A doença também pode ocorrer em gatos e é uma zoonose. Saiba mais sobre a dipilidiose canina.
A dipidiose é uma verminose transmissível através da ingestão acidental de ovos do Dipylidium caninum, um verme cestoide da família das tênias – popularmente conhecidas como solitárias. A doença afeta principalmente os cães, mas pode afetar gatos e outros animais domésticos, além do homem.
Esta verminose também pode surgir a partir do contato com animais infestados ou da ingestão de ovos de pulgas e piolhos contaminados pela D. caninum (pulgas e piolhos são os hospedeiros intermediários e os mamíferos, hospedeiros definitivos).
O ciclo biológico
O D. caninum é um verme chato, chamado popularmente de “tênia de cachorro” ou “tênia-pepino”, que se fixa no intestino delgado do seu hospedeiro definitivo desde a fase larval. O corpo é todo segmentado e, com exceção da cabeça, todo o restante é repleto de ovos de novos vermes.
A larva do D. caninum infesta pulgas e piolhos (das espécies que chupam o sangue dos cachorros e gatos); estes insetos são os hospedeiros intermediários e atuam como vetores da verminose. Larvas de pulgas e piolhos alimentam-se do envoltório dos segmentos do verme eliminados nas fezes.
Desta forma, a contaminação pode ser direta, através do contato com os segmentos presentes nas fezes, como indiretas – as larvas do D. caninum conseguem se desenvolver nos insetos, mas precisam de um hospedeiro definitivo para atingir a fase adulta. Ao serem picados por pulgas e piolhos infestados, as larvas do verme se transferem para os cães e, em menor grau, gatos e outros mamíferos.
O controle da dipilidiose canina
O corpo do D. caninum é segmentado e algumas partes se destacam (o verme permanece fixo desde o momento da eclosão do ovo). São estes segmentos – denominados proglotes – que permanecem nas fezes do paciente infestado, além dos ovos que os animais adultos depositam continuamente.
Este tipo de ocorrência é mais comum do que se pensa: cachorros e gatos vivem cheirando e lambendo uns aos outros e os humanos podem ser infestados depois de fazer um afago nos pets e levar a mão inadvertidamente à boca. Portanto, é preciso tratar tanto o animal afetado, como os ambientes em que ele convive.
Os proglotes podem ser observados a olho nu, isolados ou em grupos, nas fezes recém-evacuadas e na região anual dos cães e gatos. O movimento dos proglotes é bastante lento. Nesses segmentos, ficam confinadas as cápsulas de ovos (cada cápsula envolve dez a 20 ovos), que normalmente se libertam em ambiente úmido, à procura de um hospedeiro.
O controle da dipilidiose em cães deve ser feito com a higienização dos ambientes, a desinsetização, para eliminar pulgas e carrapatos e a vermifugação regular dos cães e gatos domésticos. Em ambientes rurais, quando surge infestação (que pode afetar mais de 60% da população canina local), deve-se evitar o contato com guaxinins, macacos e outros mamíferos silvestres.
Os sinais da dipilidiose canina
Os principais sintomas da dipilidiose canina são:
- diarreia;
- desconforto ou dor abdominal;
- perda de peso sensível;
- atraso no desenvolvimento dos filhotes;
- perda de pelos.
A dipilidiose não tratada pode inclusive levar os animais infestados à morte – especialmente os filhotes, idosos e portadores de doenças gastrointestinais. Os vermes adultos, que se instalam no intestino delgado e absorvem os nutrientes absorvidos com as refeições, podem atingir até 60 centímetros de comprimento.
Os parasitas se fixam nas paredes do intestino ainda na fase larval, através da cabeça (escólex, a parte anterior do corpo dos vermes). Muitos pets infestados são assintomáticos – o diagnóstico é obtido eventualmente através de exames de fezes.
Entre os humanos, as crianças são as mais afetadas pela dipilidiose. Além dos sintomas verificados nos pets, seres humanos podem apresentar prurido anal, insônia e irritabilidade. Contudo, a dipilidiose humana não é tão grave quanto a forma que afeta outros mamíferos.
O D. caninum faz parte de uma classe dos vermes platelmintos que se caracteriza pela ausência de sistema digestório. Todos os animais desta classe são parasitas (como a Taenia solium e a T. saginata, que afetam os humanos). Os nutrientes são absorvidos pela pele dos parasitas.
Ao entrar no organismo dos cães e gatos, os ovos e larvas do D. caninum levam cerca de três semanas para se desenvolver. Elas viajam pela corrente sanguínea até o abdômen do pet, onde se fixam no intestino do hospedeiro através de ganchos e continuam a se desenvolver. Como são animais hermafroditas, os vermes se autofecundam e eliminam os proglotes para que os ovos deem início a um novo ciclo de infestação.
O tratamento para dipilidiose em cachorros
Muitas infestações são controladas, através das doses regulares de vermífugo, sem que os tutores percebam que há algo errado com o seu pet. Em cães de médio e grande porte, os sintomas são muito suaves – o mais comum é o prurido anal, que indica a necessidade de avaliação veterinária.
Na maioria dos casos, um reforço na vermifugação é suficiente para eliminar completamente a dipilidiose. Mas, se ela for constatada, é preciso tomar medidas para eliminar pulgas e piolhos domésticos. Durante os passeios diários, recomenda-se o uso de coleiras contra pulgas ou medicamentos inseticidas tópicos.
Vale lembrar que os parasitas hematófagos – pulgas e piolhos entre eles – sobem nos cães e gatos apenas para se alimentar. Eles não vivem nos pelos dos pets. Estima-se que apenas 5% do total de insetos presentes no ambiente estejam sugando sangue no corpo dos peludos. Por isso, é importante higienizar o ambiente, não apenas os animais.
Caso um cão seja diagnosticado com dipilidiose, é necessário avaliar os humanos e outros pets com quem ele conviva. A infestação é mais comum entre os cachorros, mas é classificada como zoonose – pode ser transmitida dos pets para os humanos e vice-versa.
O tratamento é feito à base de Praziquantel, um anti-helmíntico de amplo espectro, capaz de eliminar a infestação – ovos, formas larvais e adultos – com uma dose única (5 mg/kg). Aconselha-se, no entanto, um reforço depois de 15 dias.
Alguns animais, no entanto, podem ter complicações da dipilidiose. A doença é caracterizada pela perda de nutrientes para os parasitas, que impedem o intestino de absorver sais minerais, vitaminas, proteínas, gorduras e açúcares presentes na alimentação (por isso, um dos sintomas da doença prolongada é a perda de peso).
Caso a infestação tenha sido severa ou negligenciada por muito tempo, poderá ser necessário submeter o cachorro doente a um regime especial, para eliminar um quadro de desnutrição.
O ideal é garantir a prevenção: aplicar as doses indicadas do vermífugo nos intervalos determinados, eliminar insetos do ambiente e adotar uma estratégia de proteção quando o cachorro sai de casa.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.