Alguns fatos e verdades sobre cães são totalmente falsos. Conheça alguns “fake facts” sobre os peludos.
Os cães vivem com os humanos há muito, muito tempo. Na verdade, tempo mais do que suficiente para que surgissem alguns fatos sobre a saúde, comportamento e inteligência dos peludos que são totalmente falsos.
Alguns destes “fatos” são apenas lendas urbanas, que não interferem em quase nada – são semelhantes a ideias como “faz mal comer manga e beber leite ao mesmo tempo”, que não têm fundamento científico, mas não atrapalham a vida de ninguém.
Outros, contudo, podem até mesmo prejudicar a convivência com os peludos. Descobrir o que há de verdade e falsidade pode ajudar os tutores a entenderem os peludos com quem dividem a vida, facilitando o entendimento e os cuidados sobre os nossos melhores amigos.
01. Cachorro enxerga em preto e branco
Os cães enxergam cores, mas não todas elas. Os olhos caninos possuem dois tipos de cones (os receptores de cor), enquanto os humanos possuem três. Por isso, nós identificamos tons em verde, azul e vermelho – os cães, apenas os tons das duas últimas cores.
Desta forma, para o olhar canino, as cores ficam um pouco mais esmaecidas, porque o cérebro tende a suprir a ausência do verde com diferentes tonalidades acinzentadas. Um campo florido, assim, é menos exuberante do que para os humanos, mas nem por isso deixa de ser divertido.
Enquanto os amarelos são menos identificados pelos cães, eles conseguem graduar melhor os tons em azul e violeta – é uma verdadeira explosão de cores frias. Não se pode falar em deficiência, mas em características diferentes da espécie.
De qualquer forma, a visão canina é um pouco mais limitada. Eles conseguem enxergar com nitidez objetos a, no máximo, seis metros de distância (entre os humanos, a nitidez alcança 22 metros). Mas isto não chega a ser um problema.
Durante a evolução da espécie, os cães passaram a compensar a falta de nitidez e a redução das tonalidades com outros sentidos, como a audição e o faro. Eles não se sentem limitados, porque estão totalmente adaptados a viver assim.
Se a variedade de cones deixa a desejar, os bastonetes dos olhos são muito mais numerosos. Estas estruturas são responsáveis pela captação da luz. Assim, a visão noturna dos peludos é muito mais sofisticada do que a nossa.
02. Cachorro não consegue ver TV
Este “fato” divide opiniões. Enquanto a maioria entende que os cachorros não conseguem ver TV, muitos tutores fazem questão de afirmar que os seus peludos não só conseguem assistir, mas têm programas preferidos.
O olhar canino é capaz de detectar de 70 a 80 imagens por segundo – a habilidade é necessária para os predadores, que precisam localizar a caça, calcular distâncias, modular velocidades, eliminar fatores concorrentes (como moitas, por exemplo).
Um programa de TV (ou qualquer outro vídeo comum) é transmitido com a velocidade de 24 quadros por segundo. Esta sequência de imagens projetadas confere a sensação de movimento para os olhos humanos.
Para os cães, no entanto, a transmissão é “muito lenta”. Com as interrupções dos movimentos, os peludos podem se desinteressar por um programa que chamou atenção pelo som, mas parece entediante quando a origem dos ruídos é detectada.
Mas os cachorros podem gostar de TV. Não necessariamente das tramas e diálogos, mas das cores e da rápida sequência de imagens – o programa ideal para os peludos tende a ser “frenético demais” para os nossos olhos.
Mas, como eles não acompanham o roteiro que está sendo apresentado, a atenção dura poucos segundos, até ser atraída por outro estímulo qualquer. Alguns peludos podem demonstrar alegria quando a TV é acionada, mas apenas porque eles sabem que os tutores estão prestes a se sentar no sofá e, claro, oferecer um cantinho para eles.
A TV pode inclusive ser usada para reduzir a sensação de isolamento e solidão. Quando um cão passa muito tempo sozinho em casa, o aparelho pode ser programado para ligar durante alguns instantes, o suficiente para mudar a mesmice do ambiente com cores e sons.
03. Abanar o rabo é sinal de felicidade
Quando estão excitados (durante uma brincadeira, por exemplo) ou quando ficam alegres em rever os tutores, os cães balançam a cauda. Desta observação, surgiu a explicação falsa de que abanar o rabo é sinal de felicidade.
Nem sempre, no entanto, isto corresponde à verdade. O rabo é usado para transmitir informações, mas tudo depende de uma série de outros fatores, como a posição das orelhas, os latidos e até a altura em que o rabo está balançando.
É preciso avaliar muito bem a linguagem corporal dos cachorros. O fato de o peludo estar abanando o rabo pode indicar, por exemplo, ansiedade, medo, insatisfação e até irritação. Um cachorro que balança a cauda freneticamente quando o tutor volta para casa pode está “dizendo” que ficar sozinho, sem nada para fazer, muito entediante e muito chato.
Até mesmo a direção pode transmitir mensagens diferentes. Quando o rabo pende para a esquerda, o cachorro está demonstrando sentimentos negativos, como ansiedade, medo e agressividade – que podem ser derivados do isolamento prolongado.
A alegria e curiosidade ficam patentes quando o rabo do cachorro pende para a direita. Quando o apêndice está erguido, o animal está dizendo que está excitado e alegre. Um rabo baixo, com a ponta para o chão, denota medo ou desconfiado. Rígido, seguindo a linha superior do dorso, revela agressividade.
04. Focinho úmido é sinal de saúde
O focinho do cachorro é sempre motivo de polêmica e de preocupação entre os tutores: úmido ou seco, ele pode indicar problemas. Seja como for, é muito difícil que um único sinal possa ser interpretado, sem sobra de dúvida, como sintoma de doença.
É normal identificar o focinho úmido e frio, porque é o principal ponto anatômico pelo qual o cachorro transpira e regula a temperatura. Ao atravessar as narinas, o ar se resfria, se condensa e passa para o estado líquido.
Ao perceber o focinho molhado, não há motivo para preocupação, a não ser que a umidade esteja acompanhada de secreções “suspeitas”, como muco amarelado ou esverdeado. Neste caso, o focinho úmido pode indicar um resfriado ou gripe.
Na umidade natural, pouco há a ser feito. Caso o cachorro fique mais tempo em um lugar mais quente, a umidade será menos evidente. Mas o oposto (nariz seco e quente), por si só, também não é motivo para preocupação.
Se o cachorro está correndo, ou está extremamente excitado, o movimento elevará a temperatura ao redor do corpo, provocando evaporação dos líquidos (isto pode ser constatado também na boca).
Alguns cachorros tendem a esconder o focinho quando estão com frio, inclusive pressionando-o contra almofadas (ou a lateral da cama). Nestes casos, o focinho se apresentará quente e seco, mas também sem indicar problemas (claro, se o dia estiver frio).
Em ambientes mais arejados, o focinho tende a parecer menos úmido e frio. Portanto, para os tutores que se incomodam com o “toque gelado”, é possível atenuá-lo deixando o peludo em locais de circulação do ar.
O focinho é motivo de preocupação quando começa a descamar, quando o corrimento nasal é notável e/ou está acompanhado de secreções ou traços de sangue. Inchaço ao redor das narinas e da boca também é um bom motivo para investigar o peludo.
05. Cachorro pequeno é frágil e vive pouco
Na verdade, alguns estudos indicam que a longevidade está justamente associada aos nanicos. Os cachorros de grande porte apresentam desenvolvimento físico muito rápido e também atingem a terceira idade mais cedo.
A expectativa de um malamute do Alasca é de oito anos (eles podem ser considerados idosos a partir dos cinco). Um chihuahua passa dos 15 anos e muitos dachshunds atingem 20 anos com certa facilidade.
Isto não significa que os grandões sejam mais frágeis – apenas que o metabolismo é mais acelerado. Tudo depende também da criação. Os pequenos se beneficiam com mais carinhos e paparicos (como dormir na cama do tutor), enquanto os grandões quase sempre ficam limitados ao jardim e ao quintal.
Por outro lado, as raças caninas de pequeno porte acabam se expondo a alguns riscos desnecessários que podem comprometer a qualidade de vida (e, consequentemente, a longevidade). Muitos tutores minimizam alguns acidentes que podem ser graves para um pinscher miniatura, como cair de um degrau ou do sofá, por exemplo.
06. É preciso despertar os cães com pesadelos
Assim como os humanos, os cachorros apresentam a capacidade de sonhar. Isto significa que, durante o sono, eles conseguem reviver cenas de situações vivenciadas no dia a dia. Às vezes, no entanto, as recordações não são boas e os peludos sofrem alguns momentos com pesadelos.
De acordo com a experiência onírica, os cachorros contraem os músculos, aceleram a respiração (podem se mostrar ofegantes) e alguns chegam a ganir, rosnar ou latir. A aparência, no entanto, pode ser enganosa. Os filhotes, por exemplo, estão apenas reproduzindo movimentos recém-aprendidos.
O sonho canino é irregular e entrecortado. Assim como ocorre entre nós, a experiência pode ser alterada por estímulos externos, como ruídos e toques. Não é preciso despertar o cachorro quando ele parece estar tendo pesadelos.
Se a situação se prolongar por muito tempo (um ou dois minutos), os tutores podem acariciar os peludos, massageando levemente o pescoço, as pernas e a linha do tronco. Isso quase sempre é suficiente para despertá-los – ou, pelo menos, para “mudar o roteiro” dos sonhos.
O toque do tutor quase sempre é associado a aspectos positivos, como segurança e bem-estar. Se o sonho evocou uma lembrança ruim: uma bronca, a presença se um cachorro violento ou uma queda, o simples contato é suficiente para desviar o curso dos pensamentos.
De qualquer maneira, os tutores precisam preparar o local de descanso dos peludos, que deve ser moderadamente aquecido, distante de focos de ruídos ou luz intensa, mas próximo das tigelas de água fresca e ração, bem como do banheiro.
As brincadeiras agitadas devem ser eliminadas. Antes de dormir, o cachorro precisa de um tempinho tranquilo e sossegado. E, se surgirem pesadelos, o tutor pode despertá-lo com suavidade, fazendo-o perceber, quando está voltando à vigília, que está tudo bem.
Em geral, no entanto, o melhor a fazer é deixar o sono seguir o curso sem interrupções desnecessárias. Passados alguns instantes, os pensamentos caninos certamente serão dirigidos para outras lembranças.
07. Eles adoram abraços
Toda regra tem exceção; portanto, é possível encontrar algum cachorro que goste de ser abraçado. A maioria, no entanto, entende o gesto como agressão. Não é difícil compreender os motivos: basta imaginar uma cara três ou quatro vezes maior aproximando-se da nossa.
A sensação é apavorante, ou, na melhor das hipóteses, desagradável. Abraços são uma forma humana de demonstrar afeto… entre humanos. Os cães preferem ficar longe disso.
Mas eles podem gostar de um “abraço lateral”, quando o tutor (ou outra pessoa conhecida ou confiável) senta-se ao lado e deposita o braço sobre o pescoço. Os peludos entendem o gesto como carinho e estão em posição de se desvencilhar (apenas no caso de o médico se transformar em monstro).
Os cachorros (e também os gatos) sempre têm um plano B em caso de ameaças reais ou imaginárias. No caso do abraço frontal, a estratégia para se livrar pode ser um ganido, uma rosnada com dentes à mostra ou uma bela mordida.
Cada cachorro tem preferências individuais, quando se trata de cafunés e agrados. Descobrir os pontos que relaxam, estimulam, distraem ou chamam um estado de alerta é uma bela forma de conhecer os peludos e encontrar o melhor carinho.
08. Um pedacinho só não faz mal
Apesar dos muitos apelos de veterinários e criadores para que os tutores não ofereçam comida humana (doce ou salgada) para os cachorros, a maioria tende a acreditar que alguns itens só fazem mal quando são consumidos em excesso.
Na verdade, quando consumida excessivamente, até a água é prejudicial à saúde. Qualquer excesso faz mal, mas isso não diz muita coisa sobre os hábitos alimentares. Afinal, o que é um excesso?
É possível fazer algumas contas. Um chihuahua adulto consome, em média, 50 gramas diários de alimento. Qualquer “extra” de apenas cinco gramas, portanto, equivale a um acréscimo de 10% na ingestão calórica diária: um exagero imenso.
Alguns alimentos, no entanto, fazem mal mesmo quando são oferecidos apenas em “pedacinhos”. É o caso do chocolate, por exemplo. A teobromina, presente no cacau, não é assimilável pelo organismo canino. A ingestão causa desorientação, vertigens, desmaios e pode levar ao coma.
A alicina, presente no alho e na cebola, também não é digerida pelos cães. A substância tóxica, que também está presente na cebolinha e no alho-poró, prejudica as funções gastrointestinais, mas pode ser ainda mais nociva: ela induz à destruição dos glóbulos vermelhos, podendo levar um quadro de anemia (e até de morte).
Na dúvida sobre o “prejuízo se um pedacinho”, os tutores devem se limitar à ração, a petiscos de fabricantes idôneos e a alguns prêmios ocasionais, como frutas sem sementes, cenouras, etc. Pode parecer um cardápio sem graça, mas os cachorros ainda não aprenderam a degustar receitas gourmet.