Roupas para cachorros: certo ou errado?

Não há nada errado em vestir roupas em cachorros, mas os excessos podem ser prejudiciais.

As roupas para cachorros podem ser muito úteis. Elas protegem contra o frio, situação não muito frequente no Brasil, mas também reduzem impactos de alguns acidentes e traumas. Além disso, muitos tutores gostam de enfeitar os filhos de quatro patas.

Neste quesito, não existe certo ou errado. Evidentemente, não se pode encher o cachorro com roupas desnecessárias ou desconfortáveis. Em alguns momentos, elas são até mesmo prejudiciais, especialmente quando dificultam os movimentos dos peludos.

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Os tutores que curtem vestir os cachorros e de usar acessórios para realçar a beleza natural dos pets costumam ouvir, com uma frequência às vezes irritante, que “isso é frescura, cachorro não precisa disso”.

Motivos para usar roupas

Na floresta, no campo, na savana e nas pradarias congeladas do Ártico, os animais não dispõem de roupas e precisam encontrar outros meios para se aquecer. Nós já estivemos lá e, durante na maior parte da trajetória humana, vivemos nus.

Durante centenas de milênios, o Homo sapiens e seus ancestrais diretos caminharam pelados nas suas atividades. A situação perdurou até que alguém enrolou uma pele no braço e descobriu que isto facilitava, por exemplo, a coleta de frutas em espinheiros e moitas cujas folhas irritam a pele.

Outro humano colocou um feixe de fibras vegetais nas costas e percebeu que aquilo poderia ser útil tanto nos dias frios, quanto naqueles em que era preciso enfrentar longas caminhadas debaixo do Sol forte. Através da imitação, aos poucos, nós fomos inventando as roupas.

Além da proteção e conforto, as roupas também se mostraram úteis para diferenciar os grupos e os indivíduos. Alguns usavam penas como enfeites; outros, dentes e ossos. O vestuário acabou se tornando até mesmo símbolo de status.

Roupas para cachorros: certo ou errado?

Grifes e exclusividades não fazem o menor sentido para os cachorros, mas não se pode dizer o mesmo de proteções e agasalhos – e até mesmo do aconchego. Eles não precisam usar marcas, nem dormir envolvidos em lençóis de seda, mas boa parte dos peludos já entendeu que esta invenção humana veio a calhar.

Os cachorros não conseguem, sozinhos, produzir, adquirir e usar roupas – eles precisam da intervenção dos tutores para usufruir os benefícios. Eles, assim como nós, poderiam dormir aconchegados uns aos outros para se aquecer, assim como poderiam evitar os espinheiros e plantas irritantes.

No entanto, usar roupas é mais fácil e prático. Alguns cachorros chegam a compreender que alguns itens são propriedades deles e se tornam muito ciumentos – mesmo que seja apenas um cobertor velho, um fedidinho, que eles arrastam pela casa inteira.

Os benefícios das roupas para cachorros:

  • aquecer e agasalhar nos dias frios;
  • tornar os locais de repouso mais macios e confortáveis;
  • proteger o corpo durante brincadeiras mais intensas;
  • reduzir a exposição da pele aos raios ultravioleta.

Os raios UV, especialmente das 10h às 16h, são prejudiciais à saúde e podem causar comprometimentos sérios, especialmente entre os cães de pelo curto e/ou de pelagem clara. Luvas e meias são protetores essenciais para caminhar em uma calçada em um dia de verão – experimente colocar um pé durante alguns segundos no cimento aquecido e a constatação da utilidade é muito rápida. Comprovadamente, roupa de cachorro “não é frescura”. Ela é útil e, além disso, diverte e distrai os tutores.

Motivos para não usar roupas em cachorros

Nós apresentamos os prós do vestuário canino. Chegou a vez de relacionar os contras. Talvez o principal deles seja o fato de que muitos tutores colocam roupas nos cachorros quando eles (os tutores) estão com frio, e não os cachorros.

Alguns peludos dão sinais inequívocos de desconforto térmico. Eles tentam se aninhar em qualquer lugar, abrem trincheiras entre almofadas, aproveitam qualquer brecha para pular no sofá ou na cama e ficar lá pelo resto do dia.

Outros parecem não se incomodar nem um pouco com as baixas temperaturas. Eles comem, brincam, correm, fazem a guarda da casa como se nada estivesse acontecendo, mesmo com os termômetros despencando.

Roupas para cachorros: certo ou errado?

Na hora costumeira do passeio pelas ruas da vizinhança, lá estão eles, ativos e agitados, esperando pelo tão sonhado “momento a dois” com os tutores. Além de não se incomodar com o frio, eles também parecem ser impermeáveis: chuvas não são impedimentos.

É evidente que os primeiros cães precisam de roupas, ou pelo menos de uma caminha quente onde possam se proteger do frio. Os cães mais ativos podem dispensá-las – e alguns até mesmo se irritam com a insistência dos tutores.

As negativas não devem ser ignoradas. Os cachorros que não gostam de roupas não devem usá-las – e ponto final. Os tutores devem escolher os horários mais quentes nos dias de inverno e optar pelas caminhadas matutinas (antes das 10h) ou vespertinas (depois das 16h). o uso de protetor solar é mais uma alternativa.

Alguns cachorros apresentam o metabolismo muito rápido e, por isso, não sentem frio. Outros sentem as baixas temperaturas, mas não se incomodam com elas – afinal, apenas temperaturas abaixo dos 7°C podem prejudicar a saúde dos cachorros saudáveis.

Mas podem ocorrer variações. Quando os animais estão indispostos e apáticos, é possível que eles estejam com alguma infecção respiratória e intestinal e, nesses casos, a velocidade do metabolismo se reduz e eles podem sentir frio.

Os cachorros idosos, especialmente os que reduzem sensivelmente a frequência e a intensidade das atividades físicas, podem gradativamente precisar de agasalhos. Mas talvez eles não estejam acostumados a eles; então, a solução é ficar ao lado ou ao pé dos tutores, aproveitando o ambiente mais acolhedor.

Alguns tutores também transferem as ansiedades próprias para os cachorros. Eles podem inclusive estar sentindo frio, mas geralmente estão sofrendo com outras carências e tentam compensá-las “protegendo” os cachorros. Isto pode acontecer também com excesso de alimentação, com cuidados de higiene e limpeza exagerados e desnecessários, etc.

Nestes casos, os tutores podem estar precisando de apoio psicológico, que pode ser obtido com profissionais da área (psiquiatras e psicólogos), com terapias alternativas, com práticas religiosas, de meditação e relaxamento, etc.

É muito importante não refletir as próprias angústias e ansiedades nos peludos. Do contrário, eles mesmos poderão desenvolver dependências e criar condutas indesejadas, tornando-se destrutivos, agressivos (inclusive contra eles mesmos), indolentes, malcriados, etc.

O ponto contrário às roupas dos cachorros mais evidente é o exagero. Seja qual for o motivo, os tutores decidem que os peludos precisam usar golas, mangas, acessórios, chapéus, etc. O excesso de enfeites pode inclusive ficar pesado demais: imagine, por exemplo, um chihuahua sendo obrigado a equilibrar 100 ou 200 gramas de adornos e adereços.

As roupas também podem apertar o corpo e prejudicar os movimentos. Uma capa que se arrasta pelo chão, uma manga larga ou comprida demais, um colarinho apertado, podem atrapalhar bastante o cachorro, inclusive na hora de se alimentar e de fazer as necessidades fisiológicas.

O uso de roupas de grife fala mais sobre os tutores do que sobre os cachorros. Certos peludos têm dificuldade inclusive para equilibrar as etiquetas famosas. Em geral, essas peças são apenas assinadas por estilistas famosos, mas algumas são realmente criadas por eles – e quase nunca respeitam a anatomia e o comportamento dos cachorros.

Usar ou não roupas em cães?

Os artigos muito pesados, acabamentos pontiagudos, correntes e outros penduricalhos muito pesados incomodam os cachorros e podem prejudicar a saúde (desta vez, imagine o chihuahua suportando o peso de um pendente de 100 gramas).

Qualquer peça de roupa que seja incômoda, desconfortável, desagradável ao toque, irritante à pele, pesada demais ou potencialmente perigosa deve ser descartada, por mais bonita que pareça (em mãos humanas).

Como regra geral, podemos dizer que as roupas são indicadas para os filhotes, idosos, enfermos ou convalescentes e alguns animais de pequeno porte, pelo curto ou tosado. Os cães adultos saudáveis, a quase totalidade dos muito peludos e dos muito grandes dispensa as roupas e acessórios.

O importante é garantir a saúde e o bem-estar dos cachorros. Eles são bonitos por natureza. Os tutores podem se dedicar a dar banhos em intervalos regulares e a escovar diariamente a pelagem, para realçar a beleza.

No caso de necessidade de roupas, os tutores devem seguir os seguintes critérios:

  • escolher peças de material confortável, de fácil lavagem e secagem;
  • evitar forros felpudos – eles irritam a pele e, nos cães de pelos longos, facilitam a formação de nós;
  • eliminar todas as peças apertadas e desconfortáveis. A roupa deve ter uma folga de pelo menos um dedo em relação à pelagem;
  • sempre que possível, levar o cachorro à loja e experimentar as peças;
  • lacinhos, gravatas, fitas e rendas podem ser bem-vindos, desde que não atrapalhem a locomoção e não transformem o pet em uma árvore de Natal.

Mas certos cachorros, no entanto, costumam ser muito “resistentes” ao uso de roupas. Basta vestir uma peça para que eles se transformem em verdadeiras estátuas, recusando-se a dar um passo à frente ou atrás.

É possível que seja apenas desconforto ou falta de hábito. Se a roupa não estiver incomodando, pode-se deixar o pet com ela por alguns minutos, para ver se ele se acostuma. Caso seja teimosia, o ideal é providenciar uma cama quentinha, evitar os horários mais frios e deixá-lo como ele gosta de ficar: afinal, estamos falando do bem-estar do cachorro.

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