Uma cadela e seus filhotes protegeram menina recém-nascida abandonada

A cachorra acabara de ter filhotes, encontrou um bebê abandonado e cuidou dele a noite toda.

O caso aconteceu na periferia da Vila de Lormi, Estado de Chatisgar, na Índia. Uma cachorrinha que havia tido filhotes poucos dias antes encontrou um bebê humano recém-nascido e o instinto materno falou mais alto: a cadela aconchegou-o, aqueceu-o e manteve-o seguro durante a noite toda.

O bebê havia nascido horas antes e foi encontrado, no dia seguinte pela manhã, ainda com o cordão umbilical intacto. O abandono de bebês na Índia é um problema social relativamente frequente, especialmente nas regiões mais tradicionais.

Afeto maternal

A cachorrinha sem teto encontrou o bebê poucas noites antes do Natal de 2021. Já é inverno no hemisfério norte e, apesar de o clima de Chatisgar não ser extremamente frio, um humano recém-nascido jamais sobreviveria a uma madrugada ao relento, sem o apoio de uma mãe postiça.

Provavelmente, a cadela encontrou o bebê através do olfato. Ao observar a criancinha desprotegida, ela resolveu levá-lo para junto dos seus filhotes, que também contavam poucos dias de vida. É como diz o ditado: “em casa de pobre, onde comem dois, comem três”.

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O bebê conseguiu resistir graças ao calor proporcionado pela cachorrinha e pelos quatro “irmãos de criação” que ele conheceu em circunstâncias tão adversas. Fotos da família improvisada acabaram sendo postadas nas redes sociais de Munnalal Patel, um administrador da vila.

A imagem foi acompanhada da seguinte legenda: “Às 11h da manhã, vimos que havia uma criança recém-nascida que estava chorando, deitada ao lado de alguns cachorrinhos da nossa aldeia. Entramos em pânico e acionamos o Departamento de Saúde e a Polícia”.

Na manhã seguinte, moradores de Lormi encontraram o bebê, sempre protegido pela cachorra, que não parecia estar com muita disposição para deixar alguém se aproximar da sua ninhada. Foi preciso acionar a polícia local para que a criança fosse socorrida.

A história é chocante, mas ao mesmo tempo atraente. O policial Rajkumar Sahu contou à reportagem que a equipe se deslocou imediatamente para o local informado, assim que surgiram os primeiros telefonemas à delegacia.

“Ao chegarmos ao local, eu vi a criança imediatamente. Ela estava deitada junto com três ou quatro cachorros, além do animal maior que a protegia, em posição de guarda e defesa. Foi uma visão emocionante. O bebê não estava usando roupas e o cordão umbilical ainda estava preso ao corpo.”

O bebê – uma menina – não sofreu nenhum tipo de ferimento. Os policiais a levaram para o hospital e, depois de dois dias de observação e tratamento (ela estava desidratada e faminta), a criança foi transferida para um centro de assistência infantil.

Já no berçário, a criança recebeu o nome provisório de Akanksha – em sânscrito, o termo significa “desejo”, apesar de provavelmente esta menininha ter sido muito pouco desejada pela família.

Na Índia, assim como no Brasil, o abandono e exposição de bebês é considerado crime. Em nosso país, a pena prevista é de reclusão de um a três anos, que pode dobrar no caso de morte da criança. Em Chatisgar, foi instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias em que a criança foi exposta a condições tão rudes.

A lei, no entanto, tem como principal objetivo dar segurança aos incapazes – recém-nascidos, bebês e crianças na primeira idade –, que não teriam condições de sobreviver ao abandono. Em geral, os responsáveis são condenados apenas nos casos em que a ocultação ocorreu com o objetivo de ocultar um “ato de desonra”.

Mesmo considerando que a criança abandonada nessas condições sofre uma tremenda violência, as autoridades tendem a analisar também as condições emocionais e socioeconômicas da mulher que a abandonou – quase sempre, mais uma vítima da exploração.

Na Índia, no entanto, o abandono é relativamente comum, especialmente no caso do nascimento de meninas, que tendem a ser desprezadas pelos pais. Os números oficiais do país mostram que, em 2020, foram encontradas 747 crianças nesta situação.

Os números reais, no entanto, podem ser muito maiores, porque também ocorre o costume de enterrar os bebês vivos, seja em função do sexo, seja porque a mãe acredita não ter condições de criar uma criança.

O importante, neste caso de Chatisgar, é que, graças ao amor canino, que é incondicional, uma recém-nascida foi salva da morte certa. Os cachorros parecem ter muito a nos ensinar quando se trata de dedicação, amor e fidelidade aos deveres.

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