Um cachorro pode interpretar um carro como um invasor. Veja como reverter este hábito.
Cachorros são territorialistas e defensores fiéis da família. Para eles, não apenas carros, mas até mesmo motos e bicicletas representam um perigo em potencial. Sem entender que são meios de transporte, os animais podem identificá-los como um perigo em potencial.
As inconveniências do hábito de correr atrás de carros são muitas. Em primeiro lugar, o cachorro pode ser atropelado ou maltratado por motociclistas e ciclistas. Os vizinhos também não veem com bons olhos os latidos intermináveis a cada veículo que passa. Isto pode ser a fonte de muitos conflitos e mesmo de agressões. O animal também pode atacar e morder uma pessoa, em alguns casos com consequências catastróficas.
Nem todos os cachorros exibem este comportamento. Para muitos, o trânsito à frente da casa não desperta nenhum interesse. Outros só começam a latir e correr (se tiverem oportunidade) depois que ouvem as “manifestações” dos colegas de rua (ou da própria família).
Os motivos
O mecanismo que faz um cachorro correr atrás de carros é o mesmo que desperta a “fúria indomável” com a aproximação de carteiros, prestadores de serviços e entregadores do portão, e mesmo de simples transeuntes que passam por nossa calçada. Se eles tiverem oportunidade de escapar para a rua, terá início uma perseguição.
Uma das principais tarefas assumidas pelos caninos quando eles – ou seus ancestrais – se reuniram a nós foi o auxílio para a caça e defesa das cavernas, tendas e aldeias. Estes instintos, apesar de terem se desenvolvido há milhares de anos e praticamente não terem utilidade hoje em dia, permanecem ativos para qualquer emergência.
E, no entendimento dos cães, um carro se aproximando é uma emergência bastante concreta, que precisa ser combatida. Em outros casos, eles entendem que o carro é uma presa a ser abatida. Incentivamos estes animais, durante séculos, a perseguir a caça – e pode ser isto que eles estão fazendo.
Algumas raças caninas foram desenvolvidas para monitorar o gado bovino e ovino, impedindo que os animais se dispersem ou sofram ataques de predadores. Estes animais, ao correr atrás de um carro, simplesmente estão tentando trazer o “fujão” de volta para o rebanho.
No caso de carros e motos, que se afastam rapidamente – afinal, eles estão apenas de passagem –, os cachorros experimentam uma sensação de poder, sentindo que afastaram um risco real da residência. Utilizando as suas armas – latidos, rosnados e corridas –, eles garantiram a segurança dos parentes. Se nada for feito, esta atitude tende a ser reforçada, e isto pode tornar os animais mais bravos.
No caso de o carro perseguido for o seu, a solução é simples: ao perceber o importuno se aproximando, simplesmente pare o carro e espere que ele se aproxime. Com raras exceções, um cachorro não consegue provocar danos a um veículo. Ele irá entender que, desta vez, a estratégia para afugentar o invasor não deu certo.
A prevenção
Quem tem um cachorro que corre atrás de carros deve começar a combater o mau hábito com a prevenção. Um dono responsável não deixa o animal solto na rua, com todos os perigos que isto acarreta. Se o muro da casa for baixo, permitindo que o pet pule o escale, a solução é confiná-lo em outro ambiente da casa, onde não seja possível importunar os passantes – motorizados ou a pé.
Em função de sua posição de guardiães e protetores, os cachorros ficam muito ansiosos nas suas atividades de vigilância, mesmo que não haja necessidade disto (e a ansiedade é um dos principais motivos para correr atrás dos carros).
Os passeios e brincadeiras diárias ajudam a canalizar as energias para atitudes mais positivas, além de deixar os animais um pouco mais cansados. Mesmo assim, o treinamento do cachorro desde filhote é fundamental para evitar esta dor de cabeça e muitas outras, como agressividade e mesmo timidez ou medo excessivo que, uma vez instaladas, têm a supressão dificultada.
Os passeios também ajudam a demonstrar que os veículos não são uma ameaça. Em uma volta no quarteirão, os cachorros visualizarão dezenas de carros e, aos poucos, a tranquilidade dos donos convencerá os perseguidores que esta tarefa é desnecessária.
No entanto, caso eles tentem escapar da corrente ou guia para correr atrás dos carros, os cães devem ser reprimidos severamente. Na relação humano-cachorro, a autoridade é sempre do humano. Se o animal entender que é o “rei do pedaço”, ele continuará com o hábito e também com outros considerados inadequados.
A correção
Quando o hábito está muito entranhado, pode ser necessário manter o animal preso a uma corrente ou em um ambiente confinado, soltando-o apenas durante a noite, caso o cachorro seja empregado para manter a segurança da residência ou de uma empresa.
Nos cães jovens, no entanto, a má conduta pode ser corrigida com medidas simples. Quando, à aproximação de um carro, eles apresentarem sinais de alerta (elevando as orelhas, por exemplo), a atenção deve ser desviada, com elogios, um petisco ou um brinquedo. Esquecido o motivo da “agressão”, o comportamento adequado vai sendo reforçado pouco a pouco.
Com animais hiperativos, podem ser obtidos bons resultados com exercícios físicos mais intensos. O frisbee pode ser praticado no quintal ou jardim. Um parque também é uma boa opção, desde que eles tenham boa interação com estranhos. Bem mais barato, atirar bolas e gravetos para pode resolver o problema.
Exercícios de adestramento são igualmente úteis. O agility (percurso com obstáculos e túneis, onde o condutor e o cachorro competem juntos) e o flyball (corrida entre duas equipes com quatro cães participam em pistas diferentes) são boas opções, independente do porte dos caninos.
Minha vida morreu assim… Adotei outras duas e adestrei