A duração do cio varia de cachorra para cachorra. Entenda como funciona o ciclo reprodutivo.
Por quanto tempo uma cachorra fica no cio? Se não engravidar, uma cachorra pode entrar no cio duas ou três vezes por ano. O tempo em que ela permanece sexualmente receptiva varia bastante, de acordo com a idade, o porte e as condições gerais de saúde.
Uma cachorra pode ficar de três dias a três semanas no cio. O primeiro período reprodutivo geralmente ocorre em algum momento do segundo ano de vida, mas há casos relatados de cadelas que entraram no cio – e engravidaram – com apenas cinco meses de idade.
As cachorras de pequeno porte tendem a entrar no primeiro cio antes das de porte médio e grande. Uma chihuahua, por exemplo, pode estar pronta para cruzar entre seis e oito meses. Uma rottweiler provavelmente terá de esperar até completar dois anos.
O ideal, para as cachorras que não serão aproveitadas para o acasalamento, é castrá-las logo depois do primeiro cio. Para as futuras nutrizes, é recomendado o cruzamento apenas no segundo cio, quando o desenvolvimento físico está mais completo.
O que é o cio?
Também conhecido como estro, o cio é talvez a etapa mais notável do ciclo reprodutivo. Ele tem início com a ovulação e se prolonga enquanto houver óvulos maduros disponíveis nas tubas uterinas. As cachorras liberam várias células germinativas a cada ciclo.
Nesta etapa, a cachorra está pronta para acasalar e gerar filhotes. As alterações hormonais determinam que o organismo canino produza metil p-hidroxibenzoato, um feromônio que tem como função principal atrair os parceiros sexuais.
Inodoro para narizes humanos, este feromônio é facilmente percebido pelo faro apurado dos machos da espécie, mesmo a alguns quilômetros de distância. Por esta razão, o cio, além de atrair os parceiros, também é responsável indiretamente por fugas, acidentes e brigas.
O ciclo reprodutivo das cachorras
Desde que se tornam adultas, as cachorras passam por ciclos reprodutivos ininterruptos: as cachorras não entram na menopausa (um último ciclo menstrual). Caso ocorra gravidez, parto e lactação, o período completo pode durar pouco mais de um ano.
O ciclo, que tem início com o aumento dos hormônios sexuais que provocam a ovulação, é assim dividido:
• proestro – nesta fase, a cachorra ainda não está fértil, mas é possível notar o inchaço na vulva, que se torna claramente visível olhando a cachorra por trás. As fêmeas podem ter sangramentos: é preciso usar fraldas especiais no caso de animais que circulam pela casa.
Durante o proestro, as cachorras ficam mais ansiosas e sensíveis: é comum que elas fiquem mais próximas aos tutores. Durante esta etapa, as simulações de atos sexuais (com outros animais e mesmo com objetos) também são frequentes;
• estro – é o cio propriamente dito. A cachorra já está fértil e receptiva ao acasalamento. À medida que o estro avança, os sangramentos se tornam mais fracos e podem até desaparecer. No estro, os animais ficam mais afetuosos e é possível perceber um aumento da disposição física.
Nas cadelas de pequeno porte (e também nas mais velhas, a partir dos seis anos), o cio geralmente dura apenas três dias, mas pode se prolongar por até três semanas. É importante acompanhar as cadelas e, se necessário, consultar o veterinário;
• diestro – a duração desta etapa depende dos desdobramentos do cio. Se a cachorra cruzou e engravidou, o diestro pode durar até 100 dias – ele se completa apenas com o desmame dos filhotes. Se não houve acasalamento, dura por volta de uma semana, ao fim da qual a vulva volta à condição normal (sem inchaço).
Em algumas cachorras que recusam o acasalamento, o diestro pode ser marcado por fortes instabilidades emocionais. Não é raro que as cadelas desenvolvam gravidez psicológica, acusando inclusive a dilatação do abdômen e das mamas;
• anestro – é o período mais longo, marcado pela falta de atividade e interesse sexual. O anestro, que tem início com o fim da menstruação (ou do desmame dos filhotes) pode se estender por até quatro meses.
Não há sintomas aparentes do anestro: a cachorra volta a apresentar o comportamento habitual. Naturalmente, as alterações emocionais dependem do temperamento individual. Durante o cio, algumas ficam mais dinâmicas, enquanto outras podem mesmo se mostrar agressivas.
Como identificar o cio da cadela?
Os sintomas físicos mais visíveis são o inchaço das mamas e da vulva, além do sangramento, que precisa ser monitorado, para evitar complicações de saúde.
Além disso, as cachorras sofrem alterações de comportamento, podendo apresentar ansiedade, agitação, excitação e maior disponibilidade para brincadeiras e caminhadas.
Além dos sintomas apresentados pelas cachorras, o cio também pode ser verificado com as alterações do comportamento dos machos da vizinhança. Quando uma cadela está no cio, os machos nas redondezas, mesmo que não tenham como sair de casa, mostram-se inquietos, latindo, uivando e até mostrando sinais de agressividade.
Os cuidados
Mesmo quando o ciclo reprodutivo ocorre sem alterações sensíveis, os tutores precisam acompanhar as cachorras, que passam alguns dias ou semanas em uma verdadeira montanha russa emocional e física.
Qualquer sinal diferente é motivo para consultar um veterinário. Não é preciso fazer nenhuma alteração na dieta alimentar, nem na rotina de exercícios físicos, mas algumas cachorras podem se mostrar um pouco indispostas ou desinteressadas.
Os tutores precisam considerar a possibilidade de castrar as suas cachorras. A maioria dos veterinários recomenda que o procedimento cirúrgico seja realizado entre o primeiro e o segundo cio, para não comprometer o desenvolvimento físico.
A cirurgia é relativamente simples. As cachorras operadas quase sempre têm alta hospitalar no mesmo dia e a convalescença é bastante rápida. Entre as fêmeas, não são notadas alterações drásticas no comportamento.
A castração evita a ocorrência de alguns problemas frequentes entre as cachorras. As cadelas castradas não sofrem com gravidez psicológica. Além disso, o risco de desenvolver neoplasias (tumores malignos) relacionadas às alterações hormonais é reduzido drasticamente.
O procedimento também é necessário no caso das cachorras com histórico familiar de doenças genéticas, como epilepsia, displasias de quadril e de cotovelo, etc. Para os acasalamentos, não devem ser usados animais geneticamente predispostos a essas doenças.
Além de reduzir os cânceres de mama, ovários e útero, a castração também reduz a incidência de piometra, uma infecção uterina recorrente entre as cachorras depois de vários ciclos reprodutivos (e de várias gestações).
A piometra é extremamente comum entre as cachorras íntegras (não castradas): pode-se dizer que não é um risco, mas uma condição decorrente das descamações seguidas que ocorrem nas paredes do útero.