Um policial americano encontrou um cachorro na chuva, salvou-o e encontrou o melhor amigo.
Em um dia frio e chuvoso no inverno no Brooklyn, um dos bairros mais tradicionais de Nova York (EUA), um oficial do Departamento de Polícia da cidade, enquanto estava patrulhando a área, encontrou um pequeno animal preso a uma cerca.
Quando se aproximou, o policial Michael Pascale viu um cachorro preso pela corrente – ele havia sido abandonado. O peludo, preto e muito magro, estava congelando de frio, exposto à chuva que não dava trégua.
O cachorrinho estava encolhido, tentando se aquecer de alguma forma, e não esboçou qualquer reação com a presença do oficial. Apenas observou o estranho com os olhos tristes e desiludidos. O peludo estava pronto para tudo.
O resgate
O policial não poderia deixar o cachorro naquela situação. Ele tentou afrouxar a pesada corrente que o prendia pelo pescoço, dificultando a respiração. Finalmente, Pascale conseguiu libertar o peludo e carregou-o nos braços, que não parou de choramingar durante toda a operação de resgate.
O oficial levou o cachorro para a viatura policial, que finalmente respirou aliviado, em um local quente e seco, deixando a chuva para trás. Mas, para Pascale, o trabalho ainda não estava completo. Ele levou o animal para a sede da ASPCA, em Manhattan – do outro lado da Ponte do Brooklyn.
A American Society for The Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA) foi o primeiro centro de proteção a animais estabelecido na América do Norte, em 1866. Atualmente, é um dos maiores do mundo. A organização atua no resgate de animais abandonados, vacinação, esterilização, abrigo e encaminhamento de cães e gatos.
O cachorrinho preto resgatado da chuva passou algumas horas na sede da ASPCA. No mesmo dia, Pascale voltou para visitá-lo e encontrou o peludo refeito, alimentado e muito mais confiante. Ainda havia muito a ser feito, mas o cachorro não corria mais riscos.
O oficial de polícia decidiu adotar o cachorro, que recebeu um novo nome: Joey. Ele foi levado para a casa de Pascale e muito bem recebido pela família. O encontro casual de Pascale e Joey fez com que o oficial se tornasse um ativista dos direitos dos animais.
Pascale está trabalhando para impedir o encarceramento de cães. Sendo animais sociais, os cachorros precisam de companhia e proteção. De acordo com o oficial, “acorrentar um cachorro fora de casa é 100% errado”. Na verdade, é uma das punições mais terríveis, especialmente quando se considera que os peludos são gregários e vivem interagindo com humanos, outros cachorros e animais de diversas espécies – gatos, aves, répteis, etc.
O abandono
O sofrimento de animais como Joey não se resume apenas à limitação determinada pelas correntes. Os cachorros encarcerados quase sempre são privados de comida, água, abrigo, cuidados veterinários, socialização e carinho.
Além disso, os animais abandonados ou deixados presos em ambientes externos ficam expostos a eventuais ataques de outros animais (inclusive humanos), a acidentes e atropelamentos, a brigas, ao contágio de doenças infecciosas e até mesmo a incêndios e inundações.
Mesmo abrigados em quintais, pode ser considerado abandono ou maus tratos o fato de os cachorros serem mantidos sem condições mínimas de higiene, asseio e conforto. Deixar um animal em ambiente externo, exposto às condições climáticas adversas – frio, calor, chuva, etc. – pode ser comparado a uma tortura.
No Brasil, a negligência, os maus tratos e o abandono de animais domésticos são considerados crimes. De acordo com a nova redação da lei de crimes ambientais (Lei nº 9.605/98, atualizada e sancionada em 2021), a pena é de reclusão por dois a cinco anos, além do pagamento de multas.
De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, foram registradas mais de 1.000 denúncias de maus tratos em 2021, ano em que passou a vigorar a nova legislação. São considerados crimes as seguintes situações – que são as mais identificadas pelas autoridades:
- manter animais em ambientes anti-higiênicos;
- obrigar os animais a trabalhos excessivos;
- golpear, ferir ou mutilar animais domésticos;
- abandonar animais doentes, feridos, exaustos ou mutilados;
- promover lutas entre animais de qualquer espécie.
Em algumas unidades da federação, além de cadeia e multa, os crimes contra animais domésticos também podem implicar o pagamento de eventuais despesas com veterinários (consultas, exames, procedimentos clínicos e cirúrgicos, etc.), inclusive em casos de atropelamento.