Conheça algumas raças de cachorro que parecem com leão. Existem tantas raças caninas – oficialmente, são reconhecidas mais de 300 – que alguns cachorros acabam ficando parecidos com animais de outras espécies: a maioria, com lobos e raposas, mas há semelhanças com ursos, macacos e leões.
Os tutores estão certos em identificar semelhanças com os grandes felídeos africanos – afinal, o leão é o rei da selva, com a impressionante juba e o pelo dourado refletindo os raios solares. A imponência e elegância são outros fatores que levam às comparações.
Geneticamente, porém, o leão é mais próximo dos gatos domésticos, assim como os tigres e as onças. Todos pertencem à ordem carnívora, mas cães e gatos estão classificados em subordens diferentes (caniformes e feliformes, respectivamente). Portanto, as semelhanças entre um cachorro e um leão são acidentais: não há uma categoria de “cachorros leoninos”.
Os cães leões
Confira a seguir algumas raças de cachorros que são parecidos com leões, ou, pelo menos, evocam a beleza, a elegância e a ferocidade dos reis da selva. Vale lembrar, mais uma vez, que a comparação é subjetiva, já que as duas espécies seguiram trajetórias evolutivas muito diferentes.
Mastim tibetano
É uma das raças caninas mais antigas ainda existentes. O mastim tibetano se desenvolveu nos arredores do Himalaia (China, Índia, Nepal e Butão), espalhando-se por todo o Velho Mundo, acompanhando principalmente os mongóis e suas conquistas.
Na China, o mastim tibetano é considerado um símbolo de status: os chineses acreditam que estes peludos atraem sorte, segurança e riqueza. Em 2022, um cão da raça foi arrematado em um leilão, em Hangzhou, por 12 milhões de yuans (cerca de R$ 8,3 milhões).
O mastim tibetano se parece tanto com um leão que, em 2013, também na China (na Província de Henan) “substituiu” um gatão no zoológico, enquanto o animal estava em um centro de reprodução. A fraude foi descoberta quando o cachorro começou a latir para os visitantes.
Chow-chow
É mais uma raça muito antiga: há registros de chow-chows convivendo com os chineses ainda na dinastia Han, em 206 AEC. No país, ele é conhecido como songshi quan: cão leão empolado. Ele foi usado para caça, pastoreio, guarda e guerra.
Um chow-chow é sempre um cachorro independente e teimoso. Ele deve receber adestramento adequado desde filhote. Mesmo assim, é muito companheiro e leal com a família, mas tende a afugentar os desconhecidos.
Pela aparência, ele é identificado com o leão e também com o urso, de acordo com a pelagem, que é sempre sólida. Há também chow-chows vermelhos e azuis, além do preto e dos vários tons de abricó, do bege ao castanho. A língua é sempre azul.
Löwchen
A raça surgiu na França, no século 14, e também é conhecida como “pequeno cão leão”. O rufo espesso em torno do pescoço e os pelos mais longos topo do crânio ajudam a semelhança, que pode ser salientada com tosas especiais. A pelagem é longa também nas patas.
Löwchen significa “pequeno leão” em alemão arcaico. A raça, muito apreciada pela aristocracia europeia, quase desapareceu no século 19, com os primeiros movimentos liberais no continente. Os exemplares atuais descendem de alguns animais mantidos por um criador belga.
Os cães da raça são dóceis, muito brincalhões e adoram crianças. Por outro lado, são barulhentos e gostam muito de cavar buracos. Felizmente, o löwchen é muito inteligente, aprende com facilidade e faz amizades com facilidade.
Leonberger
A raça surgiu em Leonberg, no sul da Alemanha, no século 19. O leonberger é um cão para guarda de pessoas e propriedade, mas, nas últimas décadas, vem sendo empregado como suporte terapêutico para pessoas com transtornos emocionais.
O criador da raça, Heinrich Essig, era prefeito de Leonberg na década de 1830. Ele tinha como objetivo obter cachorros que simbolizassem a cidade, cujo brasão ostenta a imagem de um leão. Essig usou cães da montanha dos Pireneus, terras novas e São Bernardos nos acasalamentos.
O leonberger é extremamente protetor. No relacionamento com a família, ele é dócil e brincalhão, mas está sempre atento a prováveis incidentes, especialmente com as crianças pequenas. É muito ativo e exige atividades físicas intensas.
Pequinês
Pequeno, ciumento, ativo e teimoso, o pequinês é muito antigo. Há uma lenda sobre o surgimento da raça: um leão se apaixonou por uma macaquinha. Para conviver com a amada, ele pediu que o deus Hai Ho reduzisse seu tamanho.
A raça surge em descrições com mais de quatro mil anos, mas o cãozinho que acredita ser uma fera se tornou popular com a ascensão do Budismo na China. Diversos animais eram mantidos na Cidade Proibida, a residência imperial no centro de Pequim. Eram os “leões de Buda”.
O pequinês pode ser um verdadeiro desafio para os tutores inexperientes: ele é altivo e independente, prefere ser filho único, não é um cachorro obediente, mas deve ser adestrado adequadamente, para evitar problemas, que incluem rosnadas e até mordidas.
Cão de crista chinês
Este é um cão pelado, adornado com um longo topete que lembra, para alguns, a juba de um leão. A cauda termina com uma pluma de pelos, também semelhante à do rei das selvas. O cão de crista chinês também tem “botas”, que recobrem os dedos.
Descrito ainda na dinastia Han, os cães de crista chineses fizeram sucesso na Europa e nos EUA de 1885 a 1926, quando simplesmente desapareceram. Durante mais de 50 anos, eles raramente eram vistos no Ocidente. Na década de 1970, a raça voltou a ser popular.
Os cães originais eram de grande porte, usados para caça e guarda. Gradualmente, os chineses passaram a preferir os pequenos. Atualmente, um cão de crista chinês macho mede apenas 33 cm de altura na cernelha.
Terra nova
Ele é descendente dos grandes cães-ursos pretos, levados pelos vikings para a costa atlântica da América do Norte, onde acasalaram com animais nativos. Mais conhecido com a pelagem toda preta, o terra nova também pode exibir vários tons castanhos – são estes os exemplares que se parecem com leões.
A pelagem do terra nova é dupla e resistente à água: ele é um mergulhador. Os pelos são moderadamente longos e retos, cobrindo toda a pele. É um cão maciço, musculoso e muito resistente, adaptado ao rigor do clima canadense.
Imenso e muito ativo – pode atingir 71 cm de altura na cernelha – o terra nova é acima de tudo um companheiro brincalhão. Ele gosta de crianças e de outros pets, de longas caminhadas por terrenos irregulares e de esportes. É um cachorro tranquilo e equilibrado.
Lulu da Pomerânia
Ele é a variedade miniatura do spitz alemão, uma das raças mais antigas da Europa: o lulu da Pomerânia está classificado no grupo dos cães primitivos. Os 22 cm de altura média deixam os cãezinhos entre os menores do mundo, maiores apenas do que o chihuahua, o pinscher miniatura e o pequeno cão russo.
Mas não se deixe enganar: no temperamento, ele é um verdadeiro leão. Se houver mais de um cão na casa, o lulu da Pomerânia é sempre o primeiro a perceber a presença de estranhos – e ele gosta muito de botar a boca do trombone. O spitz alemão anão é muito barulhento.
Estes cães são tranquilos com a família, dóceis e bons companheiros. Se houver outros cachorros na casa, eles podem se mostrar agressivos, competindo pelo espaço e pela atenção dos tutores.
Keeshond
O lulu da Pomerânia é o menor, enquanto o keeshond é o maior spitz alemão, podendo atingir até 55 cm de altura na cernelha (no total, são cinco variedades). A pelagem farta, especialmente ao redor do pescoço, é a característica que faz estes cães se parecerem com leões.
Desenvolvido na Alemanha, a raça já era popular na França e na Itália no século 18. Na Holanda, pouco depois, um cachorro chamado Kees se tornou a mascote das manifestações populares. Até hoje, o keeshond é o símbolo dos Países Baixos.
Forte, resistente e muito inteligente, o keeshond é um bom cão de guarda e um companheiro ainda melhor para brincadeiras e esportes.
Pastor do Cáucaso
Criado para guarda e pastoreio, o pastor do Cáucaso é muito popular na Armênia, Geórgia, Turquia, Azerbaijão e Rússia (país patrono da raça). Em função do porte, da elegância e da pelagem, ele é sempre comparado não só com leões, mas também com lobos e ursos.
É um cão inteligente, dominante, territorialista e independente, mas muito apegado aos tutores e um guardião natural para as crianças. Na Europa oriental, o pelo do pastor do Cáucaso é longo, mas, no Brasil, para se adaptar à temperatura, os cães que vivem aqui desenvolveram pelagem curta, apesar de densa.
A mordida de um pastor do Cáucaso está entre as dez mais fortes do mundo. Ele não é um animal agressivo, mas pode se envolver em ataques, especialmente contra intrusos. Nas caminhadas, recomenda-se o uso de focinheira.
Mastim napolitano
Ele é descendente direto do canis pugnax, o molosso romano, que acompanhou os soldados nas guerras de conquistas há mais de dois mil anos: oradores da Roma antiga já o comparavam com o leão. O mastim napolitano se espalhou por todo o Mediterrâneo e certamente os cães atuais receberam contribuições de diversas raças.
Trata-se de um cão grande (até 75 cm de altura), pesado (até 70 kg) e maciço. As comparações estão relacionadas à força e não ao aspecto, já que o mastim napolitano tem a pelagem escura e a pele solta em todo o corpo, especialmente na cabeça, formando dobras e rugas.
Um mastim napolitano típico é firme e leal à família, raramente se envolvendo em disputas. Mesmo assim, possui forte instinto de guarda e defesa e pode atacar invasores. Nas brincadeiras com crianças, é preciso haver supervisão de um adulto.
Shar-pei
Ao lado do chow-chow, o shar-pei apresenta a língua azul: são os únicos no mundo. Desenvolvido para a caça e o pastoreio, ele também foi empregado na guarda de propriedades e nas rinhas de cães. A raça se desenvolveu na China.
O shar-pei se parece com um leão por ser muito “econômico” nos movimentos: ele mira exatamente o que pretende alcançar e faz o mínimo de gestos: o bote certeiro. Em casa, ele passa boa parte do tempo cochilando, mas é importante estimulá-lo com atividades físicas.
Trata-se de um cachorro bastante inteligente e muito desconfiado com pessoas estranhas. Ele prefere ser filho único e pode se envolver com facilidade em brigas com outros cães. É territorialista e, portanto, um excelente cão de guarda.
Conclusão
Os critérios adotados para identificar as semelhanças entre cachorros e leões são subjetivos: alguns leitores podem considerar que os cães da lista são mais parecidos com lobos ou macacos, por exemplo. Na verdade, alguns se parecem na atitude, na violência, na pelagem, etc. A nossa seleção continua aberta.
