Mais que outros cães, os chihuahuas sofrem com problemas dentários. Entenda por quê.
Os chihuahuas estão entre os menores cães do planeta: eles são maiores apenas do que os pequenos cães russos, pouco conhecidos no Ocidente. A redução do tamanho ainda causa alguns transtornos anatômicos. Um dos principais é justamente a boca, pequena demais para tantos dentes. Os problemas dentários acabam se tornando muito frequentes.
Todos os cachorros, independentemente do porte, são parentes próximos dos lobos-cinzentos atuais: as duas espécies possuem um ancestral comum já extinto. Mas, enquanto um lobo-cinzento macho atinge até 85 cm de altura na cernelha, um chihuahua, na média, tem apenas de 18 cm a 23 cm.
A raiz dos problemas
Apesar de terem um focinho alongado e uma mandíbula poderosa, os chihuahuas nunca atingem a dentição esperada para os cachorros: 42 dentes. A ausência, no entanto, nem mesmo é considerada falta grave em exposições oficiais.
Os cãezinhos da raça apresentam de 28 a 30 dentes. Mesmo assim, isso não costuma interferir na mastigação. Mas muitos problemas dentários começam a surgir ainda na troca dos dentes: a queda dos decíduos (de leite), que caem para dar espaço à dentição permanente.
É comum entre os chihuahuas – e também entre outras raças de pequeno porte, como pinscher miniatura, yorkshire terrier, cavalier king charles, spitz anão (lulu da Pomerânia) e maltês – que os dentes de leite permaneçam na boca: o nome técnico do transtorno é dentição dupla.
Os dentes permanentes do chihuahua também podem encontrar problemas para despontar. Como os decíduos não caem, eles podem ficar retidos na gengiva. É a chamada impactação: os dentes não se rompem e formam cistos especialmente na mandíbula.
Isto acaba provocando dentes encavalados. A boca já tem pouco espaço para a dentição e as gengivas ficam com dentes tortos e pouco funcionais. O problema não é apenas estético: restos de comida e petiscos se acumulam nas arcadas dentárias, facilitando o desenvolvimento do tártaro, da placa bacteriana e, no médio prazo, de gengivite e da doença periodontal.
O mau hálito é outra característica do chihuahua. Para evitá-lo, os tutores não podem se descuidar da escovação dos dentes, que, para estes pequenos, pode ser diária. Felizmente, como a boca é muito pequena, não é preciso usar escova e creme: basta uma dedeira, ou mesmo o próprio dedo envolvido em uma gaze esterilizada.
Problemas nos dentes dos chihuahuas
Mais do que a maioria das raças caninas, os chihuahuas são muito propensos a ter problemas mais ou menos sérios nos dentes, que vão do desalinhamento discreto à formação de cistos e tumores na boca.
Os cães precisam de acompanhamento veterinário, especialmente nos dois primeiros anos de vida. Entre os chihuahuas, a atenção médica é ainda mais necessária: o profissional precisa verificar a perda dos dentes decíduos, a formação dos permanentes e intervir sempre que surgirem complicações – e, entre estes pequenos, as complicações surgem na maior parte dos casos.
Nos cães da raça, os transtornos dentários e bucais podem ocorrer por motivos diversos. Os mais comuns são os seguintes:
01. Dentes retidos
Os cachorros começam a substituir a dentição por volta das 12 semanas de idade. É um momento delicado, marcado por dores e desconfortos, mas quase sempre superados até completarem seis meses de vida.
Os chihuahuas, no entanto, podem sofrer um pouco mais. Os dentes de leite podem ficar retidos, enquanto os permanentes tentam (e não conseguem) encontrar espaço para despontar. Os motivos exatos para este problema ainda não são totalmente conhecidos pelos veterinários.
Muitas vezes, a retenção de dentes não é identificada. Alguns tutores chegam a considerar “charmoso” o sorriso encavalado dos chihuahuas, mas a condição requer cuidados médicos: é preciso extrair os dentes de leite, para que a dentição permanente se desenvolva de forma funcional.
02. Dentes impactados
Quando os dentes permanentes não encontram espaço para despontar – o motivo é mais um mistério para os especialistas – eles ficam enterrados nas gengivas (principalmente na inferior) e, se os cães não forem socorridos a tempo, pode ocorrer a formação de cistos.
À medida que esses cistos crescem, diversos problemas podem ocorrer: surgem inchaços e dores nas gengivas, o risco de inflamações e infecções na boca e na garganta aumenta exponencialmente e os cães podem ter dificuldades para mastigar e engolir.
Em alguns casos, por predisposição genética, os dentes permanentes simplesmente não se formam: são os dentes perdidos. O chihuahua pode até perder o dente decíduo, mas o definitivo não se forma. Não há problemas mais graves (além da maior dificuldade na mastigação), mas é preciso certificar-se de que os dentes realmente não se desenvolveram.
03. Dentes quebrados
Este problema tem uma causa bastante conhecida: os dentes dos chihuahuas são pequenos e frágeis, mas os peludos costumam se comportar como outros cachorros: eles exploram, mordem, farejam, experimentam o sabor, etc.
Por isso, a fratura dos dentes é uma condição muito comum entre os cães da raça. Em geral, os cachorros apresentam poucos problemas com cáries, mas os chihuahuas, com dentes quebrados muitas vezes expondo a polpa e a dentina, são muito mais suscetíveis.
04. Más oclusões
O chihuahua foi desenvolvido como cão de companhia pelos maias, povo que habitava o México e a Guatemala antes da chegada dos invasores europeus, no século 16. Os cães da raça chegaram a ser empregados como rastreadores, mas eram adotados basicamente como acompanhantes.
Por isso, o padrão oficial da raça não exige uma mordedura específica: o chihuahua pode apresentar tanto a mordida em tesoura, como a em torquês (pinça). Seja como for, os problemas na dentição podem causar más oclusões.
Em alguns casos, os dentes superiores se apoiam nos inferiores apenas em dois pontos. A má oclusão dificulta a mastigação, atrapalha a interação em jogos e brincadeiras. Além disso, os dentes podem pressionar áreas moles da boca (como as gengivas, bochechas e palato), gerando ferimentos e facilitando o desenvolvimento de infecções e inflamações na boca e na garganta.
O atrito irregular também afeta os dentes, que podem se chocar na boca até mesmo durante a respiração. As más oclusões também são responsáveis por dentes fraturados ou trincados. Os casos podem ser resolvidos com extrações.
Outras doenças dentárias comuns
Qualquer cachorro pode desenvolver problemas dentários, mas eles são muito mais frequentes nos chihuahuas, que devem ser avaliados regularmente por um veterinário, para garantir a saúde e o bem-estar.
Os problemas podem surgir em diversas regiões da boca: dentes, lábios, língua, bochechas, gengivas, glândulas salivares, etc. Além dos resíduos de alimentos, os chihuahuas também se machucam com objetos mordidos durante as brincadeiras, que podem gerar lesões inflamatórias.
Os ferimentos, que também são causados por picadas de insetos (uma única pulga pode fazer um estrago considerável em um chihuahua), podem ser identificados em inspeções diárias cuidadosas dos tutores, mas os cãezinhos também acusam os problemas com algumas reações.
A baba não é comum na raça. Por isso, se um chihuahua começar a salivar de maneira excessiva, ele certamente está com um problema bucal. Recusar-se a receber alimento também é um alerta para os tutores.
• Placa bacteriana
Ela é uma película pegajosa e incolor sobre os dentes, formada por restos de alimentos em que as bactérias que colonizam naturalmente a boca encontram condições para se multiplicar excessivamente. A placa bacteriana é a principal causa da gengivite e das cáries.
• Tártaro
O tártaro é a calcificação da placa bacteriana, que recobre os dentes e parte das gengivas. Forma-se um revestimento duro e amarelado, que leva ao desenvolvimento de manchas dentárias, cáries, gengivite e mau hálito.
• Estomatite
É uma inflamação das mucosas da boca, que forma pústulas em toda a cavidade bucal. Os sinais mais comuns incluem retração gengival em vários locais e ferimentos de superfície que podem ser grandes, especialmente junto aos dentes molares e pré-molares.
• Distúrbios salivares
A saliva é importante para amolecer os alimentos e facilitar a deglutição. Os chihuahuas, entre outras raças de pequeno porte, são muito propensos ao ptialismo (produção excessiva de saliva), situação em que eles começam a babar.
• Gengivite
É o problema mais comum entre os cães. Com o avanço do tártaro, as gengivas se tornam locais propícios para inflamações e infecções. Dependendo da gravidade, a gengivite pode levar não apenas à perda de dentes, mas afeta a saúde geral dos peludos.
Muitos animais desenvolvem insuficiência cardíaca ou renal, além de doenças metabólicas, como pancreatite e diabetes. O sistema imunológico também pode ser prejudicado, facilitando o desenvolvimento de infecções em diversos órgãos e tecidos. Algumas infecções virais graves, como leptospirose e cinomose, afetam um número maior de cães com gengivite.
• Tumores
Os chihuahuas também são geneticamente predispostos ao desenvolvimento de tumores na boca, especialmente na face interna dos lábios e no palato. Geralmente, esses tumores são benignos, mas prejudicam a qualidade de vida, dificultando a alimentação e nutrição.