Os cachorros não falam, mas sabem se expressar. Confira algumas dicas para entender o seu melhor amigo.
O corpo fala, diz o ditado. Realmente, é possível comunicar-se através da linguagem corporal. Se você conseguir decifrar este idioma sem palavras, poderá entender melhor o seu cachorro. Compreender os sinas que o seu pet transmite é a chave para um relacionamento harmonioso e prazeroso.
Em termos de desenvolvimento emocional, o cérebro dos cachorros é muito semelhante ao de uma criança de três anos. Eles conseguem sentir alegria, medo ou raiva – e conservar a memória destes sentimentos –, mas não estão habilitados a processos mais complexos. Por isto, na sentem inveja, vergonha ou culpa. No máximo, conseguem entender que fizeram algo errado.
01. Os sons
Os sons graves e de baixa frequência, como as rosnadas, indicam agressividade – provavelmente, diante de uma ameaça real ou presumida, mas também como defesa depois da exposição repetida a situações traumáticas. Por exemplo, um cão que sempre sofreu maus tratos rosnará para qualquer humano, por entender que nós somos ameaças em potencial.
Os sons agudos (quase sempre alegres) possuem significado mais amplo. Dois ou três latidos rápidos e isolados podem significar um “olá” – é assim que eles nos cumprimentam quando nós acordamos ou retornamos para casa.
Uma sequência de dois ou três latidos agudos, seguida de uma pausa curta e uma nova sequência, é ima forma de “chamar a matilha”. Nestes casos, os cães estão querendo dizer que encontraram alguma coisa interessante (de forma positiva ou não), que merece ser analisada pelos outros membros do bando, inclusive o líder (que, nas famílias bem ajustadas, é você).
Latidos prolongados indicam que o cachorro está se sentindo sozinho, isolado ou abandonado (mas talvez ele apenas queira companhia). Já os latidos sem parar podem indicar urgência: o pet está querendo alertar a família sobre algum fato inesperado.
Os cachorros também latem quando sentem dores físicas. Ganidos e uivos prolongados podem estar associados a algum mal-estar ou desconforto. Examine a situação, verifique se ele está se escondendo e, se for o caso, leve-o para o veterinário.
02. Diálogos entre espécies
Conversar com nossos cachorros é uma boa maneira de fortalecer os vínculos. Em média, eles conseguem entender o significado de 200 a 300 palavras, mas compreendem ainda melhor a entonação e o timbre com que a fala é pronunciada. E respondem com latidos, rosnadelas, uivos, choros, etc.
As conversas são a melhor maneira de descobrir as formas individuais de comunicação dos pets. Nos “diálogos”, será possível perceber a intenção de cada som proferido por eles, independente da linguagem universal canina.
Ainda não está comprovado, mas parece que os cachorros conseguem entender o nosso estado de espírito, a nossa disposição. Eles “leem” o nosso estado emocional e providenciam o necessário: correr e latir para brincar, aconchegar-se aos nossos pés quando estamos cansados, fugir quando pressentem uma briga e até ouvir música – eles têm preferências individuais.
03. A destruição
Cachorros não são animais destrutivos. Apesar de não entenderem a utilidade da maioria dos objetos que usamos, eles costumam respeitar os objetos da casa, mesmo que sejam deixados ao alcance das patas e dentes dos peludos.
Na verdade, os cachorros não dão muita importância para os nossos pertences. Eles conseguem entender a utilidade de um cobertor nos dias frios, mas para que serve uma calça comprida em um dia quente, uma manhã de Sol? Em geral, eles ignoram nossas roupas, calçados, objetos de decoração, utensílios domésticos, etc.
Então, por que algumas vezes nós somos surpreendidos com um par de chinelos destroçado ou um pé de mesa destruído? Esta é também uma forma de comunicação. Não é das mais eficazes – a atitude mais comum dos tutores é uma bronca (às vezes, até uma agressão física) –, mas os cães estão indicando que também têm limites.
Quando eles se tornam destrutivos, estão querendo dizer que não gostam de ficar sozinhos por horas seguidas – nem merecem este abandono. Eles se sentem entediados, até mesmo abandonados. Por isso, quando você sair de casa, deixa alguma distração para o pet: um brinquedo, um petisco escondido, um aparelho de som ligado. Ele ficará entretido, cochilará a maior parte do tempo e o momento do retorno dos tutores será transformado em uma hora de imenso prazer. Sem destruição nenhuma.
04. Os olhos
Eles já foram chamados de janelas da alma. Entre os cães, os olhos têm muito a dizer. Pálpebras relaxadas, com olhos em forma de amêndoas, indicam que o pet está tranquilo e calmo, sem perceber alterações na rotina e nos arredores da casa (eles percebem sons e aromas com muito mais acuidade do que nós).
As pupilas dilatadas indicam que os cães estão muito excitados ou foram pegos de surpresa. Esta condição pode surgir durante as brincadeiras ou quando um barulho súbito quebra o silêncio do ambiente. Evidentemente, pupilas sempre dilatadas requerem avaliação médica.
Quando um cachorro começa a revirar os olhos, mostrando a parte branca, é sinal que ele está muito tenso. Alguma coisa está seriamente errada. Normalmente, ele tenta avisar com latidos e com muita agitação. Se eles forem animais equilibrados, a condição indica algo muito estranho ou diferente nas imediações.
05. O movimento
Os cachorros não costumam se dirigir às pessoas em linha reta. O movimento é sinuoso, como se eles estivessem andando sobre uma curva sinuosa. Avançar em linha reta indica a grande possibilidade de um ataque – trata-se de um cão agressivo ou que está acuado por um motivo qualquer.
A aproximação em ziguezague indica que o cachorro é amistoso e está querendo brincar (ou travar contato, no caso de se tratar de um estranho). Na verdade, esta é a forma com que os lobos se aproximam uns dos outros na natureza – nem tão diretamente, que pareça provocação, nem tão indiretamente, que pareça medo. A menos que eles sejam realmente submissos ou estejam querendo tomar a posição de liderança.
Um cachorro parado também pode estar querendo transmitir uma mensagem. Verifique onde ele está. Perto da porta, provavelmente está indicando que é hora do passeio. Na cozinha, ele está com fome. Quando mais agitado ele estiver, mesmo sem sair do lugar, o cachorro está indicando a urgência (muita fome, muita vontade de passear).
06. O corpo
Confira a seguir algumas dicas de como o cachorro usa o corpo – inteiro ou apenas algumas partes – para se comunicar com os tutores e com outros cães (e até mesmo gatos).
Nós perdemos este apêndice há alguns milhões de anos, mas o rabo dos cachorros continua positivo e operante. Por falar nisso, cortar a cauda de cães é uma prática proibida no Brasil pela Lei de Crimes Ambientais: os responsáveis podem ter de arcar com multas e responder a processos criminais.
• Parado, com as orelhas em pé e voltadas para frente – é um momento de investigação. O cachorro detectou um ruído, cheiro ou estímulo visual e entende que precisa identificá-lo. Os cães estão sempre alerta, e sons, aromas e visões diferentes podem representar perigo. Seja como for, é um sinal que demonstra a curiosidade natural destes pets.
• Orelhas curvadas para baixo, aderidas à cabeça – é um sinal de medo. Alguma coisa o está incomodando e ele demonstra precisar de ajuda para entender o que está acontecendo. Ele também pode estar na defensiva. Isto acontece, por exemplo, na presença de pessoas estranhas.
• Parado, com os olhos bem abertos e atentos – o cachorro está tentando chamar a atenção do tutor. Pode ser também uma espécie de desafio, para testar a liderança e geralmente ele espera uma resposta firme, para confirmar a hierarquia da “matilha” (para os cães, nós todos que convivemos com eles fazemos parte do bando).
• Olhos piscando – geralmente, este comportamento vem acompanhando do rabo abanando. É um sinal de felicidade. Ele está dizendo: “Ei, amigo, estou pronto para brincar”. No entanto, se o movimento de abrir e fechar os olhos é muito rápido, é possível que ele esteja com algum problema ou desconforto nos olhos. Pode ser apenas poeira, mas é preciso ficar atento.
• Rabo entre as pernas – a descrição já diz tudo. A posição indica medo ou desconforto. O cachorro teme que alguém o machuque. Se esta posição se repete sem causas objetivas, verifique outros sinais, porque o pet provavelmente terá de ser levado a veterinário.
• Rabo para baixo – se o cão abana o rabo lentamente, com a ponta direcionada para baixo, ele não está entendendo o que se espera dele. Se o abano for rápido, também apontando para baixo, ele está dizendo que é submisso ao tutor e acatará as ordens e comandos.
• Rabo ligeiramente apontado para cima – quando a cauda fica um pouco acima da linha do tronco e o cão faz batidas ligeiras, ele está desafiando a autoridade. Provavelmente, porque ele considera estar no controle da situação.
• Bocejos frequentes – indica desconforto, irritação ou nervosismo. Alguma coisa está perturbando a ordem natural das coisas. Pode ser também um aviso para que determinadas atitudes sejam eliminadas (uma criança brincando com o rabo e as orelhas, por exemplo).
• Ainda os bocejos – muitas vezes, os bocejos surgem quando os pets estão no meio de outros cães adultos desconhecidos. Mas, se ele boceja logo depois do tutor, isto é um sinal de uma ligação afetiva estreita. Uma variação canina da história que diz que os bocejos são contagiosos.
• Lambidas no focinho – apesar de aparentemente ser um gesto banal, os cães lambem o próprio focinho quando se sentem estressados, sob pressão ou em perigo. É possível que eles estejam “limpando o olfato”, para captar melhor as situações ao seu redor.
• Em pé, com as pernas retas – a posição indica que o cachorro está confortável, apesar de muitos tutores acharem que ele devia se sentar para descansar melhor. Quando ele apoia o corpo mais nos braços, é sinal de que está pronto para saltar – talvez, no seu colo. Pernas tensas indicam que ele vai sair em disparada, começar a correr a qualquer momento.
• Dentes à mostra, sem rosnar – esta é a primeira atitude adotada pelos cachorros para demonstrar o seu território. Normalmente, eles mostram os dentes na frente de estranhos ou de pessoas “abusadas” (a criança que brinca demais ou a visita que abre a geladeira sem cerimônia).
• Mais dentes – dentes também são mostrados durante as refeições, para demonstrar a quem pertence aquela tigela de alimento. Muitos cães podem repetir o gesto quando estão com brinquedos, quando alguém se aproxima perigosamente da “sua” almofada, ou quando outros animais são introduzidos na casa.
• Barriga para cima – quando um cachorro se deita de costas e abre as pernas perto de você, está demonstrando confiança total. O cão está alegre e confiante. Caso ele receba um afago na barriga nestes momentos, sentirá que está sendo elogiado pelo tutor. É uma forma de manter e fortalecer a confiança mútua da parceria. Ele também faz isso com outros parceiros, como cães e gatos.
• Cabeça no joelho – com esta atitude, o cachorro pretende chamar a atenção. Esta atitude é muito reservada: apenas alguns membros da família merecem este tipo de contato. Esta é uma forma de ele dizer o que está precisando – ele pode repetir o gesto quando sente fome, ou quando está chegando a hora do passeio.
• Pata no joelho – colocar uma pata no joelho do tutor é uma atitude drástica: o cachorro precisa com urgência indicar que alguma coisa está errada ou diferente. Se o cão faz isso sempre, é provável que você seja muito desligado e ele queira tomar a posição de liderança. Caso isso aconteça, olhe firmemente nos olhos dele e retire a pata: defenda a sua posição de alfa da matilha.
• Braço levantado – é uma forma de o cachorro demonstrar que ele quer ou precisa de alguma coisa – um petisco, um brinquedo ou um afago. O gesto é comum também entre os lobos e é a maneira que muitos cães desenvolvidos para a caça na Inglaterra e Escócia usam para indicar uma presa nas proximidades.
• Focinho nas mãos – quando um cachorro aproxima o focinho das mãos do tutor (eles não fazem isto com pessoas estranhas ou não muito próximas), ele está pedindo carinho, aconchego. Na verdade, ele quer sentir-se parte da matilha. É uma forma de reafirmar a relação de pertencimento.
• Sacudidelas rápidas – esta é a melhor forma de secar os pelos depois de um banho, uma chuva ou um brinquedo com a mangueira no quintal. Mas é também uma forma de se desestressar. Depois de cumprir uma tarefa, a sacudidela mostra que ele está disponível, pronto para descansar. É um gesto muito comum entre cães de trabalho, como boiadeiros, pastores, etc.
• De costas – é o contrário do que se possa imaginar. Quando um cachorro dá as costas para você, ele simplesmente está reiterando que confia muito em você. Ele pode até ficar de costas, sem ver o que está acontecendo, porque sabe que nenhum mal poderia vir dos tutores. Este é um gesto de extrema confiança.