Na tentativa de economizar, muitos tutores escolhem rações baratas para alimentar os cachorros. Alguns acreditam que vale a pena servir restos para poupar algum dinheiro. No entanto, quando a ração é muito barata, ela pode causar danos no médio ou longo prazos e, então, a economia se transforma em despesas com médicos, exames e remédios.
A situação pode ser até pior: algumas pessoas simplesmente abandonam os cachorros quando eles desenvolvem doenças – algumas das quais podem ser evitadas com cuidados básicos. É o mesmo que acontece com cadelas não castradas e as inevitáveis gestações não desejadas.
Despesas com o cachorro
Antes de adotar um cachorro, os candidatos a tutores devem refletir muito bem: a companhia de um peludo é prazerosa e o amor é incondicional, mas ele dá trabalho e sempre onera o orçamento doméstico.
Quem não tem disponibilidade para brincar, passear, cuidar da higiene, ensinar e dar atenção não deve adotar pets. Da mesma forma, quem não tem os recursos necessários precisa renunciar ao desejo de viver com um cachorro ou gato.
Os animais de estimação precisam de alimentos balanceados, para crescer e manter a saúde, o bem-estar e a boa aparência. Precisam igualmente de consultas médicas, vacinas, brinquedos, acessórios e roupas. “Um amor e uma choupana” nunca foram a receita de felicidade, nem para humanos, nem para os peludos.
Ração: Quando o barato sai caro
Existem diversas opções de alimentos para pets disponíveis no mercado. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é o órgão responsável pela fiscalização da produção, distribuição e comercialização de rações, suplementos, petiscos, etc.
As rações para cachorros (e também para gatos), de acordo com a sua qualidade e formulação nutricional, podem ser assim classificadas:
- standard – são produtos medianos, formulados com ingredientes de qualidade inferior, como farinhas de carnes e vísceras, ossos e outros subprodutos da carne. Os níveis de gorduras e proteínas são moderados e estas rações podem conter aditivos sintéticos, como conservantes;
- premium – geralmente, estas rações são preparadas com proteínas selecionadas e ingredientes de alta digestibilidade, com boas fontes de proteínas, suplementadas com vegetais (verduras e legumes);
- super premium – os ingredientes são ainda mais selecionados. Uma ração super premium apresenta altos níveis de proteínas de origem animal e poucos carboidratos (açúcares e gorduras).
Muitas marcas de rações super premium agregam funcionalidades ao alimento. Elas podem ser específicas para cães atléticos, de trabalho, fêmeas gestantes e lactantes, com alguma doença ou deficiência. Todos os três tipos apresentam indicações de acordo com a faixa etária.
O ideal é optar por rações premium e super premium. De qualquer maneira, cabe aos tutores lerem atentamente os rótulos para verificar a composição exata de cada produto: ingredientes, total de calorias por porção, indicações e contraindicações, etc.
As rações standard são mais baratas, mas podem ser formuladas com teores insuficientes de nutrientes – nesses casos, na melhor das hipóteses, é preciso adquirir suplementos, para garantir o bom desenvolvimento físico.
Do contrário, os filhotes podem não atingir o tamanho esperado para a raça, enquanto os adultos e idosos têm a saúde, a aparência e a boa forma comprometidas. Os principais problemas são os de pele (alergias e dermatites) e os distúrbios gastrointestinais (regurgitações, enjoos e vômitos, diarreias, etc.).
Há uma forma de economizar dinheiro: escolher rações standard, desde que o teor de macronutrientes (proteínas, gorduras e açúcares) seja o recomendado para o porte e idade do cachorro. É preciso consultar um veterinário especializado em nutrição animal para escolher os melhores produtos.
Uma dica: os cachorros são preferencialmente carnívoros. Isto significa que a nutrição se baseia principalmente em carnes, ovos e derivados, mas deve incluir alguns vegetais. Ao consultar os rótulos das rações standard, podem ser consideradas as formuladas também com ingredientes de origem vegetal.
Neste caso, eles são de qualidade inferior (são muito usadas as farinhas de soja ou milho, o farelo de algodão, etc., mas conseguem suprir as necessidades de vitaminas e minerais dos peludos. Estas rações não apresentam boa digestibilidade, o que pode ser um problema especialmente para os cães gulosos e muito vorazes.
Rações premium quase sempre apresentam boa relação custo-benefício, apesar da baixa digestibilidade. Os ingredientes de origem animal são de melhor qualidade e o maior teor de vegetais confere saciedade por mais tempo.
As rações super premium são mais nutritivas, formuladas com ingredientes que preservam ou contribuem para recuperar a saúde. Muitos produtos são suplementados com probióticos, que melhoram o funcionamento dos intestinos, tornam as fezes mais secas e com menos cheiro.
Os tutores precisam ficar atentos, porque, em relação às rações premium e super premium, existe uma grande gama de ofertas. Há versões para cachorros alérgicos ou com problemas urinários, gastrointestinais, etc., mas não faz sentido escolher uma ração sem glúten se o peludo não tem intolerância.
Alerta aceso
Na tentativa de poupar algum dinheiro, existe uma “tentação” presente em grande parte das pet shops: a ração a granel. Muitos comerciantes compram grandes embalagens (por preços mais baixos), fracionam os grãos e embalam em sacos plásticos.
O principal motivo para ficar longe deste tipo de produto é que quase nunca se sabe qual a origem. A menos que o pacote esteja aberto e a quantidade desejada seja retirada no momento da compra, a única garantia é a informação do lojista.
Portanto, se não houver total confiança em relação à pet shop ou outro ponto de venda, qualquer, é preciso fugir das rações a granel. O produto pode estar sendo anunciado como super premium, quando na verdade pode nem ter sido autorizado pelo MAPA. Mas existem outras razões para levar esse tipo de ração para casa:
- é impossível garantir que o produto seja indicado para as especificidades de cada cachorro: tamanho, idade, sexo, nível de atividade física, etc.;
- as condições de estocagem podem não ser adequadas. O alimento pode entrar em contato com utensílios não higienizados e até mesmo ficar exposto à umidade e a ratos, moscas, baratas, etc. Nunca é possível saber exatamente como é o estoque das lojas;
- não é possível comprovar que a ração está dentro do prazo de validade;
- uma vez que a embalagem seja aberta, a ração fica exposta à poeira, a odores diversos e mesmo ao ar atmosférico. Isto altera o sabor, a textura e o cheiro, além de poder degradar alguns nutrientes;
- em muitas pet shops, os produtos estão à disposição nas gôndolas, sem informação da marca, validade e composição. Os tutores não podem analisar a formulação e saber a composição nutricional exata.
Comida humana
No quesito “alimentação dos cachorros”, ainda há mais um ponto a ser considerado: a oferta, para os peludos de outros alimentos que não as rações, suplementos e petiscos feitos em casa. Vale lembrar que até mesmo a carne suína ou bovina pode ter efeitos desastrosos, especialmente os cortes muito gordurosos.
Dá muito trabalho, mas é sempre possível preparar comida caseira para os cachorros. Nestes casos, é preciso adquirir ingredientes específicos e, de preferência, contar com a orientação de um profissional especializado em nutrição animal.
Ainda existem tutores que alimentam os cachorros com comida humana, quase sempre a mesma preparada para o consumo da família. Esta atitude elimina as despesas com rações, petiscos e suplementos, mas pode ser responsável por custos muito maiores no médio prazo.
Alguns alimentos corriqueiros na nossa dieta são tóxicos para os cachorros, que podem exibir efeitos colaterais imediatamente. É o caso do alho e cebola, chocolate, doces em geral, leite in natura, algumas frutas (como o abacate) e praticamente todas as sementes, etc.
Apesar de serem considerados como filhos, não se pode esquecer que os cachorros pertencem a outra espécie animal, com necessidades alimentares próprias. Com o passar do tempo, a comida humana pode causar inúmeros problemas. Os mais comuns são os seguintes:
- intoxicações;
- sobrepeso e obesidade;
- doenças de pele;
- queda dos pelos;
- aceleração da formação da placa bacteriana;
- disfunções hepáticas e renais, que podem levar à insuficiência dos órgãos.
A ração é formulada para ser uma nutrição completa para os cachorros, que não precisam de comida humana. A oferta, menos que em quantidades reduzidas, realmente pode sair muito caro e até causar a morte do peludo.
Não há necessidade de oferecer nenhum dos nossos alimentos, apesar dos olhos pidões dos cachorros (na verdade, eles estão querendo interagir, não necessariamente apropriar-se dos nossos pratos).
Para brincar e para ensinar truques, a dieta dos cachorros pode ser enriquecida com algumas frutas e legumes sem sementes nem ramas, como mamão, batata-doce, cenoura ou banana. É preciso não esquecer de descontar esses “prêmios” da ingestão calórica diária indicada, especialmente entre os peludos de pequeno porte.