A convivência entre cães e gatos

Uma família multirracial é um desafio. Aprenda como tornar melhor a convivência entre cães e gatos.

Como acostumar cães e gatos juntos? Eles são animais de espécies diferentes e, na natureza, não interagem de forma nenhuma – nao há colaboração, comensalismo, etc. Mas, entre nós, a convivência entre eles não é tão difícil.

Na verdade, “brigar como cães e gatos” é um ditado antigo que carrega um bocado de preconceito. Os pets podem viver pacificamente – e isto não significa apenas uma tolerância cortês, mas uma convivência tranquila e divertida.

Para os cães, todos os membros da família são cães. Para os gatos, todos são gatos. Por que outro motivo estariam todos reunidos no mesmo grupo? Os bichanos entendem um imenso bloodhound como um gatão, enquanto os totós encaram um minúsculo munchkin (a menor raça felina) como um cachorro nanico.

Convivência entre cães e gatos

Os cães tendem a brincar de morder e dar patadas. Também é comum que eles empurrem com o focinho, com alguma brutalidade. Gatos não dispõem de estrutura física para estas atividades mais intensas.

Mesmo assim, alguns cachorros agem como verdadeiras babás. Além dos golden retrievers e retrievers do labrador e da terra nova, famosos pela habilidade com crianças e bebês, até mesmo samoiedas e dogues alemães sabem ser delicados. De qualquer forma, é necessária a supervisão dos tutores.

Vivendo em paz

Como acontece em qualquer relacionamento interpessoal, os tutores precisam garantir que cães e gatos se respeitem. Este é o início imprescindível para uma convivência saudável. É necessário ter muita paciência para intermediar o relacionamento – pelo menos, nas primeiras semanas.

Os comportamentos habituais de cães e gatos são extremamente diferentes, até mesmo opostos algumas vezes, mas, entendendo-se como membros da mesma família, os animais percebem rapidamente que é necessário o apoio mútuo.

“Todos juntos, somos fortes”, diz uma das músicas dos “Saltimbancos”, peça teatral de Chico Buarque. Cachorros são brincalhões, extrovertidos e fisicamente fortes. Os gatos são mais delicados e frágeis. Por isso, observam mais e calculam os riscos de qualquer atividade.

A inimizade entre cães e gatos

Cães e gatos são muito diferentes. Ambos são caçadores na natureza, mas os gatos, às vezes, em função do tamanho, também são caçados. Por isso, eles desenvolveram estratégias diferentes de sobrevivência.

A maioria dos cães guarda o instinto de predador e os gatos inicialmente aguçam estas características. Não importa o tamanho: o yorkshire terrier foi desenvolvido para caçar ratos em minas de carvão inglesas, enquanto o weimaraner percorria longas distâncias, na Alemanha, para combater ursos, lobos e veados.

A “culpa” da inimizade, vale ressaltar, é principalmente dos cachorros. Na natureza, caçar é a única possibilidade de sobrevivência (os lobos poderiam ser carniceiros ou herbívoros, mas a natureza não os desenvolveu assim). Está nos genes, mas não se trata de uma situação incontornável.

Convivencia caes e gatos

O relacionamento dos cães com os humanos também é diferente. Os cachorros se aproximaram de grupos humanos e desenvolveram uma convivência amistosa, inclusive dividindo o alimento e o calor – inicialmente, de maneira igualitária.

Os gatos se aproximaram muito mais tarde, quanto o lixo humano passou a atrair roedores e insetos. Era necessário que os bichanos estivessem por perto – mas não muito – para dar combate às pragas.

Quando a agricultura começou a produzir excedentes, os gatos se tornaram guardiães dos silos de grãos. No Egito antigo, eles eram comparados a deuses, mas mantinham distância dos humanos. Mais tarde, passaram a aceitar o carinho e o convívio.

Os bichanos, no entanto, só se tornaram verdadeiramente animais de estimação quando os ingleses conquistaram metade do mundo, a partir do século 18, e encantaram-se por raças tão diferentes quanto o siamês, trazido do sudeste asiático, e o angorá, encontrado na montanhas turcas.

Nas residências humanas, as duas raças começaram a interagir. Melhor dizendo, os cachorros perseguiam os gatos – mesmo que estivessem apenas brincando de caçar – e os bichanos refugiavam-se em telhados e árvores do quintal. Até por volta dos anos 1970, cães e gatos quase nunca dividiam o mesmo espaço.

Isto não quer dizer que não haja gatos caçadores e territorialistas, que aterrorizam cachorrinhos, especialmente quando eles são moradores mais antigos. Pela diferença de porte e pelos hábitos, no entanto, os cães conquistaram a fama de mandões e dominadores, enquanto os felinos correm para se esconder.

Territorialidade

Cães e gatos são animais territorialistas. Os lobos, ancestrais dos cachorros domésticos, vivem em bandos, mas há sempre um líder que controla o território de caça, os locais de descanso e até os namoros.

As gatas vivem em bandos mais esparsos. Elas estabelecem um território em que caçam, criam os filhotes e garantem a segurança do grupo. Os machos costumam ser solitários e percorrem áreas mais extensas e afastam-se das gatas tão logo tenham cruzado com elas.

Em casa, cães e gatos tentam demarcar o território – e isto pode ser um problema, porque os dois animais mostram “quem manda no pedaço” urinando pelos cantos. Os tutores devem demonstrar quem é o chefe. Identificada a liderança, a convivência começa a se tornar mais tranquila.

Para garantir uma convivência saudável, é importante não se esquecer das características das duas espécies:

• os cães se organizam em matilhas, onde predomina uma forte hierarquia. Os gatos são mais solitários e independentes. Em casa, provavelmente o cachorro será o “chefe” do gato, mas este terá um território para chamar de seu;

• o animal mais antigo tem alguns direitos adquiridos. Os cães possuem algum senso de propriedade e não ficarão nada contentes em ver suas tigelas e brinquedos simplesmente transferidas para o novo inquilino da casa;

• a alimentação é um momento sagrado para as duas espécies. Deixe os comedouros em lugares distantes, para que os dois pets se sintam seguros. E, algumas vezes por dia, partilhe petiscos com eles, para eles começarem a entender que partilham uma casa comum.

A convivência entre cães e gatos

É possível transformar cães e gatos em amigos, não apenas em “inimigos cordiais”? A experiência diz que sim. Bichanos e totós compartilham espaços, comida e brinquedos em muitas famílias e não é incomum que as fêmeas criem leite para amamentar filhotes órfãos.

Mas, o trabalho de aproximação cabe ao tutor. Fomos nós que trouxemos cães e gatos para o nosso convívio. Há muito tempo, os motivos podem ter sido diferentes, mas atualmente as duas espécies são aproveitadas principalmente para companhia.

Muitos tutores, no entanto, agem de modo exatamente contrário. Por acharem divertidas as perseguições, estimulam os cães a correrem atrás dos gatos. Alguns também acham divertido quando um bichano mostra as garras, mas quem já foi arranhado por um gato sabe que não existe nenhuma dose de humor na situação.

O primeiro passo, portanto, é não incentivar os comportamentos instintivos. Quem ainda não adotou os pets, o ideal é escolher dois filhotes, que crescerão juntos e entenderão que a convivência é natural.

O porte não interfere. Desde que acostumados, os cachorros não aproveitam a superioridade de tamanho para apavorar os gatos. O importante é tratar os dois da mesma maneira, sem valorizar demais apenas um dos pets – o outro fatalmente sentirá ciúme.

Os adultos

Nem sempre é possível começar do zero. Muitas vezes, um gato aparece em casa quando já temos um cachorro adulto, e vice-versa. A estratégia de aproximação, neste caso, se baseia na paciência e na cautela para evitar acidentes.

No primeiro contato, se o cachorro tentar atacar o gato assim que o vir, prenda-o com a coleira e dê alguma coisa para ele se distrair, desviar a atenção. Solte o gato e deixe-o aproximar-se – mas mantendo uma distância segura.

Se o cachorro continuar dando sinais de agressividade, puxe a corrente, para assinalar que você não está gostando da atitude. Cachorros são inteligentes e gostam de agradar os tutores. Em alguns dias, eles entenderão que os humanos não querem que ele ataque o gato.

Quando o cachorro começar a demonstrar menos agressividade – parando de rosnar, mostrar os dentes ou tentar avançar –, premie o comportamento. Ofereça um biscoito junto com expressões de incentivo – um “bom menino” costuma ser suficiente.

Observe a interação. Os gatos filhotes tendem a manter uma distância segura dos cachorros, mas os adultos podem também atacar. Não valorize a fragilidade do gato com palavras e gestos, porque ele entenderá que pode usar unhas e dentes contra o “inimigo”.

Continue dando folga à corrente, permitindo o contato entre os dois pets. Quando eles cheirarem um ao outro, está dado o primeiro sinal de aproximação: cão e gato estão começando a se identificar.

Fique sempre atento aos contatos entre os dois pets. Coíba os comportamentos agressivos do cachorro, mas elogie todos os gestos de boa vontade. A aproximação é uma tarefa que leva 15 a 20 dias. Ao final deste período, é provável que você tenha em casa “dois melhores amigos desde a infância”, apesar de terem se conhecido poucas semanas antes.

As raças que mais aceitam gatos

Algumas raças caninas são mais gentis e aceitam com mais facilidade a companhia dos gatos. Um golden retriever ou um retriever do labrador, por exemplo, provavelmente se tornará a almofada predileta do bichano. Outras raças amistosas são:

  • bichon frisé;
  • cavalier king Charles spaniel;
  • papillon;
  • maltês;
  • pug;
  • basset hound;
  • beagle;
  • boxer;
  • collie;
  • pastor de Shetland.

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