Entre os melhores amigos dos humanos, o rottweiler é um dos mais antigos ainda existentes. A raça descende diretamente do molossus romano, que, por sua vez, era fruto de cruzamentos entre animais europeus e mastins da Ásia, espalhados pelo Mediterrâneo por marinheiros fenícios e gregos, entre outros.
Ancestrais do rottweiler – boiadeiros, cães de guarda e cães de guerra – foram levados por legiões romanas em suas conquistas. Eles se estabeleceram na Suábia (sul da atual Alemanha) e fundaram Aras Flávias (altares dos Flávios), no ano 73 da Era Comum, mas a região já era habitada por humanos dois mil anos antes.
Mais tarde, a cidade foi rebatizada como Rottweil e até hoje é famosa pelo seu carnaval (o Fastnacht), seu casario medieval e seus cães de açougueiros: os rottweiler metz-gerhunds. A partir do século 19, a raça foi melhorada com a seleção dos animais mais bem conformados. Multifuncionais, os rottweilers eram usados para a guarda, manejo de gado e tração das carroças que comercializavam carne e laticínios.
Fatos e curiosidades
O rottweiler é um cão forte, autoconfiante e muito corajoso. A raça se espalhou pelo mundo inteiro a partir do século 19 e os animais são muito populares entre os cães molossoides. Os cães da raça apresentam o tipo mastiff e são classificados no Grupo 2 da Federação Cinológica Internacional (FCI), que engloba os pinschers e schnauzers: raças molossoides, cães montanheses suíços e boiadeiros.
Nas competições e exposições oficiais, o rottweiler é uma raça que precisa ser submetida a provas de trabalho – ele não é apenas um cão de companhia. Nestes eventos, os melhores cães se apresentam em corridas, provas de tração, ataque e defesa, por exemplo.
Uma raça tão antiga e poderosa como o rottweiler coleciona características únicas.
Confira alguns fatos e curiosidades sobre as peculiaridades e a história destes cães.
01. Natureza protetora
Com a mecanização das fazendas de gado de corte e leite, o rottweiler perdeu parte das suas funções originais como boiadeiro. Em compensação, a raça é uma das mais procuradas para o treinamento em atividades policiais e de segurança pública e privada.
02. Os primeiros rottweilers
Que, vale lembrar, surgiram em Roma e imediações – se tornaram companheiros valiosos para os povos germânicos. Alguns grupos ainda praticavam o pastoreio seminômade e este canzarrão foi muito útil para evitar ataques de ursos, lobos e javalis aos rebanhos. Eles não são caçadores propriamente ditos, mas são capazes de afugentar qualquer predador.
03. Tamanho do rottweiler
Um rottweiler macho pode pesar 50 kg e atingir 68 cm de altura na cernelha (as fêmeas chegam a 63 cm e 42 kg). Para os fazendeiros, o porte imenso era necessário, porque estes cães precisavam lidar com touros cujo peso ultrapassa uma tonelada – e o gado muitas vezes era bravio, quase selvagem.
04. Resgate, busca e salvamento
A condução de grandes manadas por longas distâncias, no entanto, é uma atividade cada vez mais rara: o gado vem sendo criado de forma intensiva, internado em currais. Com isso, a população de rottweilers decresceu durante o século 20. A raça foi mantida graças às atividades policiais e de resgate, busca e salvamento.
05. Pelagem do rottweiler
A pelagem do rottweiler é sempre preta: não existem cães da raça de outra cor. É formada por pelo de cobertura e subpelo, que precisa ficar oculto sob os pelos externos, que são ásperos, densos, bem assentados e de comprimento médio (um pouco mais longo nos membros posteriores). O subpelo, em alguns indivíduos, pode ser cinza ou ruivo, mas ele nunca aparece nas atividades corriqueiras dos cães.
A pelagem não é apenas visualmente atraente e elegante. Ela contribui para que o rottweiler possa suportar condições climáticas extremas, como nevascas e temporais. No verão, o subpelo se torna mais raro e a cor preta reflete os raios solares, funcionando como um escudo contra o superaquecimento.
06. Características físicas
Estes cães apresentam “marcações de fogo”: manchas rubras, ferrugem ou castanhas (tan, do dourado ao castanho-avermelhado), posicionadas de forma harmônica nas faces, focinho, garganta, alto do peito, patas e faces internas das pernas. As marcas são bem evidentes acima dos olhos e sob a raiz da cauda, contornando a região anal.
07. Caudectomia
Durante décadas, a caudectomia (corte da cauda ou de parte dela) foi empregada na criação de rottweilers. A ausência do rabo era uma questão de segurança, já que é um “ponto fraco” em caso de ataques de predadores. Sendo muito antigo, o corte definiu o equilíbrio dos peludos, mas a prática é proibida em diversos países, inclusive na Alemanha e no Brasil. A FCI recomenda não conceder pedigree para cães amputados.
08. A cauda
A cauda do rottweiler, aliás, é bem comprida. Quando posicionada ao longo dos membros traseiros, ela atinge a altura dos jarretes (em alguns cachorros, é até mais longa, sem que isso seja considerado falta). Normalmente, quando os cães caminham e correm, a cauda fica na altura na linha superior do dorso. Quando excitados ou em galopes exagerados, ela se curva um pouco para cima.
09. A comunicação
Os rottweilers se comunicam principalmente através do olhar: os latidos são raros, justamente porque poderiam assustar os rebanhos, causando “estouros de boiada” desnecessários. Quando um cão da raça está latindo, alguma coisa muito estranha e perigosa certamente está acontecendo.
10. O silêncio
O silêncio dos cães da raça já foi explorado pelo cinema, por conferir uma aura de mistério e agressividade aos peludos. A franquia “A Profecia” mostra um rottweiler como guardião de Demian, a criança que protagoniza o filme de estreia, lançado em 1976. Consta que Gregory Peck, que interpreta o pai de Demian, foi atacado por rottweilers durante as gravações, justamente em uma cena no cemitério, em que ele descobre que o pretenso filho é, na realidade, o Anticristo.
11. O rottweiler é um cão territorialista
Ele delimita o seu espaço, que pode ser uma casa de família ou um pasto com centenas de cabeças de gado, e intuitivamente passa a defendê-la. O adestramento precisa ser orientado para que os cães da raça saibam que “não são os donos do mundo” e obedeçam às regras definidas pelos tutores. A educação tem início no primeiro dia da convivência.
12. Uma das mordidas mais fortes
Os cães da raça são donos de uma das mordidas mais fortes do mundo canino (o rottweiler ocupa a décima posição). No início do ataque, a pressão da mandíbula atinge até uma tonelada. Depois da mordida, a potência cai pela metade, mas, a essa altura, a vítima já está derrubada.
Um rottweiler pode arrastar as presas por dezenas de metros em poucos segundos. É uma das raças caninas mais comumente envolvidas em ataques a humanos: apenas em São Paulo, são registrados dez mil casos moderados e graves. A maioria, no entanto, ocorre em função do adestramento ineficiente ou pelo propósito determinado de criar animais violentos; isto pode caracterizar o dolo em um processo criminal.
Por isso, em algumas cidades brasileiras, a circulação do rottweiler em espaços públicos sofre algumas restrições. Por força de lei, em São Paulo e Brasília, por exemplo, os cães precisam ser conduzidos com focinheira, coleira com peitoral e guia curta. Os cães da raça também são proibidos de circular em áreas “pet friendly”, como alguns parques, shopping centers, estabelecimentos comerciais, etc.
13. O adestramento do rottweiler
O adestramento dos cães da raça passa por três etapas: obediência (comandos básicos e regras domésticas), atividades de guarda e, por fim, defesa e ataque. Especialistas em comportamento animal afirmam que rottweilers são agressivos apenas quando os tutores “pulam” estas etapas, seguindo diretamente para treinamentos de ataque.
14. Pacífico e amigável
Apesar da “fama de mau”, o padrão oficial descreve o rottweiler como um animal pacífico e amigável, muito apegado aos tutores (inclusive crianças pequenas). Como todos os cães trabalhadores, ele é fácil de ser conduzido nas caminhadas e brincadeiras, tornando-se um forte candidato para adestramentos mais sofisticados e complexos.
15. Mas é um cão de guarda
Por outro lado, o rottweiler nunca se esquece de que é um cão de guarda. Ele é muito corajoso e não titubeia caso perceba que os tutores correm algum perigo. Ele está sempre atento a tudo que o cerca, mas, ao mesmo tempo, revela equilíbrio e foco.
16. O rottweiler é um cão bastante popular
Ele ocupa a sétima posição entre os registros caninos na Alemanha. Nos EUA, ele é o décimo colocado. No Brasil, entre as raças de grande porte, ele fica em quarto, atrás do pastor alemão, do retriever do Labrador e do golden retriever. A maioria dos cães brasileiros de raça, no entanto, é de pequeno porte: spitz anões, lhasa apsos e shih tzus são os campeões disparados.
17. Restrições em alguns países
Mesmo assim, diversos países limitam a criação de rottweilers: não basta gostar da raça e procurar um canil para a adoção. A Holanda só permite a importação de cães esterilizados (não há criação no país) e mesmo a Alemanha, país patrono da raça, os cães passam por testes de “controle de caráter” os interessados precisam obter apólices de seguros especiais – e nem todas as seguradoras cobrem eventuais prejuízos causados por estes grandalhões.
18. Rottweiler americano
O Há duas décadas, alguns criadores dos EUA estão desenvolvendo uma variedade da raça: o rottweiler americano. Ele é um pouco mais alto (70 cm, mas há indivíduos maiores) e muito mais pesado do que o tipo original (chega aos 80 kg). É mais forte e robusto, mas menos ágil e atlético, pelo menos por enquanto. Nenhuma associação cinológica reconhece o “novo rottweiler”.
19. Antes de adotar
Antes de adotar um rottweiler, os tutores precisam saber que estes cães roncam bastante, graças às narinas largas e focinho proeminente e quadrado. Eles também babam bastante e a quantidade de gases expelida depois das refeições (e até mesmo depois de beber água) pode ser espantosa.
20. Precisa de atividades intensas e constantes
Os cães da raça precisam de atividades constantes e intensas. Um rottweiler aprecia a companhia dos tutores e adora correr, brincar com bolas e discos de arremesso e perseguir presas. Uma hora diária de exercícios físicos puxados pode ser insuficiente para os adultos saudáveis.
As caminhadas são importantes também para a socialização. Quanto mais pessoas e outros pets o rottweiler conhecer, mais seguro e equilibrado ele será. O isolamento e a solidão são os principais determinantes de comportamentos destrutivos e agressivos.