Como foi criada a raça pitbull?

O pitbull foi desenvolvido  para luta entre cães. Confira como foi criada a raça pitbull.

A raça pitbull começou a ser criada ainda no século 18, na Grã-Bretanha. Os seus ancestrais são os cães bull and terriers (também conhecidos com “half and half”, ou “meio a meio”), fruto do cruzamento direto entre antigos buldogues e antigos terriers ingleses.

O pitbull é um cachorro de porte médio (altura dos machos na cernelha entre 45 cm e 53 cm; para as fêmeas, entre 43 e 51 cm). É um animal forte, musculoso, resistente e sociável, mas, para chegar a este padrão, muita água passou por debaixo da ponte. Vamos conhecer um pouco da história da raça.

Como foi criada a raça pitbull?

As lutas

Os avós do pitbull — os bull and terriers — foram bastante empregados nas rat baitings (esporte sangrento que consistia na luta entre cães e ratos — o cão que matasse mais ratos em menos tempo, em uma arena improvisada era proclamado vencedor).

Os buldogues foram preteridos nas lutas porque lhes faltava a agilidade necessária para os combates. Este é o motivo por que tiveram início os cruzamentos entre os antigos buldogues e os antigos terriers.

Os novos bull and terriers conquistaram os ingleses porque demonstravam bravura, determinação, grande tolerância à dor, resistência e muito apego aos humanos, especialmente aos tratadores.

As rat baitings se tornaram populares a partir de 1835 (ainda na Inglaterra), em função da proibição das bull baitings e bear baitings (lutas de cães com touros e ursos, respectivamente). Nessa época, os cães mais famosos eram aclamados em praça pública como “gladiadores do mundo canino”.

Anteriormente, as bull baitings eram as lutas mais populares (até o início do século 19). Os antigos buldogues eram introduzidos em uma arena para atacar touros, na presença de um grande público, que reunia todas as classes sociais.

Os touros ficavam amarrados no centro da arena com uma longa corda e os cães atacavam-nos principalmente nas orelhas e no focinho, enquanto tentavam se esquivar dos coices.

Com a proibição de todos os esportes sangrentos na Inglaterra, o interesse da população, que procurava algum tipo de distração para a miséria e as doenças da época, voltou-se para as lutas contra ratos — afinal, nenhuma autoridade defenderia o extermínio de roedores.

A proibição, aliás, não foi devida a motivações de não violência — prova disto é que a caça à raposa se manteve dentro da legalidade (foi banida na Inglaterra apenas em 2005 e, mesmo assim, por entrar em conflito com princípios definidos pela UNESCO).

As baitings foram proibidas porque provocavam prejuízos sérios, inclusive com a perda de muitas vidas humanas. O risco de transportar um urso, um lobo ou um touro para um núcleo urbano era imenso.

Os combates com ratos, por sua vez, entraram em decadência e desapareceram apenas no começo do século 20. O último campeonato foi realizado em Leicester, cidade da região de East Midlands, em 1912. O organizador do torneio foi condenado à prisão, multado e teve de prometer, ao tribunal, que nunca mais iria organizar o esporte sangrento.

Eles continuam em cartaz!

Os bull and terriers (raça que nunca obteve reconhecimento oficial por parte de nenhuma associação canina) também foram empregados na luta entre cães e na caça ao javali. Eles são os ancestrais de diversas raças contemporâneas:

Na verdade, as lutas desapareceram na medida em que as exposições caninas passaram a ganhar mais espaço. Os britânicos são famosos pelo desenvolvimento de raças: das 344 registradas pela Federação Cinológica Internacional (FCI), mais de 60 foram criadas por ingleses, escoceses, galeses e irlandeses.

Veja também: Tipos de Pitbull

A raça pitbull

Alguns bull and terriers, na segunda metade do século 19, foram levados para os EUA. Não se pode precisar se eles portavam carga genética maior ou menor dos antigos buldogues, mas é certo que eles já haviam se cruzado com buldogues ingleses modernos antes da migração para a América.

Alguns pesquisadores acreditam que os ancestrais do pitbull cruzaram também com alanos espanhóis, cuja origem remonta à época dos sármatas, povo nômade que viveu na Ásia central até o século 1*, quando migrou para a Europa. Os alanos também eram empregados em lutas.

A presença dos alanos espanhóis na árvore genealógica explicaria a cor sable (cor de lobo) de alguns exemplares e, ao mesmo tempo, tornaria a raça genuinamente americana.

O termo pitbull, no entanto, é tipicamente britânico. “Pit” é a palavra usada pelos londrinos para designar “fosso”, o local em que as lutas eram travada. “American pitbull terrier” poderia ser traduzido livremente como “terrier americano de rinhas com touros”.

Boa parte dos avós dos pitbulls deixaram a Inglaterra e a Irlanda entre 1845 e 1850, durante o período que ficou conhecido como Fome da Batata. Neste período, a população irlandesa humana declinou em mais de 20%.

Tudo começou quando uma praga se espalhou por toda a Europa, dizimando as plantações de batata, base da economia da Irlanda (um terço da população dependia diretamente da produção do tubérculo). Muitos ingleses e irlandeses decidiram ir para a América e boa parte dos seus cachorros também embarcou nos navios,

Nos EUA, eles iniciaram a “carreira” como boiadeiros (a raça não se deu bem com rebanhos de gado miúdo), cães de briga, de caça pesada e para proteção contra animais selvagens. Com o aperfeiçoamento da raça, o United Kennel Club forneceu o primeiro registro oficial do pitbull.

Entre as décadas de 1920 e 1970, a principal utilidade do pitbull foi como cão de briga. Finalmente, a prática foi proibida em todos os Estados dos EUA e os cães da raça puderam demonstrar a sua versatilidade.

Atualmente, é possível observar pitbulls em campeonatos de obediência, faro, agility, schutzhund (aptidão para atividades de ataque e defesa), tração, mergulho e em provas de conformação física.

Pitbull no Brasil

Os primeiros pitbulls desembarcaram no país na década de 1970, no Rio Grande do Sul. Alguns anos depois, eles chegaram ao Rio de Janeiro.

A criação ganhou destaque com a importação de Playboy, em 1986, um macho americano que veio para São Paulo, diretamente para o primeiro canil que passou a desenvolver a raça seletivamente.

A partir da década de 1990, tiveram início os primeiros cruzamentos visando reduzir a agressividade dos pitbulls. Alguns criadores brasileiros foram pioneiros no desenvolvimento de cães sociáveis e não perigosos à convivência com humanos e outros animais.

De volta ao combate

Atualmente, a caça aos ratos está voltando. O chamado “ratting” vem sendo adotado em cidades como Nova York (EUA) e Londres (Inglaterra), para controle de pragas em espaços não confinados.

O ratting com cães terriers (pitbulls incluídos) é muito menos eficiente do que o controle com raticidas, mas não causa impactos no meio ambiente e o abate de outras espécies (aves e esquilos, por exemplo) é praticamente nulo.

Uma curiosidade: de acordo com o padrão oficial (tanto da FCI quanto do American Kennel Club), o pitbull terrier não é indicado para a função de guarda residencial ou territorial, por ser um cachorro muito dócil com pessoas estranhas.

Parece esquisito usar as palavras “pitbull” e “dócil” na mesma frase? Pois lembre que eles estão acostumados a grandes multidões. Os avós dos pitbulls modernos eram o centro das atenções.

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