sombreado, creme, preto e castanho. A pelagem pode ser sólida ou malhada.
Ainda de acordo com o padrão, fazem parte da mesma raça:
- o keeshond ou spitz lobo, que pode atingir 50 cm de altura;
- o spitz alemão grande (até 45 cm), médio (até 35 cm) ou pequeno (até 27 cm);
- a variedade anã, a mais popular no Brasil.
Qualquer que seja o porte, os spitz são cães atentos, alegres e muito apegados aos tutores. São dóceis e inteligentes, sendo facilmente adestrados. Não são tímidos nem agressivos: os maiores podem ser usados para guarda, mas a maioria é adotada para companhia.
Entre os cães de todas as raças, o spitz alemão anão é um dos mais longevos. A expectativa de vida excede os 15 anos e não é incomum encontrar cães da raça como 20 anos ou mais. Os tutores, de qualquer forma, precisam tomar alguns cuidados especiais para evitar quedas e choques, que sempre prejudicam a saúde e o bem-estar destes peludos.
Algumas curiosidades
Acredita-se que a raça descende de cães nórdicos. Os primeiros animais do tipo spitz surgiram na Lapônia e na Islândia – em algum momento, há cerca de 500 anos, eles foram transportados para a Europa continental. Os avós do lulu da Pomerânia já foram cães de trenó.
Provavelmente, foram selecionados cães de menor porte para combater pragas de jardins e hortas. Desta forma, é possível encontrar spitz alemães com porte para a caça de grandes presas, como ursos e lobos, e também os lulus, que afugentam roedores. Por estarem mais perto das residências, eles rapidamente foram adotados também para a companhia.
No século 19, a rainha Victoria, da Grã-Bretanha, conhecida por ser amante de cães, adotou alguns lulus da Pomerânia, que passaram a viver no palácio de Buckingham. Foi o suficiente para toda a nobreza europeia optar pela raça. Em seguida, eles se popularizaram também nas colônias britânicas na América, África e Ásia.
Muitos tutores afirmam que o lulu da Pomerânia tem “personalidade de gato”. Eles não gostam de visitas em casa e odeiam crianças que apertam, beliscam e puxam orelhas. Na presença de desconhecidos, eles procuram a proteção dos tutores ou simplesmente se escondem.
O pelo, apesar de ser o aspecto mais atraente da raça, exige alguns cuidados. Os tutores precisam escovar a pelagem diariamente, para evitar a formação de nós que prejudicam a aparência e comprometem as funções térmicas. As unhas também devem ser aparadas com regularidade.
Para evitar acidentes, o ideal é instalar degraus para facilitar a subida nos móveis e evitar que os lulus circulem em áreas com pisos escorregadios. Um dos principais problemas de saúde é a displasia de cotovelo, um mal genético, mas potencializado pelos traumas repetidos.
É igualmente necessário ficar atento à troca dos dentes. Muitos animais da raça não perdem os dentes de leite, que acabam ficando encavalados com os permanentes. Entre os três e os dez meses, é preciso inspecionar a boca diariamente. Se necessário, os dentes de leite podem ser extraídos no consultório médico.