Qual é a raça canina mais nova do mundo?

Em 2022, o AKC reconheceu duas raças caninas: elas são as mais novas do mundo.

O American Kennel Club (AKC) é uma das mais antigas e prestigiadas associações cinológicas do mundo. Fundado em 1884, o AKC faz o registro de quase um milhão de cães a cada ano. Em 2022, a entidade reconheceu as duas raças caninas mais novas do mundo: o mudi e o toy terrier russo.

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Mudi é um cão de pastoreio originário da Hungria

O reconhecimento de uma nova raça canina é um processo longo e criterioso. A Federação Cinológica Internacional (FCI) define os principais requisitos para que uma linhagem de cães seja considerada oficialmente uma raça canina:

  • o tamanho e a distribuição da população;
  • a comprovação de que pelo menos oito grupos de cães não tenham antecedentes comuns nas três gerações anteriores (pais, avós e bisavós).

Os critérios tentam garantir que haja diversidade genética entre os indivíduos da raça em estudo, para evitar, na medida do possível, os casos de doenças e deficiências congênitas. Evidentemente, os cães da raça avaliada precisam manter características comuns em relação a:

  • formato da cabeça (olhos, orelhas, focinho, etc.);
  • estrutura do tronco (linha superior plana ou inclina, peito profundo, raso, arredondado ou achatado, formato anatômico e articulação dos membros, tipo de cauda, pelagem, forma de movimentação, etc.

As associações cinológicas, no entanto, nem sempre chegam a um consenso. Há uma entidade internacional, a FCI, mas o AKC e The Kennel Club (Grã-Bretanha) não são filiados a ela. Por aqui, a CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia) segue os padrões da FCI, mas a SOBRACI (Sociedade Brasileira de Cinofilia) segue diretrizes independentes.

A FCI reconhece mais de 300 raças caninas, enquanto o AKC mantém publicado em seu site apenas 180 padrões de raças. Com tudo isso, as confusões são muitas. As novas raças, por exemplo, já constavam do catálogo da entidade internacional: o mudi foi reconhecido em 2004 e o toy terrier russo, em 2017.

Seja como for, as duas raças reconhecidas nos EUA em 2022 certamente são novidades para os brasileiros – não há criadores registrados nem do mudi, nem do toy terrier russo. Os dois pets, no entanto, têm bom potencial para se popularizarem. É possível que, em pouco tempo, eles deem as caras por aqui.

O mudi

Esta é uma raça canina relativamente recente, usada pelos húngaros há pouco mais de 150 anos no pastoreio de ovelhas. O mudi, conhecido por controlar o deslocamento de até 500 reses, desenvolveu inteligência apurada e já atuou em circos europeus: junto com os poodles, ele era considerado ideal para as apresentações.

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Mudi é um cão pastor húngaro – FOTO: American Kennel Club

Atualmente, o mudi faz sucesso em campeonatos de obediência e agilidade, além de ser adotado como cão de apoio terapêutico. Os cães da raça são muito apegados à família e adoram brincar com crianças. Eles também se destacam pela coragem e pela atenção.

O mudi foi desenvolvido a partir do final do século 18, em cruzamentos entre kuvasz e pastores alemães. Este cão de porte médio apresenta cabeça em forma de cunha, orelhas eretas e pelagem um pouco mais longa no tronco. É lisa e curta na cabeça e nos membros, formando ondulações e cachorros no tronco.

Com temperamento vivaz e sempre querendo aprender truques novos, o mudi se destaca pela cabeça, que passa imediatamente a impressão de atenção e alerta. Alegre e inteligente, este cão nunca se mostra tímido, nem agressivo.

A cauda é inserida em altura média. Em repouso, ela fica pendente, com o terço distal quase na horizontal. Em alerta ou em movimento, a cauda é portada em forma de foice, sempre acima da linha superior do dorso, denotando agilidade, rapidez e atenção. O mudi quase sempre se movimenta em passadas curtas; afinal, era preciso, até pouco tempo atrás, acompanhar o ritmo das ovelhas.

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Mudi é um cão pastor húngaro – American Kennel Club / Divulgação

A pele do mudi é aderente e sem rugas. A trufa é sempre pigmentada e o pelo pode ser fulvo, preto, cinza ou marrom e o azul merle é uma condição frequente na raça, com a pelagem preta salpicada, tigrada ou manchada de tons cinzentos, do cinza-claro ao azulado profundo. Pequenas manchas brancas são permitidas em qualquer cor.

Os machos atingem de 41 cm a 47 cm de altura na cernelha e pesam de 11 kg a 13 kg; as fêmeas alcançam de 38 cm a 42 cm e o peso oscila entre 8 kg e 11 kg.

O toy terrier russo

Até o início do século 20, o toy terrier inglês era uma das raças mais comuns na Rússia. Com o advento da Revolução Russa, em 1917, a raça, identificada com a aristocracia, foi gradualmente perdendo popularidade.

Os criadores russos só voltaram as atenções para cães de pequeno porte nos anos 1950. Na época, no entanto, praticamente não havia mais cães de linhagem pura no país. Aos poucos, desenvolveu-se uma nova raça, bastante diferente dos toys britânicos.

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Russian Toy (Pequeno cão russo, no Brasil) é um dos menores cães do mundo – American Kennel Club

O toy terrier russo disputa com chihuahuas e pinschers miniatura o título de “menor do mundo” e está levando vantagem: o padrão publicado em 2022 diz que ele atinge, no máximo, 26 cm de altura na cernelha (dois a mais do que os primos).

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Russian Toy (Pequeno cão russo, no Brasil) é um dos menores cães do mundo – Nona Dietrich / Cortesia / Via American Kennel Club

Classificado como terrier, o russkiy toy (este é o nome oficial da raça na FCI) é um caçador de terra firme, mas até mesmo os seus ancestrais já eram conhecidos como cães de colo e companhia. Apesar da distância geográfica, ele mantém algumas semelhanças com os primos mexicanos e alemães: é esbelto, apresenta pernas altas, é dotado de grandes olhos e orelhas e focinho alongado.

Duas versões de pelagem são aceitas no padrão oficial do AKC: curto e liso (aderido ao corpo) e longo, especialmente na cabeça e pescoço. O toy terrier russo pode ser preto ou dourado (do bege ao bronze), com ou sem máscara preta.

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O toy terrier russo é amoroso e muito fiel aos tutores, mas prefere ser filho único. Em geral, cães pequenos têm medo de crianças (especialmente as muito pequenas) e não gostam de partilhar o espaço com outros pets.

Ele se parece um pequeno brinquedo, mas precisa ser encarado como um cachorro, com necessidades caninas: passeios, brincadeiras, explorações, atenção e treinamento. Do contrário, o toy terrier russo pode se tornar ciumento e incrivelmente dominante.

Os cães de pelo longo dão um pouco mais de trabalho: precisam ser escovados a cada dois dias e os banhos devem ser dados pelo menos uma vez por mês. Todos os toy terriers russos podem apresentar problemas de dentição: eles são especialmente propensos aos dentes encavalados.

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Contrariando a regra de que os cães pequenos vivem mais, a expectativa de vida do toy terrier é de apenas dez anos. Os mais longevos atingem os 12. A saúde geral, no entanto, é muito boa. Eles são cães resistentes e, apesar do histórico de nobreza, são igualmente bastante rústicos.

Enquanto isso, no Brasil

Poucas raças caninas nativas do país são reconhecidas internacionalmente. As mais conhecidas são o terrier brasileiro (fox paulistinha) e o fila brasileiro. Este último, no entanto, já está interditado em diversos países, em função da violência e agressividade.

Buldogue serrano, buldogue campeiro, ovelheiro gaúcho e bullbras são alguns dos representantes nacionais na fila de espera do reconhecimento da FCI. Mas um cão bastante conhecido pode não reunir os quesitos para uma nova raça, mas está prestes a se tornar um patrimônio imaterial.

Trata-se do vira-lata caramelo, uma figurinha presente em todos os cantos do país, do Oiapoque ao Chuí. Há dificuldades para que este cão SRD seja oficialmente descrito, porque cada animal encontrado apresenta características diferentes: focinhos longos e achatados, orelhas caídas e eretas, pernas curtas e alongadas, olhos grandes e pequenos, etc.

Desde maio de 2023, transita na Câmara dos Deputados um projeto de lei do representante Felipe Beccari (União Brasil-SP), com vistas a reconhecer o vira-lata caramelo como “manifestação cultural brasileira”.

O projeto visa homenagear os cães brasileiros, que representam uma parte importante da cultura do país. O representante também quer dar visibilidade para questões como abandono e maus tratos sofridos pelos animais nas ruas e até mesmo nas casas. O PL foi protocolado em abril e ainda espera o aval do presidente da Câmara para começar a ser analisado.

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