Uma cachorra deficiente foi salva da eutanásia, adotada e ganhou uma cadeira de rodas.
A cachorra Poppie sofre com hipoplasia cerebelar (HC), uma má-formação congênita em que o cerebelo é subdesenvolvido, menor do que o esperado; ela estava na fila de espera para a eutanásia, mas foi salva uma hora antes do fim do prazo, ganhou uma família adotiva e uma cadeira de rodas feita sob medida.
A doença é provavelmente uma condição congênita que afeta a mobilidade, mas não provoca dor ao animal. A HC afeta gradualmente a coordenação, o equilíbrio e as habilidades motoras. Ela já foi identificada em bois, cavalos e cães das raças chow-chow, setter irlandês, terrier brasileiro e husky siberiano. A HC também acomete gatos, mas, neste caso, está associada à parvovirose felina.
Mais uma cachorra de rua
Poppie é uma mestiça de chow-chow com pastor alemão. Ela passou a vida entrando e saindo de abrigos. Além dos sintomas – que podem aparecer já nos primeiros dias de vida – ela era tida como agressiva, duas características que espantam os candidatos à adoção.
Sem interessados em receber a cachorra, Poppie foi transferida para um canil na Califórnia, costa oeste dos EUA. O abrigo tem autorização para sacrificar animais indesejados e a eutanásia foi programada.
Apesar de ser uma prática legal nos EUA, o sacrifício de cães e gatos apenas em função da falta de candidatos a tutores é contestada por diversos ativistas dos direitos animais. Uma delas, Diane Ewert, tomou conhecimento da situação de Poppie através do relato de amigos.
Diane tem ligações com um serviço de resgate em Kingsburg, no Condado de Fresno, região central da Califórnia: era o local em que Poppie passaria os últimos momentos de vida. Felizmente, a ativista não deixou que isto acontecesse.
Apenas uma hora antes do previsto para a aplicação da injeção letal, Diane chegou ao canil e conseguiu resgatar a cachorra. A mensagem fora enviada pelo Facebook Messenger, por um antigo amigo de escola da ativista.
Diane conseguiu impedir a eutanásia porque convenceu outro abrigo de Kingsburg a “marcar” Poppie. O termo significa que o canil assume a responsabilidade pelo animal, que, desta forma, passa a “ter dono”.
Poppie foi entregue a Diane na entrada do abrigo. A ativista nunca tinha visto a cachorra, nem mesmo por fotos, e ficou surpresa quando a peluda tentou correr para ela, cambaleando e com movimentos vacilantes em função da HC.
À revista People, Diane afirmou que a cachorra a “cumprimentou assim que a viu”, cruzando com muito entusiasmo as portas do canil. “Eu logo vi que ela era muito desconfiada e arisca”, contou a nova tutora.
Apesar de debilitada, Poppie parecia bastante agressiva. Mas Diane percebeu que essa definição não estava correta: a cachorra é muito reativa, espera a atitude de quem se aproxima, avalia os riscos e decide se é uma presença amiga ou não.
Diane levou Poppie para casa e apresentou o novo membro da família a todos os cães da casa, separadamente. Ela interagiu bem e parece ter se sentido acolhida e confortável. “Na verdade, eu percebi naquele momento que ela só queria ser amada”, disse Diane. “Isto foi um alívio imenso para mim”.
Poppie recuperou o equilíbrio emocional e passou a agir como todo cachorro: ela é brincalhona, curiosa, extremamente a tudo ao redor. A ativista entendeu que havia chegado o momento de dar o próximo passo.
Diane publicou a história de Poppie nas redes sociais, com fotos, vídeos e até uma “live” com a cachorra brincando. Um casal canadense se interessou pela cachorra mestiça e entrou em contato através do e-mail criado especialmente para a cachorra pela ativista.
Christina e Garret Powell, de Edmonton (Província de Alberta), quiseram saber mais detalhes sobre a cachorra e finalmente foram conhecê-la na Califórnia. Por fim, depois de alguns contatos, Poppie foi finalmente adotada.
Os novos tutores trocaram o nome da cachorra: Poppie ficou no passado triste. Agora, quem vive no Canadá é Timber. A vida mudou totalmente. Timber está instalada com muito conforto e ganhou até uma irmã, Kona.
A HC, no entanto, vem cada vez mais reduzindo os movimentos de Timber. Felizmente, ela não sente nenhum desconforto físico. Para aumentar o conforto e melhorar a mobilidade da cachorra, os novos tutores encomendaram uma cadeira de rodas personalizada.
A prótese foi entregue com decorações natalinas. A tutora afirmou à reportagem que Timber é “um sol absoluto. Ela aborda cada novo desafio com a mentalidade do ‘eu posso’ e, se algo não sai do jeito que planejou, ela tenta de novo. Ela é uma batalhadora”.
A vida de Timber não exige maiores cuidados, além de algumas massagens para estimular os músculos. Ela não toma nenhum medicamento específico, nem precisa de avaliações médicas muito frequentes. Timber escapou da eutanásia para encontrar uma família feliz e uma nova maneira de andar.
Quem quiser acompanhar a trajetória de Timber (e de sua irmã Kona), que escapou do sacrifício e ganhou uma segunda chance de ser feliz, pode seguir o perfil @TimberandKona, no Tik Tok e no Instagram.