Cachorro sempre com fome: como resolver?

Pode ser apenas um hábito, mas é preciso resolver. Veja o que fazer com um cachorro sempre com fome.

A alimentação dos cães é uma das principais preocupações dos tutores. Os filhotes precisam se alimentar duas ou três vezes por dia e os adultos, uma ou duas vezes, de acordo com o porte e o nível de atividade física. Pode parecer pouco, mas, na natureza, não é todo dia que os animais encontram presas para caçar; em casa, é preciso manter a forma física, para evitar problemas de saúde.

Portanto, eles não ficam famintos por passar 12, 18 ou 24 horas sem receber determinada quota de ração. Quanto um cachorro se mostra sempre com fome, é preciso investigar os motivos, para tentar resolver o problema da melhor maneira possível – e também o mais rápido possível.

Outro fato a que é preciso estar atento: cachorros não podem receber alimentos preparados para humanos. O sal, óleos vegetais e condimentos que usamos na cozinha são extremamente prejudiciais aos nossos pets e alguns ingredientes corriqueiros na nossa culinária podem inclusive ser fatais.

Cachorro sempre com fome: como resolver

Motivos do cachorro estar sempre com fome

O motivo mais frequente para um cachorro estar sempre com fome é o hábito. Os tutores oferecem mais alimento do que o necessário, não resistem ao olhar pidão quando fazem uma refeição ou tomam um aperitivo e os cães passam a acreditar que precisam e merecem receber muito, muito alimento.

Um cachorro que olha insistentemente para os tutores, parecendo implorar por um pedaço de pão ou outro petisco qualquer – como se estivesse há dias sem se alimentar -, está apenas reproduzindo um comportamento da alcateia.

Os grupos de lobos são extremamente sofisticados e estratificados até na hora de comer: primeiro, os líderes, depois as fêmeas principais, os demais caçadores, os jovens e filhotes e, por último, os “agregados” – lobos que eventualmente tenham sido incorporados ao grupo.

A comida disponível, no entanto, nem sempre é suficiente para todos. Por isso, enquanto o macho alfa se alimenta, todo o bando fica esperando a vez. Caso ele demore, os demais “lembram” o chefe, com latidos, uivos e caras tristes: eles não podem demonstrar ferocidade ou qualquer possibilidade de confronto.

Em casa, porém, isto não é necessário. Tutores responsáveis oferecem rações de qualidade, com todos os nutrientes necessários. Os peludos devem se acostumar a comer apenas quando a ração é servida, mesmo que eles repitam outras condutas da selva.

Os petiscos são desnecessários. Eles são úteis apenas durante a fase de treinamento dos comandos básicos – ou de ordens mais complexas (no caso de um treinamento de agility, por exemplo). Depois que os cachorros incorporam as atitudes e gestos esperados, os petiscos podem ser dispensados, ou oferecidos apenas em momentos especiais, para reforçar os elos.

Cachorros podem ser extremamente manipuladores. Caso eles percebam algumas fraquezas nos tutores, certamente tentarão explorá-las em benefício próprio. Em casos raros, eles chegam a tentar assumir a chefia, ocupar a posição “alfa” da matilha (é assim que eles entendem o nosso relacionamento social) e passam a disputar com os próprios tutores..

Quando eles recebem um alimento qualquer – especialmente quando não é um alimento deles, como ração, biscoitos para cães, ossinhos, etc. –, os cachorros inicialmente entendem como uma recompensa, um privilégio.

Mas, se a situação se torna corriqueira, os peludos identificarão um “lado fraco a ser explorado” e usarão as técnicas aprendidas para convencer os tutores a cederem, a relaxarem as regras alimentares da família. Farão caras de coitados, capricharão nos olhos compridos, se especializarão na proposta de ser pedintes. Aí, haja despensa para satisfazer os desejos de um cachorro: ele estará sempre com fome.

Na verdade, ele estará sempre no controle da situação. Em condições normais, os pets gostam da ideia de serem subordinados aos tutores. Isto significa abrigo, alimento, segurança e prazer. Quando a situação se inverte, eles podem se tornar inseguros – afinal, raciocionando com os peludos, eles assumiram a chefia – e esta não é a melhor posição.

Pensando objetivamente, os cachorros bem cuidados nunca ou quase nunca sentem fome. O que eles têm é um apetite tremendo. Fome é uma necessidade fisiológica, um aviso do organismo de que são necessários alguns (ou muitos) nutrientes para o corpo continuar funcionando.

Já o apetite descontrolado é a vontade de sempre querer comer mais e mais, independente das necessidades orgânicas. É uma forma de controle, uma tentativa não muito bem-sucedida de atrair a atenção dos tutores, uma forma de combater o tédio.

Verifique se o seu cachorro está passando muito tempo sozinho. Ele pode querer compensar a solidão com comida – especialmente se conseguir retirá-la diretamente de você. Se ele fica sozinho e sem nada para fazer, é muito provável que a comida se torne uma muleta psicológica, uma forma de fazer o tempo passar mais rápido.

Isto poderia ser até positivo, uma vez que cachorros entediados podem se tornar territorialistas, destrutivos, ciumentos e até mesmo agressivos. Porém, surge um problema grave: se o cachorro come mais do que precisa para as suas necessidades, ele vai ganhar alguns quilos. Isto pode não ser notado de imediato, mas prejudica a qualidade de vida dos pets.

A regra é simples: os cachorros (e nós também) precisam ingerir as calorias proporcionais à sua capacidade de queimá-las, isto é, de produzir energia para as funções vitais das células. Se comerem muito, desnecessariamente, eles fatalmente irão engordar.

O sobrepeso e a obesidade são condições perfeitas para o desenvolvimento de diversas doenças, como distúrbios respiratórios, cardíacos e vasculares, disfunções renais, pancreáticas e hepáticas, diabetes tipo 2 e síndrome de Cushing, além de reduzir a capacidade física para as atividades cotidianas. No médio prazo, o peso extra compromete a saúde e prejudica o bem-estar dos peludos.

Os vermífugos

Mas um cachorro sempre com fome pode indicar que não está absorvendo os nutrientes necessários para a sua faixa etária. É necessário investigar, porque ele pode estar com vermes; muitos parasitas “roubam” a maior parte dos nutrientes e os cachorros desenvolvem carências e as doenças decorrentes.

Para cães adultos, não existe uma frequência predeterminada para a vermifugação. Isto ocorre porque alguns parasitas são sazonais, mais comuns em certas épocas do ano. Como regra geral, os animais adultos precisam receber vermífugos uma vez por ano.

Preferencialmente, de acordo com os hábitos, os peludos devem ser submetidos a exames de fezes até duas vezes por ano, no caso de animais que passam a maior parte do dia em ambientes externos (não necessariamente na rua, a passeio ou trabalho).

No caso de infestações, o tratamento contra os principais vermes (os ancilostomídeos Toxocara canis, Ancylostoma sp. e Trichuris vulpi e os cestódeos Taenia saginata, Taenia solium e Dipylidium caninum) quase sempre é feito em dose única (de acordo com o porte e idade do pet), seguida de um reforço depois de duas ou três semanas.

As fêmeas devem ser vermifugadas antes do acasalamento e no terço final da gestação. Caso isto não possa ocorrer por qualquer motivo, as cachorras devem receber vermífugos juntamente com os filhotes, para não transmitir vermes durante a fase da amamentação.

Para os filhotes, o tratamento preventivo deve ter início o mais cedo possível, entre a segunda e a terceira semana de vida. A medicação precisa ser repetida a cada 15 dias até a oitava semana de vida, podendo ser necessário estendê-la até os três meses, caso seja detectada a presença de vermes nas fezes (ou, eventualmente, em um exame de laboratório).

Compulsão alimentar

Este distúrbio, também conhecido como polifagia ou hiperfagia, é caracterizado pela fome excessiva, descontrolada. O problema pode ter origens orgânicas – como um desequilíbrio hormonal – ou emocionais, como estresse, depressão, ansiedade, carência afetiva, etc.

A compulsão alimentar (que requer diagnóstico e tratamento por parte de um especialista) é mais frequente nos animais competitivos, que exigem a presença e a atenção dos tutores durante boa parte do dia. Ela também pode ser disparada por mudanças na casa, como a presença de estranhos ou mesmo a chegada de um bebê humano.

O problema é relativamente comum em casas com dois ou mais pets. O animal doente passa a roubar a comida do gato ou do outro cachorro, compete excessivamente pela atenção e pode se tornar agressivo; quase sempre, ele escolhe apenas um dos tutores “para chamar de seu”.

Um cachorro compulsivo:

• passa a ter gradualmente respiração ofegante, salivação excessiva, náuseas e vômitos;

• exibe um comportamento inquieto: parece que não encontra posição para descansar e está sempre vigilante demais;

• o abdômen se apresenta inchado e o animal pode ter dores no ventre, hipersensibilidade ao toque, flatulência e até diarreias.

Um compulsivo alimentar pode inclusive sofrer com distúrbios gastrointestinais. Ele pode desenvolver úlceras, tumores malignos e benignos e até torção gástrica. Por isso, é importante levar o pet ao veterinário sempre que ele sofrer com distensão abdominal frequente. A compulsão quase sempre é um transtorno caracterizado, que tem início a partir de alguma alteração no ambiente.

Cachorro sempre com fome – O que fazer?

O diabetes tipo 2 e alguns distúrbios da tireoide também podem provocar o aumento do apetite. Por isso, se a fome excessiva surgir em um cachorro que não tem o costume de exagerar no prato e implorar um pedaço do lanche que você está comendo, o melhor a fazer é procurar um veterinário. Alguma coisa está errada na saúde, e esta coisa pode ser grave.

O veterinário também pode verificar se a ração oferecida para o pet satisfaz as necessidades nutricionais (caso contrário, a marca precisará ser substituída). Um especialista poderá indicar snacks menos calóricos, de acordo com a idade e as condições gerais de saúde do peludo.

Na maioria dos casos, cachorros sempre com fome são resultado de um longo processo de aprendizado. Eles descobrem formas de ganhar alimento (e atenção) e passam a usá-las em todas as oportunidades possíveis.

Felizmente, cachorros são animais inteligentes. Se eles aprenderam algo errado, podem desaprender e trocar a conduta por hábitos mais saudáveis ou, pelo menos, neutros. Cães sempre com fome foram sensibilizados a exibir esta conduta e, portanto, a resposta é a dessensibilização.

Não importa a idade: qualquer cachorro pode deixar de receber petiscos e lanches extras. O que se deve fazer é ignorar os acenos que eles não param de emitir. O tempo para que o mau comportamento seja eliminado depende do temperamento do pet, assim como as possíveis respostas que ele dará.

Ele poderá ficar mal humorado por alguns dias. Tentará não dar atenção aos tutores ou, pelo menos, não ficará tão disponível como de costume. Alguns poderão ficar ariscos. Tudo isso é natural; afinal, eles estão sendo privados de alguma coisa que, durante um tempo mais ou menos longo, foi um direito “quase” natural.

É mais provável que os tutores sofram mais neste período de readequação, mas é necessário refletir que isto está sendo feito para o bem dos pets, para preservar a saúde deles. Os petiscos podem ser substituídos por brincadeiras, passeios mais longos, um pouco mais de companhia em algum momento do dia.

É importante lembrar que, muitas vezes, os cachorros apenas imitam as atitudes dos tutores. Desta forma, se os tutores ocupam boa parte do tempo com lanches extras, é natural que eles também achem que estas refeições sejam necessárias ou, pelo menos, aceitáveis.

A reeducação alimentar, nestes casos, irá fazer bem para o cachorro e o tutor. Ambos deixarão de ingerir calorias desnecessárias – comer mais calorias do que o corpo queima naturalmente é o caminho para o sobrepeso.

Talvez seja necessário desviar a atenção do cachorro. Eles não se importam muito com a aparência dos alimentos, mas o cheiro os estimula bastante. Por isso, caso o seu peludo passe muito tempo na cozinha, acostume-o a ficar na sala ou no quintal. Providencie brincadeiras e estímulos para que ele não fique o tempo exposto a aromas e sabores.

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