Linfoma em cães: causas, sintomas e tratamento

É uma neoplasia que se origina nos linfócitos. Conheça os sintomas e tratamento do linfoma em cães.

O linfoma ou linfossarcoma é uma neoplasia – a proliferação exagerada e descontrolada das células de um órgão ou tecido –, que se distingue da leucemia por afetar órgãos sólidos, especialmente os gânglios linfáticos, mas também algumas vísceras, como fígado e baço, e menos frequentemente a pele.

O sistema linfático é constituído por órgãos, vasos e principalmente os linfonodos (ou gânglios linfáticos), distribuídos pelo corpo todo para ajudar no combate a invasores, como estratégias e vírus. O linfoma pode ocorrer em diversas áreas do corpo dos cães, uma vez que os gânglios são amplamente distribuídos.

O linfoma pode afetar diversos outros órgãos dos cães. De acordo com as características da neoplasia, ela pode prejudicar o funcionamento da pele, olhos, sistema nervoso, etc. Também por isso, os sintomas iniciais não são específicos variando de acordo com as estruturas atingidas.

Linfoma dos caes

Características do linfoma em cães

Trata-se de um dos cânceres mais comuns entre os cães: nos EUA, o linfoma atinge 24 a cada 100 mil animais. Tradicionalmente, o linfoma não é definido como uma doença única, mas um conjunto de enfermidades determinadas pelo tipo de células afetadas, a localização do tumor e o estágio da doença.

Estudos indicam que o linfoma representa entre 5% e 7% de todas as neoplasias dos cães e 80% dos tumores hematopoiéticos, relacionados aos tecidos responsáveis por produzir as células sanguíneas, como a medula óssea.

No caso de cães idosos, as chances de desenvolver um linfoma são triplicadas em relação aos jovens e adultos. Algumas raças são mais suscetíveis, entre elas o airedale terrier, basset hound, boxer, golden retriever, pastor alemão, São Bernardo e terrier escocês.

O diagnóstico de linfoma em cães tem se tornado mais frequente nos consultórios veterinários. A neoplasia é comum principalmente entre os animais idosos. O aumento do número de casos provavelmente está associado aos melhores cuidados que vêm sendo dispensados nas últimas décadas aos animais de estimação.

Causas do linfoma nos cachorros

As causas do linfoma em cães, assim como da maioria das neoplasias, ainda não foram bem estabelecidas. Sabe-se que existe certa predisposição genética – e, por isso, algumas raças caninas são mais predispostas a desenvolver tumores malignos.

Parte significativa dos cães diagnosticados com linfoma tinha histórico de problemas imunológicos. As doenças autoimunes mais comuns nos pets são:

  • lúpus eritematoso (discoide e sistêmico);
  • pênfigo foliáceo;
  • anemia hemolítica;
  • artrite reumatoide.

Além disso, existem agentes potencialmente cancerígenos, aos quais os cães (e nós também) não devem ser expostos com muita frequência. É o caso dos raios solares entre 10h e 16h, da fumaça de cigarros e escapamentos de automóveis, da radiação ionizante, da exposição frequente a herbicidas, etc.

Quanto ao mais, os tutores devem garantir a alimentação adequada, consultas regulares com o veterinário, vacinação em dia, brincadeiras e passeios diários. Uma vida saudável previne muitas doenças e prolonga o bem-estar.

A classificação

O linfoma pode ser classificado de acordo com vários critérios, como a localização do tumor no organismo e a histologia (tecidos e órgãos afetados em nível molecular). Com relação à localização, podem ocorrer os seguintes linfomas:

multicêntrico – é a forma mais comum entre os cães, respondendo por metade dos casos. Apresenta-se com a tumoração de diversos gânglios linfáticos, espalhados pelo corpo todo;

cutâneo – também relativamente comum, atinge a pele dos cães (um terço dos animais com linfoma apresentam comprometimentos cutâneos). Nestes casos, podem surgir sintomas precoces, como lesões sem motivo aparente e ferimentos de difícil cicatrização;

mediastinal – os gânglios linfáticos afetados localizam-se no mediastino, a região anatômica atrás do osso esterno (no centro do tórax, entre os pulmões);

gastrointestinal ou alimentar – pode surgir como uma massa tumorosa única ou de forma difusa, ao longo de todo o sistema digestório, da faringe ao reto, podendo atingir o baço e o fígado;

extranodal – inicia-se em um nódulo linfático e afeta um órgão ou tecido específico. Neste caso, o linfoma pode prejudicar a pele, olhos, rins ou o sistema nervoso. Raramente, o linfoma extranodal atinge os ossos e, nos machos, pênis e testículos.

Sintomas do linfoma em cães

O sinal clínico que mais chama a atenção dos tutores, levando-os a procurarem orientação médica, é o inchaço dos gânglios linfáticos, especialmente na virilha, pescoço e tórax. Na maioria das vezes, os cães não se mostram sensíveis ao toque.

Eventualmente, em consultas de rotina, o veterinário pode identificar, nos exames de laboratório, alterações características no sangue, como anemia normocítica (quando os glóbulos vermelhos apresentam tamanho normal), queda acentuada do número de plaquetas e aumento do número de leucócitos. A partir destas informações, o profissional certamente investigará as causas.

Em casos mais avançados de linfoma, os cães podem apresentar fadiga, prostração, perda de apetite, dificuldades respiratórias (nos casos de linfoma mediastínico) ou vômitos e diarreia (em linfomas gastrointestinais).

No caso de tumores multicêntricos, os cães podem apresentar sinais inespecíficos, como febre, anorexia e apatia. No consultório, é possível identificar alterações hepáticas e mediastinais. Um em cada cinco cães podem apresentar hipercalcemia, um estoque excessivo de cálcio no organismo.

Os tumores mediastinais podem pressionar o esôfago, a faringe e a laringe dificultando a deglutição e a respiração. Nos casos gastrointestinais, os tumores afetam o funcionamento do sistema digestório. No caso dos extranodais, os sintomas podem estar relacionados ao órgão atingido (pele, rins, olhos etc.).

O diagnóstico para a doença

Constatado o inchaço dos gânglios linfáticos, o veterinário pode solicitar uma citologia (do gânglio ou de outro órgão afetado) para avaliar os tecidos afetados. É um exame rápido, cujos resultados são liberados em 24 ou 36 horas.

Uma biópsia de gânglio, obtida sob anestesia geral, permite classificar com exatidão o tipo de linfoma. O procedimento é útil também para distinguir os chamados linfomas indolentes, que não necessitam de quimioterapia convencional.

No caso de os exames serem inconclusivos, o médico pode solicitar uma citometria de fluxo, um exame que conta, examina, identifica as propriedades físicas e químicas e classifica partículas microscópicas do tumor em um meio líquido.

O diagnóstico do linfoma em cães geralmente se baseia em técnicas imunológicas e histoquímicas, por meios das biópsias. Exames complementares auxiliam o veterinário a avaliar a extensão dos danos nos órgãos afetados.

O tratamento do linfoma em cães

Uma vez constatada a existência do linfoma, com a confirmação de que não se trata de um tumor indolente (que se desenvolve lentamente e não se espalha para outros órgãos e tecidos), os cães afetados são encaminhados para a quimioterapia ou, no caso de tumores localizados ou de obstrução de um órgão importante (como esôfago e intestino), para um procedimento cirúrgico.

Muitos cães, no entanto, em função da idade ou do histórico de saúde, não podem ser submetidos a anestesia geral, sendo encaminhados para o tratamento ambulatorial. No caso da remoção cirúrgica, boa parte dos pacientes entra em remissão imediatamente, sem necessidade de quimioterapia. Muitos cães, no entanto, demandam as duas abordagens terapêuticas.

No caso do tratamento quimioterápico, os pacientes recebem drogas citostáticas, que inibem o crescimento celular. O procedimento mais comumente adotado é o CHOP, um protocolo médico para o uso das drogas mais indicadas: ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona.

As sessões de quimioterapia exigem a internação dos pacientes, porque existe um risco considerável de desenvolvimento da síndrome de lise tumoral, decorrente da rápida destruição das células neoplásicas.

Quando as células cancerosas morrem, elas liberam potássio, fósforo e ácidos nucleicos. A alta concentração destas substâncias no organismo pode causar arritmias cardíacas, instabilidade neuromuscular, lesões renais agudas e aumento do tônus muscular.

Como regra geral, são realizadas 19 sessões semanais de quimioterapia. Os principais aspectos a serem considerados no tratamento são os custos, a duração e os efeitos colaterais. O prognóstico, em casos identificados precocemente, é de 90% de recuperação e remissão da doença.

Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.

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