Os cachorros são como crianças: divertidos, espontâneos, um pouco possessivos e, algumas vezes, muito ciumentos. A tutora destes peludos fez de tudo para que a cachorra de casa tivesse um período de adaptação tranquilo com a chegada do irmão mais novo, mas, quando o novo membro da família precisou de cuidados e atenção por causa de um machucado na pata, ela fez questão de “marcar posição”.
Tudo estava bem e em paz na casa de Carrie Bartsh enquanto Mabel, uma golden retriever, era filha única. A chegada de Milo, um goldendoodle (mestiço de golden retriever e poodle, uma tentativa ainda não reconhecida de criar uma nova raça canina), a cachorra não ficou nada satisfeita. Provavelmente, ela considerou a presença do irmão como uma “intromissão indevida”.
Mabel e Milo
A golden retriever viveu três anos muito felizes como filha única. Então, repentinamente, tudo mudou com a chegada do goldendoodle. Carrie, a mãe de Mabel e Milo, fez tudo o que pôde para dar amor e atenção em medidas iguais para os dois cães, mas o ciúme de Mabel sempre falou mais alto.
Ter de compartilhar as atenções com outro cachorro, especialmente com um colega curioso e um pouco estabanado, não estava nos planos de Mabel. Durante algumas semanas, a tutora fez o possível para demonstrar que Milo não era um intruso, nem representava qualquer tipo de ameaça à segurança e ao bem-estar da golden retriever – sem obter muito êxito, na verdade.
Milo foi adotado já adulto – ele provavelmente tem a mesma idade de Mabel, mas é maior e mais pesado. Enquanto a golden retriever rosna, assopra e tenta morder, o goldendoodle faz questão de demonstrar as suas habilidades físicas, correndo a toda velocidade e atirando-se contra a colega de quarto.
De acordo com Carrie, os dois cachorros são bastante ciumentos. Sempre que ela dá atenção a um deles, o outro faz questão de marcar presença, enfiando as patas e o focinho na “conversa”, como se quisesse dizer: “Ei, eu também estou aqui”.
Mas Mabel certamente é muito mais ciumenta. Ela não gosta nem da presença do gato da família, que é bastante independente e passa a maior parte do tempo explorando o quintal – ou dormindo. O bichano, no entanto, sofre com otites e precisa regularmente de medicamentos, mas a golden retriever não suporta a ideia de vê-lo no colo da mãe, recebendo atenções indevidas.
O acidente
Os irmãos vivem entre tapas e beijos. Milo precisa ter as sobrancelhas tosadas regularmente, porque os pelos crescem sobre os olhos e atrapalham a visão. Mas, para executar a tarefa, Carrie não pode se esquecer de também aparar os pelos de Mabel, mesmo que a golden retriever não precise deste cuidado.
Depois dos primeiros meses, a dupla acabou se acostumando com a presença um do outro. Eles dormem sempre juntos, brincam e se divertem o tempo todo, até que Mabel considere que a intimidade está sendo excessiva. Então, ela faz de tudo para afastar o irmão.
Milo, ao contrário, adora as brincadeiras e tolera até mesmo as ações do gato, mesmo quando ele afia as garras no dorso do amigo. Mabel apenas observa a interação, sempre exibindo um ar de reprovação, já que ela nunca gostou do bichano. A golden retriever, seja como for, é quem manda no pedaço, mesmo que Milo e a gato sejam muito mais rápidos e ágeis.
Há algumas semanas, durante a caminhada diária – em que ora Milo, ora Mabel tentam imprimir um ritmo próprio para a marcha – o goldendoodle acabou machucando a pata. Os dois cães já estavam voltando para casa, lutando enquanto corriam, quando Carrie foi surpreendida por um ganido e logo observou uma mancha de sangue sobre a neve.
Rapidamente, a tutora constatou que o “acidentado” era Milo. Ele sofreu um corte em uma das patas traseiras. Carrie voltou para casa, higienizou o local do ferimento e seguiu para o consultório do veterinário. Não foi nada grave, mas Milo precisou ter a pata enfaixada e imobilizada por vários dias.
Milo permaneceu caminhando com dificuldade e, aparentemente, descobriu um novo talento: mostrar-se como vítima para exigir um tratamento diferenciado. De qualquer maneira, o curativo tinha de ser trocado duas vezes por dia e, com isso, o goldendoodle, bastante manhoso, passou a receber um pouco mais de atenção.
Foi o suficiente para despertar toda a ira canina de Mabel, que não suportou a ideia de ver o irmão com a pata enfaixada e tornando-se, mesmo sem querer, o centro das atenções. Para Carrie, ficou difícil higienizar o corte e trocar a faixa, porque a golden retriever se colocava entre Milo e a tutora, exigindo a sua cota de atenção.
Logo no primeiro curativo, quando Carrie chamou Milo para examinar o ferimento e trocar a faixa, Mabel demonstrou claramente os seus sentimentos: ao se deparar com a caixinha de primeiros socorros e perceber que era o goldendoodle que seria cuidado, ela se posicionou entre o irmão e a tutora, dizendo sem palavras: “Trate de mim primeiro, depois você cuida dele”.
Carrie tentou ignorar. Fez um carinho rápido na cachorra e voltou a atenção para Milo. Mabel apenas observou, mas, quando o curativo estava pronto, ela voltou a ocupar a cena, encarando a tutora, talvez para dizer: “Agora é a minha vez”.
A solução encontrada por Carrie para superar o obstáculo – o ciúme excessivo de Mabel – foi enfaixar a pata totalmente saudável da cachorra. A golden retriever chegou a ensaiar alguns passos mancando, mas ela só fez isso na presença da tutora.
Mabel ainda recebeu alguns beijos e abraços depois de ter a pata enfaixada com uma gaze. Nos dias seguintes, a cachorra voltou a receber cuidados de enfermagem, que foram mantidos até que Milo recuperou os movimentos e voltou a circular livremente.
Ao The Dodo, site especializado em histórias de pets, Carrie afirmou: “Eu simplesmente tive de rir da situação e de mim mesma. Durante várias noites, Mabel fez questão de demonstrar que também precisava do curativo, e passava boa parte do dia com a pata enfaixada”.