Não é, mas pode acontecer. Veja por que o cachorro pode enjoar da ração.
Antes de entender por que o cachorro pode enjoar da ração, é preciso dizer que as rações de boa qualidade disponíveis no mercado são alimentos completos, formulados com todos os nutrientes para o desenvolvimento, a saúde e o bem-estar dos pets.
Isto, claro, se a ração for servida na quantidade correta, considerando-se a idade, sexo, histórico de saúde e nível de atividade física dos cachorros. Um cão que se exercita ativamente, em treinos de corrida, tração, agility, etc., requer uma quantidade de alimento maior do que aquele que passa a maior parte do tempo cochilando no sofá.
Os motivos para os cachorros enjoarem da ração
Normalmente, o cachorro não enjoa da ração em função do sabor. O paladar dos cães não é tão apurado quanto o dos humanos: a nossa boca possui até cinco vezes mais papilas gustativas – os terminais nervosos que percebem o gosto dos alimentos – do que os nossos peludos.
Mas o cachorro pode enjoar pelo sabor e principalmente pelo aroma do alimento. O olfato é importante para a vida de relação dos cachorros – eles percebem o mundo principalmente através do faro. E, se a ração mudar de odor, os peludos podem rejeitá-la.
Isto pode acontecer em função de alterações na produção – o fabricante pode incluir (ou excluir) alguns itens da matéria-prima. Mas geralmente acontece porque o pacote de ração não é bem acondicionado em casa.
Produtos expostos ao ar ambiente, à claridade excessiva ou à umidade, por exemplo, têm a textura, o sabor e o aroma alterados – e a maioria dos cachorros não gosta de novidades, especialmente quando se trata de alimentação.
Um motivo bastante comum é o cachorro recusar a ração nos dias mais quentes. Os tutores têm toda a razão para se preocupar e devem ficar atentos, mas, nestes casos, geralmente os pets apenas reduzem os movimentos, o metabolismo reduz a velocidade e a fome acaba desaparecendo.
Se a falta de apetite surge por um ou dois dias e não há outros sinais de que alguma coisa esteja errada com a saúde do cachorro, não há motivo para preocupação. Se o pet ficar mais de três dias sem se alimentar, é preciso consultar o veterinário.
Veja também:
– 06 dicas de como deixar a ração do cachorro mais saborosa
– Meu cachorro comeu muita ração: o que fazer?
– Meu cachorro não quer comer ração: o que fazer?
Os horários
Outro motivo simples para o cachorro enjoar da ração é tê-la sempre à disposição. Muitos tutores mantêm os comedouros sempre cheios, para que o pet possa comer quando sentir vontade. E ele faz exatamente isso.
É importante estabelecer horários mais ou menos rígidos para a alimentação. Cães adultos saudáveis devem receber a ração duas vezes por dia, na quantidade indicada para as necessidades específicas de cada um.
A tigela deve ser retirada alguns minutos depois que a refeição é servida. Desta forma, os cachorros se adaptam aos horários e entendem que não há motivo para ficarem ansiosos, porque o alimento é oferecido regularmente.
A fixação dos horários é importante também para impedir (ou reduzir) os pedidos insistentes. Cães são inteligentes e entendem em pouco tempo que não adianta ficar rondando os tutores, esperando um petisco, um pedaço do lanche ou uma porção extra de ração.
É importante lembrar que o número de refeições diárias varia de acordo com a idade, porte, sexo e atividade física dos cachorros. Alguns são mais gulosos, mas não devem receber mais comida do que o indicado (pelo veterinário ou pelo fabricante da ração oferecida).
No caso de cães muito vorazes, a ração pode ser dividida em porções menores, oferecidas a cada duas ou três horas. Isto previne inclusive problemas de digestão – desde uma indigestão leve até uma torção gástrica.
Quem gosta de oferecer petiscos ao longo do dia – as guloseimas são úteis durante o adestramento e também reforços os elos entre os pets e os tutores – deve se lembrar que os lanchinhos extras não devem ultrapassar 20% do total de alimento diário.
É importante oferecer petiscos saudáveis. Os cães aprendem rapidamente a se deliciar com palitos de cenoura ou cubos de maçã, pera ou abóbora. Mas, vale dizer, não há nada de errado em oferecer algumas “porcarias” de vez em quando (uma ou duas vezes por semana).
O que fazer se seu cachorro enjoar da ração?
Se as regras de alimentação estão sendo seguidas e não existe nenhum fato novo que esteja provocando a falta de apetite, é possível contornar a situação com alguns truques simples para tornar a ração mais palatável.
Vale lembrar que a inapetência canina pode ser provocada por alterações na rotina, como mudança de casa ou a chegada de um estranho (visitante, prestador de serviço ou até mesmo um bebê). Uma reforma ou uma obra na vizinhança também pode alterar o apetite dos pets.
Alguns cães também podem recusar alimento (e parece que eles enjoaram da ração) quando se sentem entediados: passam muito tempo sozinhos, sem nada para fazer. Neste caso, é preciso melhorar o ambiente com brinquedos, novidades, etc.
Se estiver tudo em ordem e mesmo assim o pet continuar recusando a ração, os tutores podem incrementar as refeições. Uma boa dica é incluir um sabor e aroma novo ao prato de cada dia.
A maioria dos cachorros gosta muito de ovos. Eles devem ser oferecidos sempre cozidos (frituras fazem mal à saúde canina), esmigalhados e misturados à ração. Se o ovo for servido inteiro ou em rodelas, provavelmente os pets desprezarão a clara, que é menos aromática.
Cães de médio de grande porte podem comer até um ovo inteiro por dia. Os pequenos devem receber apenas metade. Os tutores precisam ficar atentos a prováveis alterações nas fezes, flatulência, desconforto abdominal, etc., especialmente no caso de cães ainda não acostumados ao alimento.
Outra opção é o iogurte, que pode ser misturado à ração e muda completamente o sabor, o aroma e a textura. O produto deve ser natural, sem adição de frutas, mel, etc. No caso de cães com tendência a ganhar peso, pode-se optar pelos iogurtes desnatados.
Os grandões podem comer até duas colheres de sopa de iogurte a cada dia. A quantidade diminui para os de porte médio e pequeno: um chihuahua precisa se contentar com apenas uma colher de chá em cada refeição.
As rações úmidas normalmente são mais bem aceitas do que os alimentos secos. Mas há inconvenientes: boa parte dos produtos disponíveis no mercado são suplementos, isto é, eles servem para corrigir algumas carências. Há rações úmidas enriquecidas especificamente com ferro, cálcio, proteínas, etc.
Além disso, a ração úmida é mais cara do que os grãos secos. Mas é possível misturar os dois produtos, garantindo uma consistência diferente para as refeições e, com isso, despertando o apetite dos cães.
É importante verificar se a ração úmida é um alimento completo. No caso dos suplementos, o ideal é consultar o veterinário, para escolher o produto mais adequado. Alimentos enriquecidos com cálcio e potássio, por exemplo, são importantes durante o crescimento, mas podem ser contraindicados para os cães adultos com problemas de calcificação.
Para tornar a ração mais palatável, outra dica é polvilhar ervas e especiarias na tigela. Hortelã e erva-doce são bons digestivos, enquanto o alecrim é rico em ferro. O orégano é uma boa fonte de antioxidantes, que retardam o envelhecimento. Já o confrei, losna e poejo são contraindicados, porque aceleram o trânsito intestinal e podem causar diarreias.
Basta pulverizar uma colher de chá sobre a tigela. As ervas podem ser secas ou frescas – as primeiras são mais aromáticas, enquanto as frescas realçam o sabor: o prato comum se transforma em prato de festa.
Um truque simples é apenas umedecer a ração com água quente. Não é preciso acrescentar nenhum ingrediente: basta regar o prato com água fervente, esperar esfriar e servir. Os grãos da ração se tornam mais macios. Mudando a textura, o cachorro volta a comer normalmente.
Trocando a ração
Em alguns casos, o cachorro realmente enjoa da ração. Assim como para nós, para os cachorros, os alimentos também estão associados ao bem-estar e à satisfação emocional: não se trata apenas de saciar a fome e, por tabela, ingerir nutrientes fundamentais.
Caso os truques não surtam nenhum efeito, a única solução possível é trocar a ração. Mas não se deve introduzir um novo alimento de um momento para outro: é preciso dosar o novo produto, para evitar eventuais reações adversas, como enjoos, diarreias e flatulência.
A nova ração deve ser introduzida gradualmente. No primeiro dia, é preciso servir uma parte do novo produto para quatro da ração antiga. A proporção vai aumentando até que a ração seja totalmente substituída.