Estudo canadense conclui que afagar cães e brincar com eles deixa estudantes menos estressados.
Qualquer pessoa que convive com um cão sabe que ele é o melhor amigo que se possa ter. Esta é uma constatação feita há milênios. Diversas pesquisas atestam este fato e, recentemente, um estudo conduzido em uma universidade canadense demonstra que acariciar cachorros e brincar com eles produz forte impacto positivo sobre os estudantes.
O estudo foi conduzido por uma equipe liderada por John Tyler Binfet, professor titular da Universidade de Colúmbia Britânica, diretor do Centre for Mindful Engagement, do campus de Okanagan da instituição acadêmica. Os resultados foram publicados em agosto de 2021.
Binfet é também diretor do programa Building Academic Retention Through K-NIne – BARK (construindo retenção acadêmica, em português). Em suas conclusões do estudo, o professor afirmou: “Sabemos que passar um tempo com cães de terapia é benéfico, mas não sabíamos o motivo”.
Cães são terapias
Os pesquisadores organizaram um grupo com 284 estudantes da universidade, que se voluntariaram para a pesquisa. Os alunos foram divididos em três grupos: o primeiro deles tinha autorização para interagir livremente com cães de terapia, sem restrições.
Já o segundo grupo podia interagir com os animais, mas não tinha autorização para tocá-los. O terceiro grupo de controle desenvolveu atividades com um adestrador de cães, mas não entrou em contato direto com nenhum animal.
Antes de dar início ao experimento, os pesquisadores submeteram os estudantes a entrevistas, nas quais foram inquiridos sobre o bem-estar geral, incluindo questionamentos sobre conexão social, integração no campus universitário, felicidade, saudades de casa, afeto, solidão e estresse.
No decorrer da pesquisa, todos os estudantes envolvidos nas atividades demonstraram algum grau de melhora na interação e nas habilidades sociais – os próprios voluntários se autoavaliaram -, mas apenas os que puderam acariciar os cães obtiveram melhoras em todas as categorias observadas.
O estudo foi suficiente para que os pesquisadores concluíssem: intervenções mediadas por cães terapeutas melhoram significativamente o bem-estar dos participantes. Resultados positivos foram observados inclusive no grupo que apenas ouviu um adestrador apresentar as habilidades dos peludos.
Os melhores resultados, no entanto, foram mensurados entre o grupo de controle com interação ativa com os cães – ou seja, os estudantes que puderam acariciar os peludos e brincar com eles. De acordo com Binfet, estes voluntários apresentaram melhorar em todas as categorias de bem-estar avaliadas no estudo.
Os pesquisadores sugerem que outras instituições universitárias do país adotem programas de saúde e bem-estar, especialmente neste momento em que os estudantes retornam aos campi para atividades presenciais, depois da suspensão provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Binfet é taxativo ao afirmar que o contato com os cães de terapia é uma excelente alternativa para manter os níveis de estresse sob controle. A Universidade de Colúmbia Britânica está proporcionando programas de intercâmbio com outras instituições de ensino.
De acordo com o pesquisador Binfet, o programa com os cães é um método infalível pela reduzir o estresse e a ansiedade causados pelas grandes mudanças geradas pela vida acadêmica. Ele recomenda expressamente: “durante os programas, certifique-se de fazer uma hora de abraço canino”.
Mais estudos
Outras pesquisas com a interação entre caninos e humanos já demonstraram os benefícios. Em maior de 2021, um estudo detalhado sobre o assunto, publicado na revista Anthrozoos, demonstrou que programas de gerenciamento do estresse com o emprego de cães de terapia não apenas são capazes de reduzir a ansiedade, mas também de melhorar as capacidades cognitivas.
Os resultados foram comparados a outros programas, que não envolvem animais. Afagar e fazer carinho em cães de terapia por apenas dez minutos ajudar a reduzir o estresse no curto prazo. A ênfase a “cães de terapia” é dada em função de estes animais serem adestrados para aceitar a interação humana naturalmente, sem demonstrar medo nem agressividade.
Este estudo teve duração de quatro semanas consecutivas e a melhora do poder do cérebro persistiu por pelo menos quatro semanas – a segunda análise foi objeto de artigo publicado no jornal da “AERA Open”, da American Educational Research Association (AERA), dos EUA.
O estudo da AERA foi conduzido por Patrícia Pendry, médica americana que pesquisa os impactos dos relacionamentos na saúde e bem-estar. Pendry afirmou que os resultados foram muito expressivos. Os alunos em maior risco foram justamente os que tiveram as maiores melhorias na produção cognitiva, depois da interação com os cachorros.