O verão oferece diversas possibilidades de lazer, mas é preciso refrescar os cachorros no calor.
O verão é o clima ideal para brincar e passear com os cachorros, que precisam de atividades diárias para se desenvolver – e se manter – equilibrados, com saúde física e emocional. Os tutores, no entanto, precisam refrescar os cachorros no calor
No Brasil, os dias quentes se estendem por quase todo o ano. E, mesmo nos locais em que o inverno é mias rigoroso, basta a primavera começar a dar sinais de que está se aproximando para o Sol se mostrar generoso, convidando para atividades ao ar livre.
Por outro lado, insolação, desidratação, perda de fôlego e cansaço nunca são bem-vindos. São situações que prejudicam a saúde e inclusive geram mau humor. Mas, seguindo as dicas a seguir para refrescar os cachorros, é possível aproveitar e curtir o calor com eles.
Confira a temperatura
Os cachorros possuem um metabolismo diferente do nosso. A temperatura corporal dos peludos varia de 38 a 39,5°C e é importante conhecer a oscilação individual para saber quando está tudo bem – ou quando alguma coisa está errada.
Acostume-se a tomar a temperatura corporal do seu cachorro. A maioria dos termômetros disponíveis precisa ser introduzida no ânus (é necessário um equipamento específico para o pet). Confira a temperatura em repouso, durante as brincadeiras, em estados de excitação, etc.
Desta forma, você saberá quando o animal está bem e quando ele apresenta febre, um sinal de infecção ou inflamação. No calor, em casos de insolação, a febre é um dos primeiros sintomas que surgem.
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Ofereça os alimentos no final do dia, quando a temperatura estiver amena. O processo de digestão acelera o metabolismo dos cachorros e provoca aumento de temperatura.
Experimente as rações úmidas, que são mais palatáveis no calor e ajudam a manter a hidratação, e incentive os pets a comer frutas e verduras (certifique-se de que elas sejam adequadas para cachorros).
No caso de os tutores optarem por rações úmidas, é importante oferecer petiscos duros (como ossos sintéticos), para auxiliar na higiene bucal (a ração úmida costuma deixar restos na boca) e prevenir a placa bacteriana.
Nunca dê alimentos antes da atividade física, que certamente acelerará a digestão e poderá causar danos mais graves (como uma torção gástrica, por exemplo). O exercício, quando o organismo está em compasso de espera, concentrando energias para a digestão, pode causar aumento súbito da temperatura.
Os passeios
Todo tutor responsável sai preparado para os passeios com o cachorro. Além dos sacos plásticos para recolher as fezes (muitos pets só fazem cocô durante as caminhadas diárias), é preciso também levar uma garrafa de água, para hidratar o pet durante o percurso.
Esta estratégia é importante também para estimular os cães a beberem água, já que muitos se recusam a ingerir líquidos durante o dia.
Especialmente nos dias de calor, evite os horários com temperaturas muito elevadas. Sempre que possível, procure passear antes das 10h ou depois das 16h, lembrando que, entre 17h e 19h, a concentração de ozônio é maior e os pets podem ficar mais cansados.
Se o dia estiver muito quente, considere a possibilidade de usar calçados no seu pet. Ninguém merece passear sobre o cimento quente, especialmente descalço. É preciso acostumar os cães – nas primeiras tentativas, eles tentarão arrancar os sapatinhos.
Em algumas cidades brasileiras, o uso de focinheiras é obrigatório, para algumas raças, nos locais públicos. Se este for o seu caso, ou se o seu pet for pouco amigável, escolha acessórios que não impeçam o movimento da mandíbula do cachorro. Nossos peludos suam principalmente através da língua e, se não puderem abrir a boca, não conseguirão readquirir o equilíbrio térmico.
Fora de casa, procure sempre os caminhos com sombra, preferencialmente os gramados (não fique muito tempo com o pet no asfalto). Por alguns minutos sob o Sol, os cachorros ficam felizes e energizados, mas o excesso de exposição pode comprometer a saúde. Se estiver muito quente e for o único momento possível para o passeio diário, leve uma sombrinha ou guarda-sol quando sair de casa.
“Sistema de arrefecimento”
Em função do metabolismo mais acelerado, o organismo dos cachorros não se refresca tão rápido quanto o nosso. Eles precisam de mais tempo para retomar a temperatura corporal ideal. Portanto, não exagere na intensidade das corridas e brincadeiras.
É importante conhecer o ritmo de cada cachorro – que varia durante a vida: os filhotes são elétricos, os adultos alternam períodos de atividade e descanso e os idosos precisam de mais tempo de repouso.
Uma forma simples de checar a hidratação dos pets é dar um beliscão leve na região da nuca ou da cernelha (o ponto mais alto da coluna vertebral). A pele deve retomar a posição normal imediatamente. Caso surja uma ruga (sinal de falta de elasticidade) ou vermelhidão no local, o cachorro certamente está desidratado.
Além disso, os cães de algumas raças se cansam com mais facilidade. E, como o temperamento é individual – pessoal e intransferível – alguns pets simplesmente não gostam de correria. Eles preferem caminhadas tranquilas, preferencialmente na sombra.
Alguns cachorros gostam de se refrescar à frente de um ventilador. Ligue o eletrodoméstico em velocidade baixa e permita que os pets explorem a novidade (especialmente nos dias muito quentes e sem vento). Mas fique atento, porque alguns podem se amedrontar com a “novidade tecnológica”.
Nunca deixe o cachorro sozinho trancado em um automóvel (mesmo com um pedacinho da janela baixado). Em apenas alguns minutos de exposição ao Sol, a temperatura interna de um veículo pode subir mais de 6°C, levando a insolações, transtornos gastrointestinais e até à morte.
Água fresca e limpa deve ser oferecida durante o dia inteiro (esta é uma providência também para os dias frios). O bebedouro precisa ser renovado algumas vezes por dia e é importante lavá-los periodicamente com água e sabão, para afastar insetos mais comuns no verão, como moscas e mosquitos.
Introduza algumas brincadeiras para estimular o cachorro a se hidratar, como encontrar uma forma de abrir uma garrafa pet (com água e petiscos), usar bolinhas e gravetos umedecidos nos jogos de pega-objetos, etc.
Especificidades
Especialmente para os cães braquicefálicos (de focinho achatado e fôlego mais curto), os idosos e os convalescentes, procure não deixá-los expostos diretamente ao Sol quando a temperatura ambiente estiver acima dos 30°C. Nos quintais de casa, providencie algum tipo de proteção, para que eles tenham uma sombra.
Coloque alguns pedaços de frutas e verduras na água (que precisam ser substituídos rapidamente). Pedaços de coco e cenoura, gomos de laranja, maçã ou pera em cubos são excelentes opções para nutrir e hidratar os pets. Não exagere, para não provocar um aumento desnecessário e até prejudicial de glicose pelo cachorro.
Alguns pets apresentam tendência ao sobrepeso, enquanto outros estão gordinhos porque os tutores não resistem à tentação de oferecer petiscos desnecessários. Procure manter o seu cachorro em forma, especialmente no verão, porque a camada de gordura formada sob a pele funciona como isolante térmico e aumenta a sensação de calor e cansaço.
Algumas raças foram desenvolvidas em climas frios. É o caso, por exemplo, do husky siberiano, do samoieda e do akita. Outros são montanheses, como o São Bernardo, o old english sheepdog e o border collie. Estes animais não gostam tanto de calor como um fila brasileiro.
Os cachorros muito encalorados ajudam os tutores na identificação do calor excessivo. Quando eles se esticam constantemente sob um piso frio, é sinal de que o calor está muito forte. É possível refrescá-los com o uso de tapetes ou coletes gelados, disponíveis nas pet shops.
Já os cachorros de pelo curto, tosados e/ou de pelagem clara (branca ou creme), especialmente os de pequeno porte, precisam usar protetor ou bloqueador solar antes de se expor ao Sol. Existem produtos em spray, que facilitam a aplicação. Os pets mais claros são mais suscetíveis a queimaduras e doenças cutâneas – inclusive alguns tipos de câncer de pele.
As tosas são bem-vindas no verão. Os peludos se livram de uma proteção desnecessária na estação e o procedimento ajuda a evitar alguns problemas, como reações alérgicas, infestação por parasitas, etc.
A tosa é aconselhada para todas as raças caninas e todos os tipos de pelagens. Algumas raças, no entanto, não precisam ser tosadas, como os pinschers, dálmatas, boxers, buldogues, etc. Em outras, o conjunto fica prejudicado esteticamente. É o caso dos collies e dos spitz.
Todos os pets podem abusar dos banhos no período de calor, que podem ser dados a cada 15 dias – ou mesmo em intervalos menores. Use sempre água morna para fria, não use secadores, para não irritar a pele, e deixe-os secarem-se à vontade: no quintal ou, para os que vivem em apartamentos, no tapete da sala. Eles vão se divertir – e aumentar a carga de trabalho dos tutores.
Alguns cachorros podem acompanhar os tutores nos mergulhos. Retrievers do Labrador, golden retrievers, terras novas, poodles e cães d’água portugueses adoram nadar e brincar na água. Apenas lembre-se de que chafarizes e espelhos d’água públicos não admitem os mergulhos caninos.
Não é preciso ter uma piscina olímpica no jardim para refrescar os cachorros no calor. É sempre possível improvisar com uma piscina infantil (ou uma banheira), um caixote plástico ou apenas brincar com uma mangueira por alguns minutos.
A diversão é garantida, os cachorros se sentem premiados, os elos com o tutor são estreitados, a atividade física fortalece o organismo de maneira completa e não custa nada fazer um pouco de bagunça com os pets. Isto faz bem para todos e não tem contraindicações.