Durante um temporal, uma cachorra encontrou um gato e decidiu levá-lo para casa.
Chovia muito em Abilene, no Texas, mas mesmo assim Hazel decidiu passear um pouco. A tutora Monica Burks achou que a cachorra queria apenas fazer um xixizinho e logo estaria de volta, mas a demora começou a preocupá-la.
Felizmente, pouco depois, Hazel (um mestiço de yorkshire, poodle e chihuahua de três anos) estava de volta para o aconchego do lar. Mas Monica não conseguiu acreditar no que estava vendo: a cachorra trouxe um gato encharcado pela chuva.
Hazel e o gato
Preocupada com a demora no “banheiro”, Monica resolveu procurar a cachorra. A tutora, no entanto, teve a atenção desviada para um choro fraco, vindo de um galpão nos fundos do terreno da casa.
Hazel finalmente apareceu, tentando a todo custo atrair a tutora para o galpão. Monica não pretendia se molhar e queria apenas que a cachorra entrasse rápido, por causa do friozinho do início de outono: o encontro do gato ocorreu no finalzinho de setembro de 2021.
A cachorra insistia para que a tutora a ajudasse em alguma tarefa – e Monica não conseguia descobrir o que era. Finalmente, depois de algumas idas e vindas, Hazel reapareceu no quintal, trotando pelo cimentado, debaixo do temporal, trazendo um gatinho pela nuca.
O filhote devia estar assustado e faminto, escondido no galpão. Mas ser abocanhado por um gigante não era a melhor opção para ele. Hazel tem apenas 30 cm de altura, mas, para um gato recém-nascido, ela é um gigante.
Obviamente, a cachorra não sabia transportar o gato de maneira eficiente. Ela o derrubou diversas vezes, talvez por não querer aplicar muita força na mordida. A cada vez que o filhote ia para o chão, Hazel o encorajava com pequenos saltos e latidos.
A dupla improvável foi aos poucos se aproximando da porta da cozinha. Mas, como o gatinho não iria conseguir escalar os degraus, Hazel abocanhou-o e o carregou para dentro. A cachorra estava feliz por ter terminado a tarefa e o filhote estava muito satisfeito por chegar a um lugar quente e seco. Monica filmou toda a “cena de resgate”.
Final feliz
Monica não sabia o que pensar. Como o gatinho teria ido parar no galpão? A tutora decidiu inspecionar o quintal, em busca de outros filhotes – talvez, uma gata tivesse dado cria por ali. A busca foi em vão: não havia rastros de outros animais no local.
A tutora resolveu abrigar o gatinho – ou, melhor dizendo, Hazel resolveu por ela. A cachorra, apesar de castrada, desenvolveu todo o potencial materno adormecido nela e cuidou muito bem do filhote nos dias seguintes.
O gato – que logo se viu tratar-se de uma fêmea – recebeu o nome de Sheba e a filha de Monica foi incumbida de cuidar dele. Mas Monica ficou muito impressionada com o amor que nasceu entre os dois pets.
Monica levou Sheba ao veterinário. A gatinha era muito pequena e frágil – cabia na palma da mão quando Hazel a encontrou. O médico, no entanto, disse que ela já tinha mais de 15 dias de vida e poderia ser alimentada com fórmulas especiais.
Apesar de os cuidados iniciais com Sheba estarem a cargo da filha, foi Monica quem teve de alimentar a gatinha de três em três horas, sempre assistida de perto por Hazel, que vigiava atentamente todos os movimentos do filhote, que não deu muito trabalho e revelou ter uma saúde de ferro.
Monica é partidária da adoção de animais. Hazel foi resgatada em um canil “especializado” em criar cachorros minúsculos – uma moda nos EUA – e vende-los por preços exorbitantes. Mas a mestiça foi obtida sem custos, porque apresentou alguns problemas logo depois do nascimento e foi rejeitada pela mãe.
Agora, com a presença de Sheba, Monica está mais do que convencida de que há muitos animais abandonados esperando um lar amoroso, para que as pessoas gastem dinheiro com animais de raça.
Não há nada de errado em querer um cão com pedigree, mas é preciso dar um olhar carinhoso para os milhões de cachorros e gatos que vivem nas ruas. Eles estão prontos para dar e receber amor e podem ser encontrados em qualquer lugar – até mesmo no fundo de um galpão.
Hazel foi resgatada juntamente com um irmão da mesma ninhada. Eles tinham apenas cinco semanas de vida quando foram morar com Monica. A tutora gosta de dizer, orgulhosa: “Eles me dão muitas alegrias e risadas. Eu costumo achar que talvez tenham sido eles que me resgataram”.