Por que os cachorros têm medo de trovões?

Luzes e sons súbitos despertam medo nos cachorros. Descubra os motivos para o cachorro ter medo de trovões.

Por que os cachorros têm medo de trovões? Raios e trovões quase sempre são acompanhados por más notícias – pelo menos quando estamos ao ar livre, longe de um abrigo adequado. Os cachorros reagem ao barulho e à luz que acompanham as tempestades procurando esconderijos para ficar a salvo. Entenda o comportamento, que também pode ser observado em gatos e outros pets.

O medo dos trovões não é totalmente desprovido de motivos. Chuvas torrenciais causam alagamentos e deslizamentos, enquanto os relâmpagos que alcançam o solo podem destruir árvores e provocar incêndios de grandes proporções.

Por que os cachorros têm medo de trovões?

A sensação se torna ainda mais desagradável quando os cachorros percebem que os tutores também estão alarmados com a intensidade da chuva, dos raios e dos trovões. Eles pensam: “se os chefes da matilha estão com medo, é melhor eu me esconder o quanto antes”.

De acordo com estudos realizados ao longo da última década por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, a maioria estatística dos cães sente medo de tempestades, raios e trovões. Entre 15% e 30% dos peludos, este medo atinge o status de fobia, um pânico mórbido e irrefreável que pode demandar tratamento médico.

O papel dos sentidos

Antes de pensar: “são apenas alguns trovões”, os tutores precisam entender o ponto de vista dos cachorros. Eles estão se sentindo muito mal, querem se esconder, mas sentem que precisam auxiliar todos os membros da família.

Um ponto importante a ser considerado é a audição canina, que é muito mais apurada do que a nossa. No caso das tempestades, ela é auxiliada pelo olfato: os cães conseguem perceber um temporal se aproximando a quilômetros de distância, ouvindo trovões que os nossos ouvidos não conseguem captar, sentindo aromas característicos da umidade e percebendo variações atmosféricas inacessíveis para nós.

Os motivos do medo dos trovões

Aos riscos reais das tempestades, unem-se o frio e o desconforto da pelagem encharcada e dos abrigos destruídos ou desfeitos pelas correntezas e o vento. Há motivos de sobra para ter medo das tempestades, especialmente porque os cachorros não têm nenhuma ideia sobre como funciona um para-raios, nem entendem que uma casa não sofre qualquer risco de ruir com um temporal, por mais violento que seja.

O medo que os cachorros sentem em relação aos trovões, portanto, está mais do que justificado. Mesmo na segurança das grandes cidades, surgem contratempos e acidentes a cada novo aguaceiro, especialmente no verão brasileiro. Os humanos podem aprender algumas coisas – não é preciso ter um medo fóbico, mas a cautela nunca é demais.

A astrofobia – o medo intenso e muitas vezes imotivado de relâmpagos e trovões – não é uma condição específica dos peludos: muita gente também se desespera ao perceber os primeiros sinais que anunciam um temporal.

Por que os cachorros têm medo de trovões?

Em tempo: a astrofobia (acima descrita) não deve ser confundida como a fobofobia, que é o pânico que se sente em relação à imensidão do espaço. Fobos, que é também uma das luas de Marte, significa “medo” em grego. A segunda lua do nosso vizinho é Deimos (“terror”, em grego).

Entre os cachorros, no entanto, o medo pode surgir muito antes dos primeiros pingos d’água. Muitas vezes, horas antes da chuva, os nossos melhores amigos já se mostram inquietos, procuram se esconder e às vezes se metem em problemas sérios.

O motivo desse medo antecipado é que os cachorros (e animais de muitas outras espécies) são verdadeiros barômetros naturais: eles conseguem perceber quedas sutis na pressão atmosférica, que ocorrem com a aproximação das nuvens escuras, aguaceiros torrenciais e muitos relâmpagos.

Por diversos motivos, as nuvens carregadas podem se dissipar ou ser arrastadas por correntes de ventos, eliminando as possibilidades de chuva em determinada região. Nestas ocasiões, os tutores ficam sem saber por que os cachorros ficaram tão apavorados “apenas com o vento”.

Apenas para relembrar: os trovões são o som gerado pelos raios, ou descargas elétricas geradas a partir do choque entre duas nuvens (ou entre uma nuvem e o solo terrestre). Estas emissões de radiação eletromagnética são causadas pela diferença de potencial elétrico entre duas porções de matéria.

Eletricidade estática

Outro motivo vem sendo considerado para o medo dos trovões. Ele está sendo estudado atualmente por cientistas do Centro de Estudos de Comportamento Canino, dirigido pelo veterinário Nicholas Dodman, da Universidade Tufts, em Medford (Massachusetts, costa leste dos EUA).

Assim como todos os corpos, os cachorros podem acumular eletricidade estática, um fenômeno físico decorrente da diferença entre o número de prótons e elétrons. O acúmulo é mais frequente nos cães de grande porte e nos de pelagem dupla ou longa, mas pode ocorrer com qualquer cachorro.

Com a queda da pressão atmosférica e o consequente desequilíbrio do equilíbrio atômico (acelerado e momentâneo, a eletricidade estática tende a se acumular nas extremidades dos cachorros: patas, cauda, trufa, orelhas, etc.

A sensação experimentada é a mesma que experimentamos quando tomamos um choque em uma porta metálica (de um carro, por exemplo) ou quando vestimos um agasalho de lã e os fios ficam eriçados. Os cães percebem algumas sensações desconfortáveis e aparentemente sem motivo, já que ela independe de qualquer contato.

Durante uma tempestade, o acúmulo de eletricidade estática se prolonga, aliando-se a outros dois componentes odiados pelos cachorros: os barulhos estridentes e as alterações ambientais (céu escuro, água fria pouco depois de um período quente). Os peludos, já apavorados, sentem-se estressados com os choques provocados, que são leves, mas podem ser incomodamente persistentes.

As reações dos cachorros

Não é difícil perceber as reações de medo dos cachorros ao pressentirem ou presenciarem chuvas acompanhadas por ventanias, raios e trovões. Quanto mais intensas e prolongadas, maior é o desconforto e a aflição.

Por que os cachorros têm medo de trovões?

Os sinais de ansiedade são os mesmos, seja com a proximidade de uma chuva forte, seja com a separação dos tutores quando eles saem de casa ou a dor que eles sabem que irão sentir quando chegam ao consultório do veterinário. Eles são facilmente percebidos:

  • orelhas para trás;
  • olhos arregalados;
  • boca entreaberta, com a ponta de língua para fora;
  • cauda baixa, quase sempre recolhida entre as pernas;
  • bocejos insistentes;
  • lambidas constantes na trufa e nos lábios;
  • respiração ofegante.

A maioria dos cães demonstra claramente o desconforto, mas outros podem revelar o medo que estão sentindo através de sinais mais sutis: ganidos e uivos, movimentação incessante, baba excessiva, estado de alerta total e, em alguns casos, destrutividade e agressividade.

Os cachorros mais independentes estão entre os poucos que não parecem se importar com a chuvarada. Em geral, os cães das raças desenvolvidas para a guarda são os mais tranquilos em relação aos raios e trovões. Muitos deles, no entanto, entendem que precisam recolher e proteger os rebanhos e ficam agitados, ansiosos e inquietos.

Apesar de alguns nanicos também demonstrarem coragem e ousadia durante os temporais – eles são as exceções que comprovam a regra –, a maioria se assusta, tenta se esconder ou procura a companhia e o colo dos tutores. Para muitos, uma caminha quente e confortável longe de portas e janelas e portas abertas é o local ideal para “sobreviver” aos raios e trovões. Este medo é também atávico, uma herança dos ancestrais selvagens.

Mesmo entre os mais dóceis e amigáveis, alguns cães se sentem tão inseguros que podem esboçar reações violentas caso alguém se aproxime ou tente levá-los para ver a chuva. Eles encaram o convite como um chamado para ir ao olho de um furacão.

Há peludos que adoram “dançar na chuva”: se as portas estiverem abertas, eles correm para o quintal e não param de correr e pular. Mas, em geral, eles só gostam dos pingos d’água: o barulho e a luminosidade intensa dos raios inibe qualquer brincadeira.

O que fazer quando o cachorro tem medo dos trovões?

Antes de tudo, é preciso entender que o medo é real e pode ter consequências graves. Quando surgem prenúncios de tempestades, o melhor a fazer é garantir a segurança e o conforto para os cães nas horas seguintes, que serão longas e aflitivas para eles.

O risco maior está entre os cachorros fujões. A maioria enfia o focinho em um local considerado seguro e permanece ali até que os trovões soem cada vez mais distantes, mas alguns sentem tanto medo que podem escapar de casa e envolver-se em acidentes.

Há muitos relatos de cachorros que pularam janelas e cercas na tentativa de se afastar dos trovões, enquanto outros correm para a rua, expondo-se a atropelamentos e quedas. Entre os pequenos, vale lembrar que o tombo do sofá pode representar riscos sérios.

Em apartamentos, quase sempre é suficiente fechar as janelas e cortinas – mas alguns peludos preferem ter um cantinho para espiar as tempestades, para garantir que está “quase tudo bem”. Nas casas térreas, o período de raios e trovões pode ser um bom momento para deixar os cães em ambiente interno, autorizando a entrada pelo menos na cozinha.

Alguns cães gostam de companhia quando estão amedrontados e palavras de incentivo são sempre bem-vindas. Outros preferem se isolar, mas é preciso cuidado para que eles não invadam guarda-roupas e outros móveis na tentativa de se colocarem a salvo.

Apesar de estas reações serem consideradas divertidas para alguns tutores, é importante não negligenciar os cuidados: os cães estão sentindo muito medo nesses momentos de raios e trovões. O ideal é conduzi-los a um local quente e abrigado e esperar que a tormenta diminua. Quase todos os cachorros elegem o seu cantinho em casa.

A maioria dos cães consegue superar o medo apenas afastando-se dos efeitos físicos dos raios e trovões: basta fechar as janelas e portas. Alguns podem precisar da presença dos tutores, com alguns carinhos e palavras de incentivo. Dessensibilizá-los gradualmente, apresentando vídeos e áudios de tempestades, também ajuda os pets mais sensíveis.

Em casos mais severos, pode ser necessário consultar um especialista. O veterinário pode receitar medicamentos para controlar a ansiedade. Vale lembrar que, se um membro da família também sofre com o medo dos raios e trovões, ele não é o mais indicado para acompanhar o cachorro nos momentos de tempestade.

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