Os cachorros têm noção de tempo?

Eles sabem que o tempo passa. Os cachorros têm algumas noções de tempo.

Provavelmente por causa da convivência, os cachorros desenvolveram talentos especiais com relação à passagem do tempo. Eles não conhecem o calendário nem estabelecem datas especiais, mas conseguem se orientar durante o dia e a noite, prever a folga semanal do tutor, identificar a rotina da família. Em outras palavras, os cachorros têm noção de tempo.

A maioria dos animais, mesmo os mais simples, possui alguma noção de tempo – alguma cognição temporal. Em geral, elas se resumem à observação da sucessão da manhã, tarde e noite. Em alguns casos, também são percebidas as mudanças das estações.

O tempo dos cães

Os cachorros aprendem observando as situações ao seu redor. Eles também selecionam informações através das impressões que recebem através dos sentidos. Por exemplo, um cachorro pode “saber que é domingo” porque a família não está tão apressada quanto nos outros dias.

Eles também são capazes de construir a noção de tempo a partir de outras informações. Em uma cidade grande, eles podem associar o ar menos poluído do domingo, porque há menos carros trafegando nas ruas.

Os cachorros têm noção de tempo?

No momento do passeio, o domingo é “identificado” por causa do menor movimento que eles percebem. Desta maneira, eles podem reagir de forma diferente e os tutores começam a imaginar que os peludos entendem que é o dia de folga.

Mas a noção do tempo dos cachorros não é tão sofisticada assim, mesmo porque, para eles, não existem dias de folga. Eles estão sempre vigiando e defendendo a família, mesmo que estas atividades sejam entremeadas com brincadeiras, sonecas e cafunés.

Noções de tempo

Os cachorros sabem que os dias amanhecem. Eles observam a posição do Sol e da Lua e provavelmente identificam a passagem do tempo com diversos estímulos visuais, táteis e, principalmente, olfativos e auditivos.

A inteligência canina é suficiente para relacionar os diversos momentos do dia às atividades cotidianas. No entanto, este cronograma fica sempre subordinado à rotina da família. Os cães sabem que não devem fazer barulho quando os tutores estão dormindo, a menos que haja uma emergência.

Mas, eles não sabem se os tutores gostam de acordar cedo ou de ficar até tarde na cama. Para eles, a rotina se concentra em casa. Os cachorros também dormem ao lado da família humana, mas não sabem se é madrugada ou começo da tarde: para eles, é apenas o momento do descanso.

Relógio biológico

De qualquer maneira, os cachorros, assim como a maioria dos seres vivos, também são subordinados a um ritmo circadiano. Trata-se da variação das funções biológicas, que se repete em períodos de aproximadamente 24 horas. O ritmo circadiano está presente até mesmo nas plantas.

O ritmo circadiano é uma espécie de relógio interno, localizado no hipotálamo, região do cérebro em que ocorre a integração entre os sistemas endócrino e nervoso. O hipotálamo controla as funções vitais básicas, como o apetite, sede, temperatura corporal, pressão arterial, etc.

Transformações tecnológicas

Estas funções variam de acordo com a maior ou menor exposição à luz solar. Os cachorros, no entanto, assim como nós e outros animais de estimação, tiveram o ritmo circadiano alterado em função da tecnologia, que nos permite regular a luminosidade em qualquer horário do dia.

Os cachorros têm noção de tempo?

Os cachorros “seguem o relógio” de acordo com as atividades desenvolvidas pela família. Na natureza, eles provavelmente procurariam um abrigo para dormir assim que o Sol se pusesse no horizonte, mas, em casa, o repouso noturno é determinado pela rotina dos tutores.

Desta forma, o relógio dos cachorros começa com o despertar da família, a organização para as atividades do dia, a saída dos humanos, as brincadeiras e rondas enquanto estão sozinhos, o retorno para casa.

Eles também são capazes de perceber alterações na rotina. É comum os cachorros acordarem quando percebem os primeiros raios de Sol, mas, em um feriado, eles percebem que a família “está de folga”, porque ninguém deu início às tarefas rotineiras.

A volta para casa

Os cachorros não contam as horas e dias como nós, mas associam situações e criam relações entre elas. Por isso, quase todos eles sempre fazem festas imensas quando os tutores voltam para casa.

A ausência pode ter sido de um dia inteiro, de um período ou apenas de alguns minutos, mas, para os cachorros, a volta para casa significa o momento de reunião da família, no qual a segurança, o abrigo e o conforto estão garantidos.

Desta forma, muitos cães fazem festa mesmo quando os tutores precisam ir ao mercadinho na esquina e demoram apenas alguns instantes, sempre com a mesma intensidade. Para eles, o retorno assegura a tranquilidade doméstica e alguns acabam se confundindo com o tempo de separação.

Adaptando-se à rotina

Os lobos-cinzentos, ancestrais dos cachorros, concentram a maior parte das atividades no final da tarde. É possível que os cães selvagens, que acabaram se associando aos humanos, exibissem o mesmo comportamento.

Efetivamente, os humanos também caçavam ao pôr-do-sol. Sem a força e a agilidade de outros animais, nós aprendemos a usar a penumbra para tecer estratégias de ataque e defesa. E os cachorros nos acompanharam.

As coletividades humanas, no entanto, foram se tornando cada vez mais sofisticadas. Os acampamentos de caça deram lugar às aldeias de pastores e coletores. Mais tarde, surgiu a agricultura e as nossas atividades passaram a ser realizadas durante o dia inteiro.

A chave do sucesso da parceria entre cães e humanos é a grande versatilidade dos cachorros. Eles aprenderam a caçar, vigiar, defender, atacar, proteger, controlar rebanhos, afugentar pragas da lavoura e, por fim, aprenderam a fazer companhia.

Para esta adaptação, eles precisaram desenvolver uma noção de tempo mais próxima à da realidade humana. Para os cães, não faz muito sentido sair de casa e passar o dia inteiro longe da família – nenhuma caçada ou coleta toma tanto tempo assim.

Mas, ao ver a família se preparando, eles passam a entender que está chegando o momento da separação. Os cachorros também conseguem perceber que existem outros momentos que não são de “união da família”.

Os tutores, ao chegarem em casa, precisam guardar compras, trocar de roupa, ligar a TV, etc. As crianças, quando voltam da escola, precisam tirar o uniforme, guardar os livros, reservar um tempo para fazer os deveres de casa.

Ao observar estas atividades, os cachorros sabem que não é “hora para interação”. É muito provável que eles fiquem por perto, esperando o momento da brincadeira ou do cafuné, mas conseguem entender, de forma superficial, o cronograma da família.

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