Os cães podem sentir o mal em outras pessoas? 

Eles estão sempre a postos. Mas, será que os cães podem sentir o mal em outras pessoas?

Não há muito a acrescentar sobre a lealdade canina. Os cães estão sempre atentos, prontos para defender a família em qualquer situação. Mas os cães podem sentir o mal em outras pessoas? Os nossos melhores amigos usam principalmente o olfato e a audição para avaliar riscos e possíveis ganhos – isto pode explicar, em parte, a percepção extrassensorial, seja ela real ou não. 

Sentir o mal em outras pessoas é uma faculdade relacionada às crenças pessoais: a ciência, pelo menos por enquanto, não tem instrumentos para mensurar esta capacidade. De qualquer forma, a devoção, o carinho e a atenção que os cães dedicam aos tutores é real, desinteressada e incondicional. 

Os cães podem sentir o mal em outras pessoas

Mesmo os peludos mais independentes, reservados e teimosos exibem expressões de gratidão à família humana. Eles podem ser mais ou menos dedicados a um ou outro membro, mas raramente são agressivos com os melhores amigos – e, quando isto ocorre, quase sempre é uma consequência da falta de educação, adestramento e controle. 

O que os cães podem prever? 

Algumas percepções dos cachorros podem parecer mágicas ou místicas, mas elas são explicadas de maneira natural. Os nossos peludos podem prever mudanças climáticas (a chegada de temporais, por exemplo) e são capazes de farejar a presença a alguns quilômetros de distância. 

Eles detectam odores e sons que os nossos sentidos nem sequer imaginam. O faro canino é prodigioso: eles podem, por exemplo, identificar cheiros diferentes em cada narina. E, como estão sempre prontos para a defesa do grupo, interpretam qualquer alteração como uma possível ameaça. Naturalmente, os cachorros sabem que precisam combater esses perigos. 

Os cães pode prever alterações no tempo? 

Muito antes de surgirem raios e trovões, os cachorros sabem que uma tempestade está se aproximando. Aliás, diversos animais, especialmente mamíferos e aves, apresentam esta qualidade. É comum deparar-se com relatos de animais domésticos e silvestres que se afastaram de uma região pouco antes de um cataclisma natural: um abalo sísmico ou uma erupção vulcânica. 

Em 2004, quando tsunamis devastaram diversos pontos nas costas dos oceanos Pacífico e Índico, muitos animais – de ratos a elefantes – se afastaram para regiões mais elevadas. Aparentemente, os humanos perderam esta condição natural. 

No caso da audição canina, eles empregam 17 músculos diferentes para identificar e classificar os sons, tomando as providências necessárias muito mais rapidamente do que nós, que temos apenas nove músculos para estas atividades. 

Os cães podem sentir o mal em outras pessoas

Os humanos captam sons em uma amplitude entre 20 Hz e 20.000 Hz; os cães, entre 15 Hz e 40.000 Hz. Por isso, eles ouvem os sinais dos temporais muito antes de nós. Os peludos também percebem alterações na umidade relativa do ar, oscilações na pressão atmosférica, etc. Eles são verdadeiros barômetros ambulantes. 

Além disso, se estamos em casa, sabemos que estamos seguros em casos de aguaceiros – pelo menos, na maior parte do tempo. Os cães interpretam a chuva, especialmente quando ela vem acompanhada por relâmpagos, como uma ameaça real: para eles, é preciso encontrar um esconderijo seguro. 

Cachorros prevendo terremotos?

Além dos cães, os gatos, muitos mamíferos silvestres (inclusive os morcegos) as aves e muitas espécies de peixes são capazes de identificar oscilações indicativas de abalos sísmicos, seja em terra (terremotos), seja na água (maremotos e as consequentes tsunamis). 

Esta faculdade está relacionada à facilidade com que eles captam diversos sinais, como a emanação de gases subterrâneos, alterações no magnetismo da Terra, ondas sonoras de baixa intensidade e vibrações decorrentes de assentamentos do terreno. As patas dos cães são extremamente sensíveis a estes movimentos. Além disso, eles não usam calçados nem qualquer outra proteção. 

As reações dependem do temperamento de cada peludo, mas eles quase sempre tendem a se esconder quando pressentem a aproximação de um perigo: se o solo está prestes a se movimentar em direção a leste, eles correrão para oeste. Se uma onda gigante está chegando, é preciso encontrar um lugar mais alto. 

Cachorros podem prever gravidez? 

Muitas tutoras já se depararam com alterações de comportamento dos seus companheiros de quatro patas quando ficaram grávidas, mesmo antes de receber os resultados dos testes de laboratório. Isto não é apenas uma impressão: eles realmente conseguem detectar uma gestação. 

Os cães podem sentir o mal em outras pessoas

Mais uma vez, o fato é explicado pelo olfato poderoso. Quando uma mulher engravida, ocorrem diversas alterações hormonais (como a redução do estrogênio e a elevação da progesterona). Os cães conseguem sentir essas mudanças através do faro. Eles também sabem quando as tutoras estão ovulando, menstruando, etc. Para nós, é imperceptível: para eles, o ciclo menstrual é rico em informações olfativas. 

Os cães também podem ser úteis para identificar a aproximação do trabalho de parto. Quando o momento do nascimento se aproxima, o corpo humano também libera algumas substâncias (indetectáveis para os nossos narizes). 

Muitos peludos se tornam mais protetores e chegam a não se afastar das tutoras nos dias que antecedem o parto. Outros ficam apenas ansiosos e desconfiados, mas dão indícios de que é melhor aprontar a mala do bebê e correr para a maternidade. 

Cachorros podem fazer diagnósticos precisos?

A mesma capacidade sensorial explica por que alguns cães vêm sendo treinados para auxiliar em diagnósticos de infecções e até mesmo de tumores. Há estudos em diversas partes do mundo, inclusive na USP (Universidade de São Paulo), em que os cachorros são empregados no diagnóstico. 

No auge da pandemia de covid-19, em 2020, ainda antes do desenvolvimento dos testes de diagnóstico, pesquisadores da Universidade de Oxford treinaram cães para detectar casos da síndrome respiratória. Eles conseguiram farejar, com excelente margem de acerto, portadores do vírus em locais bastante movimentados, como estações de metrô de Londres. 

Cães vêm sendo treinados também para prever a aproximação de crises epiléticas. Diversos estudos estão sendo conduzidos atualmente: na Universidade de Kyoto (Japão), em Oxford, Yale (EUA), Unicamp (Universidade de Campinas) e outros centros de pesquisas médicas. 

Um estudo de 2019, conduzido na Queen ‘s University (Belfast, Irlanda do Norte), demonstrou que os cachorros são capazes de identificar compostos voláteis emanados durante as crises. Isto vem garantindo maior autonomia para os portadores de epilepsia. Além disso, os peludos se mostram ainda mais atentos e vigilantes quando os “pacientes” estão fragilizados. 

Cães percebem as emoções humanas? 

Todos os nossos gestos e atitudes são influenciados pelas emoções positivas ou negativas que sentimos. Em situações de perigo (no caso de um assalto ou de uma briga, por exemplo), a raiva e o medo aumentam a produção de alguns neurotransmissores, como a adrenalina e a dopamina. 

Em outras situações mais amenas, quando estamos cativados e atraídos por alguém, o principal neurotransmissor liberado é a ocitocina, conhecida como “hormônio do amor”. É ela que estimula a produção do leite materno entre as puérperas e está associada aos sentimentos de amor que unem mães e filhos. 

Os cães podem sentir o mal em outras pessoas

Os cachorros também têm a capacidade de perceber as oscilações na produção destas substâncias, seja em casos de emergência, seja em situações corriqueiras: eles aprenderam, no convívio com os humanos, a relacionar o aumento da produção da ocitocina com os momentos de relaxamento, carinho e cafunés. 

Da mesma maneira, quando estão satisfeitos e alegres, é o cheiro da serotonina que explica, para os cães, esta condição. Mas, por exemplo, se a dopamina e a adrenalina, que provocam as reações de alerta, fuga ou ataque, estão presentes, os peludos entendem que chegou o momento de lutar ou correr. 

O mal nas pessoas pode ser previsto? 

Todas estas capacidades podem explicar os motivos por que os cães se mostram desconfiados com algumas pessoas que se aproximam. Caso haja algum intento de agressão, os peludos conseguem prever a situação – e se preparam para neutralizar os possíveis ataques. 

A convivência entre humanos e cachorros tornou estas percepções extremamente sofisticadas. Eles conseguem diferenciar, por exemplo, momentos em que a dopamina está atuando: durante exercícios físicos intensos, como uma corrida no parque (uma situação positiva) e um ataque direto (uma condição negativa). 

Ao que tudo indica, os cachorros também conseguem identificar o medo nas pessoas. Quem pretende fazer alguma ação maléfica certamente está avaliando os riscos e, consequentemente, está sentindo medo. As reações neuroquímicas do medo e da raiva, aliás, são bastante semelhantes. 

A adrenalina está presente tanto quando sentimos medo, quanto quando sentimos raiva. Os cachorros são capazes de identificar o aumento da produção e esta informação, aliada à inteligência complexa dos peludos e à sua firme convicção de que devem nos proteger a todo curso, pode ser a chave para explicar de que forma eles conseguem prever o mal em outras pessoas, conhecidas ou não. 

Explicações místicas 

Muitas pessoas acreditam que os cachorros conseguem identificar o mal em outras pessoas através de percepções extrassensoriais, como a clarividência. Alguns místicos e religiosos acreditam que os peludos são capazes de observar a aura dos seres vivos – uma espécie de envoltório energético que se altera de acordo com os sentimentos e sensações. 

É mais provável, no entanto, que as reações negativas dos cachorros frente a algumas pessoas sejam determinadas apenas porque eles identificaram alguma coisa nelas de que não gostam. Esta “alguma coisa” pode ser a identificação do cheiro ou da raiva, ou apenas as demonstrações do recém-chegado, que podem ser excessivas para os peludos.

Os cães podem sentir o mal em outras pessoas

Naturalmente, as pessoas projetam as suas crenças em todas as suas atividades e relacionamentos, e isto se aplica também aos cães. É possível que algumas explicações sobrenaturais (ou paranormais) sobre a capacidade de julgamento dos peludos sejam verdadeiras, mas não há como avaliá-las objetivamente.

A ciência não pode comprovar nem negar qualquer componente espiritual, cósmico ou energético, simplesmente não existem instrumentos para mensurar esses princípios. Mas, de um jeito ou de outro, os cães também têm preferências pessoais e podem gostar (ou não) da forma como são tratados por esta ou aquela pessoa. 

Os peludos não possuem linguagem oral articulada, como nós. Eles conseguem apreender o sentido de algumas palavras e expressões, mas nada além disso. Para compensar, eles estudam a linguagem corporal, o tom de voz, as expressões de afeto e decidem se a pessoa é confiável ou não. 

Não se pode confiar, no entanto, no “julgamento” dos cachorros. Um peludo agitado pode adorar a chegada de uma pessoa brincalhona e divertida, enquanto outro mais pacato e reservado pode tentar fugir e se esconder da mesma visita. 

Os cães, mesmo assim, podem ser empregados para avaliar os relacionamentos. Mas este não pode ser o único critério, já que eles podem ficar com ciúme de pessoas muito queridas e reagir negativamente a elas. 

Os animais dominantes e territorialistas também podem demonstrar desagrado com um visitante que se mostra “íntimo demais” (bisbilhotando os móveis e objetos de decoração, por exemplo), sem que isto signifique que ele seja uma pessoa má. 

Mas afinal, qual sua opinião?

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