Cachorro que destrói tudo não é uma condição natural. Confira o que fazer para resolver o problema.
Meu cachorro destrói tudo, o que fazer? Sapatos, chinelos, almofadas, travesseiros, pés de móveis… A lista é imensa quando o nosso melhor amigo resolve destruir tudo que encontra pela frente. Esta, porém, não é uma atitude natural. Para resolver os problemas, os tutores precisam investigar as causas. A primeira dica é fundamental: não adianta gritar, muito menos partir para castigos físicos.
O que se pode fazer quando o cachorro destrói tudo? É possível que o ambiente em que o peludo passa a maior parte do tempo seja pobre em estímulos; ele, então, passa a “atacar” os objetos que encontra para não ficar à toa, para ter alguma coisa para fazer.
O comportamento, de qualquer maneira, precisa ser avaliado e reprimido. Do contrário, mesmo que o peludo seja contemplado com diversas atividades divertidas e atraentes, ele manterá o mau hábito.
Enquanto o cachorro aprende a não invadir e destruir objetos, os tutores podem limitar os acessos – durante um tempo, ele poderá não receber autorização para entrar na sala ou na cozinha, por exemplo. Gradis e cercados são bons auxiliares nesta etapa.
Os motivos para a destruição
Uma das causas mais comuns é a troca da dentição. Assim como acontece com os humanos, os cachorros desenvolvem os dentes permanentes a partir dos sete meses de vida – e a troca dos dentes decíduos (de leite) pode levar dois meses de incômodo, desconforto e até mesmo de dor.
Os cães de grande porte podem levar mais tempo para trocar os dentes. Entre os pequenos, pode surgir outro problema: os dentes de leite não caem e atravancam o desenvolvimento dos permanentes. Além de ficarem com um sorriso feio, a dentição irregular prejudica a deglutição dos alimentos e até mesmo a respiração, especialmente entre os cães de focinho achatado.
A fase das trocas obriga os cachorros a encontrarem uma estratégia para aliviar o incômodo. Uma das mais eficientes é justamente roer objetos e eles podem começar a destruir tudo que encontram pela frente.
A solução é simples. Basta oferecer brinquedos que os filhotes possam morder, enquanto tentam se livrar do desconforto. Os objetos de borracha são os mais indicados, mas é preciso certificar-se de que sejam resistentes e não sejam roídos com muita facilidade.
Apesar de alguns cães adorarem bichos de pelúcia – boa parte arrasta esses brinquedos aonde quer que vá e até dorme com eles –, eles são contraindicados na fase do surgimento dos dentes permanentes. Os brinquedos serão rasgados e perfurados. Além da sujeira, eles podem engolir o enchimento e sofrer com dores abdominais e asfixias.
Os mordedores aliviam o sofrimento e são muito úteis para o filhotes aprenderem o que podem ou não fazer: quando se divertem ao receber um brinquedo, mas escutam um sonoro “não” quando tentam atacar uma almofada, eles descobrem gradualmente onde podem “literalmente” enfiar o focinho.
Outros motivos para o comportamento destrutivo
O comportamento destrutivo também pode ser estimulado pela falta de atividades físicas e intelectuais dos cachorros. Um peludo, quando passa boa parte do tempo sozinho, enquanto os tutores estão no trabalho, nos estudos ou nas atividades de lazer, precisa arranjar alguma coisa divertida para fazer.
Evidentemente, não é possível organizar a rotina doméstica para que o cachorro sempre tenha a companhia de um humano. A solução, neste caso, é providenciar algumas distrações que ocupem a atenção do peludo enquanto ele está sozinho.
• Brinquedos – os cachorros gostam de explorar e adoram novidades. Não é necessário, no entanto, comprar dúzias de objetos: basta adquirir algumas bolinhas, chocalhos, pelúcias, etc. e fazer um revezamento. Depois de uma semana sem ser visto, o brinquedo passa a ser uma atração “inédita”.
• Petiscos ocultos – os tutores podem rechear uma garrafinha pet com ração, biscoitos, etc. Os cachorros terão de encontrar uma forma de abri-la, para conquistar o prêmio. Em pet shops, é possível encontrar diversos brinquedos inteligentes, que exercem a mesma função.
• Janelas abertas – os cachorros são guardiães naturais e estão sempre atentos ao que ocorre à sua volta. Manter uma janela semiaberta, em que eles possam conferir o movimento, ocupa a atenção e impede o desenvolvimento de hábitos destrutivos. A vista pode descortinar o vaivém de carros e pedestres, ou apenas o voo de pombas e borboletas.
• Cheiros familiares – para que o cachorro não se sinta sozinho, é possível deixar uma peça de roupa do tutor em um ambiente ou sobre um móvel a que ele tenha acesso. Os odores são imperceptíveis para os humanos, mas facilmente notados pelos cães. Com um “cheirinho familiar”, o peludo se sente seguro e confortado.
• Passeios e brincadeiras – independentemente da agenda lotada e da correria do dia a dia, todos os tutores precisam reservar um tempo para passear e brincar com os peludos. As caminhadas devem ser diárias, divertidas e estimulantes. As brincadeiras variam de acordo com o pique de cada peludo.
Quando um cachorro destrói tudo o que vê pela frente, ele está sinalizando de que a rotina está muito desagradável. Sozinho, às vezes isolado em um canto da casa, ele se sente entediado e passa a procurar uma atividade que preencha o tempo ocioso.
Checando a rotina dos peludos
O incômodo dos dentes é passageiro, mas os hábitos destrutivos podem se perpetuar, inclusive prejudicando o relacionamento entre os cachorros e os humanos. Ao observar o comportamento indesejado, os tutores devem imediatamente procurar as causas.
Quase sempre, um cão se torna destrutivo porque as suas necessidades básicas não estão sendo satisfeitas. Ele pode estar com fome, com medo ou debilitado pela exposição excessiva ao calor ou ao frio.
Outro problema relativamente frequente é a oferta excessiva de alimentos. Alguns tutores tentam compensar a ausência com comida e deixam comedouros cheios, à disposição dos peludos, enquanto estão fora de casa.
Esta forma de compensação é ineficaz. O cachorro pode ficar sozinho, desde que tenha atividades para ocupar o tempo. No caso de os hábitos destrutivos estarem muito arraigados, os tutores podem pensar em contratar um passeador, matricular o peludo em uma escolinha ou adotar um segundo pet, para que um faça companhia para o outro.
As advertências
Muitos tutores deixam de corrigir as atitudes erradas ou inadequadas dos cachorros. Os pretextos variam: alguns não querem reprimir as atitudes naturais, outros se sentem culpados por não oferecer atenção suficiente, outros são apenas negligentes.
Adotar um cachorro, no entanto, é uma decisão que envolve diversas obrigações – entre elas, a educação. Os peludos precisam entender (e acatar) as regras da casa. Para isso, eles devem identificar no tutor o “líder a matilha”.
O primeiro comando básico a ser ensinado para o filhote é o “não”. A maior parte dos cachorros não desenvolve um vocabulário muito extenso, mas o “não” é facilmente entendido e assimilado. Desta maneira, basta repetir a palavra, em tom firme, mas sem necessidade de elevar a voz, sempre que o cachorro fizer algo errado.
As regras devem ser claras e os tutores não devem alterá-las sem motivos. Por exemplo, se o cachorro não pode subir no sofá, ele NUNCA pode subir no sofá. Esta é uma norma importante, por exemplo, para quem adota um cão de grande porte, permite que ele durma no sofá e, meses mais tarde, não sabe o que fazer quando o animal atinge 60 cm ou 70 cm de altura.
A questão, aqui, não é se os cachorros podem ou não subir nos móveis – cada família decide isso. As regras precisam ser claras, para que o cachorro não se confunda, não fique estressado nem desenvolva medos (ou vontades) desnecessários.
Se o cachorro destruiu um objeto qualquer, ele deve ser advertido seriamente. O tutor precisa mostrar que está desapontado com a conduta, que ocorreu uma verdadeira quebra de confiança. Nos minutos seguintes, o peludo não deve receber agrados e incentivos verbais.
Em casa, os cachorros estabelecem a mesma hierarquia dos lobos em uma alcateia: existe um chefe e os subordinados. O chefe determina as “regras do jogo”, enquanto os subordinados, ao obedecerem, garantem a segurança, abrigo, alimento, etc.
Quando um cachorro começa a destruir tudo o que consegue alcançar, ele está confundindo as regras, não está reconhecendo o tutor como líder e pode desenvolver hábitos agressivos, além dos destrutivos. Em resumo: ele está querendo ser o “alfa da matilha”.
Os passeios
A menos que haja alguma contraindicação médica – uma doença ou trauma, por exemplo – os cachorros precisam passear todos os dias, faça chuva, faça sol. Os pequenos precisam de caminhadas de 20 minutos, enquanto, para os maiores e mais resistentes, a atividade leva o dobro desse tempo.
Os passeios e exercícios são importantes não apenas para o desenvolvimento e a conservação da saúde física, mas também são momentos essenciais para a socialização dos peludos: ao encontrarem outros humanos e cachorros pelas ruas, eles interagem, estabelecem novas relações, desenvolvem a inteligência e a comunicação, etc.
O maior benefício, no entanto, está na melhora do relacionamento entre o tutor e o peludo. A caminhada diária é um momento especial a dois, em que os vínculos são fortalecidos. O cachorro se torna ainda mais próximo do seu humano e também fica mais equilibrado, confiante e obediente.
O contato com outros animais
Uma boa opção para eliminar comportamentos inadequados, como o de destruir objetos domésticos, é permitir o contato do cachorro com outros pets. Um cachorro ciumento, possessivo e dominante pode se tornar muito mais equilibrado.
A ideia não é necessariamente adotar mais um animal de estimação. Os cachorros podem conversar e brincar com outros cães durante os passeios. Em diversas cidades brasileiras, estão sendo instalados parques caninos (quase sempre, apenas uma pequena área de uma praça), nos quais é possível passear sem coleira, brincar em alguns equipamentos e “conhecer novos amigos”.
Mas, se o cachorro é agressivo, eventualmente até mesmo com um histórico de ataques, é preciso resolver esses problemas antes de levá-lo para um parque de cachorros. Pode inclusive ser necessária a atuação e um adestrador profissional.